– Que isso, tia. – disse Thalia abanando a mão de forma despreocupada. – Eu não disse nada que valha a pena a senhora escutar no momento. – O sorriso que a Thalia deu quando falou isso só iria deixar esse povo mais curioso ainda. Nico e Sam se seguravam para não rir do que estava acontecendo.

Com uma família assim eu estou feito. Não preciso nem dizer como essa frase soou sarcástica.

– Como assim, Thalia? – perguntou minha mãe com as sobrancelhas franzidas, confusa.

– Agora até eu fiquei curioso. – disse Hermes sorrindo de canto.

– Mais um para o clube. – brincou Paul. – Eu deveria ter ficado mais perto dela para ouvir melhor. – eu não disse que iam ficar mais curiosos. – Só ouvi algo sobre o Percy e algo com mor-alguma-coisa.

Todos olharam para mim menos Annabeth que encarava Thalia repreendedora mente.

Argh, que vontade de estrangular essa garota. Não para matar, mas para chegar bem perto. Ok, isso foi um pouco maldoso da minha parte, talvez eu devesse queimar todos os cds do Green Day dela eu tenho a chave do apartamento dela para casos de emergências, mesmo que esse não seja o caso. Mas é uma ótima ideia.

– Que sorriso é esse, maninho? –perguntou Sam arqueando uma sobrancelha desconfiada.

– Nada, só pensei em uma coisa. – falei dando de ombros. Annabeth assim como Nico, Thalia e Sam me olharam com os olhos semicerrados desconfiados.

Eles me conheciam bem o suficiente para saber que eu não sorriria assim sem um bom motivo nessa situação, mas nem a pau que eu contaria o que estava pensando Thalia me mataria mesmo com tantas testemunhas em volta.

– É sobre o que a Thalia falou? – perguntou minha mãe.

– Nem sonhando. – comenta Nico ainda olhando desconfiado para mim.

– Ok, vocês crianças estão me deixando confusa, imagina o nosso convidado. – disse minha mãe fazendo um pouco de drama e o Sr. Hermes assentiu sorrindo.

– Mão, não somos crianças. – falei calmamente, mas parei para pensar um pouco antes de continuar. – Pelo que eu saiba só o Nico, a Sam e a Thalia é que são as crianças aqui.

– Muito engraçado, priminho. – disse Thalia fazendo uma careta emburrada.

– Virou piadista agora, maninho, e não nós contou? – perguntou Sam depois de mostrar a língua para mim infantilmente.

– Por favor, peço que não ligue muito para eles. – disse Annabeth sorrindo olhando para Hermes e Luke. – Crianças são assim mesmo.

 – Até você, Annabeth? – perguntou Nico e isso fez todos rirmos.

– Ok cri... – Thalia, Nico, Sam e eu olhamos para minha mãe. Fiz uma careta ao constatar que estávamos parecendo crianças mesmo agindo assim. – ... pessoal .Vamos comer.

– Isso é muito melhor do que essa conversa sem pé nem cabeça. – comenta Paul.

Fomos em direção à sala de jantar parecendo à hora do intervalo na escola, todos fazendo partes de um grupinho.

Minha mãe ia à frente conversando com Hermes e Paul. Luke e Annabeth estavam logo atrás deles e conversavam sobre algo animador para eles, fato que eu não gostei nem um pouco. Thalia, Nico e Sam ficaram me importunando o tempo todo.

Os meros segundos que demoraríamos para chegarmos até a sala de jantar parecia levar horas com minha irmã e esses primos irritantes me importunando sem parar com piadinhas nada legais principalmente por Annabeth estar conversando com Luke.

Meus amados primos, saca só o sarcasmo, e minha irmã gargalharam quando todos nós sentamos a mesa como minha mãe ordenou e perceberam que Luke sentou de um lado de Annabeth e eu do outro.

– A piada foi muito boa. – disse Nico segurando a vontade de rir quando viu que Luke, minha mãe, Paul e Hermes olharam para os três “loucos”.

– Realmente devem seguir o conselho que Annabeth falou há pouco tempo. –disse minha mãe olhando seriamente para Hermes e Luke. – São só crianças.

– Tia Sally. – resmungaram Thalia e Nico.

– Mamãe. – disse Sam emburrada. Mamãe sorriu inocentemente e pediu para os empregados servirem o jantar.

O jantar estava até que agradável. Minha mãe e Paul conversavam com Hermes sobre vários assuntos que eu não fazia ideia do que era. E nós os adolescentes tivemos conversas agradáveis falando de basquete, musica, filmes e até sobre animes.

Pois é, animes e não me venha dizer que anime é coisa de criança porque essa é só uma péssima desculpa que aqueles que não sabem apreciar essa arte dão para dizer que são maduros e quem gosta não.

Thalia é uma grande fã de animes. Só para saberem ela já me ameaçou de escrever meu nome no seu Death Note, é Thalia tem um com as regras e tudo mais e com a fé que ela tem nele é bem capaz do caderno funcionar, quando eu fiz uma coisinha minimamente mínima contra ela.

A punk acabou influenciando Annabeth que me influenciou. Nico não é muito fã de anime, mas as vezes ele assiste quando se interessa pelo gênero, principalmente se for dark. De tanto ouvir a gente falar em animes Sam também começou a assistir, mas ela assiste mais shoujo.

Antes a gente assistia mais animes, mas com o trabalho e o ultimo ano de faculdade, além de mais algumas coisas, ficamos com pouco tempo para apreciar essa arte, enfim.

Uma coisa eu tenho que dizer, tomem cuidado quando “baixa” o espirito otaku na Thalia, ela é pior que a pior coisa que você possa imaginar.

Como eu disse, estava até agradável até Luke começar a dar umas indiretas cantativas, cara essa foi ótima, para cima de Annabeth, Thalia – Nico pareceu desconfortável com isso não sei por que – e da minha irmã.

O que amenizava um pouco as coisas e me impedia de avançar para cima do cara e partir a cara dele ao meio era as cortadas que a Thalia e a Annabeth, de vez enquanto, davam nele. Minha irmã só ficava com as bochechas coradas e desviava o olhar para qualquer coisa a sua volta, menos no cara.

Ah e o cumulo de tudo foi na hora que eles, Hermes e Luke, estavam indo embora.

Estávamos na porta da frente para nos despedirmos cordialmente de Hermes e Luke. Minha mãe nós obrigou porque se fosse por mim e por Nico tínhamos dado um belo pé na bunda neles, de Luke pelo menos Hermes era até que legal, pelo menos não deu em cima da minha namorada.

Os únicos que não estavam aqui era Paul e minha irmã que saíram alguns minutos antes do jantar terminar para irem até o hospital porque uma amiga da minha irmã tinha sofrido um acidente, não mencionado o motivo do tal, e Paul a levou até lá.

– Mais uma vez, obrigado pelo jantar Sally, estava delicioso. – disse Hermes já em pé do lado da porta do motorista do seu carro. Luke já estava dentro do carro, o carinha já tinha se despedido da gente com beijos bem ousados para o meu gosto nas meninas.

Porque raios ele tinha que beijar bem perto do canto da boca delas? Torpe, salafrario, pilantra, abusado, pervertido, idiota, aproveitador...

O que me deixou mais puto da vida foi ver Annabeth e Thalia rindo das caretas que Nico e eu fazíamos com a ousadia do abusado, pervertido.  Pensando sobre isso, eu estava ficando desconfiado dessas atitudes do Nico. Será que o Nico estava gostando da Thalia?

Nico e Thalia juntos como namorados? Era um pouco estranho pensar nisso. Thalia vivia chamando o Nico de colegial e infantil. Se bem que ela não faz mais isso...

Chacoalhei a cabeça dispersando esses pensamentos. Essa linha de raciocínio estava muito absurda para o meu gosto.

– Vamos marcar outro jantar, mas dessa vez eu vou querer a presença de May. – disse minha mãe acenando para eles que retribuíram o gesto. Luke mais ou menos já que sua atenção estava voltada para o seu celular no qual olhava com entusiasmo.

– Ei, Annabeth, Thalia. – chamou Luke colocando o braço para fora da janela do carro e olhava para Annabeth e Thalia com um sorriso malandro no rosto quando as duas olharam para ele esperando sua resposta. O pai de Luke entrou no carro e deu partida.

– Não gostei desse sorriso. – murmurou Nico ao meu lado e eu só assenti concordando.

– Um amigo meu tem ingressos para o festival beneficente que vai acontecer Domingo, aceitam ir com a gente? – perguntou Luke sem tirar o sorriso no rosto.

– É claro que elas vão. – disse minha mãe antes que Annabeth e Thalia pudessem responder.

Eu e Nico ficamos de queixo caído e Annabeth e Thalia trocaram olhares com a minha mãe. De repente Annabeth caiu na gargalhada e disse alguma coisa para Thalia que assentiu com um sorriso matreiro que me deu calafrios.

– A gente vai. – disse Annabeth sorrindo para Luke e eu fiquei chocado vendo ela e Thalia indo para perto do carro e falando algo com Luke antes de voltarem sorrindo cumplices para perto de minha mãe enquanto o carro do senhor Castellan partia.

Eu não podia acreditar no que tinha acabado de acontecer, era tão surreal que eu não conseguia pensar ou fazer qualquer coisa. Eu estava parecendo uma estatua e acho que nem estava respirando de tão chocado.

Só voltei a realidade quando senti uma ardência no meu rosto. Pisquei os olhos e olhei para uma Thalia com um sorriso diabólico no rosto e Annabeth e minha mãe olhando reprovadora mente para ela enquanto Nico a olhava com raiva.

– Ai! – exclamei quando entendi o que tinha acontecido e senti minha bochecha arder. – Porque me deu um tapa no rosto sua maluca?

– Ué, você não estava nem respirando que eu fiquei super preocupa e tive que fazer alguma cosia que fizesse você reagir rápido. – disse ela com um sorriso inocente que não combina nada com ela.

– Ora, sua... – meus olhos foram em direção a Annabeth e eu me lembrei o porque eu estava daquele jeito. Depois eu descontava esse tapa que Thalia me deu. – Porque aceitou sair com aquele lá? – perguntei olhando para Annabeth e apontando para a onde o carro de Hermes tinha seguido.

– Porque pode ser divertido. – disse ela dando de ombros e se segurando para não rir. – E é um festival beneficente. Vou ajudar quem precisa e ainda vou me divertir com isso.

– Posso saber qual é a piada? – perguntei mal-humorado vendo que Thalia se acabava de rir de não sei do que, Nico estava fazendo uma careta para Thalia e minha mãe se segurava para não rir assim como Annabeth.

– Ah, filho. – disse minha mãe sorrindo vindo para o meu lado. – Você fica tão lindinho quando esta com ciúmes. – disse apertando as minhas bochechas e eu senti meu rosto esquentar.

– Que ciúmes? – perguntei quase gritando me afastando da minha mãe fazendo ela parar de apertar a minha bochecha, isso dói.

– Mas estou desapontada com você, mocinho. – disse Sally deixando de lado o sorriso e me encarando seriamente enquanto eu sentia o meu rosto esquentar mais ainda.

Annabeth e Thalia gargalharam. Thalia apontava para mim e murmurava como eu era idiota e eu estava começando a achar que era um mesmo já que eu não estava entendendo nada do que estava acontecendo aqui. Nico estava pensativo.

– Você deveria ter me contado, Percy.  – disse minha mãe ainda seria. – Agora vai ter que pagar as consequências de não ter me contado antes.

– Mas do q-que... do q-que que a senhora esta falando? – gaguejei vendo um sorriso malicioso surgir no rosto da minha mãe. Afrouxei o nó da gravata e abri dois botões da minha camisa.

– Eu já entendi. – disse Nico e eu suspirei aliviado, mas quando olhei na direção dele franzi o cenho confuso. Ele estava com um sorriso no rosto, mas era totalmente sombrio. – Se manca, mocinho. – disse dando um tapa na minha cabeça e se dirigiu em direção a porta. – Eu vou comer o resto daquela torta.

– Ei, eu também quero mais um pedaço dela. Ela esta uma delicia. – exclamou Thalia parando, finalmente, de rir e seguindo Nico para dentro de casa.

– O que foi que eu perdi? – perguntei confuso, porem quando olhei para Annabeth que ainda estava com um sorriso lindo no rosto, eu fechei a cara. – Você ainda tem que me explicar porque que aceitou sair com esse cara se a gente... – olhei para a minha mãe e travei.

Tudo bem que combinamos que iriamos contar para a minha mãe pessoalmente, mas na verdade é mais fácil falar sobre uma coisa do que realmente faze-la.

– Vamos, Percy, diga. – incentivou minha mãe com um sorriso divertido no rosto. – Eu quero ouvir você falar. Estamos esperando isso a muito tempo. Vamos, fale.

– Ah, hã, eu... – olhei para Annabeth sem saber o que dizer e ela deu um sorriso cumplice para minha mãe que sorriu mais ainda e minha “ficha” caiu. Eu entendi tudo. – Vocês armaram isso.

– Não vem acusando a gente não. – disse Annabeth fazendo uma careta.  – Faz alguns minutos que liguei os pontos e compreendi a sua mãe.

– Vamos Percy, me fale. – minha mãe deu um sorriso abafado.  

– A senhora já sabe. – falei um pouco constrangido. Poxa, minha mãe não estava facilitando nada com esses sorrisos que ela esta dando e Annabeth também não estava me ajudando. Argh. – Quer saber, não vou falar nada. Vocês duas e a Thalia ficam fazendo essas coisas e ainda tem esse Luke...

– Você fica fofo com ciúmes. – disse Annabeth me interrompendo ficando na minha frente. Pegou a minha gravata e me puxou em sua direção. – Mas, infelizmente para o motivo dos seus ciúmes, eu só consigo pensar em você. – disse antes de me beijar.

A luz de um flash veio em nossa direção fazendo nós separarmos cedo de mais para o meu gosto. Olhei na direção de onde tinha vindo a luz e vi minha mãe com uma câmera na mão com um sorriso gigante no rosto.

– Eu quero ouvir você falar, ou... – minha mãe não terminou a frase. Eu nunca gostei quando ela faz isso. Sempre me dou mal e passo o maior king kong.

– Eu e a Annabeth estamos namorando. – falei rapidamente e minha mãe deu um grito histérico antes de literalmente pular em cima da gente e nos abraçar, mas logo ela se separou da gente olhando-nos com um sorriso maroto. – E de onde tirou essa câmera, mãe? – em um segundo, antes de Annabeth me beijar, ela estava sem câmera e de repente ela aparece com uma na mão?

Como resposta ela só sorriu e posicionou a câmera de frente para mim e Annabeth abraçados. Um segundo depois mais um flash veio da câmera.