– Ora, ora, ora. – Que beleza vou enfrentar a fúria da senhora Beckendorf e eu nem sabei o porquê. É engraçado como eu me meto em problemas que eu nem se quer estava envolvido. Minha sorte realmente não deve existir.

Katherine sorriu para mim e acenou no qual eu retribui mesmo estando com medo da mãe dela. Não se deixe enganar pelos olhos azuis que podem te hipnotizar, o rosto delicado e seu cabelo preto macio, hoje, enrolados em um trança de lado dando um ar meigo, delicado a ela.

Silena podia ser assustadora quando quisesse. Ainda bem que a pequena Katherine só puxou a aparência da mãe, somente os olhos da pequena eram parecidos com os de seu pai, Charles, cor de chocolate. A personalidade da minha afilhada era igual à de seu pai.

– O que temos aqui, um péssimo amigo que não conta uma coisa super importante para quem ele julga ser melhor amiga e ela tem que descobrir através de um site de fofoca. – disse Silena se aproximando de mim com um olhar bem malvado.

– Dica. Vira o rosto do lado direito para não levar um tapa na cara no mesmo lugar que a Rachel te bateu. – disse Nico divertido rindo as minhas custas.

– Opa, espera um pouco ai. Eu tenho uma boa explicação para isso. – falei tentando me defender deixando Nico e seus comentários de lado.

É nessas horas que você pensa que um amigo vai te ajudar e te defender. Pois é, é ai que você se engana quando esta com seu melhor amigo, ele taca é lenha na fogueira mesmo e ainda ri se você se der mal.

Um flash veio em minha direção me fazendo virar o rosto um pouco aturdido. Olhei na direção do flash e vi minha mãe com uma câmera fotográfica digital na mão sorrindo para mim divertida assim como as outras mulheres ao seu lado, minha afilhada, Nico e Nina também. O único que não ria de mim era Will, que coisa hein?

– Eu sei. – disse ela sorrindo me deixando com a boca aberta. – Só é muito engraçado ver a sua cara de assustado. Eu não podia perder uma dessa de jeito nem um.

– Vocês adoram fazer isso comigo! – reclamei por entre os dentes chateado.

– Acho que vou gostar da senhora. – comenta Nina chegando perto da gente com Will ao seu lado e um sorriso contagiante no rosto.

– Senhora esta no céu e eu não sou tão velha assim para me chamar de senhora também, então pode me chamar de Si, ou Silena. – disse Silena se ajoelhando, ficando na altura de Nina.

– Sou Nina. – disse minha filha ainda sorrindo estendendo sua mão para Silena.

– Bem capaz que eu vou te dar um aperto de mão. – disse Silena fazendo uma careta deixando Nina confusa, mas eu sorri. Eu sabia o que Silena iria fazer a seguir. – Eu quero é um abraço mesmo, sua coisa lindinha.

Como eu havia pensado Silena deu um grande abraço em Nina no qual minha filha retribuiu. Silena se levantou carregando minha filha no colo. Outra coisa sobre Silena, de frágil e fraca ela só tem a aparência.

– Sabia que eu sou a melhor amiga do seu pai? – disse Silena para minha filha que sorriu para Silena e me olhou pelo canto do olho. Lá vem mais uma da minha filha e com certeza vai ter haver comigo.

– Então, tia Si, deve saber de muitos segredos do papai, principalmente os obscuros e constrangedores. – eu não falei e me senti incrivelmente bem por ter acertado isso. Aos poucos já estava conhecendo minha filha.

– Hã se sei. Sei muitas coisas. – respondeu Silena com um sorriso malicioso direcionado a mim. Senti minhas bochechas esquentarem. Odeio o fato de eu ficar constrangido facilmente.

– Qual é vocês duas? Parem, por favor. – reclamei virando o rosto e as duas riram.

Percebi que Nico já estava junto com as outras e segurava Katherine no colo. Ela brincava com o colar de Nico enquanto os outros a sua volta conversavam. Nico se dava bem com crianças, mas só com aquelas que ele conheça, ou seja Katherine e agora Nina.

– Você deve ser Will Solace, correto? – perguntou Silena sorrindo para Will lhe estendendo a mão livre depois de ajeitar Nina no seu colo. Will assentiu a pergunta dela e apertou a mão que ela lhe oferecia. – Silena Beauregard Beckendorf.

– Belo nome. – comenta Will tentando segurar a vontade de rir.

– É verdade. – concorda Silena sorrindo e pisca para Will. – Meu nome é tão belo quando a dona dele, não acha?

– Com certeza. – disse Will agora rindo.

– E não vamos esquecer de que é módico também. – falei sorrindo de canto e Silena mostrou a língua para mim. Rolei os olhos para ela.

– Bearatu, não... Berau, não também... Bauru... – Nina tentava falar o sobrenome de SIlena completamente sem sucesso e isso fez nós três rir. – É difícil falar seu nome tia Si.

– Estou adorando ser chamada de tia Si. –disse Silena beijando a bochecha de Nina.

– Ei vocês quatro. – gritou Thalia chamando nossa atenção. – Vamos perder a sessão se não vierem logo. Ela começa em dez minutos.

– Verdade. – disse Silena colocando Nina no chão. – Vamos lá e eu tenho que apresentar uma pessoa para vocês dois.

Fomos até os outros e Nico colocou Katherine no chão que veio correndo em minha direção abraçando as minhas pernas.

– Oi padinho. – disse ela sorrindo para mim.

– Oi Katie. – falei me abaixando e dando um beijo em sua testa.

– Filhinha. – chama Silena. – Esses aqui são o Will, namorado da Annabeth... – fiz uma careta com o que ela falou. Me senti desconfortável. –... e essa aqui é Nina, filha do seu padrinho. – continuou apontando para Nina.

Depois de Silena apresentar Katherine para Nina e Will Annabeth chamou o cara e foram conversar um pouco afastados. Eu fui para a bilheteria comprar os ingressos enquanto que os outros foram comprar pipoca e refrigerante.

Lá vou eu de novo pagar as coisas para todos, pelo menos eu não vou ter que comprar a pipoca e nem o refrigerante também.

Era por volta das três da tarde, mas a sessão para a Era do Gelo 4 já estava quase lotada. Comprei os ingressos para todos e só haviam restado mais três ingressos na bilheteria. O filme devia ser bom, assim como os outros, já fazia uma semana que ele estava em cartaz por aqui, 20 de Julho.

Esse seria o segundo filme da serie que eu assistia no cinema. Eu só assisti o primeiro no cinema e foi com a Annabeth em 2002 e os outros não me davam muito animo de ir porque me lembrava de Annabeth e tudo que me lembrava e lembra Annabeth me deixa um pouco desconcertado então eu preferi que os filmes saíssem em DVD e ai sim eu assistia eles... e eu assisti eles com a minha mãe.

Ok, esqueçam isso. Pensamento sem sentido e desnecessário.

Fui de encontro aos outros. Eles estavam em volta de uma mesa com as diversas coisas que compram em cima dela. Tinha balas, chicletes e chocolate além de pipocas e refrigerantes para todos. Passei os ingressos para cada um e guardei o de Will e Annabeth.

– ... cupe. Tudo bem, eu vou busca-lo. Ele vai ficar feliz em saber que a Nina esta convivendo com o pai mesmo que isso me faça parecer que eu vou estar perdendo vocês duas. – ouvi Will dizer quando ele e Annabeth estavam se aproximando de nós.

– Você é realmente um bobo. – disse Annabeth sorrindo dando um selinho no cara. Fechei as mãos em punho fortemente. Droga. Eu não devia ficar e nem agir assim.

– Eu sei. – disse o cara sorrindo e ele se virou para os outros quando viu que estávamos perto. – Eu não vou poder assistir o filme com vocês. – Nina fez beicinho. – Eu preciso ir buscar um amigo no aeroporto agora. Ele acabou de me avisar.

– Tem é ele? – perguntou Katherine olhando para Will parecendo estar curiosa.

– Will, ele você quer dizer ele, ele, ele mesmo? – perguntou Nina, não dando tempo dele responder Katherine, com os olhinhos brilhando indo na direção dele e de Annabeth.

– Sim, ele chegou mais cedo do que o esperado. – responde Will ficando na altura de Nina e sussurrou alguma coisa no ouvido dela antes de dar um beijo na bochecha dela. – Aproveite o filme por mim, hein?

– Pode apostar que eu vou. – disse Nina sorrindo e indo para o lado da minha mãe.

– A gente vai indo na frente. – disse minha mãe e eu assenti. Todos foram em direção à sala depois de pegarem as coisas em cima da mesa deixando Annabeth, Will e eu sozinhos.

– Sendo assim. Esse é o seu. – falei estendendo o ingresso de Annabeth para ela e olhei para o cara. – Então eu acho que vou ter que devolver seu ingresso na bilheteria.

– Eu faço isso. – disse ele me impedindo de prosseguir quando ameacei ir em direção à bilheteria. Ele tirou sua carteira do bolso e me estendeu o dinheiro do valor do ingresso. – Melhor vocês irem, ou vão perder o começo do filme.

– Se você quer assim. – falei dando de ombros e passando o ingresso para ele.

– É melhor. – disse ele se virando para Annabeth e dando um selinho nela. – Nós vemos em casa. – Ele se virou para mim com um olhar serio. – Quero ver Nina e Annabeth inteiras e bem em casa até as nove.

– Hein, eu sei cuidar de mim mesma e da minha filha. – disse Annabeth indignada.

– Claro, claro, claro. – disse ele despreocupado. – Mas você não tem um carro para voltar para casa já que a Thalia veio de taxi junto com a Nina, você veio comigo e eu vou levar o carro agora e vai estar muito tarde para voltarem de taxi sozinhas para casa.

– Meu Deus, fala serio. – disse Annabeth suspirando pesadamente.

– É serio, Annabeth. Só quero evitar que possíveis coisas ruins aconteçam com vocês duas. – ele olhou para mim seriamente de novo. – Eu quero elas inteira e bem até as nove.

– Ok. – falei segurando a vontade de rir, achando essa situação muito esquisita. – E quanto a Thalia? Quer ela em segurança em casa também?

– Ela não, quem vai precisar de segurança será a pessoa que tentar alguma coisa contra ela. – comenta ele rindo e é inevitável não rir também. Apesar de todas as mudanças que notei na Thalia, pelo jeito ela ainda tem algumas coisas da velha Thalia. – Então vão logo. Filme a vista, não é? Ou a Nina vai vir aqui e arrastar vocês. – Will se afastou acenando para a gente e se virou indo para a bilheteria.

– É melhor irmos mesmo. Nina além de arrastar ela vai fazer a gente pagar um belo de um mico. –comenta Annabeth com um sorriso no rosto.

– Hã, então não é só comigo, ou com Nico e Thalia, ela faz todos pagarem mico? – perguntei seguindo Annabeth quando ela começou a andar em direção a sala da nossa sessão.

– Sim. – disse ainda sorrindo estendendo o ingresso para o cara e eu fiz o mesmo.

– Podem passar. – disse ele e dei passagem para Annabeth ir na frente.

– Nina faz muito isso. É tudo culpa da Thalia que vivia fazendo isso com os outros. – continuou Annabeth falando mais baixo conforme íamos entrando na sala. – Mas felizmente, o que a Nina faz é mais por diversão ingênua, sem extrapolar muito, sem maldade ou coisa do tipo.

– Bom saber, assim fico mais tranquilo. Ter Thalia como professora nessa matéria poderia ser bem ruim. – disse sorrindo e olhei ao redor quando começamos a subir as escadas para achar o lugar aonde os outros.

Tive que forçar um pouco a vista para poder enxergar já que todas as luzes foram apagadas e só vinha à luz da tela do cinema que apesar de ser grande e estar emitindo uma luz clara pelo trailer que estava passando agora, mas ainda assim era difícil de se enxergar claramente.

Mas por sorte, uma coisa rara de se acontecer com minha pessoa, logo vi Nina e Katherine em cima de suas respectivas poltronas acenando para a gente no canto esquerdo perto da parede na fileira do centro. Minha mãe e Silena estavam perto delas enquanto Nico e Thalia sentavam uma fileira na frente.

– Tem dois lugares vagos perto delas. – disse Annabeth indo em direção a elas.

– Como você consegue enxergar? – perguntei curioso e fiz um muxoxo, recordando de algumas coisas de nosso passado juntos, que a fez rir.

Eu sempre perguntava isso para ela todas as vezes que íamos ao cinema. Annabeth sempre foi capaz disso e sempre que eu perguntava isso ela respondia sempre a mesma coisa e agora não foi uma resposta diferente.

– Usando os meus olhos. – sempre engraçada não acham?

Rolei os olhos com um sorriso no rosto feliz seguindo ela por entre as poltronas indo até nossa filha que junto com Katherine ainda acenavam em nossa direção, mas minha mãe e Silena logo controlaram elas para não perturbarem os outros que na verdade pareciam estar se divertindo com as duas meninas pulando no banco.

Nossa filha.

Como seria se eu não tivesse “explodido” daquele jeito quando ela foi me contar que estava gravida? Se eu a tivesse escutado e tivesse-lhe dado uma chance para se explicar, contar sobre o que eu vi?

Tudo poderia ser diferente, essa era a única coisa que eu poderia dizer no momento e que minha mãe não ficaria falando o tempo todo para mim lhe dar um neto.

Dizem que tudo tem um motivo para acontecer me pergunto qual seria esse que me fez ficar sem a mulher que sempre amei e amarei, pelo visto, e sem a minha filha.

Uma coisa eu posso dizer. Nunca, nunquinha mesmo eu poderia imaginar que com tudo que estava me acontecendo ainda teria mais uma coisa que deixaria meu mundo mais confuso do que já estava e o da minha mãe também.