Wander E Os Colossos escrita por Victor A S S Vaz


Capítulo 8
Capítulo VI - Rumo às Terras Proibidas


Notas iniciais do capítulo

Olá gente! Voltando com a história normal nesse capítulo, que é o primeiro baseado propriamente no que é mostrado no jogo.Apesar de demorar um pouco para escrever, o pouco que eu escrevia em um dia, me deixava dentro do cenário(talvez até mais do que quando jogo), e essa foi uma sensação ótima para mim. Eu realmente espero que vocês sintam o mesmo.Muito obrigado!Do autor~ Victor Vaz(Yume Hideki)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/212678/chapter/8

Um novo dia já havia nascido. As nuvens brancas cobriam o céu e davam àquela manhã um toque bem agradável, a fresca brisa matinal batia no rosto de Wander, no campo plano onde se encontrava, que continha apenas algumas árvores , ele visualizou ao longe uma barreira. As borboletas de seu estômago se agitaram nesta hora. Aparentemente as terras ao norte de Harahem eram limitadas por uma alta montanha de rocha escura, que o próprio Wander já visualizava mesmo dentro da vila mas não tinha ideia de sua amplitude, e agora que se encontrava bem mais próximo ele não conseguia visualizar nenhum caminho para atravessar por entre elas, ou uma passagem para atravessá-la por dentro. Os pensamentos de Wander nesse momento questionaram as palavras do espectro. Como ele escalaria aquelas montanhas levando consigo o corpo de Mono? E mesmo que levasse, como teria certeza de que além delas ele encontraria somente água, e não a continuidade das terras? Ou então a proibição imposta por Lorde Emon e seus cavaleiros de se aventurar pelas terras do norte, era pelo fato de que próximo daquelas montanhas havia um monstro poderosíssimo que o devoraria, juntamente com seu cavalo e o conteúdo por dentro do misterioso cobertor negro de Wander, sem pensar duas vezes? Wander parou Agro por um instante, e refletindo bem, percebeu que seria uma extrema tolice levar em consideração tais hipóteses, meramente supositivas. Decidiu ter fé na certeza de que encontraria uma maneira de atravessar a ameaçadora montanha de pedra, e desconsiderou completamente a possibilidade de encontrar um suposto monstro, pensamento que nesse momento ele considerou ridículo. Determinado como estava, prometeu a si mesmo que não questionaria outra vez. Observando o céu além das montanhas, percebeu nele um certo brilho diferente, como se aquelas terras tivessem algo diferente de Harahem e seus arredores. Um lugar que ele sempre quis conhecer, que para ele seria seu ideal de vida; mas tal ideal não valeria nada se não tivesse Mono ao seu lado, por isso sem pensar em mais nada, com um grito de alerta ele continuou guiando Agro lentamente em direção à montanha.

Durante um longo período de tempo, Wander cavalgou perante a mesmice da paisagem, o campo plano e verde que só poderia desigualado, pela estatura das árvores que eram encontradas no caminho, até que finalmente se encontraram em frente a tal montanha, que parecia ainda mais ameaçadora de perto. Agora teria que procurar uma maneira, ou um espaço pelo qual ele a atravessaria. Wander, pensando por um momento, decidiu que procuraria a passagem pelo lado direito. Quando Wander puxou as rédeas de Agro, para guia-lo para a direita, o cavalo soltou um pequeno relincho e não o obedeceu.

"Qual é o problema, Agro?" Perguntou Wander, surpreso.

Tentou guiar o cavalo novamente para a direita, mas este bufou e apontou rapidamente a cabeça para o lado esquerdo, agitado.

"Tudo bem, amigo. Como quiser." Disse, enquanto guiava Agro para o lado esquerdo.

Agro seguiu determinado, como se já conhecesse o caminho. E depois de seguir por pouco mais de trinta minutos, sem encontrar qualquer vestígio de divisão entre uma montanha e outra, Agro parou diante de uma parte destruída da montanha. Aquela era visivelmente uma entrada onde poderiam, talvez, atravessar a montanha. A julgar pela determinação de Agro, esta seria a única passagem existente. A tal destruição que foi causada na montanha, formou perfeitamente uma rampa para adentrá-la. Wander não conseguia visualizar aonde a rampa iria leva-lo. Ao lado da rampa se encontrava um solitário arbusto e um calmoso jabuti. A tarde estava chegando perto de seu fim, e consequentemente o céu adquiria um tom alaranjado. Sem se demorar mais Wander guiou Agro para subir a rampa. A rampa media em média vinte e cinco metros, e quando chegou ao topo, Wander pôde observar uma parte do caminho que havia percorrido. Virando-se para frente, ele se deparou com um caminho escuro que deveria passar por dentro da montanha. Por conta da barragem de luz que as partes direita e esquerda da rocha proporcionavam. O que Wander tinha de desconfiança, Agro tinha de confiança, e ainda dava a entender que sabia o caminho no meio da pouca influência da luz dentro da montanha. Seguiram em; frente por um bom tempo, até que encontraram uma passagem para a direita e outra para a esquerda, Agro escolheu a da direita. Depois de caminhar por pouco mais de meio minuto nesse caminho, chegaram a uma entrada para a esquerda, e por lá podia ser visualizada uma luz, tal luz representava o caminho para atravessar a montanha. A parte esquerda da montanha havia acabado, seguiam agora por um desfiladeiro. Uma enorme sensação de alívio tomou conta de Wander, as terras do norte continuavam perfeitamente por aquele caminho, e antes que ele pudesse contemplar a paisagem do sigiloso local em que se encontrava, um vento fortíssimo e momentâneo rebateu sobre Wander e Agro, seguido por um estranho som, algo como que se a terra tivesse soltado um rugido. O cavalo se inclinou e relinchou. Os cabelos de Wander se esvoaçaram, a capa bege tocou seu rosto, e um pedaço do cobertor se abriu e mostrou o rosto inexpressivo de Mono. Wander rapidamente o cobriu de novo. Aquela pequena rajada de vento simbolizava a entrada em uma terra completamente diferente, local no qual Wander finalmente conseguiu alcançar. O crepúsculo já estava praticamente completo. Wander, então examinou atentamente o ambiente em que se encontrava. O ar e a aura daquele lugar era totalmente diferente do que o de qualquer outro lugar que já esteve. Não se encontrava em menos do que quarenta e cinco metros do chão. Pôde reparar ao longe que o seu caminho pelo desfiladeiro ainda seria bem longo. Um rio separava a montanha em que estava da montanha do lado esquerdo, que era tão magnificamente grandiosa quanto da direita. Viu também que ao longo das rochas das duas montanhas, havia vegetação. Por mais que tentasse, não conseguiu visualizar o fim da cadeia de montanhas. Wander respirou fundo, com os olhos fechados, sorriu levemente e continuou guiando Agro, agora ainda mais cuidadosamente do que o normal.

Pouco tempo depois a noite surgiu. O céu ficou repleto de nuvens escuras algumas vezes chegando a esconder a bela lua cheia, e o silêncio reinou perfeitamente. Cavalgaram por horas, até que o fim das montanhas foi visualizado, porém sem conseguir distinguir qual seria a área que adentrariam a seguir. Repentinamente, e quebrando um pouco a tranquilidade da noite, Wander sentiu na parte esquerda do rosto o ar se movendo rapidamente. Surpreso, ele parou Agro e observou um falcão voar livremente pelo céu, tomando a direção que ele também tomaria. Mais atencioso Wander continuou cavalgando. Pouco tempo depois, Wander e Agro se depararam com uma pequena falha geográfica no desfiladeiro, ao lado de uma pequena árvore presa na lateral da rocha. Se Agro não fosse tão cuidadoso, eles acabariam caindo do penhasco, diretamente para a morte. Sem precisar ser guiado, Agro tomou um espaço, e Wander deu um toque nas rédeas para reforça-lo a ir mais rápido. Wander segurou o corpo de Mono, e Agro realizou perfeitamente seu salto. Wander acariciou sua cabeça para parabeniza-lo, e visualizou a falha, ingenuamente imaginando como seria a queda, e continuou seu caminho.

Um pouco antes do amanhecer do dia seguinte, as montanhas rochosas chegaram ao fim. O desfiladeiro os guiou novamente para o térreo, e diretamente para uma bela floresta. Wander seguiu cavalgando sem o menor resquício de cansaço. A floresta apresentava árvores altas, mas suas folhas permitiam perfeitamente a incidência da luz matinal. A pureza daquelas terras fazia com que reinasse em Wander, uma grande paz de espírito, fazendo com que se esquecesse de pensamentos que o assombravam, como o incidente com Naûtir, três dias atrás. A Espada Anciã embainhada tocava progressivamente a coxa de Wander, mas agora ele pensava naquilo, não mais como o instrumento que matou Naûtir, mas como o instrumento que de alguma forma poderia servir como troca, para ter de volta a vida de Mono, e era só isso que importava.

Havia um amplo e sereno lago na floresta, Wander e Agro atravessaram suas bordas, enquanto a brisa carregava brandamente as pequenas folhas soltas das árvores, algumas delas caiam levemente sobre a superfície do lago, formando suaves ondulações. No caminho pela floresta, não aconteceu nada mais inesperado do que a breve aparição de esquilos, e um maravilhoso e incomum canto de pássaros. O fim do dia se aproximou, e a sombra das árvores ficou mais aparente. Poucos minutos depois a escuridão reinou. A floresta não era muito densa, porém pouca coisa podia ser visualizada naquela noite. Wander reparou na reunião de nuvens no céu, como se a chuva se aproximasse. Com certeza haveria uma chuva na manhã seguinte, mas não era apenas isso que aquele céu representava. O tempo estava mudando drasticamente conforme avançavam, não só o tempo como a atmosfera do ambiente. Logo estariam num lugar completamente diferente.

A manhã chegou lado a lado com a chuva. Wander checou se o corpo de Mono estava completamente coberto, e prosseguiu. A saída da floresta agora podia ser visualizada. Quando chegaram ao ultimo espaço em que as árvores da floresta podiam amortecer os pingos de chuva, Wander observou ao longe, além do verdejante campo de relva que deveria atravessar, e acima de uma alta montanha rochosa, e rodeada por mais duas, havia duas altas torres. Seu coração bateu mais forte. Era uma construção primordial, algo que representava um resquício de presença humana nos confins do mundo. Seus sentimentos diziam que aquele era exatamente o local que procurava, a entrada para as Terras Proibidas, para os domínios da divindade Dormin. Mais determinado e confiante do que nunca Wander continuou a cavalgar. Agora em meio a chuva incessante ele cavalgou por entre o campo aberto, em meio a poucas árvores, por um dia. Na manhã seguinte alcançaram a subida para a colina, de onde os detalhes, e a grandeza das duas torres podiam ser enxergados perfeitamente. Por um caminho de pedra extremamente detalhado Wander cavalgava sobre Agro, lentamente como sempre, em direção ao topo da colina. A presença de árvores era marcante naquele local. Em uma hora já se encontravam no topo, e as duas torres jaziam estáticas bem à sua frente. No caminho, rodeado por árvores, havia um pequeno templo. Wander não entendeu bem o seu propósito. Talvez algo para que os humanos orassem para sua divindade, talvez? Enquanto se aproximava das torres, Wander percebeu se tratar de uma entrada, uma entrada que o levaria para um mundo completamente novo. Tudo naquela arquitetura era muito detalhado e bem feito. E como tudo em Harahem, era feito de pedra. Sem pensar, nem hesitar uma vez sequer, Wander conduziu Agro a subir por pequenas rampas, que o levariam a entrada por entre as torres.

Passando lado a lado entre as duas gigantescas torres, Wander tentou visualizar o que encontraria a seguir. Mas a incidência do sol ocorria com tamanha força, que tornava isso quase impossível. Quando finalmente passou pela entrada, e o sol não era mais barrado pela pedra, Wander contemplou uma enorme ponte estreita construída de arenito. Aquela com certeza era a Grande Ponte citada pelo espectro. Wander ainda não podia enxergar o que vinha além dela, por conta da grande claridade. Ao seu redor, todo canto daquelas terras eram barradas pelas montanhas, o que tornava impossível tanto a entrada quando a saída, a não ser atravessando a ponte. Conforme avançava, quantidade significativa de nuvens no céu diminuiu a claridade diante dos olhos de Wander; ele pôde observar o quão extensa era a ponte em que se encontrava, com certeza fazia jus ao nome a qual era conhecida. Cavalgando um pouco mais, algo se tornou visível para ele. Um caminho á sua frente, além da ponte, se encontrava uma torre, tão exageradamente alta que Wander teve que fazer um pequeno esforço para visualizar o seu topo, que ainda ficava parcialmente invisível por causa da claridade. Algumas aves voavam em torno de suas paredes. Neste momento ele teve certeza, esse era realmente o lugar que buscava, o lugar que em alguns momentos temeu não existir. Aquele era o Santuário de Adoração, o local onde estabeleceria contato com o ser que pode recuperar a alma dos mortos. Dormin.

"É aqui, Mono. Chegamos." Disse Wander, enquanto duas gotas de líquido salgado escorriam, uma de sua testa, a outra de um dos seus olhos.

O vento uivava, abafando todos os outros ruídos. Quilômetros abaixo as areias faziam ondulações, e se moviam quase como se estivessem vivas. Em poucos minutos eles alcançariam os limites de um mundo completamente novo e inexplorado. A terra selada e estritamente proibida por Lorde Emon e todos os seus cavaleiros. Fariam o que é considerado o maior tabu de Harahem e de todos os humanos.

As Terras Proibidas se estendiam adiante.







Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Muito obrigado a todos os meus leitores. O apoio de vocês é indispensável.Espero que tenham gostado do capítulo, e houver algo que eu possa fazer para melhorar a qualidade da história, não hesitem em me avisar!