Ele empalideceu e deu espaço para Hermione se aconchegar ao seu lado. Ela sentou e sentiu as lágrimas enchendo seus olhos.

—Eu... Tive um sonho... Ruim.

Ele passou o braço pelos ombros dela, inconscientemente a puxando mais para perto. Ela contou sobre seu sonho com uma voz chorosa, sem esconder nada. Mais uma vez se surpreendeu pro quão fácil era desabafar com o loiro. Nem sequer hesitara quando confessou que sentia falta daquela sensação de poder.

—O que ele quer comigo?— perguntou Hermione antes de desabar em lágrimas.

Ela se odiava por estar tão fraca. Mas não conseguia segurar. Draco passou ambos os braços pela morena e fez ela se deitar em seu peito. Ela soluçava enquanto grossas gotas d’água desciam de seus olhos. Ele deu um leve beijo no topo da cabeça da morena.

—Nós vamos achar alguma maneira de parar ok? —ele falo.

Ela sorriu para ele secando as lágrimas, mas Draco parecia não acreditar nas próprias palavras.

—Agora vai pra aula Granger, antes que seu namorado comece a te procurar — Disse Malfoy num tom de humor.

Ela sorriu de lado.

—É mais provável que Harry note minha falta do que Rony, mas eu não posso perder a aula de transfiguração.

Ela levantou do sofá e disse olhando nos olhos cinza de Draco.

—Obrigada... De novo.

Ele não respondeu, e ela saiu da sala, indo em direção a sala de aula.

Durante dois meses inteiros, nada mudou. Hermione e Draco se encontravam pelo menos 3 vezes por semana para tentar achar alguma solução.

Mas toda a noite Hermione tinha o mesmo sonho.

Ela matando Dumbledore.

—Então Dumbledore acha que Voldemort dividiu a alma— disse Harry olhando para os amigos numa tarde de novembro.

—Como isso é possível? —perguntou Hermione assustada

—Magia das trevas — respondeu Harry — e é por isso que eu tenho que conseguir a memória do Sloug.

Hermione mordeu o lábio encostada-se ao ombro de Rony.

—Hoje tem um jantar com o Clube do Sloug não é? —perguntou Hermione

Rony soltou um muchocho.

—Brilhante Hermione! —exclamou Harry — podemos esperar ele ficar bêbado e...

—Ah.. Harry — falou a morena incerta — eu não vou estar lá.

—Como assim?

—Eu vou... Ah... Fazer o dever de casa — ela mentiu.

Harry bufou.

—Então pelo menos fique de olho no Malfoy por mim. Usando o mapa. Eu ainda acho que ele é um comensal, faz semanas que ele some do mapa.

Hermione deu um sorriso leve, ela sabia onde ele estava.

—Claro! — ela respondeu pegando o pergaminho velho da mão de Harry —mas se você vai pro jantar, é melhor se arrumar, ele começa em uns 10 minutos.

Harry revirou os olhos, mas saiu do salão. Hermione se levantou.

—Espera Mi —pediu Rony dando um selinho nela — Você não precisa chegar agora na biblioteca.

Ele a beijou docemente, e ela correspondeu sorrindo.

Mas algo estava errado.

As mãos do ruivo estavam a segurando levemente nas costas.

Ao contrário das mãos do loiro que a prendiam na cintura como se precisasse ter ela nos braços.

Seu beijo não era necessário. Seus lábios não eram tão macios.

Faltava um leve gosto de menta. Uma necessidade.

Ele se separou dela antes que ela pudesse o fazer, mas tudo que ela conseguiu pensar era como os beijos do Draco a deixavam sem fôlego, como eles só se separavam quando nao tinham mais ar.

—O que houve Mi? — ele perguntou

—Eu estou preocupada com a lição de DCAT — mentiu a morena dando um selinho no ruivo — tenho que ir.

Ela pegou suas coisas e saiu do salão o mais rápido que pode. Fazia dois meses dês da ultima vez que beijara o loiro. Naquela noite em que ele contou da maldição.

Então por que eu ainda penso nisso?

Ela fora fiel a Rony. Seu peito parecia apertado como se segurado por uma garra de ferro, mas ela não sabia se era por mentir para Rony… ou se era por saudade do loiro.

Pela primeira vez no ano sua cabeça não tinha a maldição.

Lampejos começaram a passar na mente de Hermione.

Um olhar trocado na aula de DCAT

Ela apertou os olhos tentando afastar a imagem

Um sorriso sarcástico

Sua cabeça girava

Cabelos pretos

Agora ela estava confusa

Um beijo proibido

Ela se sentou em um degrau da escadaria, e então as imagens vieram de uma vez.

— Eu não sei como você pode estar naquela sonserina

Hermione não podia ver quem falava, mas era uma voz masculina

—Mentira, você me conhece querido.

Uma risada masculina preencheu a mente de Hermione

—Sim, eu te conheço. Por isso que eu não acho que devíamos fazer isso.

—Eu não consigo

—Eu sei... Nem eu.

—Não, você não entende Black! — exclamou a mulher — Eu não sei como você me faz ficar assim. Vulnerável. É horrível, como se eu tivesse duas vezes mais chances de cair morta, como se meu mundo dependesse do seu sorriso. Eu odeio isso.

—São sentimentos querida Prima. Eles aparecem em todo o ser humano. Fique feliz que você ainda pode ser considerado um.

—Tem mais... Eu estou grávida

—O QUE?

—E ele sabe.

Hermione abriu os olhos para o corredor vazio, respirando fundo. Uma sensação horrível percorria seu corpo, e a única coisa que ela podia ter certeza era que ele não era Voldemort

Era alguém diferente.

Ela levantou um pouco tonta e esfregou as mãos no rosto. Precisava encontrar Draco. Aqueles deveriam ser seus pais. Seu verdadeiros pais.

Por que as vozes soavam tão conhecidas?

Hermione abriu o mapa do maroto e deu uma olhada na escola. Sem sinal de Draco, ele deveria estar na sala da biblioteca.

Uma ideia refletiu a cabeça da morena.

Ela pegou o pequeno mapa da biblioteca que Draco lhe dera e murmurou as palavras. Como de costume a biblioteca da escola apareceu ali, com madame Pince bem visível na entrada. Então a morena colocou o pequeno mapa exatamente em cima de onde a biblioteca estava no verdadeiro Mapa do Maroto.

Automaticamente os dois se uniram.

Agora ela possível ver Draco.

Ela não teve tempo de sorrir para o que fez, ainda podia ouvir as vozes ecoando na sua cabeça, e ainda tinha uma duvida.

Quem era ele?