Wander E Os Colossos escrita por Victor A S S Vaz


Capítulo 2
Capítulo I - Fugindo da obrigação




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Era um dia comum em Harahem. Os pássaros cantavam alegremente sob as árvores e o clima estava fresco e agradável. Logo de manhã, Wander se encontrava como sempre nos estábulos, sentado ao lado de Agro e acariciando sua crina, enquanto o arco e as flechas estavam jogados do outro lado, esquecidos, até que foi surpreendido por um cavaleiro, provavelmente da casa de Emon, pois usava a máscara usada por todos aqueles que mantinham essa posição.

— Ei garoto, levante-se! — Disse o cavaleiro severamente — Seu dever é guardar os estábulos, não demonstrar seu amor pelos cavalos. Prenda seu arco no devido lugar, Lorde Emon pede para que leve Matra até o castelo, e com urgência! Eu assumirei sua posição enquanto estiver fora. Não se preocupe, farei isso sem dispersões, diferente de você.

— Sim senhor. Disse Wander prendendo o arco sobre o corpo — Prometo focar-me mais.

Desamarrou a corda que prendia o cavalo branco como a neve.

— Vamos Matra, seu senhor precisa de você.

Matra era o mestre dos cavalos, e pertencia a Emon, era o único cavalo branco existente nesse mundo.Wander era a única pessoa além de Emon, a qual o cavalo obedecia, com os outros Matra costumava ser hesitante e agressivo.

Era uma distância de 500 metros até o castelo de pedra.No caminho, todos os habitantes da vila, crianças ou adultos, apontavam e olhavam deslumbrados para Matra.''Olhem como é belo o Mestre dos cavalos!''Era o que diziam, porém Wander impediu que as pessoas se aproximassem.

Em pouco tempo chegaram ao castelo, e foram recebidos por um cavaleiro.

— Venho trazer Matra, por ordem de Lorde Emon. — Disse Wander.

— Wander, não é? — Perguntou o cavaleiro.

— Sim.

— Amarre Matra ali ao lado. Lorde Emon o aguarda, entre.

Assim que o cavalo foi amarrado ouviram-se fortes rangidos e o grande portão de pedra se abriu. Wander entrou no castelo seguindo o guarda. O castelo era grandioso e de teto alto, totalmente decorado por artefatos antigos e místicos.Nas laterais direita e esquerda haviam escadas que levavam até o segundo andar. O castelo não era muito grande, porém bem alto. Passando por um corredor do terceiro andar chegaram à porta do salão de Emon. Wander reparou a porta onde seria a subida para o quarto andar estava trancada por um grande cadeado de prata, Wander se perguntou o que seria mantido lá dentro, a Espada Anciã talvez? Sua resposta foi respondida em pouco tempo, ao entrar no salão de Emon, que era bem mais repleta de objetos de magia antigos e magestosos do que o resto do castelo, estava no final dela, posta sob um altar imponente iluminado por luz de velas, a Espada Anciã. Wander não pode deixar de se maravilhar ao ver a lâmina forjada à vários séculos atrás. A lâmina que destruiu e afugentou tantos espíritos malígnos, mas que também era capaz de derrotar divindades menores. Após observar a espada, Wander voltou sua atenção ao senhor baixo, e de rosto bondoso, que o observava atentamente.

— Wander, faz muito tempo, como você cresceu.

— É um prazer revê-lo Lorde Emon! Disse Wander lhe dando um grande abraço.

— Parece que foi ontem quando um garotinho de 10 anos começou a guardar os estábulos de Harahem. Hoje vejo que faz muito bem seu trabalho.

— Obrigado meu senhor, sempre tento dar o meu melhor.

— Ah, isso é ótimo, hoje sinto orgulho de mim mesmo por ter te escolhido. Então, vamos ao motivo de ter te chamado até aqui. Sairei para uma missão e não sei quando vou retornar, na verdade não tenho certeza se retornarei. Então, não poderia partir antes de te ver, depois de todo esse tempo, e garantir que você continue fazendo sempre seu trabalho.

— Pode ter certeza de que irei, senhor. — Disse isso apesar de não ser realmente sua vontade.

— Me alegro em ouvir isso. Logo o tempo que Harahem necessitou de guardas irá passar, e viveremos na paz completa, por isso necessito de tua ajuda. Pode ir Wander, deça para o segundo andar e tenha um almoço, você Dangast, fique aqui.

Wander saiu fechando a porta, e deixou o cavaleiro que o acompanhava lá dentro. Logo após começar seu caminho até a sala de jantar, ouviu vozes agitadas vindo do salão de Emon, sabia que era errado, mas sua curiosidade foi maior. E foi ouvir do que se tratava.

— Precisa ser feito por vocês, Dangast! Em poucos dias ele emergirá. Faça isso e estará tudo acabado, não faça e Harahem sofrerá as consequências.

— Está certo, eu farei. — Respondeu Dangast, com uma voz hesitante.

— Eu sei que é difícil, tanto para você quanto para qualquer um, e seria muito mais difícil para mim acredite. — Emon suspirou. — Há 16 anos estamos aguardando isto, é obrigatório que seja feito exatamente no dia em que previ. Enquanto eu estiver fora, você assumirá meu lugar, atualmente é o meu cavaleiro mais poderoso e aquele que deposito a maior confiança, sei que conseguirá manuseá-la sem sofrer com efeitos colaterais, eu diminui sua potência mágica.

Sabendo que não deveria estar escutando isso, desceu para a sala de jantar. Teve um almoço como nunca esteve acostumado a ter, atrapalhado por pensamentos de curiosidade e dúvidas. Acabando de comer, agradeceu os cozinheiros e voltou ao trabalho.

Sua tarde de guarda foi resumida em imagens da porta do quarto andar, e da conversa entre Emon e Dangast, algo que não deveria ter escutado. Isso, por algum motivo o causava preocupação e angústia. De algum modo ele queria sair dali, esquecer suas dúvidas diante das lindas paisagens de seu mundo e sentir seu ar fresco.

Chegando perto do entardecer, Wander foi surpreendido por barulhos de um grande alvoroço na vila, foi até a porta ver o que se passava, Lorde Emon saía vila montado em Matra e brandindo uma longa espada, seguia para a estrada do Leste, talvez para nunca mais voltar.

Depois de pensar nisso, Wander teve uma idéia que para o momento era perfeita. Com a ausência de Emon, deixaria o turno da noite, e sairia da vila montado em Agro, e exploraria, nem que fosse um pouco o mundo lá fora. Sem pensar duas vezes, e esquecendo completamente da promessa que fez a Emon,Wander desamarrou Agro, o montou e saiu pelas gramas, agora negras da estrada do Oeste. Era terminantemente proibido a todos pegarem a estrada do Norte, Wander não sabia exatamente o porque, mas quis evitar descobrir da pior forma.

Wander nunca tinha sentido uma sensação melhor, ele e seu melhor amigo juntos pelos campos, campinas, e florestas, cercadas de árvores, e envolto por montanhas. Foi uma bela e curta noite, pois o tempo passou muito rápido. Chegando ao ápice da escuridão total, Wander decidiu que era melhor voltar. Contornaram então voltando pelo Sul.

O caminho era aparentemente, mais verde e alegre do que o do Oeste, à não ser por uma floresta, densa e negra, que Wander não ousou adentrar. Acabaram-se no topo de uma grande colina, logo abaixo, estava a cidade de Harahem, a vista era infinita, e tão maravilhosa, que Wander decidiu descer de Agro, sentar e observar. Sentava-se escorado no cavalo, e acariciava sua cabeça.

O tempo passou despercebido, os olhos de Wander começaram a pesar lentamente, até adormecer num sono profundo sob a relva.


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Notas finais do capítulo

Ignorem a imagem , não achei nenhuma melhor. Espero que gostem.