Do Seu Lado. escrita por Burn


Capítulo 12
"Outra vez"


Notas iniciais do capítulo

Oi gentem *-* Não me matem ok?

tenho justificativas boas para o atraso u.u

—Preguiça

—Bloqueio

—preguiça

—falta de vontade de escrever (ou seja preguiça...)

Ah, não que vocês queiram saber, mas eu vou contar kkk A viagem foi hiper legal u.u

Enfim, chega de lenga lenga...

Boa leitura (:



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PDV Julia

Quem diria que o marginal todo tatuado, skatista marrento se vestiria de Christina Aguilera só para me animar.

Sabe, uma coisa engraçada é que eu não esperaria nunca que o Noah pudesse ser esse tipo de pessoa. É meio obvio que ele se importa comigo, mesmo que não admita nem pra si mesmo. São coisas sutis que deixam isso na cara.

Eu me pergunto, será que ele pensa que nós nos aceitaríamos como irmãos com o tempo? Por que se essa é a linha de raciocínio dele, o único sentimento que me cresce por ele é dó.

Sim, coitado. Não é que eu seja má. Ok, nós sabemos que eu sou má, mas eu sinto dó dele porque por mais que aconteçam momentos fraternais estranhos como esses, que a verdade seja dita. Eu odeio o Noah.

Eu odeio como ele se acha garanhão, odeio as roupas que ele usa,odeio aquelas covinhas que teimam em aparecer quando ele sorri, odeio o estilo de skatista dele, e odeio acima de tudo aquele jeitão despreocupado com a vida, como se nada no mundo fosse importante o bastante para ele ... ele...,não sei como explicar.

Talvez isso tenha ficado um pouco confuso. A questão é a seguinte: a convivência anda se tornando mais fácil por aqui a cada momento fraternal, ou seja, eu preciso fazer com que isso aconteça mais vezes, preciso fazer com que pareça que realmente há algo fraternal entre agente. Preciso fingir que sou a irmãzinha dela.

Argh.

Estou fazendo isso por um bem maior. Tudo em prol a continuar com alguém que pague meus alimentos e me ajude a conquistar o Gabe.

Olhei para o lado onde Noah continuava deitado no chão, com os olhos fixos no teto. Ele estava extremamente ridículo com a peruca loira. Percorri os olhos por seu corpo e me surpreendi ao perceber que não havia tatuagens em seus braços desnudos pela regata.

–Cadê suas tatuagens?- indaguei confusa, eu jurava que elas estavam aí quando eu cheguei a esse apartamento.

Ele me encarou e deu um grande gargalhada.

–Você... achou mesmo.... que... eu era todo... tatuado?- falou entre risos.

–É, eu achei.- admiti me sentindo uma tola por aumentar a sua crise de risos. Porque ele ria tanto?

–Noah, você está bem?- indaguei observando ele limpar as lagrimas nos cantos dos olhos.

Eu mereço uma coisa dessas?

–Melhor.- disse se recuperando. Revirei os olhos impaciente e me pus de pé.- Você viu o Gary por ai?

Arregalei os olhos, lembrando de pobre coitado do pato que se achava cachorro.

–Não... lógico que não.- balancei a cabeça negativamente.- Ele anda sumido?

–Acho que ele deve esta escondido em algum lugar do apartamento.- deu de ombros.

–Eu também acho.- menti e tratei de mudar logo de assunto.- Noah, vamos assistir um filme? Já esta tarde mesmo, e não tem mais nada pra fazer.

É uma ótima chance pra ser fraternal...

–Eu topo.- falou se levantando-Vou pegar alguma bebidinha, e um refri pra você.Vai escolhendo o filme.

Segui para a sala enquanto ele ia para a cozinha. Peguei um filme ha tempos eu queria ver. O nome era “Outra vez”.

Sentei-me no sofá, e logo Noah apareceu com uma coca-cola para mim e uma garrafa de whisky e uma latinha de energético.

–Agente não vai assistir esse filme idiota, vai? –se jogou no sofá bufando.

–Pra sua informação, me disseram que esse filme é lindo.- abri minha coca, me acomodando um pouco mais no sofá.

Noah revirou os olhos e agradeceu a ele mesmo por ter trazido uma garrafa de whisky, e não um copo.

O filme contava a história de um pai que coloca o pé na estrada quando seu filho nasce, abandonado-o com a mãe. 14 anos depois, ele volta querendo recuperar o tempo perdido, mas o filho não aceita muito bem as coisas. O que o filho não sabe é que seu pai está com uma doença terminal, e tudo que queria antes de morrer, era concertar o erro.

Deixei algumas lagrimas caírem quando o filho finalmente descobria o estado do pai. O Noah ao meu lado se debulhava em lagrimas, chegava até a soluçar, e depois entornava no gargalo mesmo o seu whisky, que já estava na metade.

Eu não pude deixar de me perguntar, ele chorava por que o filme era muito emotivo mesmo, ou haviam outros motivos por trás.

–O que aconteceu com o seu pai?- me surpreendi, vendo que a pergunta saíra por puro impulso, eu nem mesmo tinha pensado nela.

Noah me encarou também surpreso, ele abriu a boca para falar, mas nada saia.

–Ele é um idiota.- falou por fim, bebendo todo o resto do whisky de vez.

Quando o filme acabou Noah roncava de boca aberta do meu lado.

Pensei em deixá-lo dormindo ali mesmo, mas percebi que se deixasse, além da de ficar de ressaca, ainda estaria com uma dor nas cosas insuportável na manhã seguinte.

–Noah, acorda.- cutuquei ele na barriga, que por sinal era bem... durinha.

–Idiota.- murmurou enquanto eu tirava a garrafa de sua mão que não estava engessada– Meu pai é um idiota.

–Menos mal, pensei que fosse eu.- admiti, meio que falando sozinha, porque o bêbado aqui estava mais pra lá de Bagdá.

Coloquei os braços de Noah sobre os meus ombros, e o puxei com pelos ombros para que se sentasse.

–Ele é um idiota, idiota, idiota.- falou com a voz arrastada de bêbado.

–Sim, ele é um idiota.- Revirei os olhos colocando um braço dele sobre os meus ombros, para que ele se apoiasse em mim para se levantar.

–Sabe Pirralha, eu acho que eu to um pouquinho bêbado.- cambaleando, demos os primeiros passos juntos, em direção ao quarto.

–Um pouquinho?- perguntei ajudando-o a continuar andando.

–É, só um pouquinho. Eu não bebo muito, não gosto de bebidas alcoólicas.- disse apontando a mão para o nada, como se fizesse um discurso.

É, a julgar pela garrafa vazia de whisky, ele não bebia nada. Magina.

Aos trancos e barrancos, entramos no quarto e infelizmente ele não tinha condições de subir em sua cama.

–Pode dormir na minha hoje.- falei ajudando com que ele sentasse em minha cama.Sem questionar nada, ele apenas deitou calado e fechou os olhos. Sua respiração ficou pesada e em questão de segundos ele já estava dormindo.

–Não gosto de bebidas alcoólicas.- imitei sua voz achando graça.

O deixei dormindo, apaguei a luz, e fui para o banheiro tomar um banho rápido.

(...)

De banho tomado andei no escuro em direção à cama.

– Julia?- olhei assustada para a cama onde Noah estava deitado, mas eu não enxergava nada- Julia, é você? – chamou novamente.

Soltei um riso baixo. Ele estava muito bêbado mesmo para me chamar pelo meu nome e não por “pirralha”.

–O que foi Noah?- perguntei sentando na ponta da minha cama, onde agora ele estava.

O silencio se estendeu por alguns segundos, deixando o clima um pouco desconfortável. Passei a mão sobre a cama esperando encontrá-lo deitado, mas ele não estava.

Ajeitei o óculos e forcei a visão para ver se enxergava alguma coisa. Com muita dificuldade pude ver uma silhueta encolhida entre a cabeceira da cama e a parede.

–Eu estou com medo.- ele sussurrou, quase inaudível.

–Vai Noah, deixa de graça, deita logo.- falei puxando sua mão, e me assustei ao perceber que ela estava muito quente. Me aproximei colocando a mão em sua testa. – Você está com febre.- constatei me levantando para procurar a caixa de remédios, mas fui impedida por ele, que me puxou pela mão, me fazendo sentar novamente na cama.

–Julia, não me deixa.- pediu sem largar a minha mão – Eu tenho medo.

– Tem medo do que?- perguntei me aproximando, certa de que aquele era um delírio por conta da febre.

–Tenho medo de ficar sozinho.- falou numa voz embargada.

–Vo-você esta chorando?- gaguejei, não era preciso ver para saber. Num movimento rápido, ele me puxou para mais perto, enterrando o rosto em meus cabelos. Fiquei sem reação, apenas escutando seu choro.

–Dói.- sussurrou, levando a minha mão que ele segurava para o peito.- Ele não tinha o direito de fazer isso comigo.Meu pai é um idiota.- o corpo de Noah, dava pequenos espasmos por conta do choro. Por hora, desisti de procurar a caixa de remédios. Talvez ele não precisasse de remédios, apenas desabafar um pouco.

–Ele te deixou?- perguntei num fio de voz, temendo que não fosse certo falar nesse momento.

Noah riu sem humor, se distanciando um pouco de mim.

–Eu tinha dez anos.- dizia de forma distante, como se seus pensamentos não estivessem aqui.- Meus pais brigaram. Eles sempre brigavam. Todos os dias, quando meu pai voltava do bar, de madrugada, eu ouvia os berros dos dois. Ele não amava minha mãe, ele dizia isso todos os dias, dizia que só continuava com ela por mim. Eu me sentia importante, amado por aquele homem sem sentimentos, aquele alcoólatra nojento. E aí um dia, ele simplesmente tentou matar a minha mãe.- Noah fez uma pausa se encolhendo ainda mais na cama. – Se eu não o impedisse, ele a teria matado. Ele a bateu tanto que ela ficou desacordada, e quando ele ia esfaqueá-la, eu apareci. Sangrando, e com a minha mãe desacordada ele nos deixou. Ele foi, deixando entorpecido meu coração, eu me sentia vazio. Meu pai era meu super herói, e depois de seu feito, eu só sentia repulsa por aquele homem que dizia que só estava lá por mim. Ele me deixou. Naquela noite eu me senti sozinho.- era quase palpável a dor de sua voz.- Eu me perguntava se tudo que ele falou era mentira. Se ele só continuava com a minha mão por comodidade, e não por mim...Dói tanto. Eu tenho medo de sentir isso de novo.- me senti um pouco culpada por fazer ele reviver o passado. Talvez se eu não tivesse colocado o filme, ou perguntado do pai dele, ele não estaria assim. Naquele momento o Noah que eu conhecia parecia mais o garotinho de 10 anos, indefeso e assustado. Meio sem jeito fiz com que ele deitasse em meu colo e o deixei assim até que ele dormisse, só consegui dormir depois que a temperatura dele estava mais baixa. Mas com medo de acordá-lo, dormir na posição em que estava mesmo, perdida em pensamentos.


 


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Notas finais do capítulo

Tadim do Noah ):

Nota:O filme aí é fictício.

Acho que eu posto amanhã, ou depois de amanhã, não sei..

Ah, eu fiz uma One Se alguém quiser ler: https://www.fanfiction.com.br/historia/239238/Cafe./

Eu ficaria feliz se alguém comentasse esse cap sabe? Alguém aí quer me ver feliz? kkk