~ Capítulo Único ~

+ As coisas sempre mudam +

§ Lady Abel Oblivion Araghon §

Queria tanto te dizer que te amo. Que sofro quando não estou com você. Que choro silenciosamente quando penso em você.

Você entrou na minha vida como um fantasma e aos poucos fui notando sua presença. Conversávamos e descobríamos muitas coisas em comum e também muitas diferenças; de repente viramos amigos inseparáveis.

Você sempre me ajudava e me apoiava. Sempre ficou do meu lado oferecendo seu ombro para que eu chorasse.

E, repentinamente, um dia, você se aproximou, e meu coração disparou. Pela primeira vez eu fiquei sem ação, só meu coração funcionava, batendo furiosamente em meu peito. Desde aquele dia, aquele terrível dia, que eu me lembro até hoje, como meu melhor sonho, eu vivi sofrendo. Você estava do meu lado, mas eu queria mais...

“Estou morta!”, foi o que eu disse quando te vi nos braços da Kagura, meu coração despedaçou, eu perdi o sono, não podia fechar os olhos, pois te via abraçado a ela. “Como eu sofro!”. E nos distanciamos.

Você se entregava a ela e eu sofria vendo isso. Até que aconteceu. Vocês brigaram e terminaram. Vi em seus olhos tristeza, mas eu não podia fazer nada. Você me trocou por ela, acabou com uma linda amizade, acreditou nas palavras dela, trocou o certo pelo duvidoso.

Até que aconteceu... Você se arrependeu e veio falar comigo. Pediu desculpas, disse que errou e que nunca mais aconteceria de novo.

Nunca mais, ninguém nunca acabaria com a nossa amizade. Eu te perdoei e te aceitei de volta como amigo. Eu havia fechado o meu coração, tinha prometido pra mim mesma que nunca mais iria me apaixonar. Nossa amizade cresceu, voltamos a ser amigos inseparáveis. As pessoas tinham inveja da nossa amizade.

“As coisas sempre mudam.” Foi o que eu disse naquele dia.

Em uma certa manhã, o sol estava brilhando no céu. Nenhuma nuvem ousava aparecer e os pássaros cantavam lindas melodias.

Eu estava indo para a sala de aula e como sempre faço, passei por um corredor vazio. Aquela situação não era estranha, pois poucas pessoas passavam por ali e também estava cedo, os alunos subiriam mais tarde.

De repente aconteceu: uma mão me agarrou pela cintura e outra tampou minha boca. Assustei-me e me debati, mas foi em vão, quem estava me segurando era mais forte.

Foi aí que aconteceu. O “indivíduo” que me segurava me virou rapidamente me prendendo contra a parede e me beijou.

Tentei resistir, mas ele era mais forte. Ainda me beijando ele segurou minhas mãos no alto e encostou seu corpo no meu, não resisti e acabei abrindo a boca para que o beijo fosse aprofundado.

Estava nas nuvens, aquele beijo e aquele corpo encostado no meu estavam me deixando maluca.

Foi então que aconteceu, o ar já estava faltando e nós tínhamos que nos separar. Ele parou de me beijar, encostou a cabeça no meu ombro e disse no meu ouvido: “Eu te amo!”.

Congelei, eu conhecia aquela voz. Abri devagar meus olhos que estavam até agora fechados e me deparei com um par de olhos âmbar me olhando com ternura.

— Eu te amo — disse ele me olhando com carinho.

— Também te amo — respondi com um sorriso feliz.

Estávamos tão concentrados um no outro que nem notamos que o corredor estava lotado de alunos. Alguns passavam e nem ligavam, outros sorriam com a cena, mas não nos importava o que os outros pensavam de nós, seríamos felizes assim mesmo.