Acordei assustada com um flash de luz na minha cara. Abri os olhos na hora, assustada. E com vontade de matar alguem. Essa pessoa era Ana. Que estava com uma câmera e sorrindo pra tela. Assim que me viu, sua expressão passou de "como eu amo fazer isso", para uma classica. "Fudeu". Eu e Nico ainda estávamos abraçados. Mas senti que ele já estava acordado.
–Eu vou te matar. - Falamos juntos. Ficamos surpresos com aquilo.
–Não vão nada. E alem do mais, ficou uma foto linda. - Ela virou a camera pra mim e Nico. Estávamos abraçados em conchinha, e a cabeça de Nico estava meio apoiada na minha. Ele fazia biquinho como sempre. E eu parecia estar sorrindo.
–Tenho que admitir que ficou fofinha. Mas isso é invasão de privacidade. Sua vaca. - Eu estava morrendo de raiva dela.
–O quarto tambem é meu. Toma trouxa.
–Que horas são? - Nico interrompeu antes que saíssemos no tapa.
–4:30 da manha.
–Passamos a noite aqui? - Corei. Ela apenas assentiu. Vi que meu vestido estava um pouco em cima. Quase mostrando a calcinha. Abaixei antes que alguem notasse.
Ainda morrendo de vergonha, me levantei e fui me arrumar. Meu vestido estava amassado. Não me importei. Fui pro banheiro, fiz minha higiene matinal, coloquei meu anel e a minha pulseira, prendi o cabelo com um laço, e sai do banheiro.
Ana não estava mais lá. Apenas Nico. Que a propósito, estava trocando a camiseta. Tive que me segurar pra não falar "abdomem sarado". Ele viu que eu olhava o super abdomem dele, e sorriu cínicamente.
–Não baba meu amor.
–Cala a boca, retardado. Cade todo mundo?
–Lá embaixo. Nos esperando.
–Já pegou suas coisas? - Ele apontou para uma mochila no canto do quarto. - Vamos então.
Peguei minha mochila, e Nico pegou a dele. Saimos do quarto, e tranquei-o. Chegamos na recepção. Percy e Annabeth se agarravam, e Ana olhava impacientemente pro teto.
–Demoraram. - Ela reclamou. Percy e Annabeth se separaram.
–Como foi a noite de vocês? - Percy perguntou com um tom de voz safado.
–Cala a boca. Não vou nem falar nada de você e Annabeth. - retruquei. - Eu to com fome. Fiquem sem jantar. Já que ninguem acordou a gente.
–Vocês estavam dormindo tão bonitinho. Nem incomodamos. - Annabeth falou sorrindo.
–Vão a merda vocês todos. Não quero ouvir seus comentarios de como somos fofinhos. - "Egocentrica". Ouvi Ana murmurar. - Quero comida. E cala a boca Ana Cristina.
–Eu ia falar algo bem indecente. Mas vou ficar quieta. - Annabeth veio enxendo.
–Eu sei oque você ia falar. - Ele apontou acusadoramente pra Annabeth. - "Come o Nico". - Ele falou fazendo uma pessima imitação dela e ainda apontando acusadoramente.
–Para. - Falei tambem apontando acusadoramente pra ela.
–Vamos comer logo. Eu tambem to com fome. Eu vo começar a reclamar se ninguém me der comida. - Ana falou e eu me preparei psicologicamente para não xinga-la.
–Se você começar a reclamar eu vou fazer como da última vez. - falei ameaçadoramente.
–Se vocês me derem comida eu não reclamo.
–Vamos logo. Parem de discutir por causa de reclamações. Vocês são muito chatas. - Percy falou como se estivesse fazendo birra.
–Cala a boca seu crianção. Vamos comer logo. - Ana falou com um ar mais superior do que o do seu irmão.
Fomos comer assim que Ana 'brigou' com seu irmão infantil. Comemos um salgado cada um (tirando eu e meu namorado banquelo que comemos dois cada um. Íamos comer três mas eles não deixaram.).
Fomos morrendo de preguiça e cansados de viajar pro carro.
–Não quero mais viajar. Porque não vamos de avião? - Annabeth falou batendo no banco.
–Porque eu não to a fim de morrer por causa do pai da Giovanna.
–Eu achava que a Ana era a pessoa mais criança aqui. Mudei de opinião. - Fiquei de joelhos pra olhar a estrada.
–Cala a boca Giovanna. - Percy falou, tentando ficar sério.
–Mas é. - Nico apoiou minha afirmação.

–Não sou a mais criança. Vocês levam as coisas a sério demais, tem que aprender a brincar, pelo menos às vezes. São pessismistas.

–Não, não começa com esse discurso. - Falei, me sentando de novo.

–Nico, quer jogar Talking Tom? – Ana perguntou, se virando e me encarando ameaçadoramente.

–Quero sim, quero sim! - Nico disse como uma criança ganhando um pirulito.

Fui obrigada a ficar a viagem inteira com todos em silêncio menos Nico que ficava falando com um gato virtual como um retardado. Quase joguei o iPad pela janela. Sério, aquilo irrita. Se você nunca jogou, por favor, não jogue.

É claro que todo mundo tem seu limite. E eu tive. Ana, que tinha falado pra Nico jogar, não estava aguentando. Ninguém mais estava. Só o Nico, que falava repetidamente coisas do tipo:

–Mitomagia! - Ele berrou. E o gato veio logo em seguida.

–Cala a porra da sua boca, Nico! - Ana apareceu com as mãos prontas para enforcar Nico e com a cara de quem ia matar qualquer um em qualquer momento. Tomou o iPad da mão de Nico, que ficou com cara de choro. - Me dá!

–Fez bem, Ana! E acaba com a bateria disso!

Ela pegou uns fones brancos e conectou no aparelho. Ficou balançando a cabeça e os braços, enquanto jogava um joguinho que tinha que levar o docinho até o monstrinho verde.

Desisti de assisti-la jogar porque a bateria estava indicando 7%, e se acabasse durante o jogo de Ana (estava na mesma fase um tempão), ela iria dar a louca. Então me sentei e comecei a falar com meus dedos mentalmente, coisa que aprendi com Ana.

–Makes me wanna blow her candles out, just to see if you glow in the dark! - Ana cantou.

–Shalalala! – Eu, Nico e Ana berramos juntos e começamos a rir como retardados.

Depois dessa, jogamos conversa fora, coisa que eu não fazia a muito tempo. Conversamos sobre cantores, sobre pessoas bonitas, pessoas feias, pessoas odiadas, e por aí foi.

O dia passou rápido, claro. Já era noite quando chegamos em uma vila pequena.

–Percy, não vamos ficar aqui. - Ana quebrou o silêncio que pairava na cidade e no carro.

–Prefiro em lugares mais movimentados. - Eu me ajoelhei e disse.

–Mas a próxima cidade é 4 horas daqui! - Percy disse.

–Pois eu prefiro ir pra Niagara Falls do que ficar aqui, Percy. - Annabeth.

–Não saímos do Canadá ainda? - Ana disse um pouco alto, quando "senti" que Percy acelerou.

E seguimos pro Niagara Falls.