Wander E Os Colossos escrita por Victor A S S Vaz


Capítulo 7
Capítulo Extra - Aqueles que vieram antes


Notas iniciais do capítulo

*AVISO* Se você acompanha esta fanfic, porém nunca teve contato com o jogo em que ela se baseia, ou seja, não conhece o final ou os eventos que o desencadeiam, e não pretende conhecer até o término da fanfic, eu recomendo que não leiam esse capítulo, pois ele contém alguns fatos que serão apresentados apenas no desfecho da história. *AVISO*
Olá gente! Foi hoje que eu FINALMENTE consegui completar esse capítulo(que digamos, não é bem um capítulo convencional como os outros) Eu disse que postaria mais rápido dessa vez, de fato em uma semana eu escrevi mais da metade desse capítulo, mas acabei viajando e lá eu não tinha um computador pra continuar a escrever. Mas durante essa viajem eu pude pensar melhor, organizar melhor as ideias, e quando cheguei mudei algumas coisas. Sem contar que foi lá que li o melhor post de teorias sobre a backstory de Shadow of the Colossus, e pude pensar em usar algumas delas nesse capítulo. E é isso que esse capítulo é: basicamente uma explicação(da minha visão claro), não diria uma narração, pois nisto eu tentei apenas contar uma história, não narrar tudo do ponto de vista de um personagem, e descrever toda e qualquer ação exercida por ele. Isso aqui seria talvez, como "O Silmarillion" é para o universo de Tolkien. Eu conto sobre tudo o que veio antes da história oficial, ou seja, isso envolve a criação dos Colossos e o selamento de Dormin, apresento a história de uma forma mais "complexa".
Então, se você estiver interessado em saber mais sobre o mundo que imaginei, e quiser entender completamente a história eu o recomendo que leia este capítulo, se não, apenas espere pelo próximo em que continuarei com a história normal.
E é isso galera, eu espero muito que gostem!
Do autor
~ Victor Vaz(Yume Hideki)



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Há muitos séculos atrás, as terras do sul ainda não haviam sido ocupadas. Todos os humanos viviam perfeitamente nas terras do norte, que era separada do resto do mundo pela Grande Ponte seguida por uma grandiosa torre que representava a entrada. Ninguém nunca saia das terras do norte, pois não havia necessidade, todos tinham tudo o que era necessário para ter uma vida boa e pacífica.

A variedade nessas terras era imensa. Havia desde belos campos e colinas até arenosos desertos. Porém nada disso, nunca nos tempos de ocupação destas terras, chegaram a decair. Tudo, por mais sombrio que fosse a paisagem, ela continuava bela e perfeita. Isso acontecia porque neste mundo havia humanos especiais, uma linhagem de humanos que conseguia controlar todos os seres criados a partir da luz, eles eram conhecidos como Lumina. Eram eles que mantinham a perfeição nestas terras. Tinham aparência bela, e possuíam uma longevidade admirável.

O chefe dos Lumina, chamava-se Nomë. Era um xamã com extremo poder mágico. Esta magia sempre era usada estritamente para o bem. Com a paz que reinava naqueles dias, nada como o “mal” era conhecido, a escuridão era ignorada e a luz admirada por todos. Porém, mesmo em dias como esses a morte também representava o fim da vida humana, essa era a única coisa que escurecia e atormentava o coração dos homens.

As terras do norte eram compostas por diversos reinos. Havia uma caverna habitada por homens, numa baía, abaixo da Grande Ponte. Num vasto lago, haviam várias torres, nelas se habitavam diferentes famílias. Também havia o Lago Relíquia, e o Lago Plataforma, que dava para uma cachoeira, este era o mais belo deles. No meio do deserto havia uma cidade subterrânea conhecida como Arena. Os mortos eram enterrados nos belos e verdes Campos da Sepultura, ou no sombrio Deserto dos Mortos.

As duas cidades mais conhecidas eram a Cidade Anciã, o mais antigo de todos os terrenos por estas terras, e a Cidade Sentinela, onde residia o xamã Nomë, e todos os Lumina.

As pessoas nesta época não gostavam de sair por aí explorando as terras, nem de qualquer tipo de aventura. Mas Nomë tinha o dever de fazer isto, e perpetuar a luz por todas as terras. Ele fazia isso montado em seu belo cavalo branco, Matra. Numa dessas suas viagens, Nomë acabou se aventurando por um lugar onde sempre passara despercebido. No noroeste, em meio à uma cadeia de montanhas havia uma entrada secreta pela montanha, esta entrada levava a uma bela cachoeira e logo depois à uma floresta. Em frente a esta floresta havia um lago, atravessando esse lago estava algum tipo de templo, um templo que Nomë não conhecia, ou seja, algo que não fora construído por nenhum humano. Nomë guiou Matra até a entrada do templo, pelo caminho que existia entre o lago. Desceu de Matra e entrou no templo. Lá dentro Nomë logo percebeu que não se tratava de um templo, mas de algum tipo de coliseu que tinha quatro andares. Através de grades Nomë viu, lá embaixo, na arena iluminada levemente pelo sol e rodeada por grama, havia uma grande e escura criatura com chifres. Algo composto apenas de sombras, algo que Nomë nunca havia contemplado em todos os seus séculos de vida. A criatura dormia.

Nomë desceu até o lugar onde se encontrava a criatura e a acordou. A criatura falava a língua dos humanos, mas sua voz penetrava inteiramente no corpo de Nomë. Era como se ele escutasse o próprio pensamento. A criatura dizia se tratar de uma divindade, um ser imortal e o mais antigo de todos os seres encontrados naquelas terras. Dizia não possuir um nome, por isso Nomë à batizou de Dormin, levando em consideração o modo que ele o encontrou. Nomë contou a Dormin tudo sobre a terra e a vida dos humanos, até os mais profundos segredos. Dizendo também, que a única coisa que os atormentavam era a ideia da morte. Dormin então se pronunciou, dizendo se tratar da divindade da vida, ele poderia trazer de volta a alma dos mortos. Nomë ficou extremamente surpreendido, com alguém como Dormin por perto todos os problemas, dores e inseguranças dos humanos estavam acabados, todos teriam de agora em diante uma vida perfeita. Pelo menos, essa era a ideia que Nomë idealizava.

Nomë então saiu pelas terras, e espalhou a todos a novidade, um ser que poderia trazer de volta os mortos. Deste tempo em diante, todo aquele que morria era levado pelo seu ente mais próximo ao encontro de Dormin, que trazia de volta a vida.

Assim a vida que deveria ser perfeita, acabou por decair. Dormin agora vivia sempre em contato com a civilização humana. Mantinha sempre ocultado o seu desprezo por tais formas de vida tão inferiores a ele. Porém com o tempo, ele acabou percebendo que mesmo sendo tão inferiores, os humanos passavam seu pequeno tempo de vida em meio ao amor e a felicidade. Como sendo uma divindade, Dormin não conseguia de maneira alguma compreender tais sentimentos que causava tanto prazer em seus inferiores, a escuridão em seu no ser de Dormin permitiu que ele conhecesse apenas o lado negativo dos sentimentos humanos. Desta forma nasceu a inveja das formas de vida que ele desprezava. Desta inveja nasceu o ódio e a vontade de destruí-la e escraviza-la. Dormin não queria de forma alguma engolir a ideia de que outros seres podiam sentir algo que ele não sentia. Para ele a solução para isso seria destruir os humanos, e fazer que alguns deles escolhidos pelo acaso se tornassem psicologicamente como ele, e seriam controlados completamente pela mente dele, seriam seus completos escravos. Absorvendo cada um desses escravos Dormin se tornava mais poderoso, e essa era talvez a única fonte de amor para ele. Somente obtendo um poder e uma reverência muito grande ele alcançaria seu amor próprio, tudo isso a custa do sofrimento e da morte de humanos. Era esse o ideal de Dormin, se alguém possuísse um privilégio maior que o dele, esse alguém deveria ser destruído, ou se tornar como ele. Desta forma, Dormin plantava no corpo de cada indivíduo que pedia para a ressuscitação de alguém, a semente da discórdia. Essas pessoas acabaram por ser a fonte de intrigas que nunca antes haviam acontecido naquele mundo. Assim, por meio de Dormin, o mal foi se espalhando lentamente. Na verdade lentamente demais para a vontade de Dormin. Por esse motivo ele mesmo resolveu que sairia todas as noites, perpetuando a morte, a destruição e a escuridão por cada canto daquelas terras.

Logo estas notícias chegaram aos ouvidos de Nomë. Este acabou se arrependendo e colocando a culpa em si mesmo pelos acontecimentos ocorridos. Por isso combinou com todos os humanos, que no nascer do próximo quarto dia iriam deixar aquelas terras, atravessar a Grande Ponte, e ir em direção ao sul.

Durante esses três dias, Nomë criou uma espada, e depositou nela todo o seu poder de magia e de luz, uma espada perfeita. Então, na noite do mesmo dia, ocorreu a saída de todos os humanos vivos e os Lumina, partindo para as terras do sul. Porém bem em frente a enorme escadaria que deveriam subir para chegarem na Grande Ponte, estava Dormin, pronto para impedi-los. Nomë e os Lumina afastaram Dormin da passagem, e pediram para que todos os outros prosseguissem. Nomë desceu de Matra, desembainhou a espada e lutou bravamente contra Dormin, o poder da espada de luz estava desintegrando a escuridão que era Dormin, lentamente. No momento que Nomë desferiu o quinto golpe, Dormin transformou todos os humanos que haviam lhe requisitado a ressureição de alguém, em sombras tais como o próprio Dormin, mas suas formas humanoides ainda prevaleciam. Estas sombras atacaram Nomë, e este incapaz de fazer algo contra seus antigos amigos, acabou por ficar sem reação. Assim Dormin realizou um golpe certeiro e Nomë pereceu. Todos os Lumina tiveram a mesma reação de Nomë, e depois de verem o líder morrer bem em sua frente, fizeram de tudo para derrotar Dormin, porém mesmo eles não podiam com o poder da divindade ainda com mais de trinta criaturas de sombra que não atacariam por nada. Assim, um por um, cada um dos Lumina caíram mortos sobre a grama, onde os raios do sol nascente acabavam de tocar. A linhagem dos controladores da luz estava acabada, e a espada perfeita de Nomë, agora era guardada por Dormin. Porém, ao mínimo haviam permitido que todos os outros humanos inocentes e os cavalos fugissem.

Dormin sabia que um dia, mais cedo ou mais tarde algum humano retornaria para procurar seus serviços. Meros humanos ingênuos que o adorariam e o reverenciariam. Desta forma, ordenou para que seus novos escravos, os espectros, construíssem um santuário para ele, que também seria sua nova residência. Uma torre tão alta, que deveria alcançar os céus, mas ultrapassar os céus era o desejo de Dormin. Dormin era um ser orgulhoso, e queria algo tão grande para que isso simbolizasse seu poder igualmente grande, mas que cresceria muito mais com o passar do tempo. Dessa forma foi erguido o Santuário de Adoração de Dormin. As escadas que levavam até a Grande Ponte foram mantidas dentro dele. E foi feita uma porta em frente a ponte, uma porta que só o próprio Dormin, ou uma magia muito poderosa poderia abrir. Neste templo foi construído um altar, exatamente no lugar onde Nomë havia caído, neste altar deveria ser colocado o morto o qual Dormin traria de volta à vida. Havia uma grande abertura no teto onde entrava o sol. Pois mesmo Dormin sendo um ser completamente composto por trevas, ainda assim não poderia sobreviver sem a luz. Depois que concretizaram o trabalho, Dormin absorveu os espectros, aumentando mais ainda seu tamanho e poder.

Enquanto os Lumina e Nomë eram a luz, Dormin era a escuridão. Porém, com toda a linhagem dos Lumina morta a escuridão era o que prevalecia neste mundo.

Os humanos refugiados atravessaram colinas, florestas, montanhas de pedra até encontrarem sua nova morada bem longe das terras do norte. Era um lindo e majestoso terreno. Pouco mais de trezentos humanos restaram vivos naquelas terras, e todos eles trabalharam arduamente para construir uma bela cidade, mais bela do que todas as outras nas terras do norte. Não era grandiosa como a Cidade Sentinela, mais era uma bela cidade que representava acima de tudo o aconchego e o conforto. Pois esta foi erguida por meros humanos, nenhum poder dos Lumina fora usado para construí-la.

Os anos se passaram, e uma bela vida foi construída entre os homens naquela cidade. Porém todos viviam sob a sombra da morte, e temendo as negras criaturas humanoides, que frequentemente visitavam aquela cidade causando a morte. Mas ninguém sabia de quê, ou a partir de quê elas eram criadas.

Com o passar deste tempo, as histórias sobre as terras do norte foram esquecidas, e jovens ingênuos acabaram por se aventurar e acabar chegando à Grande Ponte, no Santuário de Adoração. Mais tarde as notícias sobre uma divindade que ressuscitava mortos foi se espalhando pela cidade. Os anciões da cidade tentaram impedir, mas ninguém nunca dava ouvidos à eles. Então a dependência à Dormin havia voltado. Porém agora Dormin transformava em espectro imediatamente aquele que procurava seus serviços, sua fome de poder e sua impaciência havia aumentado. Assim todos perceberam que a pessoa falecida voltava dos mortos, mas a pessoa que procurou os serviços da divindade, não. Quando o povo resolveu se desvincular dos serviços de Dormin, já era tarde demais, a quantidade de espectros havia aumentado grandemente. E consequentemente os ataques à cidade ficaram cada vez mais constantes. Os anciões, que agora passaram a ser considerados os mais respeitados na cidade, impediram estritamente que todas se aproximassem da terra do norte, agora ela era conhecida como a Terra Proibida.

Os anos se passaram, e o medo dos espectros e do controlador deles só aumentava assim como o horror e a aflição dos habitantes da vila. Até que um dia, o fruto do amor incessante de um casal naqueles tempos de discórdia havia nascido. Uma criança na qual os anciões da vila enxergaram nela uma iluminação divina. A iluminação digna dos Lumina, controladores da luz outrora, da Cidade Sentinela, uma luz tão grande, talvez quanto a do líder deles. O espírito de Nomë havia reencarnado naquela criança, que recebeu o nome de Emon.

Emon passou sua infância e juventude se aprofundando nos livros sobre a arte dos Lumina, aprendendo sobre a magia e o poder da luz. Como previsto pelos anciões Emon era especial. Com dezesseis anos já podia controlar os poderes da luz, assim como fazer as coisas criadas a partir dela crescerem e florescerem incessantemente. E foi isso que Emon fez, controlou todas as flores e árvores da vila e seus arredores e fez com que elas atingissem uma beleza eterna. Com isso Emon, com a concessão dos anciões, nomeou aquela vila como Harahem, onde a primavera é eterna.

Os espectros não mais saiam ilesos da vila, pois com o seu poder, Emon provocava neles um estrago considerável, logo Dormin descobriu sobre o garoto que encarnava o espírito, e retinha o poder dos Lumina, então silenciosamente na Terra Proibida, o Santuário de Adoração estremeceu. Quando completou dezoito anos, os anciões resolveram que estava na hora. Presentearam Emon, com o senhor dos cavalos, o cavalo de Nomë, o belo cavalo branco Matra.

Emon, com o seu já grande conhecimento, prometeu para si mesmo que daria um fim na ameaça de Dormin. Sabendo da existência de uma espada perfeita criada por Nomë, que agora era mantida por Dormin, Emon resolveu partir com Matra para a Terra Proibida e recuperar a espada.

Na silenciosa noite, Emon chegou à porta do Santuário de Adoração, desceu de Matra, e usando seus próprios poderes abriu a porta. Chegando ao pátio do Templo, Emon foi atacado por dezenas de espectros e por Dormin ,ele mesmo. Usando o poder para afastá-los, Emon recuperou a espada que se encontrava sobre o altar do Santuário. Emon percebeu que era inútil lutar com tais criaturas a noite, pois o poder necessário para derrotar a divindade Dormin podia ser encontrado apenas com a luz do dia. Assim, Emon fugiu com Matra de volta para Harahem.

O feito de Emon ter recuperado a espada, agora conhecida como a Espada Anciã, fez com que todos de Harahem o idolatrassem como um rei. Por isso construíram a ele um belo castelo de pedra. E todos o chamavam de Lorde Emon, o xamã.

Durante esse tempo, Emon fez vários amigos e aliados extremamente fiéis, que prometeram ajuda-lo a acabar com Dormin, e alcançar a paz eterna em Harahem. Esses amigos, Emon transformou em poderosos cavaleiros, nos quais Emon ensinou tudo o que sabia. Emon forjou e depositou um pouco do poder mágico em trinta armas, flechas ou espadas, e que entregou para cada um dos cavaleiros, e ainda lhes deu máscaras, pelas quais eles seriam reconhecidos como membros da guarda de Harahem. Desta forma, graças à Lorde Emon, a paz e a prosperidade agora reinavam em Harahem.

Além de todas as amizades que Emon construiu, ele também encontrou a mulher pela qual se apaixonou. Era a mulher mais bela de toda Harahem. Era alta, tinha a pele pálida e cabelos ondulados extremamente negros. Seu nome era Merian.

Em pouco tempo Emon e Merian se casaram e tiveram um filho, Romus. Desde pequeno Emon ensinara a Romus as artes mágicas, com o objetivo de torna-lo seu sucessor. Porém Romus não apresentava a mesma iluminação de seu pai, por isso, por mais que tentasse não conseguia dominá-las. Lorde Emon, intrigado, deduziu que talvez o herdeiro da linhagem dos Lumina talvez não se encontrasse diretamente em seu filho, mas seria encontrado em outra geração.

Com 18 anos Romus também encontrara alguém pela qual deveria passar a vida inteira junto. Logo se casou com a bela dama Ester, que em pouco tempo já estava esperando um filho de Romus.
Certo dia, para o horror de todos os habitantes de Harahem, Merian foi encontrada na sala de jantar do castelo, morta. Ninguém sabia como isto poderia ter acontecido, e o medo voltou a consumir os habitantes de Harahem.

A morte de Merian fez com que Emon ficasse distante da guarda e de seus cavaleiros. Ele parecia arrasado, e passava a maior parte do tempo trancado em sua sala. Os dezesseis melhores e mais habilidosos cavaleiros de Emon também eram para ele seus melhores amigos, não tinham apenas força física e habilidades mágicas bem desenvolvidas, como também eram os mais fiéis, determinados e bondosos companheiros que alguém poderia desejar. Os dezesseis de destaque também eram os únicos que sabiam que a essência de todo o mal que fluía em Harahem era a divindade Dormin, também sabiam que este poderia trazer de volta a alma dos mortos, e este fato era ocultado de todos, apenas pessoas velhas o bastante e Emon sabiam disso, por isso achou que seria necessário compartilhar com seus companheiros.

Os dezesseis bravos cavaleiros decidiram que para acabar com a tristeza de seu mestre deveriam ir juntos até Dormin, e requisitar a ressureição de Merian. Também já estavam preparados para o pior. Como sendo dezesseis, os cavaleiros deduziram que Dormin não conseguiria transformá-los em espectros, e se tentasse, iria sofrer a fúria de dezesseis poderosos cavaleiros. Toda essa ideia veio de Malus, o mais inteligente e mais poderoso dos cavaleiros, que além de trazerem de volta Merian e o sorriso no rosto de Emon, também derrotariam Dormin e alcançariam a paz eterna, seriam três coelhos numa só espadada.

Ao nascer do dia seguinte, Malus tirou o corpo de Merian da sala onde seria cremado, e colocou-o sobre seu cavalo. Assim partiram para as Terra Proibida os dezesseis cavaleiros, prontos para trazerem Merian de volta e acabar com o reinado de Dormin.

Atravessaram a Grande Ponte e chegando à porta do Templo, os cavaleiros desceram de seus cavalos, Malus tentou usar sua magia para abrir a porta, mas não era poderoso o bastante, por isso falhou. Dormin, porém sentiu a intenção das pessoas que se encontravam do lado de fora e a abriu. Os cavaleiros entraram, desceram as escadas, e se depararam com a negra criatura Dormin. Todos automaticamente apontaram suas armas para ele e disseram o que queriam, Dormin pediu para que se acalmassem e colocassem o corpo em cima do altar. Foi isto o que Malus fez.

Dormin sentiu o poder, a força e a grandeza dos cavaleiros, por isso concluiu que seria tolice e mediocridade transformá-los apenas em meros espectros, suas intenções eram muito, muito maiores. Dormin, primeiramente disse que poderia ressuscitar Merian, mas apenas com uma condição. A condição de que cada um dos cavaleiros deveria construir uma grandiosa estátua, que decorariam o pátio de seu Santuário de Adoração. Os cavaleiros conversaram entre si, e chegaram à conclusão de que esta seria a única maneira de trazer Merian de volta. Então ingenuamente decidiram entre si que fariam o que Dormin pediu, e que ao fim do trabalho, o destruiriam. Porém Dormin já sabia da intenção deles, e sabia que poderia lidar com isso facilmente. Dormin forneceu a todos, os materiais necessários para construírem as estátuas, e assim eles começaram.

No momento de construir as estátuas, os dezesseis cavaleiros visualizaram a forma como queriam ser de verdade, o mais profundo desejo de cada um. Visualizando essa forma, eles a transformaram em estátua. Cada um almejava ser de uma forma diferente, mas tinham em comum que todas essas formas eram fortes, e colossais. O cavaleiro Valus, irmão mais novo de Malus, idealizou um gigante de vinte e um metros, com a face que lembrava vagamente a de um touro e usava uma clava como arma. Quadratus, na sua grande paixão pelos animais, idealizou um gigantesco quadrupede com a face levemente parecida com a de um touro. Gaius idealizou um gigantesco humanoide de trinta metros, com colares de pedra presos em volta de seu pescoço, braços, pernas e barriga como uma armadura, com pequenos chifres no topo da cabeça e uma boca que lembrava um bico de pássaro, usando um longo e retangular pedaço de pedra como arma. Não havia maior motivo de orgulho para Gaius do que ser um cavaleiro, por isso seu sonho era continuar sendo um, mas muito mais forte e imponente. Phaedra tinha um carinho muito especial por cavalos, por isso, assim como Quadratus, idealizou um gigantesco quadrupede que lembrava bastante um cavalo, porém com o corpo feito apenas de pelos e ossos, e com duas longas “tranças” descendo de sua cabeça. Avion tinha o sonho de algum dia poder voar livremente pelo céu, por isso idealizou uma grande ave, com duas gigantescas asas, era feito apenas de ossos, e tinha poucos pelos. Barba se orgulhava muito da barba que mantinha consigo desde seu nascimento, por isso idealizou um gigante com a face parecida com a de um urso, e uma longa barba que descia até sua barriga coberta com anéis de pedra. Hydrus adorava a água, e adorava ter contato com ela, por isso idealizou uma gigantesca serpente marinha com três picos alaranjados que atraiam um alto grau de eletricidade. Kuromori, era a única mulher na guarda principal, e a única mulher em todos os cavaleiros de Lorde Emon. Ela almejava poder escalar qualquer superfície, por isso idealizou um grande lagarto negro que atirava pela boca explosões de energia, como um veneno, uma sombra que escala paredes. Basaran idealizou uma enorme tartaruga, com pelos na parte de baixo, que assim como o gigante idealizado por Kuromori, atirava explosões de energia pela imensa boca. Dirge idealizou uma minhoca gigantescamente comprida, que podia entrar e sair de baixo da terra a qualquer momento, e tinha uma visão extremamente avantajada. Celosia idealizou o menor de todos os gigantes imaginados, ele lembrava um tigre com uma armadura de pedra extremamente reforçada, mesmo assim era muito maior do que um tigre normal. Celosia,era extremamente corajoso, porém seu único temor era o fogo. Pelagia idealizou um gigante marinho que lembrava um bisão, sobre sua cabeça ficava pelos extremamente verdes, e dentes que se tocados poderiam controlar a direção do gigante, que além de tudo atirava explosões de energia pelos chifres. Phalanx idealizou o maior de todos os gigantes em comprimento, era algo indescritível, lembrava vagamente um peixe porém voava e podia penetrar no subsolo, tinha quatro barbatanas que o ajudavam a planar, e sacos brancos cheios de gás que o davam energia para poder voar. Cenobia idealizou um gigante não tão grande, assim como o de Celosia seu irmão gêmeo, porém pensou em um leão ao invés de um tigre, também tinha a armadura extremamente reforçada, e uma força descomunal. Argus, o segundo mais poderoso cavaleiro da guarda de Emon, idealizou um gigante bípede de trinta e cinco metros, com a face parecida com a de um gorila, e segurava uma arma de pedra em formato de faca. Então finalmente, Malus idealizou o mais alto de todos os gigantes, representava o que ele queria ser um dia, um poderoso feiticeiro com uma gigantesca túnica de pedra, tinha anéis e braceletes de lava pura, e as partes de seu corpo que eram desprovidas de armadura também eram feitas de lava, seus poderes eram baseados no fogo, ele podia atirar bolas de fogo com sua mão e acertar em praticamente tudo o que mirava. Porém o gigante de Malus tinha sua túnica como uma base presa ao chão, por isso não podia se deslocar.

Finalmente, depois de dias e dias com o mesmo propósito, os dezesseis cavaleiros finalmente terminaram as estátuas que agora decoravam o Santuário de Adoração. O resultado foi magnificamente grandioso. Obviamente, eles cobraram que Dormin cumprisse sua parte no trato. Dormin, apesar de tudo era um ser sincero e verdadeiro, e que sempre cumpria suas promessas. Estendeu a mão gigante sob o corpo de Merian, e pronunciou palavras de um encantamento que só ele conhecia. Os cavaleiros esperaram apreensivos, e num primeiro movimento com o braço os cavaleiros perceberam que Merian estava viva novamente. Assim, com um olhar de confirmação, todos partiram ao ataque contra Dormin, porém antes que qualquer um o atingisse com uma flechada ou espada, Dormin já os havia transformado em espectros. Dormin havia os enfeitiçado desde quando esculpiam as estátuas, e fez uma ligação entre cada cavaleiro e sua estátua, se a estátua fosse destruída o cavaleiro morreria, se o cavaleiro fosse morto a estátua desmoronaria. Porém tais estátuas não poderiam ser destruídas por meras mãos humanas. Vendo que sua ideia bem planejada não poderia ser em vão, Dormin decidiu então fazer a maior de suas criações. Um de cada vez ele guiou os cavaleiros espectros até o campo do lado de fora do Santuário de Adoração. Vivendo por tanto tempo naquelas terras, Dormin também já exercia poder sobre as forças da natureza. Por isso expandiu o tamanho de seus mais novos e poderosos espectros, e os cobriu com rochas, pelos de animais, grama, lava, energia... E assim finalizou os gigantes colossais exatamente como cada um dos cavaleiros havia idealizado. Estava pronta a maior de todas as criações de Dormin, os Colossus. Além disso, com o fim de sua grandiosa criação, Dormin perdeu grande parte de seu poder de criação. Não poderia mais criar espectros, pelo menos não perfeitamente, deveria se contentar com a centena de espectros que já compunham seu corpo. Mas nem mesmo ele sabia deste acontecimento.

Terminando seu trabalho, Dormin virou-se e se deparou com a bela mortal Merian contemplando-o admiradamente. Ela disse a ele que seu objetivo fora cumprido com sucesso. Merian se matou, pois sabia que Lorde Emon, ou alguém a levaria ao encontro de Dormin, e essa pessoa se transformaria em espectro. Anos atrás Emon contara a Merian tudo o que sabia sobre Dormin, e essa ficara secretamente fascinada com todas as ideias e ideais da divindade, queria ser para Dormin uma aliada, queria ser para ele como uma rainha para as Terra Proibida. Dormin, que não é de se impressionar com pouco, ficou admirado com os ideais de Merian, sua perversidade, e vontade de transformar a alegria dos, segundo ela, tolos e medíocres mortais de Harahem em sangue e morte. Além de tudo, se admirou com a extrema beleza da humana. Dormin, então propôs a Merian que o deixasse absorver seu corpo, transformar os dois em um só. Merian aceitou a proposta de bom grado. Agora as ideias de um também eram as ideias do outro, bem como seus pensamentos, e a própria voz. As palavras de Dormin e Merian, quando pronunciadas eram pronunciadas simultaneamente. A melhor parte sobre isso para Dormin, é que todo o conhecimento de Merian por Harahem, agora fora passado para Dormin, que até os mais profundos segredos da vila ele havia descoberto. Descobriu até que o neto de Emon iria nascer em poucos dias. Isso deu a divindade uma nova luz, um espectro só poderia se encarnar em alguma outra pessoa quando esta ainda não tenha aberto os olhos. E quando o espectro obtinha sucesso, ele ficava extremamente poderoso. Seu plano estava pronto, porém depois disso, o fato de que ele deveria enfrentar a fúria de Emon era inevitável. Dormin com seus poderes podia transportar rapidamente qualquer ser dentro das Terra Proibida. Como o seu objetivo na criação dos Colossos era sua proteção própria, Dormin ordenou que seus servos construíssem no extremo sul da Terra Proibida, em cima de uma cadeia de montanhas rochosas além do Deserto dos Mortos, um Círculo de Cataclismo. O local onde ficaria Malus, o maior dos Colossos, e atrás dele, Dormin ficaria em segurança. Nem mesmo Lorde Emon poderia passar por criaturas tão poderosas, era o que Dormin pensava. E assim ele poderia reinar em paz, e gerar o caos e a destruição no mundo dos humanos lentamente.

Dormin deixou Celosia como o guarda do Santuário de Adoração, e transportou cada um dos Colosso para que guardassem o caminho até o Círculo de Cataclismo, cada um em um local específico.

Pensando novamente em sua proteção pessoal, Dormin criou um outro Colosso com base em um de seus espectros. Este tinha a forma de uma aranha gigante que guardaria a Grande Ponte, ele a batizou de Arachnis. Devido a sua falta de poder, ele não conseguiu criar algo tão poderoso quanto os outros.

Sentindo-se seguro, Dormin resolveu que estava na hora de pôr em prática o plano que causaria o maior estrago já feito em Harahem. Ele selecionou o mais antigo e o mais poderoso de todos os seus espectros, aquele que podia voar, e o mandou que fosse até Harahem uma noite antes do nascimento da criança. O plano foi bem sucedido, o espectro conseguiu se apoderar do corpo, e espalhou o desespero e a morte, na vila de Harahem. Porém Lorde Emon, com a ajuda da Espada Anciã conseguiu comprimir o poder do espectro para dentro do corpo da criança recém nascida, e extinguí-lo permanentemente. Porém Emon previu que em alguns anos, o espectro tomaria de volta o corpo que possuiu, e antes que isso acontecesse ele deveria ser expulso do corpo à força, pela Espada Anciã. Algo que talvez resultaria na morte de seu hospedeiro.

Dormin esperou tranquilamente a chegada de Emon, na qual ele tinha porque se preocupar, pois usaria os Colossos para mata-lo. Porém antes de isso acontecer, outras pessoas atravessaram a Grande Ponte para a Terra Proibida, um casal, carregando nos braços uma criança sem vida, morta no ataque do espectro a Harahem. Os dois eram um dos poucos que sabiam sobre a existência de Dormin, e sabiam perfeitamente que era proibido e das consequencias, porém aproveitaram o tumulto na vila, e viajaram escondidos, tudo o que queriam era que seu filho vivesse. Dormin não via motivos para perder a oportunidade de testar seu poder para criar novos espectros. Levados pelo Colosso Avion até o Círculo de Cataclismo onde se encontrava Dormin, o casal teve seu filho ressuscitado, mas Dormin não obteve sucesso em transformá-los em espectros. Transformou-os involuntariamente em animais que ainda tinham os sentimentos e a vontade própria que os outrora humanos tiveram. O homem foi transformado em um falcão, e a mulher em uma jovem corça.

Depois de todo o estrago e o sofrimento que Dormin causou em Harahem, e da dor de Emon por ter perdido o filho, e de agora ter de criar a neta como um porco seria criado para o abate, ele decidiu que não importava se tivesse que sacrificar a própria vida, não havia nada mais importante no mundo do que parar a besta imunda que era Dormin. E pensou consigo mesmo que na Terra Proibida também descobriria o que estava por trás do desaparecimento de seus dezesseis melhores cavaleiros, e do corpo de Merian. Mais determinado do que nunca, e decidido que faria isso sozinho, Emon se preparou, enfiou a Espada Anciã na bainha presa a cintura, e vendo que Harahem estava em ordem no momento, ele montou em Matra e partiu.

Dormin, sentindo a presença do xamã, controlou a mente de todos os Colossos para que eles o atacassem. Chegando na Grande Ponte em plena luz do lua, ele se deparou com a gigantesca aranha, Arachnis. Com a grande habilidade de Emon, e com a fúria que sentia no momento, a grande aranha nem poderia ser considerada um desafio para ele. O xamã rapidamente a derrotou, e empurrou seu corpo para o penhasco abaixo da ponte.

Entrando no Santuário, Emon se deparou com o Colosso Celosia, e por pouco tempo que observou sua aparência e seus movimentos, ele entendeu o que havia acontecido, e seu ódio por Dormin cresceu ainda mais. De forma alguma Emon conseguiria destruir alguém que tanto amara, mesmo estando sendo violentamente atacado por ele. Portanto ele procurou uma forma de desfazer o controle de Dormin sobre ele. Emon conhecia todas as fraquezas de seus cavaleiros, e sabia que a fraqueza de Celosia era o fogo. Dessa forma ele criou fogo com as mãos, e o lançou sobre o Colosso, chamuscando sua armadura. Nesse momento o brilho nos olhos de Celosia se alterou. Seus olhos antes alaranjados ,se tornaram brancos, Emon o tinha libertado do controle de Dormin. Celosia se emocionou em ver seu mestre de novo, e mesmo não conseguindo se comunicar pela voz, com a magia de Emon eles puderam se comunicar telepaticamente. Celosia informou a Emon tudo o que ele iria encontrar em seguida, e descreveu cada um de seus companheiros, que agora eram gigantes de pedra. Celosia se voluntariou a ir com ele, e ajuda-lo a dar um fim em Dormin, mas Emon recusou e seguiu seu caminho montado em Matra. A Espada Anciã apontada para a luz da lua emitia uma luz fraca que indicava a localização de Dormin.

Emon atravessou com Matra em direção ao norte da Terra Proibida, e em cada parte que passava de deparava com seus velhos cavaleiros transformados em Colossos, e atingindo suas fraquezas psicológicas ele conseguiu livrá-los do controle de Dormin. Depois de libertar Phalanx no Deserto dos Mortos, Emon adentrou em um espaço entre dois altos rochedos, subiu uma escadaria e atravessou uma ponte. Descendo de Matra, Emon subiu os altos degraus que levavam a um túnel, depois de atravessar o túnel ele escalou os pilares que levariam a o Círculo de Cataclismo, onde avistou perfeitamente o Colosso do mais poderoso de seus cavaleiros, Malus. Depois de correr e se esquivar para não ser atingido pelos lasers que o gigantesco feiticeiro o lançava, e se escondendo nos túneis do subsolo, Emon escalou Malus, e cravou a Espada Anciã no seu local de maior fraqueza, suas costas. Malus agora mantinha controle sobre a própria mente. Quando Emon olhou para baixo à alguns metros atrás de Malus, encontrava-se encolhido Dormin. Aquilo estava além de seus planos, Emon passou por dezesseis gigantes poderosíssimos, sem nem se ferir seriamente. Dormin então ficando em sua forma mais forte, determinou-se em destruir Emon sozinho.

Agora seria a batalha entre o ódio de Dormin pelos humanos, e a fúria de Emon perante a todo o mal que Dormin causara. Emon atacou a divindade com a Espada Anciã e todo o seu poder, porém o poder da espada não era tão efetivo durante a noite, o que deu a Dormin uma grande vantagem. O xamã estava quase completamente derrotado, até que o primeiro e o mais forte raio de luz do sol nascente veio e iluminou a Espada Anciã, que soltou seu mais poderoso raio em direção a Dormin. A divindade ficou atordoada e paralisada. Emon então cravou com sua maior força a espada no peito de Dormin, e movendo-a para cima violentamente ele o decepou, até que tudo o que restou da divindade foram dezesseis pequenos tentáculos que jaziam pelo chão, se movendo. Desta forma, Dormin foi finalmente derrotado. Emon então absorveu toda a sua essência com a Espada Anciã, e seu próximo passo seria procurar uma maneira de se livrar dela. De uma coisa ele sabia, que Dormin não fora parado totalmente, apesar de não ser mais capaz de assumir forma física e realizar seus terríveis atos, como mandar espectros para causar destruição para fora da Terra Proibida, Dormin ainda vivia, sua voz, assim como a de Merian ainda poderia ser escutada pois seu espírito vagaria livremente pela Terra Proibida. Porém os tempos de inquietação e medo em Harahem estava praticamente acabado, Dormin não poderia mais agir como agia antes.

Malus então falou com seu mestre, mostrou todo o seu arrependimento pelo o que havia causado, e disse que queria de alguma forma recompensá-lo. Ele voluntariou-se a manter uma parte da essência de Dormin em seu próprio corpo, e protege-la de qualquer um que tentasse libertá-la. Lorde Emon primeiramente não concordou com a ideia, queria de alguma forma transformar seus cavaleiros de volta para a forma humana. Portanto tentou de tudo, usando suas magias mais poderosas, mas não obteve sucesso. Malus disse que não se importava e insistiu mais uma vez que selasse a essência de Dormin nele. Emon ficou um tempo refletindo, percebeu que a única forma de se livrar das partes ainda vivas de Dormin seria selando-as em alguma coisa. E não havia melhor opção do que gigantes praticamente indestrutíveis. Emon então, com a permissão de Malus, selou uma parte de Dormin nele. A fragilidade do selo era representada por um ponto fraco no topo da cabeça do gigante feiticeiro, a parte clara da essência da divindade representava Merian, e esta voou até o Santuário de Adoração e foi selada na estátua construída por Malus. Emon então disse a Malus, que ele desempenharia um papel de imensa importância, pois obviamente, em paz que reinaria em Harahem a partir daquele dia dependeria dele, ele deveria proteger aquilo que em si era mantido de qualquer, a todo custo de qualquer um que algum dia viesse a se aproximar. Malus assentiu e Emon o deixou.

Descendo do Círculo de Cataclismo, atravessando a ponte e descendo as escadas que levavam ao Deserto dos Mortos, Emon encontrou todos os Colossos reunidos naquele local. Ele contou a eles sobre a decisão de Malus, e todos os outros compartilharam da mesma ideia do companheiro, e da mesma forma que ele disseram que se sentiriam honrados em serem aqueles que ocultariam e afastariam o mal, e manteriam a paz em sua terra. Lorde Emon então, com pesar mas ao mesmo tempo orgulho de seus nobres cavaleiros, selou cada uma das quinze partes restantes do corpo de Dormin em cada um deles. O local onde havia Emon depositou a Espada ao selar a essência seriam os pontos fracos do selo, que brilharam com o símbolo dos Lumina, após o término do mesmo. Emon, com a ajuda dos Colossos, construiu um alto portão entre o espaço dos dois rochedos que levariam ao Círculo de Cataclismo e a Malus, o ambiente representava uma enorme facilidade em ocultá-lo como o último dos guardiões. No meio desse portão Emon posicionou um enorme pedra redonda, que ele transfigurou em cristal. Ele encantou o cristal para que fosse aberto apenas com um raio de luz da Espada Anciã, ou seja, apenas ele poderia chegar até lá pois era o único que detinha a Espada.

Emon então, com uma última recomendação aos seus fiéis e gigantescos cavaleiros, disse que cada um deles deveriam ficar em uma parte especifica da Terra Proibida, assim poderiam evitar de serem encontrados facilmente, se algum dia alguém lá entrasse. Com uma lágrima nos olhos, ele se despediu.

Quando Emon cavalgava em direção ao Santuário de Adoração e a Grande Ponte, ele avistou uma pequena e inocente figura vagando sob a grama. Era uma criança com pouco mais que dois anos. Emon percebeu logo que se tratava de uma criança de Harahem, o que ele fazia, e como fora parar lá ele não sabia, mas de forma alguma poderia deixa-la naquele luga. Emon o batizou de Wander, aquele que vagava. Emon o deixou vivendo no castelo de Harahem até os dez anos, quando foi escolhido como o guardião dos estábulos. Na vila, era ressaltado cada vez mais sobre a maldição das terras do norte, e o quão era proibido viajar até lá. Porém, as pessoas mais novas não sabiam sobre a causa de tudo isso, e essa causa era ocultada delas por todos.

Cada um dos Colossos, seguindo o conselho de seu mestre encontrou um local especial para manter-se na Terra Proibida. Valus se dirigiu ao topo das montanhas, bem próximas ao Santuário de Adoração. Quadratus se abrigou numa caverna outrora ocupada por homens, na baía próximo aos suportes da Grande Ponte. Gaius ficou sobre uma grande plataforma no meio do Lago Dossel, ao leste. Phaedra guardava os verdejantes Campos da Sepultura. Avion ficou no Lago das Torres. Barba ficou na cidade subterrânea, de Arena, no meio do Deserto dos Mortos. Hydrus foi carregado por Avion até o sombrio Lago Relíquia. Kuromori habitou o coliseu, antiga refúgio de Dormin. Basaran habitou a secura do Lamaçal de Cinzas, onde ficam minas que soltam jatos de fumaça. Dirge rastejou-se até uma caverna repleta de dunas de areia, onde pôde ficar em paz, afundado nelas. Celosia ficou num abismo iluminado por chamas, ele detestava o fogo quando este estava próximo dele, mas adorava admira-lo de longe. Pelagia foi andando e se afundou nas águas do belo Lago Plataforma. Phalanx se abrigou próximo aos anéis de pedra no Deserto dos Mortos. Cenobia agiu como um guardião na abandonada Cidade Anciã, e Argus como um sentinela da Cidade Sentinela, local no qual séculos atrás, fora o lar dos Lumina. Malus continuou no protegido Círculo de Cataclismo.

Lorde Emon voltou apenas uma vez para a Terra Proibida. No Santuário de Adoração ele encheu a piscina circular vazia de uma misteriosa água que ele cultivara por várias décadas, e foi embora. Ele agora passava dias trancado em sua sala no castelo, estudando sobre um encantamento, uma magia arcaica que ele procurava aprender por um motivo bem específico. Além disso, ele sabia que Dormin havia espalhado espectros por todo o mundo além da Terra Proibida, e eles espalhavam a tristeza e a morte por onde passavam, e de uma vez ou outra alguns deles entravam em Harahem, por isso os cavaleiros e guardiões da cidade eram tão úteis. Emon planejava algum dia sair com Matra numa busca a esses espectros, pretendia destruir todos eles e trazer de volta à beleza tudo que por eles era seco e morto. Nesse dia alguém teria de assumir seu lugar provisoriamente na guarda de Harahem e impedir algo que fora profetizado há muito tempo.

Enquanto isso na Terra Proibida, a ausência de Dormin proporcionou a luz eterna por lá. A noite não existia mais naquele lugar, pois a única causa da escuridão era o despertar de Dormin. O espírito da divindade vagava por lá livremente, mas seu principal abrigo era o Santuário de Adoração. Com o tempo o espírito de Dormin se acostumou com a forte iluminação, e ele mesmo agora podia se apossar da luz, tanto que sua própria presença era representada pela forte incidência de luz,e ele ainda conseguia materializar espectros pequenos e fracos. Dormin na sua forma de espirito, assim como os Lumina, detinha a habilidade de controlar os seres criados pela luz. No Santuário de Adoração, ele esperou calmamente por aquele que iria liberta-lo. E ele sabia que esse dia talvez não demorasse muito para chegar, ao menos que seu próximo plano fosse um fracasso.


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Notas finais do capítulo

Se você leu até aqui, eu agradeço muito. E espero seu comentário me dizendo o que achou, ou como posso melhorar.
Tenha um ótimo dia, e até o próximo capítulo!
Obs.: A caracterização da personagem Merian é uma referência a Queen de Ico.