Snuff - Dramione escrita por Lívia Black


Capítulo 11
Epílogo - Cinza.


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal...Finalmente eu venho aqui com o Epílogo! Eu tinha planejado um pouco diferente...Mas eis que me surgiu a inspiração hoje. E eu gostei do resultado. Mas vocês sabem, né...Meu gosto pode não ser compatível com o de vocês.
Eu sinceramente nunca fui tão apedrejada por um final, como fui pelo de Snuff...Ainda que a fic seja classificada como Drama e Tragédia. Mas não me arrependo dele. E gostei de ouvir a opinião de vocês, ainda que muitos estivessem tristes e possessos comigo.
Também senti falta de alguns, mas acho que compreendo seus motivos.
Eu só queria que vocês compreendessem os meus... ;/
Enfim, essa é definitivamente a última coisa que publico aqui.
Vou sentir falta de vocês. Eu sinto muito orgulho desse trabalho. Alguns comentários anteriores me fizeram lacrimejar, até. Não citarei nomes, mas saiba que vocês são especiais. Obrigada por me fazerem sentir mais importante e mais viva. Sentir que as horas que dedico escrevendo realmente vale a pena. Esse shipper é maravilhoso. E vocês também.
Espero muito poder reencontrá-los algum dia, em mais fics *-*
Beijos afetuosos,
Lívia Black.



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If you still care don't ever let me know....

If you still care don't ever let me know...

Se você ainda se importa, nunca me deixe saber. 

Se você ainda se importa, nunca me deixe saber.


Epílogo - Cinza.


Ele cura.

O tempo, sabe?

Os segundos, que logo viram minutos, que logo viram horas, dias, semanas, meses, anos, e assim sucessivamente...

No começo, é claro, é difícil demais –se não impossível- acreditar que essa anestesia vai conseguir cruzar o seu caminho, algum dia ..

A incredulidade parece que se infiltra por debaixo da pele, como se fosse uma doença libidinosa...

Você fica estirado no chão, olhando para o relógio da parede da sala, em busca de algum reconforto. Qualquer um. Algo que você não sabe exatamente o que é, mas deseja com cada partícula do seu ser que venha te buscar e te salvar daquele eterno abismo de... nada, que a sua vida se tornou.

E o mais rápido possível.

Só que os ponteiros do relógio continuam prosseguindo –e você está inconscientemente ciente de cada movimento deles- sem que a salvação consiga vir te iluminar.

Nada muda.

Nada se altera.

E o nada é simplesmente desesperador para aqueles que já estão desesperados.

O ciclo daquela monotonia asfixiante não se rompe.

Você está morto, só que ainda não se esqueceu de respirar. Mas é por respirar que você se mantém no limbo, até ser capaz de compreender algo que, de certa forma, você já sabia.

A sua salvação –a sua cura- está justamente ali, naqueles ponteiros de relógio que você tanto fita.

Então você sorri.

Doce e ironicamente.

Porque você não acreditava, mas quando escolheu continuar respirando, também escolheu uma trilha para moldar o seu destino. E nessa trilha, tem uma hora (sim, tem, apesar de todo o seu ceticismo) em que você se cansa de esperar por algo que nunca virá.

Você não vai tê-la de volta, e sem que você perceba quando, essa consciência vira seu impulso, sua filosofia de vida. Seu cérebro está simplesmente farto de traçar planos estratégicos para tentar entender os motivos. Cansou-se de tentar encontrar qualquer explicação palpável.

Você se levanta do sofá, abandona as garrafas de vodca que nunca verdadeiramente preenchem os vazios, enxuga quaisquer vestígios de lágrimas traidoras, e vai andar pelo mundo, com uma excelente máscara em forma de expressão. Vai para seu trabalho. Vai encontrar Greengrass.

Você se esgota de esperar qualquer carta, qualquer ligação, qualquer arrependimento da parte dela. Na realidade, logo você, que tanto almejava saber como ela estava, chega a não querer mais receber notícias da vida dela, e das consequências das escolhas dela- ainda que, vez ou outra, isso seja um tanto quanto inevitável.

Você continua a amando, é claro. Ela sabe disso. E você também sabe. E sabe que continuará a amando para toda a eternidade.

Mas o que importa? Isso já não interessa mais. Porque por não compreender, você a despreza. E sabe que o erro não foi seu. Sente que progrediu. Sente orgulho de não ter parado de respirar...

Seus pensamentos estão nela a todo instante, mas você mente para si mesmo dizendo que não, e acredita na própria mentira. Você precisa acreditar. Ignora a dor. Ignora qualquer meio que leve a dor. E esse ignorar, de repente, faz de você um pai.

Você tem um filho com Greengrass.

Não há nada no mundo que você deseje mais do que esquecê-la, e quando está com ele, você esquece, por alguns momentos... Mas seu maior desafio é sempre não ceder ao Obliviate.

Porque você gosta de se perguntar, às vezes, o que poderia teria sido. Gosta de se recordar como é sentir a perfeição, ainda que essas recordações não sejam tão bem-vindas, agora que a hora já chegou. E passou.

Você assiste seu filho crescendo, e imagina como seria lindo se ele tivesse os mesmos traços que os dela. Mas você o ama como ele é, mesmo que seu coração não passe de um punhado de cinzas, trancadas e inacessíveis. Ele é o primeiro a conseguir tocá-lo, restaurá-lo, depois de muito tempo. Ah, o tempo...

Então você olha para Greengrass. E ela está sorrindo para você. E Scorpius está sorrindo para vocês dois. E você sorri de volta. E incrivelmente, não é um sorriso falso.

Você sente algo que achou que nunca mais sentiria em uma existência onde ela não estivesse ao seu lado... Você se sente feliz. E aí, você acredita na cura.

Por longos dias...

Até que finalmente chega o dia de levá-lo para Hogwarts.

Você a encontra lá, na estação.

E não há como fugir.

Aquela ferida que você confiou tanto que havia sido curada... E que o tempo havia curado... Parece estar recém-aberta, numa agonia que arde em chamas infinitas! Naquela dor que não parece ter fim, e que torna a visão turva, como se tivesse sido feita ontem. Ainda que esse ontem se chame doze anos atrás.

Você não consegue controlar a sua mente. As perguntas que ficam à beira de seus lábios, mas que você jamais permitiria que te abandonassem. O “Por quê?” sendo apenas a última delas. O que você realmente quer saber é se ainda significa alguma coisa. Se o tempo que passou foi apenas tempo, e não cura. Você quer saber se ela ainda se importa.

Mas você não pode.

Então, você começa a achar que não dá para ficar pior... mas fica.

Ela também vê você. Seus olhos se cruzam em um rompante de mil emoções, sentimentos antigos, aprisionados. Lembranças. E dor.

Mas não, não é só isso. Ela também sorri para você. Sorri. Como se isso fosse a coisa mais normal a se fazer. Como se fosse o certo. E é o mesmo sorriso que ela sorriu, uma vez, quando você ainda acreditava que existia um futuro. Que o “eu e você” de vocês dois podia ser “nós”.

E então você se faz a sua última pergunta.

Você questiona se toda aquela perfeição realmente existiu .Se ela foi real ou se foi apenas uma armadilha de sua própria mente...

Apenas uma doce e amarga ilusão...

E você fica tentado a aceitar esse último palpite, já que todas as provas daquilo entre vocês foi por ambos devastada e destruída. Até que você tira, involuntariamente, os olhos do rosto dela, e os fixa no filho. O garotinho de 11 anos de idade, o qual ela está segurando a mão gentilmente, com todo carinho possível...

E a primeira coisa que você percebe, é que ele não possui os cabelos. Os lendários cabelos ruivos que eram a marca registrada de todo e qualquer membro da família Weasley.

E só esse fator é mais do que suficiente para fazer seu coração se transformar num motor. Você se lembra. Lembra-se daquela noite, de doze anos atrás. De cada detalhe dela. Faz cálculos. Suas mãos tremem como se estivesse prestes a congelar. Sua garganta se comprime como se o oxigênio te engasgasse, e principalmente, a sua mente, se enche de hipóteses que só te ferem, e que só te machucam... mas que ao mesmo tempo te fazem sentir algo novo, semelhante a esperança...

Mas você precisa ter certeza.

Então você olha atentamente...Olha com toda minúcia possível para os olhos daquele que indubitavelmente é o primogênito de Hermione Jean Granger, o amor de sua vida.

E quase que por ironia do destino, você os encontra lá.

Junto com a resposta que pedira, almejando saber se aquilo, de doze anos atrás fora real. Eles estão lá, sorrindo para você, gritando, te sacudindo e preenchendo vazios que juraram que seriam imortais.

Uma prova inapagável...

Uma prova inapagável e insubstituível.

O filho de Hermione Granger não tem olhos castanhos. Não tem os olhos azuis, não tem os olhos verdes, não tem olhos mel, não tem olhos violeta, não tem olhos pretos e não tem olhos de qualquer outra cor do mundo, porque ele não é somente o filho dela...

Agora você sabe disso.

Ele também é o seu filho.

O filho de Draco Malfoy e Hermione Granger tem olhos cinza.



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