Hermione levantou e olhou em volta. Estava em seu quarto de Hogwarts, mas ele estava vazio, ela se xingou mentalmente por ter dormido de mais e levantou correndo, se trocando sem se dar ao trabalho de tomar banho. Ela desceu as escadas que levavam para o salão comunal, também vazio, com exceção de um pequeno grupo de quintanistas.

—Oi — cumprimentou Hermione gentilmente.

Os alunos empalideceram correram para a escadaria que levava aos dormitórios masculinos. Hermione franziu as sobrancelhas confusa, mas logo deu de ombros e saiu apressada para o salão principal ver se tinha tempo para comer pelo menos uma torrada sem ter que se atrasar para a aula.

Mas que aula ela tinha mesmo?

Os corredores estavam desertos demais, mesmo para uma manhã de sexta feira, Hermione tinha a horrível impressão de que todos estavam a evitando, mas deveriam ser apenas sua imaginação lhe pregando peças.

Ela seguiu até o salão pricipal, e assim que entrou pela enorme porta sentiu que todos estavam olhando para ela.

Um silêncio enorme cobria o local, nenhuma única pessoa parecia ousar falar. A mesa dos professores estava estranhamente vazia. Hermione, se sentindo mais confusa do que antes, foi até a mesa da grifinória, todos os alunos seguiram ela com o olhar. Ela localizou os amigos, que eram os únicos que não olhavam para a morena, e se sentou ao lado de Gina.

—O que está havendo? — perguntou baixinho para a ruiva.

A única resposta que recebeu foi um olhar carregado de raiva e dor. As pessoas em volta dela haviam voltado a comer, e um murmúrio assustado percorria o salão.

—O que você esta fazendo aqui? — perguntou Harry seco —já não bastou o que fez com o Neville? Vai embora.

Hermione olhou nos olhos verde-esmeralda do amigo, mas só pode ver ódio. Sentindo as lágrimas nos olhos ela olhou para Rony. Este encarava a própria comida, sem toca-la. Seu rosto estava vermelho, e ele parecia se segurar para não ataca-la naquele instante. Um gongo foi ouvido de longe, e automaticamente todos os alunos se levantaram ao mesmo tempo e saíram para as aulas. Menos Hermione, ela ficara ali, sentada.

—Minha senhora —disse uma voz tão seca quanto a que Harry usara com ela — algo está a incomodando?

Hermione virou assustada para o dono da voz. Snape estava parado a sua frente, fazendo uma leve mesura.

—O que está acontecendo? —perguntou Hermione olhando para o professor desconfiadamente.

O sonserino estava claramente desconfortável com a situação.

—Todos estão em suas devidas aulas —respondeu Snape —precisa de alguma coisa?

Hermione ignorou a pergunta de Severo.

—O que você está fazendo? —ela perguntou

Ele pareceu confuso.

—Seguindo ordens de nosso mestre. — ele respondeu como se fosse obviu.

Hermione levantou assustada e saiu correndo do salão, deixando um Snape confuso plantado sozinho.

—COMO VOCÊ PODE? — gritou uma voz saindo de trás de uma armadura.

A morena se virou e se deparou com Gina tremendo de raiva. Seus olhos brilhavam.

—Gina o que foi?— perguntou Hermione andando em direção à amiga.

—O-QUE-FOI? — exclamou a ruiva bufando — mas é muito cínica mesmo!

Antes que Hermione pudesse pensar Gina se jogou para cima dela. A morena ergueu as mãos para se defender, mas antes que pudesse perceber, uma bola de luz azul saiu de suas mãos indo se chocar no peito da amiga.

Gina voou alguns metros antes que cair num baque surdo.

Hermione olhou para a grifinória inerte no chão e cobriu a mão com a boca, as lágrimas caindo.

—GINA! — exclamou Harry descendo as escadas correndo

O moreno pareceu não ter notado a presença da morena.

—Gina, fala comigo, por favor.

Ele colocou os dedos no pescoço da ruiva para sentir a pulsação desesperado. Então se virou para a morena como se a visse pela primeira vez.

—VOCÊ! — gritou Harry com os olhos chorosos —  Como você pode? Ela era sua amiga.

Harry se virou para o corpo da ruiva, dando um suave beijo em seus lábios. As lágrimas de dor e ódio corriam por sua face.

—O que ainda está fazendo aqui? — ele perguntou nervoso — quer acabar como serviço? Foi isso que ele mandou? Me mate então, vai Black.

Hermione deixou as lágrimas correrem. Não sabia o que doía mais. Ela virou as costas para Harry e para o corpo de Gina e correu para os jardins.

Até a luz do sol parecia mais fraca.

A morena tremia. Ela matara Gina. Matara. Ela.

Ela berrou o mais alto que pode, esperando que ninguém a ouvisse.

—Granger? — perguntou uma voz conhecida atrás dela

Ela se virou e se deparou com Draco Malfoy.

—Malfoy! Me ajude por favor, eu não sei o que está acontecendo... eu acho que eu matei a Gina e...

—Te ajudar? TE AJUDAR? Foi tudo o que eu fiz durante um maldito ano inteiro e como você me retribuiu Granger? Ou deveria dizer Black? Eu amei você e o que você fez? — as lágrimas corriam pela face pálida de Draco — MEUS PAIS ESTÃO MORTOS, E A CULPA É SUA!

Hermione afundou o rosto nas mãos, tremendo. Sentiu o chão sumindo, ela não sentia nada em volta dela alem da própria dor.

Está vendo Hermione? Você é um monstro

Hermione levantou o rosto,procurando o dono da voz, mas tudo estava escuro.

Você merece ficar sozinha. É isso que você é, um monstro. 

—NÃO! — gritou Hermione para o nada —VOCÊ É O MONSTRO! VOCÊ MATOU ESSAS PESSOAS!

Não Hermione, foi você. Se afaste das pessoas, fuja, é a única maneira de você não machucar ninguém. Você é melhor sozinha. Só eu e você...

Hermione abriu os olhos suando frio. Fora apenas um pesadelo. O pior pesadelo que ela já tivera, mas fora apenas um pesadelo. Ela levantou tremendo. Talvez fosse melhor para todos se ela fosse embora.

Hermione entrou embaixo do chuveiro gelado,  as ideias começaram a fluir mais calmamente e ela pode pensar.

Por que a voz a mandara ficar sozinha? O objetivo dela não era fazer Hermione se unir ao lorde-das-trevas? A voz supostamente deveria persuadir ela a se unir as trevas, mas esse sonho só a fez desejar mais ainda não dar ouvidos a voz.

Ela saiu do banho, o sol já estava nascendo e logo todo o seu quarto estaria levando. Hermione ainda podia ouvir a voz ecoando em sua cabeça, por mais que na quissesse:

Você é melhor sozinha. Só eu e você....