Hermione e Draco pularam cada um para um lado do sofá, a mão de ambos indo para o bolso da varinha instintivamente. Na porta, o-menino-que-sobreviveu estava parado, olhando para os dois como se esperasse que Hermione dissesse que era tudo uma pegadinha ou que ele acordasse em seu quarto no salão comunal da Grifinória e aquela cena tivesse sido apenas um sonho estranho.

Por que para Draco Malfoy e Hermione Granger estarem se beijando num sofá numa sala secreta no meio da biblioteca, ele só podia estar num sonho. Ou num pesadelo bizarro, daqueles que você acorda se perguntando o quão perturbada sua mente é por ter sonhado aquilo.

—Harry? — a voz de Hermione pergunta quase num sussurro.

Malfoy olha da namorada até Potter, e de novo para a namorada, sem saber exatamente como reagir.

—Hermione? — murmurou Harry — Malfoy?

A morena se arrumou inconfortavelmente no sofá.

—Acho que você vai querer entrar — respondeu Hermione

Harry andou hesitantemente até a poltrona a frente do casal, como se esperasse que o chão fosse desaparecer sobre seus pés, e lentamente sentou na poltrona. A porta da sala finalmente se fechou, com um baque surdo, fazendo o moreno olhar por onde ele tinha acabado de entrar antes de se voltar a encarar o par a sua frente.

—O que… O que eu acabei de ver?

Malfoy bufou.

—Achei que você pudesse reconhecer um amasso quando vê um.

—Draco! — exclamou Hermione com uma voz mais aguda que o normal — Você está piorando as coisas.

—Draco… — murmurou Harry — você o chamou de Draco. De novo…

O grifinório parou por um momento, escondendo o rosto nas mãos e respirando profundamente, tentando fazer seu cérebro voltar a funcionar. Depois de alguns segundos, Harry levantou, parecendo mais calmo, e andou até ficar ao lado de Malfoy. Antes que o loiro pudesse sequer reagir, o menino-que-sobreviveu havia socado o rosto pálido com força.

—POTTER! — exclamou Draco com a mão no rosto — VOCÊ É LOUCO?

—Saia. De perto. Dela. — Harry murmurou pausadamente.

Hermione se aproximou rapidamente do namorado, que estava começando a levantar do sofá, o puxando de volta pelos ombros.

—Harry! — Ela exclamou depois de Draco estava sentado — Você quer pelo menos escutar o que está acontecendo?

O moreno olhou para a amiga, prestando mais atenção na postura dela do que no que ela falava. A mão apoiada no ombro de Draco, sentada extremamente perto dele, fazendo que toda a parte superior de sua perna tocasse a dele.

—Ah… — Harry balbuciou em quanto seu cérebro processava a frase — Escutar? Sinceramente? Não. Eu quero saber qual foi o feitiço ou poção que essa fuinha usou em você para descobrir como te trazer de volta ao normal e poder te arrastar de volta para o salão comunal da Grifinória perto de mim, da Gina e do Rony, onde você pertence… Ai meu deus Rony… Foi por isso que você terminou com ele?

A morena corou levemente, mas isso não a impediu de responder claramente.

—Não, eu terminei com o Rony por que eu não gostava mais dele. Sim, eu estava gostando do Draco quando eu terminei com o Rony. Não, Malfoy não me deu nenhuma poção ou feitiço, a menos que ele tenha começado isso dês de antes de invadirmos o ministério… E desculpa Harry, “aonde eu pertenço”? Acho que cabe a mim decidir onde eu pertenço ou não.

Ambos os meninos ficaram estáticos com a calma que Hermione respondeu ao melhor amigo. Harry se voltou e sentou de volta na poltrona antes de balbuciar.

—Antes… antes do ministério… Mas nós estávamos no quinto ano… A quanto tempo isso vem acontecendo?

Hermione respirou fundo, tirando a mão de cima do ombro de Draco, mas antes que ela pudesse responder, a voz do sonserino ecoou pela sala.

—Eu a beijei no quinto ano. Uma antes e uma na noite em que vocês invadiram o ministério. Nada aconteceu até nossas rondas começarem quando…

—Eu quero ouvir isso dela — interrompeu Harry friamente

—Foi como ele disse — começou Hermione — Nós nos beijamos duas vezes no quinto ano, e quando as rondas começaram as lembranças voltaram junto. Eu não queria… não queria que nada acontecesse, já que eu estava namorando o Rony… Mas, bom, eu terminei com ele, e… bom… estou com o Draco.

—Você… Vocês. Vocês se beijaram enquanto você ainda namorava nosso melhor amigo? — perguntou Harry esclarecendo a situação.

Hermione corou fortemente.

—A culpa é minha — disse Draco — eu beijei ela.

—Esse não é o ponto Malfoy — cuspiu Harry — O ponto é que ela beijou de volta. É que ela traiu o Rony.

—Me desculpa! — exclamou Hermione

—Não é pra mim que você tem que pedir desculpas Hermione.

—Não. Rony não pode saber, não agora, ele nunca vai me desculpar.

Harry passou as mãos pelo cabelo.

—Eu não vou falar nada. É você que tem que escolher isso. Mas… não espere nenhum apoio de mim quando ele descobrir.

Hermione fungou levemente.

—Você me odeia? —ela perguntou

Harry sorriu.

—Acho que nem se eu quisesse, eu conseguiria te odiar Mione. Mas eu ainda não acredito. Em nada disso. E muito menos nele.

—Obrigada. — ela murmurou — e eu sei que é difícil de acreditar. Você pode… Sei lá… tentar umas contra maldições ou me fazer tomar uns antídotos se quiser.

Harry deu risada.

—Talvez eu faça isso… — ele passou alguns segundos em silencio — O que é essa sala?

—Eu a descobri — murmurou Draco — ano passado. Parece que alguns alunos a criaram á alguns anos atrás.

Hermione sorriu.

—Adivinha que alunos Harry.

Dizendo isso ela apontou para os nomes encravados na mesa, fazendo Harry abrir um sorriso, passando os dedos sobre Pontas e Almofadinhas.

—Os marotos — Harry murmurou.

—Quem? — perguntou Draco confuso — você não quer dizer Os Marotos, quer?

Ambos os grifinórios olharam para Draco.

—O que você sabe sobre eles? — perguntou Harry rápidamente.

—Nada — murmurou Draco — quero dizer, não mais do que qualquer aluno. Eles são uma lenda qualquer, criada provavelmente perto da época do meu pai. Eles seriam um grupo de quatro alunos brilhantes que viravam a escola de ponta cabeça, e aprenderam a ser animagos antes mesmo de fazer os NOMs. Dizem que eles tinham um trato com Pirraça, outros dizem que eles colocaram Pirraça na escola; dizem que eles saíram com todas as meninas do próprio ano, do de cima e do de baixo. Dizem que eles conheciam todas as passagens secretas na escola, as colocando num mapa que mostraria onde todos estão, a todo o instante. Toda a “geração” de hogwarts tem um grupo de alunos que tenta agir como eles. Os gêmeos Weasley são, infelizmente, a nossa. Mas eles não existiram realmente. Os marotos, eu quero dizer.

Hermione e Harry trocaram olhares, e começaram a rir assim que seus olhos se encontraram.

—O que? — perguntou o loiro mais confuso do que nunca

—Eles existem Malfoy — riu Harry — eu os conheci. Na verdade você também conheceu um deles. Professor Lupin. Ele era Aluado.

—O lobisomem que ensinou a gente no terceiro ano? Você só pode estar de brincadeira.

—É verdade Draco — sorriu Hermione — E Sirius Black é “almofadinhas”.

Draco negou com a cabeça.

—Sinceramente eu não vou acreditar nessa. Qual a próxima? Você tem o mapa?

—Na verdade sim — murmurou Harry tirando o pergaminho amassado do bolso e murmurando “malfeito feito” muito baixinho, para o loiro não ouvir.

Draco pegou o mapa nas mãos espantado.

—Impossível, — ele murmurou — eles são uma lenda.

Harry sorriu, satisfeito por poder esfregar na cara de Malfoy tudo sobre seu pai.

—E — disse o grifinório colocando os pés na mesa, deitando na poltrona — se ela sala foi criada pelos marotos, ela me pertence. Por herança.

—Agora você vai dizer que seu pai era um dos marotos? — perguntou Malfoy numa voz arrastada

—Na verdade, sim. James Potter, ou como ele é conhecido, “pontas”.

Draco bufou.

—Grande Harry Potter. —ele disse sarcatiscamente — você não se contenta sem ser uma lenda ambulante não é Potter? Você te que ser filho de uma também.

—Eu não pude exatamente escolher nenhuma dessas coisas, pude Malfoy?

—É tudo verdade então? — perguntou Malfoy mudando de assunto — as lendas e tudo mais.

—Eu não sei sobre o pirraça, mas sim, eles se tornaram animagos antes de fazer os NOMs. Sirius era é um cachorro, como eu tenho certeza que seu adorável pai já te informou, Pedro pettigrew, ou rabicho, é um rato. Você deve conhecer ele, fiel seguidor de Voldemort, como seu pai. Lupin, ou aluado, é um lobisomem, ele não tinha uma forma animaga, e meu pai, pontas, como um cervo.

Por um momento Draco ficou em silencio.

—Você sabia de isso tudo? —perguntou Malfoy se virando para Hermione

—Sim. — respondeu a morena sorrindo.

—Nunca te passou pela cabeça de me avisar que o lugar onde a gente se beija todos os dias é, provavelmente, o lugar onde o pai do Potter vinha para pegar a mãe do Potter?

Harry corou levemente, olhando em volta do lugar de repente, como se algo fosse comprovar a teoria de Malfoy.

—Por que eu nunca pensei nisso Malfoy! — exclamou Hermione — onde os pais do meu melhor amigo iam para namorar não costuma ser um pensamento que passa pela minha cabeça.

—Pois devia, aposto que se a gente xeretar por ai a gente encontra algumas camisinhas escondidas.

Hermione e Harry coraram fortemente enquanto Draco ria. A namorada pegou uma almofada e começou a bater com força na cara dele.

—Seu tarado! —ela exclamou tentando segurar a risada — como você se sentiria se fosse você no lugar do Harry?

—Eu não preciso imaginar, é um tanto desconfortável quando meus pais esquecem o feitiço anti-som nas férias.

—Os hábitos dos seus pais na cama certamente não era alguma coisa que eu precisava saber Malfoy — exclamou Harry enojado — guarde seus pensamentos para você mesmo, sim?

Draco deu risada, e por um momento, Hermione e Harry também.

—Esse é o dia mais bizarro da minha vida — murmurou Harry parando de rir — Malfoy, eu quero conversar com a Mione sozinho, você pode sair da sala?

—Você realmente acha que eu vou te deixar sozinho com a minha namorada na sala onde seus pais se pegavam?

—Draco! — exclamou Hermione — eu não vou te trair, muito menos com o namorado da minha melhora amiga, deixe eu conversar com ele.

Malfoy murmurou alguma coisa baixinho, mas se levantou do sofá.

—Espera. Potter, você finalmente esta namorando com a Wealey-femea?

—Ah… Eu ainda não… ah… perguntei se ela quer namorar comigo… mas nós temos um encontro… Por que?

—Droga —murmurou o loiro — Pansy começou uma aposta no meu salão comunal, sobre você e a weasley-femea. E eu apostei que você era gay.

Harry olhou para o loiro enquanto esse ria.

—Ah, vai embora Malfoy! — exclamou Hermione jogando uma almofada nele — você é só um idiota.

—Eu posso ser um idiota, mas eu tenho uma namorada. Ao contrário do Potter. — ele disse rindo sarcasticamente antes de sair da sala.

—Você está seriamente namorando esse cara? — perguntou Harry

—Ele é legal depois que você conversa com ele —murmurou Hermione — e você deu risada agora.

Harry sorriu.

—Foi… estranho. Ele parecia o Malfoy… Mas não parecia ele. Quero dizer, ele te irritava, me irritava, mas não era como… como se ele estivesse atacando.

—Ele costuma fazer isso — riu Hermione

—Eu não confio nele — Harry disse — nem um pouco. Eu tenho certeza que ele é um comensal da morte.

—Harry! — exclamou a morena — eu sei que ele não é! Confia em mim.

O moreno suspirou.

—Eu confio em você. Não nele. Só me responde isso Hermione. Em todo esse tempo que você e ele tem estado juntos, você chegou a ver o braço direito dele. Uma única vez?

A menina abriu a boca confiante, mas a fechou de novo, pensando. Ela já o tinha visto sem a grossa capa de hogwarts, de roupas trouxas, de camisa aberta. Mas nunca sem a camisa, ou de manga curta.

—Tome cuidado —murmurou Harry diante do silencio dela — e se lembre que o dia que o Rony descobrir, não conte comigo para defender a fuinha.

–--------------

Os dias se passaram mais rápido do que o costume. Com o natal chegando, e praticamente toda a escola fora, Hermione tivera muito tempo para muita coisa. Passar um tempo com Harry, Rony e Gina; ler; fazer os trabalhos da escola; estudar sobre a maldição (que tinha estado assustadoramente calma nos últimos dias) e, é claro, ficar com Draco. Num piscar de olhos, o natal já tinha começado, e terminado, e o baile de inverno se aproximava cada vez mais. No feriado, Hermione havia ganhado sapos de chocolate de Ronald (alem do habitual casaco weasley de Molly), uma pena que não precisa de tinta de Harry, o manuscrito do livro ainda-não-publicado de uma série que Hermione estava morrendo para terminar de Draco (de acordo com o loiro, ele tinha seus contatos), e um vestido de festa vermelho, de Gina.

—Use-o na festa — pediu a ruiva quando Hermione abriu o pacote.

O vestido era vermelho vivo, com alças que se amarravam na nuca, e um decote generoso na área do busto. As costas quase inteiramente expostas, se não fosse os pequenos detalhes em dourado que faziam um delicado desenho na parte de trás do vestido.

—Ele é lindo Gina — murmurou Hermione — mas o tema da festa foi definido como preto-e-branco.

—Eu sei — sorriu a amiga — mas você merece um pouco de atenção nessa festa. Sem contar que seu par vai adorar.

—Draco não me convidou — disse Hermione — não é uma boa ideia assumir nosso namoro em publico.

—Use-o mesmo assim — pediu Gina.

No encontro de Gina e Harry, o moreno havia (finalmente) pedido a ruiva em namoro, e quando os alunos voltassem do recesso de férias, eles certamente teriam muitas fofocas para espalhar em relação ao casal. De acordo do Draco, Blaise Zabine havia ganho a aposta feita pela Parkinson, tendo como prêmio bons 30 galeões, 7 sicles e 4 nuques.

Agora, a duas semanas do baile, Hermione tinha praticamente esquecido da maldição, e ficado completamente focada para que os últimos detalhes da festa ficassem perfeitos. Durante uma noite, enquanto Hermione terminava de escrever algumas coisas a mais sobre o baile, sentada na sala da biblioteca, Draco apareceu com uma rosa vermelha e puxou a mão da namorada, a levantando da poltrona.

—Malfoy… o que? — ela murmurou — eu tenho que terminar isso por favor.

Ele revirou os olhos e a segurou pela cintura, a puxando para perto.

—Sempre ocupada. Pode me deixar falar um pouco, sua sabe-tudo irritante?

Draco podia sentir o coração de Hermione acelerado batendo contra o peito dele.

—Seja rápido — ela pediu

Ele riu sarcasticamente.

— Bom, contando o tempo enorme que você vem passando preparando esse baile, me passou pela cabeça se você tem um par.

—Um par? Não. E você? Ah! Draco Malfoy se você chamou a Parkison para ser seu par eu juro que eu…

Ele deu risada de novo, calando ela com um selinho.

—Não, eu não convidei a pansy. Eu na verdade estava pensando se você queria ir ao baile de inverno comigo.

Hermione tento dar um passo para trás, sendo impedida pelo braço de Malfoy.

—Todo mundo vai nos ver — ela disse lentamente

—Eu sei, faz parte de ir ao baile juntos.

—Nós vamos ter que dançar. Você sabe que os monitores chefes abrirão o baile, sendo seguido pelos monitores e seus pares… certo?

Ele riu de novo.

—Sim, eu sei.

—E você não se importa de saber que todo mundo vai nos ver juntos.

Ele negou com a cabeça.

—Você se importa? — ele perguntou.

Ela sorriu, cobrindo a boca do loiro com a dela.

—Não. Nem um pouco — ela murmurou separando os lábios. — Eu vou com você.

Ele a puxou para um outro beijo, colocando a rosa delicadamente nos cabelos dela antes de a abraçar pela cintura.