Snuff - Dramione escrita por Lívia Black


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu sou muito boazinha e estou postando no mesmo dia. Isso não costuma acontecer com frequencia, sabiam? haha



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Capítulo 2. - The last bitter letters

So if you love me, let me go.
And run away before I know.
My heart is just too dark to care.


Draco Malfoy realmente não sabia quase nada sobre o amor. Por isso não soube dizer quando passou a senti-lo. E nem soube diagnosticar que o estava sentindo, quando começou a refletir sobre o que Hermione havia dito, enquanto olhava para o teto deitado na cama vazia e fria de sua mansão.


Começou a se perguntar como seria sua vida sem seus encontros ocasionais com Hermione Granger.


O fato é que ele simplesmente não conseguia imaginar como seria sua vida sem ela.


Mesmo que não contassem tudo um para o outro, que sua relação fosse muito mais física do que qualquer outra coisa, e que sempre houvesse centelhas de ódio entre eles, Hermione Granger se tornara uma parte dele naqueles anos.


Da forma mais doentia possível, ela era sua amiga. Sua única amiga. E ele, de uma forma que seu orgulho jamais o deixaria admitir ou perceber, por diversas razões, a amava.


Era para ela que ele dissertava a respeito das encrencas do St.Mungus, e era para ele que ela contava as pérolas de seu trabalho. Era o gemido dela que ele gostava de ouvir abaixo de si, e os risos dela que ele gostava de ouvir cada vez que dizia algo esporadicamente fora do comum que a fazia rir. Era o cabelo dela que gostava de colocar atrás da orelha. Essas noites juntos era o que deixava sua vida um pouco menos sombria.


Era ela. Não Astoria.


Mas agora, ela estava disposta a ter tudo isso apenas com Weasley. Como se todos aqueles anos ele não tivesse sido nada além de um representante do sexo.


E aquilo o revoltava. Não podia ser assim. Ela não podia ser como todas outras. Ela era Hermione Granger.


***


Na noite do dia seguinte, Astoria Greengrass foi até a Mansão de Draco Malfoy aos arredores do povoado de Godric’s Hollow. Não hesitara em responder sim na hora em que ele lhe fizera o convite, enquanto o recepcionava um bruxo idoso com furúnculos na testa no St.Mungus.


Não sabia quais eram as intenções de Draco. Ele parecia um tanto sombrio. Mas já imaginava o que aquela noite lhe reservava e estava ansiosa por ela.


x-x


Draco Malfoy pensou em mandar uma carta para Hermione Granger dizendo o que pretendia fazer aquela noite. Mas logo mudou de ideia. Aquilo soaria como um jogo de ciúmes e não era essa a impressão que ele queria que ela tivesse. Deixaria que ela descobrisse sozinha, tudo no seu tempo.


–Astoria? – Chamou a mulher, que estava distraidamente analisando os quadros de sua casa, depois que haviam tido compartilhado um caloroso jantar.


Quando ela virou-se para ela, surpresa, Draco ajoelhou-se no chão, vagarosamente, a encarando nos olhos com bastante intensidade. Ignorou aquela maldita sensação, e a maldita voz que lhe sussurrava nos ouvidos que havia alguma coisa bem errada com a cor azul-turquesa dos olhos dela.


Abriu a caixinha de veludo que tinha nas mãos.


–Quer se casar comigo? Fez o pedido da forma mais amorosa que conseguiu, mas mesmo assim soou de forma seca. Achou que já estava acostumado com o fato de ser um insensível, mas a verdade é que jamais se acostumaria com isso.


Não esperou a resposta da mulher, cujos olhos brilhavam mais que os diamantes do anel para saber que a partir daquele momento tinha ferrado com tudo. Parabéns, Malfoy. Ela quase conseguia a voz cáustica e sarcástica dela ressoar em algum lugar nos cantos do aposento.


Maldita Granger.


Não que ela tivesse alguma espécie de relação com as suas novas decisões. Não mesmo.


***


Draco Malfoy e Hermione Granger não trocaram uma palavra depois daquela noite. Não se encontraram, nem escreveram. Ele era orgulhoso demais para ceder. Mas depois de tantos dias em silêncio não conseguiu resistir. Alguma coisa dentro dele temia que se aquilo se sustentasse por mais algumas semanas, viesse a ir se prologando até eles perderem a noção do tempo. Por isso, redigiu uma pequena carta para ela aquela noite de sábado. E, ao contrário do que imaginou, não demorou nem um pouco até que ela lhe respondesse.


Você não me chamou essa semana.

Nem um convite. Nenhum correio-coruja.

Está mesmo querendo ser fiel ao Weasley, Granger?

Eu disse que teríamos que parar de nos ver por uns tempos.

Era sério.

Por quê? Sentiu minha falta?

É óbvio que não, Granger, tsc.

Do jeito que você fala parece até que não sabe que eu ainda a desprezo.

Sério? Você me pareceu triste quando eu disse que Ron me pediu em casamento.

ps.: Se você me despreza, eu também o desprezo. Porra, você continua sendo a merda de um Malfoy. Ainda me pergunto o que eu tinha na cabeça há cinco anos atrás, quando quis ficar com você no Baile de Formatura. A solidão deve ter me comovido, tsc.

Claro que fiquei.

Eu ficaria assim por qualquer criatura que estivesse destinada a ficar presa num relacionamento com um Weasley para o resto da vida.

Sério mesmo, Granger. O que você viu nele?

Eu sou o triplo de tudo que ele é, mas se eu transo com outras você não liga, e se ele sorri para alguma delas você se despedaça.

É incompreensível.

Ps.: Você sempre me achou irresistível, Granger. Não adianta negar.

O que eu vi nele? Malfoy, você é patético.

Eu vi alguém que me conhece desde que me dou por gente. Alguém que me abraça como se eu fosse uma boneca de vidro, ou um frágil castelo de cartas. Vi os cabelos ruivo cor-de-fogo que eu toquei quando dei o meu primeiro beijo. Vi alguém que me ama de verdade, e não me vê apenas como um objeto sexual ou uma sangue-ruim.

Já faz um bom tempo que eu não a chamo de sangue-ruim.

E isso muda o quê, exatamente?

Nada. Foi apenas uma constatação.

Não que isso signifique alguma coisa, é claro.

Você sabe que é suja demais, certa demais, e segura demais.

Eu sempre soube que esse romance não ia nos levar a lugar algum.

Romance? Que romance, Malfoy? É assim que você nomeia o nosso caso barato? Tsc.

É pior do que eu pensava.

Eu nunca disse nada doce para você. E nem pretendo, por sinal.

Acha que é preciso que você me ame para que seja um romance?

Amor? Quem aqui falou de amor, Malfoy?

Sim, romances precisam de amor.

Romance é o que eu tenho com o Ronald.

E talvez o que você tenha com a Greengrass.

Não que eu te ache capaz de amar alguém, tsc.

Eu nunca me esqueci de quem você é.

Mas sei que você a pediu em casamento.

Só faltava ela começar a exibir o anel para os objetos inanimados, hahaha.

Eu poderia considerar isso uma espécie de afronta contra meu casamento com o Ron.

Mas decidi apenas relevar.

IMBECIL.

Espera aí. Foi impressão minha ou você está com ciúmes, Granger?

Haha, vai ter que aprender a se controlar, tsc.

Não quero que nos encontremos por aí, e de repente você “deixe escapar” para Astoria que nós temos um caso.

Detestaria levar um pé na bunda por um motivo tão inútil quanto você.

Mas não se preocupe. Me mande os seus convites e eu mandarei os meus, futura Sra. Ronald Weasley.

Não sei se você já sabe, mas acho que Potter desconfia de nós dois. Ontem ele foi ao St. Mungus com alguma desculpa idiota e ficou olhando para mim com aquela cara.

Eu não preciso me controlar, mas mesmo que precisasse, estou em dúvida se isso vai poder continuar.

Harry falou comigo. Ele disse que leu as cartas que você mandou alguns meses atrás. Caralho, Malfoy, ELE SABE. E disse que era melhor eu parar de te ver, ameaçando contar ao Ron.

Por Merlin, o que eu faço agora? O que nós faremos agora?

Nossos casamentos estão marcados. Não podemos correr mais riscos.

Receio ter que lhe dizer que isso é uma despedida. Agora, oficialmente.

Não gosto da palavra despedida. Tudo bem pararmos de nos ver por algum tempo, mas isso é uma obsessão. Vícios não devem ser rompidos.

Talvez você deva dizer ao Potter que me acha um babaca, e que eu a agarrei a força, sei lá, qualquer coisa que faça parecer que você é uma boa garota. O que obviamente você não é, hahaha.

Tem razão Granger. Estamos com os casamentos marcados. Mas eu já estava querendo pedir a Astoria faz tempo. Você apenas me inspirou.

Eu gosto dela.

Mas não a ama.

Eu sei.

É tão previsível, Malfoy.

Nós dois. Você com ela, eu com o Ron.

E só a nossa sordidez no meio para foder com tudo.

Em pensar que isso começou há cinco anos atrás, no Baile de Formatura. Tsc.

Granger, nós não somos sórdidos.

Pare de pensar em nós desse jeito, e pare de tentar romper o que não deve ser rompido.

Nós apenas seguimos nossos instintos.

No fundo você sabe que já superou nossos pecados.

Sempre estaremos juntos, não importa o quanto errado pareça.

Eu nunca vou me esquecer do Baile de Formatura. O dia em que eu tive você pela primeira vez. Quem poderia imaginar não é?

Eu não pretendo terminar com isso. Nunca.

Eu sei, Malfoy. Eu sei.

Eu apenas me sinto cansada demais, suja demais.

Eu sou Hermione Granger. Eu sempre tive que ser politicamente correta.

E tudo em nós dois está errado. Sempre esteve. E estou começando a notar que não aguento mais.

Você tinha razão. Isso nunca nos levou e nem vai nos levar a lugar algum.

Você parece ser um erro que eu insisto em levar comigo aonde quer que eu vá.

E mesmo que pareça ser certo estar com você, na maioria das vezes, nós dois sabemos que não é.

Vamos nos casar agora. As coisas vão mudar.

Nós nos resumimos a encontros noturnos. Não existe, nem nunca existiu, mãos dadas, por do sol ou demonstrações públicas de afeto.

O que vai ser depois?

Sexo no banheiro da festa enquanto nossos cônjuges procuram por nós em toda a parte? Ou alguma desculpa de ter de ficar no trabalho enquanto trepamos em algum motel?

Tudo isso é tão baixo. Tão podre.

E se dói ter um fim, doerá mais se não tiver. Sempre vai ser “até a próxima transa” e não “eu te amo”.

Isso não quer dizer que eu queria que nos amássemos. Não.

Significa apenas que eu estou farta.

Sempre depois dos nossos encontros o quarto fica com aquele cheiro de sexo, e por mais banhos que eu tome ainda me sinto suja, com os vestígios do seu toque, de forma que não consigo deixar Rony me tocar, nem mesmo da forma mais inocente, e invento um mal-estar cheio de culpa.

Até quando poderemos levar isso adiante? Até olharmos dentro dos olhos dos nossos parceiros e filhos e enxergamos o nosso reflexo impuro na íris, e nos questionarmos o que temos na mente para tanta traição?

Só vai ficar cada vez pior.

As alianças são só o começo de tudo isso.

Venha dizer tudo isso olhando dentro dos meus olhos.

Você sabe o endereço.


***

x-x


Hermione Granger segurou a última carta dele entre os dedos. Não espera que fossem essas as próximas palavras que leria, e até se surpreendeu. Surpreendeu-se também com o buraco que ia se abrindo em seu coração a cada palavra que direcionava à ele, com as emoções e os pensamentos se confundindo em uma explosão. Aquilo que ela sentia na garganta não era normal, mas ela repetia a si mesma que ia passar e criava uma falsa atmosfera de conforto.


Não sabia se deveria mesmo ir. É claro que ela sabia o endereço. Por alguma razão, o havia decorado na primeira vez que ele lhe entregara um pergaminho com o nome.


Então, não deixou seus neurônios agirem e seguiu, como já havia seguindo a um bom tempo, seus instintos. Colocou um casaco sob os ombros e aparatou até a Mansão de Draco Malfoy.



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Notas finais do capítulo

Reviews para deixar uma potterhead feliz (: