Fix You escrita por letter


Capítulo 1
Único.


Notas iniciais do capítulo

Ouvindo a música, me veio a ideia, a letra combina :3 Se quiserem ouvir com acompanhamento http://www.youtube.com/watch?v=T9ETxBHYBAU boa leitura ^-~



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When you try your best but you don't succeed

Quando você tenta o seu melhor, mas não tem sucesso.
When you get what you want but not what you need

Quando você consegue o que quer, mas não o que precisa.
When you feel so tired but you can't sleep

Quando você se sente cansado, mas não consegue dormir.
Stuck in reverse

Preso em marcha ré.



            – Você deveria dormir. Juro que está pior que os bestantes da Capitol – diz Johanna, se materializando ao meu lado e colocando uma xícara de café esfumaçante a minha frente.

– Não precisava se importar – respondo, sem tirar os olhos dos monitores.

Johanna solta um pesado suspiro, se sentando na poltrona do lado.

– A gente jura não se pagar, mas no momento em que o canhão dispara, agente torce para não ser o nosso tributo.

Me forçando a virar o rosto e despregar os olhos dos monitores, olho para Johanna. Talvez meus olhos estivessem tão fundo quanto os delas, mas não estavam tão vermelhos quanto.

– Sinto muito pelos seus – Johanna me lança um olhar de soslaio, e abre um de seus vários sorrisos irônicos. Verdade seja dita, tanto ela quanto eu, sabíamos que a última coisa que eu sentia pelos seus tributos mortos, era “muito”. Um tributo a menos, significava uma chance a mais de Annie sair da arena com vida, e era nessa chance que eu me apegava.

Volto novamente os olhos para os monitores, sentindo algo se revirar dentro de mim ao ver aquela figura encolhida, dormindo abraçando as próprias pernas, sozinha, vulnerável, em uma arena tão instável quanto si.

– Ela já é uma vitoriosa por ter chegado à reta final – comenta Johanna. Não é difícil farejar sua tentativa de me consolar, e uma parte minha até agradece, preciso de alguém além de mim, se agarrando a esperança de que Annie pode se manter viva. Mas com ambos os carreirista do 1 e do 2 ainda vivos... Não posso pensar na possibilidade. Derick, meu outro protegido, morrera há duas manhãs, enquanto dormia. Embora fosse o modo mais covarde de se matar um tributo, agradeci secretamente por Annie estar à caça de alimentos longe dali. E mesmo Derick sendo do 4, era uma chance a mais de Annie voltar para casa. Johanna coloca sua mão sobre a minha, que frenética e automaticamente faz e desfaz nós em uma corda.

– É minha culpa – falo por fim, percebendo que tais palavras á muito estavam entaladas a minha garganta – Eu desafiei Snow. Recusei seu pedido de vir em uma das festas da Capitol, encontrar qualquer amiga sua, para poder ficar com Annie, e no mês seguinte, seu nome é chamado na colheita. É minha culpa, minha e só minha. E se ela morrer... – explosão.

O barulho ensurdecedor de uma explosão invade meus ouvidos. Olho por todos os monitores, procurando a origem do barulho, e logo vejo: as barreiras da represa que rodeavam a arena explodiram. Por um monitor vejo a água inundar toda a arena, pelo outro vejo o casal de tributos do 1 se afogando, em outro vejo o casal do 2 correndo contra as ondas, e no outro... Annie dormia.

– Corre! – grito para o monitor, fitando Annie – Acorde! Corre! Fuja Annie, saí daí, fuja Annie, suba em uma árvore, ande Annie, Ande! – coloco as mãos sobre os monitores, tentando em vão chacoalhá-los, desejando que eles fossem Annie, que ela sentisse eu balançando-a – Annie! – berro, Johanna pede para eu me acalmar, ouço passos correndo em minha direção – Annie! – ela estaria viva? Encolhida ao canto daquele jeito... Não, não, ela tinha de estar viva, precisava estar – Por favor, por favor, por favor – lembro de quando meu nome foi anunciado na colheita. Minha mãe viera aos prantos me ver no Edifício de Justiça, durante três minutos apenas me abraçou, e antes que arrastassem-na dali, ela olhou para cima, fechou os olhos, juntou as mãos e pediu: “Ajude-o, por favor” – Annie! – vejo por outros monitores que a maré se aproxima dela, que os outros carreiristas se aproximam dela – Não, não, não!

– Levem-no daqui – ouço uma voz ordenar, mas nada vejo. Só tenho olhos para imagem de Annie, que começa a ficar embaçada, e logo percebo que não é a imagem que fica embaçada, são meus olhos. Sinto mãos prenderem meus braços, sinto pessoas me puxando. Tentando gritar, espernear, lutar, chamar por Annie, mas nada consigo, minhas vistas já não estão mais embaçadas, estão escuras.

– Ajude-a – peço caindo de joelhos, olhando para cima, antes de tudo desaparecer.


And the tears come streaming down your face

Quando as lágrimas começam a rolar pelo seu rosto.

When you lose something you can't replace

Quando você perde algo que não pode substituir.

When you love someone, but it goes to waste

Quando você perde algo que não pode substituir.

Could it be worse?

Pode ser pior?



O barulho ensurdecedor de uma explosão invade meus ouvidos.

– Annie! – abro os olhos.

– Finnick – alguém chama – Acalma-se meu anjo.

– Mags! – reconheço a voz de imediato, e assim que me viro, vejo ela sentada ao meu lado – Mags... A Annie... – minha garganta se aperta, e ao mencionar o nome de Annie, seu rosto se materializa em minha mente, risonho e inocente. Logo sinto minhas vistas se embaçando novamente – Eles a mataram – sibilo, sem conseguir fazer com que minha voz passasse de um sussurro – Minha Annie – Doía. Doía imaginar que estava respirando em um mundo, onde Annie Cresta não respirava. Doía imaginar que eu encontraria um Distrito 4, onde Annie Cresta já não me esperava, já não iria correr para meus braços quando me visse, já não riria da minha capacidade de tecer, já não... Já não vivia – Minha Annie – repito.

Mags se levanta, e lentamente, anda até mim, me envolvendo em seus braços. Depois de perder Annie, perder meu mundo, perco a vergonha e deixo as lagrimas fazerem o que tanto almejavam, rolar soltar por meu rosto. Minha Annie.

De todos os tributos ainda vivos aquele momento na arena, Annie era a única que sabia nadar, meu anjo. Você a ensinou, e graças a isso ela Annie Cresta é a 70th vitoriosa dos Jogos.

Me afasto de Mags, pisco algumas vezes, tentando entender o que acabara de ouvir.

– Annie esta viva, meu anjo.



And high up above or down below

Bem no alto ou bem lá embaixo.

When you're too in love to let it go

Quando você está muito apaixonado para esquecer.

But if you never try, you'll never know

Mas se você nunca tentar,você nunca saberá

Just what you're worth.

O quanto você vale



– Annie?

Ela parecia a mesma Annie de sempre, doce e saudável, alegre e ingênua, perante a paisagem paradisíaca que dominava todo o Distrito 4. As ondas revelavam sua força nas pedras que cresciam imponentes, separando a liberdade da prisão. Os ventos balançavam seus cabelos castanhos, ainda bem cortados do Capitol, embora isso não impedisse os fios de se embaraçar. Minha Annie.

– Pensei que estivesse na Capitol, Finn... – ninguém mais ouvia sua voz, se muito apenas eu e Mags. Sua voz conseguia acalmar as chamas que nasciam dentro de mim ao vê-la naquela situação.

– Queria saber se está tudo bem.

Ela sorriu. Sentei ao seu lado, fitando o mar.

– Parece não ter fim... – Imagino se algum dia suas frases voltariam a ter fim. Se algum dia ela voltaria a ser a doce e saudável, alegre e ingênua Annie.

– Parece – concordo ainda com os olhos ainda no mar.

– Velejar...

– Para sempre. Eu sei Annie – Beetee sempre tinha de finalizar as sentenças de Wiress. Johanna os chamava de Faísca e Pancada. Essa é a ultima coisa que eu desejava a Annie.

Annie se virou para mim, os olhos azuis, grandes e redondos, fitavam-me curiosos, os lábios comprimidos num sorriso infantil. Sorrio, apenas por vê-la sorrir. Mas então o rosto inocente desmanchou-se em questão de segundos e um grito agudo escapou dos lábios agora trêmulos.

– Na- não Annie, eles não estão mais aqui, não precisa ter medo. Sou eu, Finnick, seu Finnick, Annie.

Não posso me assustar. Preciso ser forte, forças por mim e por ela. Puxo-a para meus braços, envolvendo-a, murmurando palavras gentis. Tentando acalmá-la. Tentando me acalmar. Logo, os gritos foram substituídos por soluços.

– Derick? – não passa de um engasgo, de uma alucinação que ela sabia ser real ou não real.

– Não Annie. É o Finnick. Derick está longe – não era nada prazeroso mentir para ela, mas antes isso do que destruir sua inocência, mas do que já tinha o feito. É o melhor dela, em todos os sentidos, e se sobreviveu aos jogos, sobrevive à vida.

– Derick... Está longe?

– Sim Annie, ele está. Um dia você o verá de novo, tudo bem? – ela balança a cabeça, como uma criança de cinco anos ouvindo uma bronca. Eu os odeio. Não sei se os odeio mais do que odeio a mim. Por ser minha culpa, ou pelo que fizeram com ela.

Minha doce e saudável, alegre e ingênua Annie não merecia aquilo.

Eles a estragaram. Eu teria de concertá-la.

Porque no fim, ninguém vence. Uma vez da Capitol, para sempre da Capitol. Essas são as regras, matar ou morrer é apenas uma conseqüência. Os odeio por isso. Eles pagariam por isso. De um jeito ou de outro. Por Annie.


Lights will guide you home

Luzes te guiarão até em casa

And ignite your bones

E aquecerão teus ossos

And I will try, to fix you

E eu tentarei, consertar você



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Notas finais do capítulo

Eu sei que não ficou das melhores, mas eu realmente tava com vontade de escrever isso, de qualquer jeito, espero que tenham gostado. Deixem review falando o que acharam *-* Annie and Finnick forever ♥