-Ás vezes acho que se a gente acreditar em tudo que dizem por ai, nós nunca sairíamos do lugar.- Sirius estava todo orgulhoso depois de conseguir se transformar em poucas semanas de tentativa.

            Um enorme cachorro preto, Padfoot. Potter que agora reclamava das dores musculares constantes arrumava as malas para passar as festas coma família.

            -Talvez quando meus pais saírem para um passeio eu acabe treinando um pouco mais. Vou me esforçar ao máximo.

            -Não consigo, e é isso. Sou um fracasso mesmo, nunca vou conseguir acompanhar vocês... –Pettigrew estava tão cansado que mal conseguia levantar da cama e resolvera ficar ali mesmo durante as festas.

            -Com certeza você vai conseguir, assim que você parar de dizer que não consegue. –Potter se jogou na cama e imediatamente dormiu.

            Lupin pode reparar em Black naquele momento. O garoto estava brilhante de orgulho, mas havia preocupação em seu olhar.

            -Não tenho certeza... Se algum dia, se por um momento que seja eu vou conseguir pensar na minha família como uma família normal.- Sirius se jogou em sua cama.

            Lupin tentou entender, mas não conseguia enxergar se Sirius falava dos amigos ou da sua família, a família Black.

            -Quero dizer, vocês são loucos. As pessoas lá em casa parecem saídas de um manicômio. Eu acho que nunca vou fazer parte de uma turma normal. –O garoto puxou as cobertas se escondendo. –Mas quem disse que eu quero fazer parte de algo tão relevante quanto um galera normal.

            O natal não foi tão tranquilo na casa dos Lupin, a Lua cheia parecia brincar com a família. Mas para sua felicidade há menos de um dia antes da volta para Hogwarts Remus recebeu um carta.

Querido Lupin,

Espero que tenha tido um ótimo tempo com sua família. Feliz natal atrasado! Acho que nos veremos amanhã na estação. Mas acho que ficar sem fazer nada é tão chato, resolvi escrever para matar o tempo. E também para desabafar, o seu amiguinho Potter me mandou um presente acredita? Uma pulseira é bem bonita. Acho que ele está tentando se desculpar pelo jeito que ele vem me tratando, e por me tratando quero dizer, tratando meu amigo. Sei que você não é menino de recados, mas me senti um tanto ofendida ao receber o presente, como se ele quisesse me comprar ou algo assim. Enfim, quem sabe não podemos ir a Hogsmeade um dia desses não é? Até amanhã eu acredito.

Com carinho, sua amiga sempre, Lily Evans.

            Lupin não entendeu por que estava tremendo tanto. Seu coração disparou no momento em que a noticia do presente inesperado fora fixada por seus olhos. Ele não conseguia aceitar que Potter tivera feito isso. Mas não havia motivo para tanta agitação, não havia motivo para tanta implicação.

            -Ele só está tentando ser gentil. –Lupin sussurrou para si mesmo dobrando cuidadosamente a carta e colocando em uma caixa. –Ele só está sendo o idiota de sempre, tentando ser um babaca, um completo sem noção e galanteador, o maior dos babacas...

            O menino suprimiu um grito que tentava escapar. Não podia se deixar irritar novamente por James, eles eram amigos, não competidores.

            Na estação ele procurou por Lily, mas mal conseguia dar um passo sem ajuda, sua perna estava enfaixada no lugar onde a marca de uma enorme mordida fora feita. Os Marotos estavam todos lá rindo das ocasiões que passaram nas festas e das tentativas de transformação em oportunidades únicas quando ficavam sozinhos em casa. Potter aparentemente tinha conseguido se transformar num veado, Prongs.

            Lupin estava inquieto dentro da cabine quando James começou a contar sobre o presente que havia mandado a Lilian.

            -É uma pulseira que era da minha mãe. Achei que talvez fosse uma boa chance de me aproximar.

            -Acho que alguém aqui está apaixonadinho. –Sirius jogou as embalagens vazia de chocolate em Potter. –Mas acho que a concorrência é forte não é Moony?

            -Por que seria forte? Não entendi. –Lupin se levantou sobressaltado e saiu da cabine.

E lá estava ela, acompanhada pelo garoto Snape na cabine ao lado. Os olhos da garota brilharam e ela saiu e deu um abraço no amigo.

-Que bom te ver!

-Bom te ver também Lily. –Logo os três amigos de Remus estavam se espremendo na porta da cabine.

Os olhos de James podiam ser capazes de matar quando viu as mãos dadas.

-Obrigada pelo presente Potter, muito bonito. Mas não posso aceitar. –Lily tirou a pequena correntinha do bolso e estendeu ao garoto.

-Você não pode aceitar, ou seu namorado não deixa?- Potter apontou para Remus com nojo.

-Eu não posso aceitar porque não há motivo para você me mandar presentes. Não somos amigos, infelizmente só frequentamos a mesma escola. E assim como vocês nós somos só amigos.

A tensão podia ser sentida no ar quando Potter pegou a pulseira e jogou pela janela do trem. Sirius tentou puxar o amigo de volta para a cabine, mas a proximidade dos dois rapazes era tanta que a qualquer momento os corpos podiam se fundir.

-Então é assim? –James perguntou num tom ameaçador.

-Você é um babaca não é mesmo? –Lupin era mais alto e um tanto maior quando se tratava de músculos.

-Parem com isso!- Lilian tentou puxar Remus, mas foi em vão.

-Eu não ligo se você está doentinho Lupin, a gente pode acabar com isso aqui e agora.

-Não acho que seria uma boa ideia você ficar por ai espalhando esse tipo de coisa, votos perpétuos, são muito mais do que simples promessas. Não vejo como seria surpresa você ser pego caído pelos corredores, sua mamãe não ia ficar feliz sabendo que o filhinho morreu por dar com a língua nos dentes, Prongs.

Potter já puxava a varinha quando Black conseguiu jogar o menino dentro da cabine.

-Muito bom muito bonito! Mas acabou o show... Quem sabe outro dia no clube de duelos! –O menino foi espalhando os alunos que haviam se espremido no corredor para assistir a discussão. –PELAS CUECAS DE MERLIN MOONY! Quando eu disse concorrência eu me referia ao Ranhoso!

“SOMOS AMIGOS! AMIGOS! AMIGOS, AMIGOS!” Lupin gritava em sua cabeça enquanto Potter o encarava sentado a sua frente no primeiro café da manhã do quarto ano.