Do Seu Lado. escrita por Burn


Capítulo 14
Como conquistar o Gabe, para leigos- Parte um.


Notas iniciais do capítulo

Eu ainda não dormi desde ontem hihi Sou uma garota fora da lei u.u os mano pira em mim ~ok parey u.u
Boa leitura (:



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No dia seguinte ao incidente no banheiro, Noah e eu não trocamos muitas palavras. Passei o dia todo me martirizando por não ter ouvido o meu lado racional para não passar por aquela situação um tanto... Frustrante?

Não, eu não estava frustrada por Noah não ter me beijado. Ou será que estava?

E tecnicamente ele só não me beijou porque nossos narizes se encostaram e eu reclamei.

Ok, eu estava frustrada. Não por ele não ter me beijado, mas pelo modo como ele reagiu depois da “tentativa frustrada”. Dizer que estava bêbado? Sério? Ele me parecia bem sóbrio quando colocou meu nariz no lugar.

O que eu estava sentindo se assemelhava ao que senti no dia em que levei um “fora” do Gabe.

Só orgulho ferido.

Como aquele dia foi um dia perdido, só nos restava um dia para me ajeitar antes da chegada de Gabe.

Acordando com uma disposição incrível, Noah se levantou umas nove horas da manhã, quase um milagre, e ainda por cima agiu normalmente comigo. Fez panquecas, suco de laranja natural e agora estávamos comendo na bancada, juntos a Jered que pelo jeito, já tinha a chave to apartamento.

-Mano, essas panquecas estão muito boas!- Jered falou com a boca cheia, cuspindo um pedacinho na cara de Noah. - Ih, foi mal cara! -Segurei o riso enquanto Noah fazia careta esfregando um pano de prato no rosto freneticamente.

-Não sabia que você sabia ligar o fogão.- comentei, pegando minha terceira panqueca.

-Sou quase um chefe gourmet.- encheu o peito todo orgulhoso, achando que panquecas eram um tipo de pato assado. Falando em pato...

- Cadê o Gary?- Perguntei de boca cheia.

-Não sei.- Noah deu de ombros e depois entrou no assunto tão esperado.- Ok, hoje temos metas a cumprir.- falou autoritário engrossando a voz. Jered e eu paramos de comer e trocamos um olhar meio confuso.O Ex-cabeça ensebada tirou o bloquinho de notas do bolso de trás da calça jeans, o mesmo que Jered tinha usado para marcar que deveríamos comprar calcinhas para mim, e começou a lê-lo: - Como conquistar o Gabe, para leigos. Parte um: Hoje.- ele fez uma pausa checando se estávamos prestando atenção, depois pigarreou e continuou- Comprar roupas novas para a pirralha; Ensinar a pirralha como se portar na frente do Gabe; Fazer a pirralha chamar atenção do Gabe. Fim da parte um.- ao meu lado, Jered levantou a mão querendo fazer uma pergunta, mas Noah o ignorou fuzilando com os olhos, ele estava realmente levando a minha ajuda com o Gabe a sério.- Parte dois: Amanhã. Jered vai com a pirralha no salão de beleza; Eu organizo uma festa a fantasia para comemorar a chegada do Gabe; A pirralha seduz o Gabe, e eu e o Jered vamos curtir a festa  como recompensa.- Noah olhou para Jered e fez uma cara de safado- Se é que você me entende...

-APOIADISSIMO!- Jered bateu a mão na mesa, bebendo o suco de laranja como se fosse cerveja.

Revirei os olhos.

-Você acha que isso vai dar certo?- perguntei meio insegura- Porque vocês sabem...Pau que nasce torto, morre torto...

-O quê?- os dois fizeram cara de pamonha sem entender, e eu tive que explicar.

-Eu sou feia, talvez isso não de certo... Entenderam? – Noah franziu a testa relacionando uma frase com a outra, enquanto Jered estava concentrado numa mosca. Será que ele me ouviu?

-Relaxa Pirralhinha, você esta lidando com profissionais qualificados no assunto.-alegou fazendo aquele maldito “joinha”.

-Se você diz.- dei de ombros, voltando a minha atenção as panquecas.

-Vou me fantasiar de mosca.- Jered anunciou perdido em pensamentos.

(...)

Entramos na maior loja de moda feminina que eu já vi na minha vida, era tão grande que parecia um hipermercado de roupas.

Encolhi os ombros vendo que mulheres bonitas, digo extremamente bonitas, habitavam o local. Não demorou muito para uma atendente morena de olhos verdes se aproximar com um sorriso de orelha a orelha para o Noah, ela usava o uniforme de uma forma meio vulgar, mas mesmo assim era linda.

-Noah!- ela o saudou praticamente pulando nos braços dele.

-Gi! – ele retribuiu o abraço apertando-a contra seu corpo. Revirei os olhos com toda aquela melação de reencontro do casal que se comeu no verão passado, e procurei por Jered, que cantava uma cliente.

É eu estava sozinha ali.

-Quanto tempo...O que esta fazendo aqui?- ela perguntou para Noah, que ainda mantinha o braço em sua cintura.

-Eu vim trazer ela pra fazer compras.- disse apontando para mim.

Senti os olhos da tal Gi me analisarem dos pés a cabeça com desprezo. Quase me senti uma formiguinha, só faltava ela pisar em mim e o Noah começar a falar “que dó, que dó”. Ok, parei.

-Prazer, Giovanna.- ela falou com um sorriso falso me beijando a bochecha.

-Julia.- sussurrei, me encolhendo.

Ela me deu outra olhada, dos pés a cabeça e falou:

-Acho que não temos roupas do seu estilo aqui. Melhor você procurar em outra loja.

Ok, eu não queria roupas novas mesmo.

-Acho que quem decide se ela vai em outra loja ou não sou eu, não você.- Olhei espantada para o meu irmão de consideração, a tal Gi também não gostou muito das palavras dele, mas deu de ombros se calando.

Noah e Jered pareciam piores do que mulher fazendo compras. Não me deixaram opinar nem experimentar nada, para falar a verdade eu nem sei porque eu fui junto deles. Era mais fácil eu ter ficado em casa na companhia do Bacon.

Bacon estava ligeiramente mais grande e gordo, não demoraria muito para termos que dá-lo a alguma fazenda...

-Acho que já acabamos.- Noah anunciou me tirando de meus devaneios.- Agora vamos a uma ótica.

-Ótica?- fiz careta- Não vejo o que há de errado com os meus óculos.

(...)

Eram oito horas da noite quando finalmente chegamos em casa, nós tínhamos ficado esperando as lentes ficarem prontas e agora eu já as usava.  Jered se despediu indo embora e eu joguei no sofá exausta, mas logo Noah apareceu batendo palmas para que eu levantasse.

-Ta achando o que criança? Ainda não acabou por hoje não.

-Acabou sim.- joguei uma almofada nele, para que parasse de me importunar. Noah revirou os olhos como sempre e se sentou no chão, em frente a mim.

-Eu preciso te ensinar como se portar na frente do Gabe.

-Você ta querendo me dizer, que eu não sei como me portar?- perguntei indignada, jogando outra almofada nele.

-Será que dá pra parar?- falou irritado. Ignorei ele afundando a cabeça no sofá.- É simples, e eu gostaria que você olhasse para mim enquanto eu falo.

Me sentei mal humorada e fiquei cara a cara com ele. Encarei seus olhos azuis que pareciam ser de mentira enquanto ele ficou sério encarando os meus também.

Ficamos assim uns 30 segundos assim até ele quebrar o silencio.

-Você é vesga.- falou divertido.

-Oi?

-Oi .Além de vesga é surda.- ele continuava olhando os meus olhos, desviei o olhar sem graça.

-Eu não sou vesga.- chateei-me.

-É sim, você é vesguinha.- ele apertou as minhas bochechas- Vesga.

-Sua sobrancelha direita é mais arqueada que a esquerda.- revidei cruzando os braços.

-Hey!- ele tampou as sobrancelhas com as mãos.-Eu gosto das minhas sobrancelhas, tá!?

-Eu não disse que não gostava.- respondi meio sem pensar, mas logo me arrependi quando um sorriso convencido surgiu nos lábios dele.- Você vai me ensinar ou não?- mudei de assunto.

-Ensinar o que?Ah, é, vou. Então.

-Então?- falei sugestivamente.

- É simples, você esta atrás do Gabe, mas não pode demonstrar isso.

-Mas se eu não demonstrar, ele não vai saber que eu estou afim dele.- falei confusa.

-Você é ingênua.- Noah bagunçou meu cabelo sorrindo. – Ele não pode saber que você esta afim dele, você precisa ser indiferente. Homens gostam disso. Se você for fácil demais é possível que ele te dispense na primeira semana, e não é isso que nós queremos, né? – fiz que não com a cabeça- Então, seja misteriosa, indiferente, e acima de tudo: seja difícil. Desse jeito ele talvez fique com você até o final das férias.

-É só isso?-Noah balançou a cabeça negativamente.

-Não, agente ainda vai fazer você chamar a atenção dele hoje.-ele pegou o bloquinho de notas do bolso e o celular.- Agora você vai ligar pra ele e vai fingir que quer falar com o Seth, quando ele disser que é o Gabe você faz uma voz tediosa e diz o que eu escrever aqui ok?

-Isso vai dar certo?- perguntei meio receosa pegando o celular da mão dele.

-É lógico que vai, o Gabe é da mesma laia que eu. Eu sei o que to falando.- me encorajou.-Espera, você precisa ligar do telefone de casa, porque ele sabe que no meu celular tem o numero dele...

-Ok.- peguei o telefone sem fio e esperei que Noah me dissesse o numero. Gabe atendeu da terceira chamada e eu coloquei no viva-voz.

-Alo?

-Seth?- Fingi uma voz animada.

-Não, aqui quem ta falando é o Gabe. Quem ta falando?-Noah começou a rabiscar no bloquinho.

-Ah Gabe, é você.- fiz uma voz de desprezo e logo Noah mostrou a folhinha “ afasta a cabeça do telefone e me xinga por ter de dado o numero errado” –Aqui é a Julia, irmã do Noah.- afastei um pouco a cabeça do telefone – Mas que merda Noah! Você me passou o numero errado, eu não quero falar com o Gabe.

-Julia? É você mesmo?- Gabe parecia confuso.

-Foi mal! Avisa o Gabe da festa, aproveita que já ta falando com ele mesmo!- Noah fingiu gritar perto do telefone enquanto me mostrava outra folha “me chama de folgado, fala que não vai avisar e depois desliga na cara dele”.

-Chama você, folgado, não vou avisar porcaria nenhuma pra ele, eu quero é o numero do Seth.- falei e desliguei o telefone na cara do coitado do Gabe.

-Perfeito!- Noah elogiou- Agora liga aí o telefone, porque ele vai ligar aqui em casa e precisa estar ocupado.- fiz o que ele mandou –Toma, fica com o meu celular, porque ele vai ligar aqui daqui uns trinta segundos. É pra você atender. Ele vai perguntar da tal festa, você diz que eu to organizando uma festa pra ele, e que é pra ele ligar mais tarde, diz que ta com pressa porque o “Seth” ta te esperando no telefone. Depois com certeza ele vai tentar prolongar o assunto, talvez pergunte aonde eu estou, diga que está com pressa e desligue.

Alguns segundos depois o celular de Noah começou a tocar com a musica “How to Love” .

-Espera um pouco pra atender.

Esperei tempo suficiente para alguém que desistiria de ficar esperando e depois atendi.

-Alo?

-Julia? É o Gabe.

-É, o visor do celular disse isso.- falei tediosa.

-Ah, eu to ligando pra saber da tal festa que eu ouvi você comentar com o Noah.

-O Noah ta organizando uma festa pra você. Liga mais tarde pra ele... Agora eu preciso desligar porque o Seth ta me esperando no telefone.

-Mas aonde o Noah ta? – arregalei os olhos, o Ex-cabeça ensebada devia ser algum tipo de vidente.

-Desculpa, preciso ir.- desliguei o celular enquanto o Noah sorria convencido.- Como você sabia que tudo isso ia acontecer?

-Eu e o Gabe somos da mesma laia.- me dois tapinhas no joelho e se levantou.- O que você acha de comermos macarronada hoje? – disse animado.

-E quem é que vai cozinhar?- Eu que não seria, até meu miojo sai queimado.

-Eu, oras bolas.- sorriu e passou a mão nos cabelos ligeiramente mais curtos e com um corte decente.-Vem me fazer companhia na cozinha.

-Ok então né.- não era do meu feitio ficar fazendo companhia para o Noah por livre espontânea vontade, mas ultimamente ele estava me ajudando bastante com o lance o Gabe, não custava nada eu ficar lá com ele.

A macarronada não demorou muito pra ficar pronta, ele até que tinha facilidade na cozinha. Eu fiquei apenas sentada no balcão conversando sobre comidas com ele.

-Prontinho.- falou tirando a panela do fogão e pegando um pano de prato- Pega aí dois garfos e duas coca-colas.

-Aonde agente vai?- perguntei curiosa enquanto pegava o que ele tinha mandado.

-Você vai ver.- ele sorriu saindo da cozinha. Segui o Ex-cabeça ensebada até fora do apartamento, onde entramos no elevador e seguimos para o ultimo andar. Eu olhava curiosa para ele enquanto esperávamos o elevador finalmente chegar no ultimo andar.

A porta se abriu num imenso salão de festas, com uma das paredes de vidro, dando visão privilegiada a parte do Central Park.

-Uou!- exclamei boquiaberta chegando perto da parede de vidro- Isso é lindo!

-Você ainda não viu a melhor parte.- ele disse caminhando até os fundos do salão, hesitei um pouco a me distanciar da paisagem, mas depois o segui correndo para acompanhá-lo.

Noah abriu uma porta branca que se camuflava na parede também branca. Ao atravessar a porta havia um pequeno espaço com uma escadinha de ferro que dava a parte de cima do salão.

Não consegui pronunciar nenhuma palavra ao pisar no ultimo degrau. O espaço era imenso, tinha algumas antenas do lado esquerdo, e possuía uma visão ainda melhor do Central Park, mas não fui isso que me tirou as palavras. O que realmente havia me deixado boba era a Lua, imensa, brilhante e parecia estar tão próxima, envolta por muitas estrelas umas mais brilhantes do que as outras.

-Lindo, não?- Noah quebrou o silencio olhando para o céu.

-Maravilhoso.- suspirei voltando meus olhos para ele.

-É, até parece comigo.- sorriu convencido fazendo todo aquele clima de admiração desaparecer.

-Você se acha de mais, sabia?

Ele apenas sorriu e andou um pouco para a parte do meio do espaço. O observei tirar a camisa, estendê-la no chão, ficando apenas de regata e fui praticamente saltitando até ele.

Nos sentamos em cima dela e começamos a comer na panela mesmo, rindo que nem otários.

-Sabe,- falei dando um gole da coca- até que você é um cara legal.

-É, eu sei disso.- ele riu e depois deu mais uma garfada encerrado o assunto.

-Então é isso? Você não vai nem falar ‘Eu também acho você legal pirralha’- tentei pateticamente imitar a voz dele, passando a mão nos cabelos com ele fazia.

-Eu tenho que dar exemplo a minha irmãzinha. Mentir é feio.- ele riu divertido.

Dei de ombros.

-Eu sei que no fundo você me acha a pessoa mais legal desse mundo.

-E eu sei que no fundo você me acha um gostoso.- ele falou no mesmo tom, dando de ombros.

-Você é um imbecil.- balancei a cabeça rindo.

-É, talvez eu seja um imbecil gostoso.- ele colocou a mão no queixo fazendo pose de pensador.

-Imbecil egocêntrico, isso sim.

-Um cara legal, imbecil egocêntrico que cozinha bem pra caramba, fala sério.- ele passou a mão no cabelo com aquele típico sorriso convencido.

-É, tenho que admitir, você superou as panquecas de hoje de manhã.

-Até que serviu pra alguma assistir programas de culinária com a minha mãe.- ele deu um sorriso infantil se recordando.

-Você e- a vacadrasta- ela são bem próximos?- perguntei tentando manter o assunto.

-Ah, mais ou menos...Ela tenta. Esse negócio dos programas de culinária por exemplo, ela me pagou pra que eu levantasse cedo e assistisse com ela.- ele disse rindo da própria mãe.

-Tipo, te deu dinheiro só pra você se sentasse no sofá com ela e visse o programa?- perguntei incrédula.

-Aham, ela é meio louquinha assim mesmo... Acho que talvez ela se sinta um pouco só por seu pai trabalhar tanto.

-Você acha que o meu pai trabalha muito?- ergui as sobrancelhas, ele balançou a cabeça positivamente- Puff, você ainda não viu a minha mãe, aquela sim trabalha muito. Pra você ter noção, eu só estou aqui importunando suas férias agora porque ela quis trabalhar nas férias dela por livre e espontânea vontade.

-Ei, você não esta importunando as minhas fé... Ok, você esta.- ele disse num tom zombeteiro.

-Não me culpe. Culpe a minha mãe.- eu falei erguendo os braços.

-Está certo, não é culpa sua.- Noah tirou a panela, que já estava vazia, de cima da camisa e se deitou com as mãos atrás da cabeça.- Mas sabe de uma coisa?- ele me olhou, com aqueles olhos refletindo a luz da lua. Balancei negando.- Foi até bom você ter vindo, por mais que agente tenha se encrespado no começo das férias, de certa forma ter você aqui pra eu “cuidar” me deixou mais responsável.

-Irresponsável foi a primeira impressão que eu tive ao te ver.- admiti voltando meus olhos ao horizonte.

-Acredite, eu tenho 18 anos, vou a uma faculdade para ficar dormindo nas aulas e tenho um pato de estimação que só se alimenta três vezes por semana e estranhamente continua vivo a três anos. Não havia nada na minha vida para me deixar responsável.- ri da descrição do Gary. Realmente, aquele pato só aparecia três vezes por semana.

-Você faz faculdade do que?- perguntei curiosa, me dando conta de que Noah já era um adulto.

-Direito.Minha mãe quer que eu seja um advogado bem sucedido como o seu pai.- Noah respondeu de olhos fechado e cenho franzido.

-E o que você realmente queria fazer?- indaguei curiosa com uma profissão que combinasse com aquele homem ao meu lado.

-Medicina- falou sereno me deixando surpresa. –Me deixaria feliz passar o resto da minha vida cuidando de pessoas tentando diminuir a dor delas e vendo resultado.

-Poxa, eu diria que você seria qualquer coisa, menos médico- arranquei um sorriso torto de seus lábios.

-Tirando a parte do “cara legal, imbecil egocêntrico que cozinha bem pra caramba” eu não acho que você realmente me conheça.

-É, eu acho que não- admiti me deitando ao lado dele e me sentindo um pouco envergonhada por não conhecer esse lado dele. Por apenas julga-lo.- Mas se é isso que você gostaria de fazer, porque você não faz?

-É complicado- Noah abriu os olhos fitando o céu-Eu decepcionaria o mundo inteiro, menos minha mãe.Ela já se decepcionou muito nessa vida.

Franzi o cenho imaginando como ter um filho que é medico seria decepcionante. Definitivamente para mim seria um orgulho e tanto, mas cada um é cada um. Quem sou eu pra julgar?

-Sabe, eu acho que as vezes agente só deve jogar tudo pro alto e ir em busca do que nos faz feliz. Do que adianta fazer uma faculdade de direito se você só dorme nas aulas?

-Talvez você tenha razão.- Noah falou distante.

-É, eu sempre tenho razão.- sorri convencida e ele me encarou com uma sobrancelha erguida.

-Criança, você esta passando tempo de mais comigo.- ele riu.

-Em breve, se tudo der certo, você se verá livre de mim.- suspirei sonhadora.

-Eu não te entendo. Porque toda essa fissuração pelo Gabe?- Noah voltou a fechar os olhos com um breve sorriso.

-Eu também não sei.- admiti- Acho que eu só cansei de ser invisível. Eu só queria saber como é me sentir importante para alguém.- suspirei cansada fechando os olhos. 

PDV Noah

Reprimi minha vontade de olhar para ela e dizer. Ei, eu me importo! Me importo desde o dia em que você me levou bêbado para cama e ainda ouviu meu desabafo sobre meu pai, sem me julgar. Talvez eu tenha me importado antes e nem percebi, mas de uns tempos pra cá eu venho me importando mais e mais. Me importo tanto que agora sinto medo.

Para mim você não precisava mudar nada, eu gosto de você desse jeitinho único que você é, com esse monte de gel nos cabelos e esse seu óculos fundo de garrafa. Fazer o que? Eu aprendi a gostar, aprendi a gostar tanto que naquele dia da festa na casa do Cadú eu praticamente virei um zumbi. Eu tinha todas mulheres do mundo para pegar ali, não importava se você me queria ou não, ela sim me queriam de qualquer jeito, e em vez de aproveitar , eu fique lá bebendo mais e mais e mais, a festa toda sem olhar para uma mulher, apenas pensando em como você dizendo “eu não me sinto atraída por você” podia soar tão sincero.

É, eu fiquei extremamente frustrado naquele dia.

Como você podia gostar do Gabriel e não de mim? Poxa cara, aposto que ele não sabe dessa paixão doentia que você tem por mangás, ou da sua mania de dançar quando esta com os fones de ouvido. Aposto que ele nunca colocaria a minha pantufa na frente da cama todas as noites para que você não andasse descalça quando levantasse. Aposto que ele sequer sente o que eu sinto por você.

Naquele dia eu voltei com tudo isso na cabeça, misturado com a frustração e a bebida e resultado foi uma tentativa frustrada de te beijar. Foi aí que eu percebi que as coisas não estavam certas, o sentimento estava fugindo do meu controle e infelizmente eu sou seu irmão, e por mais que não sejamos irmãos de sangue, isso tava errado. Completamente errado.

Eu tinha passado o mês todo enrolando com esse negócio de “ajudar a conquistar o Gabe” mas era a coisa certa a fazer. Não sei se você percebeu mas eu estou me empenhando bastante nisso, eu realmente quero que vocês dois fiquem juntos até o final das férias porque assim você me tira essa agonia de querer ser mais do que eu posso ser pra você.

É, eu realmente queria ter dito isso, mas eu não disse, apenas pensei. Pensei tanto que a pirralha acabou dormindo do meu lado.

Coloquei as duas latinhas na panela, enrolei a pirralha na minha camisa e a peguei no colo, depois peguei as panelas e desci para o apartamento com ela ressonando em meus braços.

-Ei pirralha, acorda.- falei entregando a escova de dente dela com a pasta infantil azul que ela usava alegando se muito melhor do que as normais.

Ela estava sentada na privada num estado catatônico de tanto sono, apoiada em mim para não cair.

-Anda pirralha, escova as cenourinhas.- revirei os olhos levando a escova até a boca dela, graças a Nossa Senhora das Babás perdidas e pirralha escovou os dentes sozinha e depois caminhou que nem uma zumbi para a cama.

Tomei um banho e fiz a minha higiene antes de me deitar também. O dia seguinte seria longo.


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Notas finais do capítulo

Não revisei esse cap pq ninguém merece revisar cap chato né ;/
Enfim, eu gosto do próximo cap, acho q vocês tb vão gostar, e o próximo do próximo então vocês vão pirar mais do que os mano pira em mim (beeeem mais, porque mano nenhum pira em mim UHASUHS) Enfim, esse cap pirador que eu to falando é um dos meus favoritos *-*
Gente, eu sei que nem tem nada pra comentar desse cap, por isso eu queria pedir pra vocês que comentassem dizendo alguma coisa bem engraçada que aconteceu com vocês, ou alguma coisa bem diabólica pra acontecer com o gabe kk ou uma comida legal pro Noah cozinhar. Ou uma comida legal pra eu tentar cozinhar... Sim, virei uma mocinha u.u Estou aprendendo a mexer no fogão.
enfim, é isso.
Acho que não vou demorar pra postar o próximo cap, pq eu quero postar logo o cap pirador *-* #é gente, eu preciso dormir. Quando eu acordar espero ter um monte de comentários que me tirem do tédio e me inspirem pra escrever mais rápido e postar mais rápido (: Sim, isso foi uma sutil chantagem, alguém percebeu?