Fiquei cerca de 20 segundos raciocinando e olhando a reação de todo mundo. Ana estava boquiaberta com uma expressão de "Se você não aceitar eu aceito". Annabeth dormia e Percy olhava pra mim no retrovisor com um sorriso. Nico também sorria pra mim. Ele sabia que eu não iria recusar. Eu estava boquiaberta, e em uma especie de estado de choque.

–Eu... - Comecei a falar e um sorriso enorme se abriu no meu rosto. Os olhos de Nico brilhavam e ele estava com aquele sorriso incrivelmente irresistível. - É claro que eu aceito.

–AWWWWWWWWWWWWN QUE FOFINHO. - Ana falou balançando os braços de um jeito bonitinho e engraçado. - Como eu não quero ver pegação, eu vou procurar algo pra fazer.

Com um sorriso enorme e irresistível, eu já disse isso, ele colocou o anel no dedo anelar da minha mão direita. E peguei o outro anel que era dele e fiz o mesmo. Demorei um pouco pra saber qual era a mão direita. Mas no fim achei. E como eu sou uma pessoa muito fresca e chata, fui lá e coloquei o meu anel no dedo do meio.

–Porque trocou o anel de dedo? - Ele falou fazendo uma expressão incrivelmente fofinha virando a cabeça e com as sobrancelhas franzidas.

–Porque eu só gosto de usar anel no dedo do meio.

–Sua fresca. - Ele foi lá e fez o mesmo que eu.

–Eu sei disso. - Falei beijando-o. - Esse anel é lindo.

–Meu pai e Perséfone que deram pra mim. Quer dizer, pra nós. - Eu fiquei assustada com aquilo.

–Perai, naquele sonho, seu pai quase queria me matar, agora, ele deu até o anel pra gente? - Estranhei.

–É. Com o tempo ele percebeu que você era legal, e gostou de você.

–Bom saber. Queria que meu pai mudasse de ideia assim.

Eu tava tão feliz, que qualquer coisa parecia bonitinha, eu ria até se a pessoa falasse a palavra abobrinha. Depois de um bom tempo, beijando Nico, e ouvindo as reclamações de Percy como: "Parem de ficar se pegando no carro. Isso é nojento de ver e ouvir.", nós nos separamos, Nico acabou dormindo. Fofinho.

Estavam todos dormindo no carro. Menos eu e Percy, claro. Annabeth estava agarrada com o banco. Ana, pouco espaçosa e jogada no banco de trás, com os pés nos vidros, e quase se pegando com o banco, porque ela estava com a bochecha ali, e estava quase babando. Então parecia. Enfim. Nico... Bom, Nico estava com uma perna esticada e a outra flexionada, com o braço apoiado na perna dobrada, com a cabeça apoiada no negócio que ocupa espaço no porta malas, e fazendo biquinho.

Eu estava de joelhos, porque queria ver a estrada. Percy olhava atentamente, como se ele fosse morrer. Nem eu estava tão desesperada assim. Dava pra ver seu desespero saindo de seus olhos... E chega de fazer drama irônico. Era pra ter sido engraçado.

Até que Percy avista um quebra-molas do nada, e freia bruscamente. Annabeth apenas abre os olhos, já arregalados. Ana, sai rolando do banco pro "chão". Nico, por sua vez, bateu a cabeça no banco. Depois de rir de todo mundo, minha risada não saía mais. E eu ficava lá, batendo palmas que nem uma foca, de boca aberta.

–Seus desgraçados! - Gritei enquanto ria.

–Ahn? - Ana disse, levantando os braços, procurando algo pra se segurar, talvez. Nem abrir os olhos ela tinha aberto ainda.

–Nossa. Se eu não te amasse, tomaria esse anel satânico agora! - Nico falou com a mão na cabeça. Mas eu não conseguia parar de rir, mesmo ele "ameaçando" a terminar comigo.

–Olha, eu babei! - Ana disse apontando para o banco. - Quero refrigerante. Percy...

–Sim?

–Oh, Percy... - Ela fazia a mesma voz que eu fazia pra pedir algo pra minha mãe. Mas, diferente de mim, ela conseguia.

–Sim, vamos parar no posto mais próximo.

–Eu também quero, Percy! - Fiz cara triste. O que acho que não deu muito certo. Eu estava muito vermelha por causa das risadas, então não.

–Não, eu não vou te dar nada! Vai tomar baba de seu namorado, vai. E eu não estou devendo nada pra você, cale a boca.

–Calem a boca! Estou em um momento de tristeza. Minha cabeça... Dói! - Nico falou isso dramaticamente, como se estivesse em uma novela.

–Fica quieto, Nico. Percy... Por favor, Percy... - Fiz a cara de novo, ignorando Nico. Vi que ele me olhou com uma cara do tipo "acha que só porque tá namorando, pode ignorar, né?".

–Eu posso te comprar uma Coca... Mas você não me dá atenção, vai a merda então! - Nico falou, brincando. Claro.

–Você me respeita, menino! - Apontei pra ele enquanto ele dava aquela risada mais lindinha do mundo que dava vontade de apertar ele.

Algo me chamou atenção. Uma sombra tapou a claridade (ah, vá?) que vinha em meus olhos. Subi o olhar, sem mover o dedo. Era Ana, movendo os braços escandalosamente. Estava engraçado por causa da cara que ela fazia. Um sorriso maior que o mundo, com os escuros mais brilhantes do que nunca.

Pra vocês verem, galera, estou mais feliz. Né. Por que? Por que será? Ué, vou dizer pra vocês...

–Putz! O Harry Styles, do One Direction, foi no show do Coldplay ontem! - Ana gritou, com seu smartphone em mãos.

–Uh! Aquele gostoso! - Soltei, sem querer. Automaticamente, coloquei minhas mãos na boca.

–Ué, Giovanna? Esqueceu que não tá mais solteira? - Annabeth se intrometeu.

–Fica na tua, Annabeth. Deixa eu cuidar do meu relacionamento que você cuida do seu! - Nico falou.

–Nossa, essa galera tá de TPM só comigo? Que isso!

–Ah, meu sonho é ir em um show e ficar na frente do Harry. - Ana suspirou enquanto descia a página de algo que tinha no seu celular.

–Por que? Que coisa mais estranha.

–Porque todo mundo fica te encoxando no show! Por que eu não ficaria na frente do Harry?

–É que nem jogar basquete!

–Verdade, basquete é um esporte indecente. Mas é legal.

–Prefiro não comentar de meus jogos.

–Joga nada e ainda fica falando! - Nico estava prestando atenção na nossa conversa. Deve ser pra ver se eu falava mais algo que envolvia a palavra "gostoso".

–Cala a boca! - Ri.

–Acabou minha conversa com a Gi. Culpa sua, Nico! - Ana gritou.

–Nem é. Percy já chegamos? - Falei com voz de gente enjoada.

–Já passamos por Detroit. Enquanto você e Nico se agarravam. Tem um posto ali na frente. Vamos parar pra comer e pra abastecer.

–Otimo. Quero fazer xixi e to morrendo de fome. - Nico falou já recuperado da cabeçada no banco. Comecei a rir sozinha quando.lembrei de tudo. - Você bebeu Giovanna?

–Não. Vai a merda. - Consegui dizer entre risos.

–Tá achando que tem direito a fazer isso comigo né?

–To. - Falei já me recompondo.

Senti o carro diminuir a velocidade e me preparei pra descer. O carro parou e eu quase saltei do carro. Ana saiu segurando seu smartfhone em mãos, e Annabeth assim que viu o celular arregalou os olhos.

–Me diz que isso não é um celular.

–É sim. Porque?- Ana perguntou não entendendo nada. Assim como eu.

Annabeth em um ato rápido, pegou o celular e jogou no chão de pedra. E depois pisou. Quebrando o celular.

–Porque fez isso Annabeth? Ta doidona é? Esse celular foi super caro, ai você vai lá e destroi? Vai ter que me dar um novo.

–Celulares atraem monstros. Foi por isso que quase morremos ali atrás. Você acabou atraindo todos eles.

–Eu não sabia. Deviam ter dito antes. - Ela falou e fomos andando. Quando passou perto dos restos do celular, deu umas pisadinhas extras.

Fomos ao banheiro. O dos meninos era ao lado. Mas...

–Santos deuses, que banheiro nojento. - Ana disse. Fazendo parecer que ela tinha lido meus pensamentos.

–Não quero usar isso. - Falei.

Pra vocês entenderem o sofrimento dessas três criaturas em um banheiro. O banheiro tinha um cheiro horroroso de xixi, as paredes estavam sujas de marcas de mãos, musgos e infiltracões. Aquilo dava desespero de ver.

–Mas vai ter que usar. Ou prefere o mato?

–O mato é bem mais limpo que isso Annabeth. Prefiro um matinho mesmo. - Ana falou e eu assenti.

–Parem de ser criancinhas e vão logo. Não temos o dia todo. Quem vai primeiro?

–Eu vou. - Instintivamente falei.
Entrei no banheiro nojento. Fiz tudo o que tinha que fazer. Sem contar que não tinha papel higienico. Sai rapidamente depois de lavar as mão cerca de 3 vezes. Depois foi Ana. Os meninos já estavam prontos e esperavam as outras duas impacientemente encostado no carro.

–Eu to com fome. - Reclamei. Enquanto reclamava e pensava na vida vi que era alguns centímetros maior que Nico. Cerca de três dedos dedos. - Seu baixinho. - Enchi o saco dele.

–Que horror. Não tinha percebido isso. - Ele falou olhando pra minha cabeça.

–Ih alá, é menor que a namorada. - Percy falou apontando pro Nico com uma cara de quem parecia estar se divertindo.

–Falou o menino que perde na luta contra a namorada, mesmo ela usando uma faca. - Nico falou, com o mesmo tom que ele e um sorriso cínico.

–Tomou na cara Percy. - Falei. - Bate aí Nico. - Falei levantando a mão, mas no fim fiquei no vacuo.

–Eu ainda tô bravo, porque você me ignorou e riu da minha cara.

–Ai meus deuses quanto drama na minha vida. Não mereço isso. O que quer que eu faça pra te deixar feliz? - Cheguei mais perto e abracei-o de lado. - Isso te deixa mais feliz?

–Não.

–Agora o fresco é você. - Fui na frente dele e pus os braços em seus ombros. Lentamente fui me aproximando e beijei-o. Nós ficamos nos 'agarrando' encostados no carro.

–Parem com isso seus nojentos. - Ouvi Annabeth quase gritar com a gente. Me atrevi a mandar um dedo do meio pra ela. Coincidentente era o dedo da mão direita. Senti que Nico fez o mesmo.

–Isso daria uma foto bonitinha. - Ana falou. E eu tive que concordar.

Deixei um sorriso escapar, e me separo de Nico por falta de fôlego que eu nem havia percebido.

–Feliz agora fresco? - Falei já me distanciando dele.

–Muito.

–Tarado.

-Porque?

–Sei lá. Só sei que você é. - Dei as mãos com ele.

Caminhamos lentamente até o nosso grupo que reclamavam das coisas.

–Vocês precisam parar de fazer isso. - Ana reclamou das nossas agarrações em qualquer lugar.

–Fica quieta sua solitária. - Nico falou brincando com ela. Fomos para a lanchonete.

–Mas é sério. Nem eu e Annabeth fazemos isso.

–É porque vocês são o casalzinho do acampamento. - Retruquei abrindo a porta da lanchonete.

–Mas assim que voltarmos, serão vocês. Acham que os boatos que acontecem aqui fora não vai pra lá? - Annabeth comentou.

Sentamos em uma das mesas e pedimos. Eu, como meu corpo engorda tão facilmente, sintam a ironia no ar, pedi hamburguer com fritas e refrigerante grande. Os outros pediram coisas em que eu não prestei atenção.

–Então, qual a nossa próxima parada? - Ana perguntou olhando algo lá fora, e prestando muita atenção.

–Chicago. Se continuarmos nesse ritmo vamos chegar em cerca de 2 ou 3 dias lá. Temos que nos apressar. - Annabeth falou séria. Os únicos animados era eu Nico e Percy?

–O que está olhando Ana? - Falei olhando pro mesmo lugar onde ela estava olhando.

–Aquele cara. Muito estranho. Ele chegou aqui no area do posto farejando como um cachorro. - Olha o que ele ta fazendo agora. - Ela falou e eu olhei atentamente. O tal cara estava farejando o nosso carro. Seu rosto virou na nossa direção, e como a parede era de vidro ele nos viu. Sua expressão se tornou fria e sombria, e ele deu um sorriso maléfico.

–Droga. - Percy, Nico, e Annabeth falaram juntos.

–O que foi?

–O Mantícora. - Nico falou com uma expressão que parecia com um pouco de raiva, nervosa, e com medo. E eu fiquei com a certeza, de que aquela coisa, não era nem um pouco amigável.

Não tive tempo de observar como era o Manticora, porque assim que Nico falou, o monstro deu um salto em direção á lanchonete. Vários estilhaços grandes me atingiram. Só não me atingiram mais, porque alguém me abraçou, pra me proteger. Nico.