Paz e tranquilidade era o que queríamos quando viajamos para passar o fim de semana em Montauk em um chalé que compramos na margem sul, na ponta de Long Island, bem perto de um chalé que minha mãe contou que ela e meu pai alugavam as vezes antes de se separarem.

É incrível como essa paz e tranquilidade podem mudar em um piscar de olhos quando uma adolescente esta de péssimo humor e com raiva.

Bom, antes de tudo acho que devo explicar como chegamos até aqui.

Dez anos haviam se passado desde a bronca que levei da minha filha. Durante três dias Nina não deixou que Annabeth e eu ficássemos sozinhos em um mesmo cômodo até que conversássemos com Will.

Esses três dias pareciam longos de mais.

Mas no final tudo foi um plano de Will. É eu também fiquei surpreso ao saber disso. Annabeth não ficou surpresa, ela já imaginava que era isso quando eu contei que ele me contou sobre o pedido de casamento.

Will me disse que percebeu como Annabeth estava diferente com ele depois que nós nos reencontramos. Ele achou que não seria certo mantê-la em um relacionamento assim e nem seria bom para ele sabendo que a mulher que ama ama outro então ele disse aquilo sobre o pedido para me incentivar a tomar uma iniciativa sobre tudo.

Se eu usasse as palavras certas Annabeth estaria comigo. O que graças a Deus eu usei.

Depois que saiu do hospital Will voltou para Atenas levando um Luke que não queria ir consigo. Ele mora lá até hoje e se casou dois anos atrás, mas sempre manteve contato conosco. Depois de uns dois anos mantendo distancia ele começou a vir passar as férias com a gente e agora junto com sua mulher, Paula – ou Paulinha para os amigos, ela é brasileira – eles não tinham filhos ainda.

Nina amava quando ele vinha nas ferias.

Como Annabeth disse sim ao meu pedido, casamo-nos alguns meses depois. Durante esses dez anos tivemos algumas brigas, algo normal. Só fui expulso de casa uma vez e dormi algumas vezes no sofá.

Aproposito o sofá é bem confortável.

Annabeth e eu tivemos mais dois filhos. Alexander, loiro de olhos cinzentos, ele tem cinco anos e tem o mesmo temperamento que o meu. Joshua, moreno de olhos cinzento-esverdeados, que tem três anos e parece que tomou energético em vez de comida de tão agitado que ele é, Annabeth diz que ele puxou isso de mim.

Minha mãe e Paul resolveram fazer viagens pelo mundo. Estão nisso a mais de cinco anos e só voltam para os Estados Unidos em dias festivos como 4 de julho, aniversários e no natal.

Thalia e Nico estão juntos. Não se casaram, não por falta de pedido, somente vivem juntos. Thalia diz que não quer se casar por que casar é muito antiquado, vai entender essa garota. Os dois tem um filho de sete anos chamado Jason. O garoto é a copia de Nico tanto no gênio quanto na aparência, graças a Deus.

Sebastian continua sendo o mordomo de Annabeth, mas agora é um mordomo casado, casado com Emma. Pois é, os dois viveram um tórrido romance por nove anos até que se casaram no começo deste ano e estão mais comportados, pelo menos em publico.

Meu pai infelizmente faleceu há pouco mais de dois anos por morte encefálica. Ele tinha dado entrada um mês antes no hospital porque ele entrou em estado de coma profundo. Meses antes ele vivia reclamando de sua dor de cabeça que estava ficando pior a cada dia.

Nina sofreu muito com isso, ela tinha se apegado muito ao meu pai, o que a fez ficar mais próxima ainda de Damon. Sim, o menino das fotos e sobrinho de Emma, esse Damon mesmo.

Os dois viraram grandes amigos e ano passado essa amizade evoluiu. Eles estavam namorado.

Não pense que só porque eu conheço o garoto que eu facilitei a vida dos dois. Não facilitei nem um pouquinho quando eu podia. Eles tinham Annabeth ao lado deles e ficava difícil dificultar o namoro dos dois o tempo todo.

E junta tudo isso para nós trazer a este momento quando minha filha entra no chalé batendo a porta atrás de si com força assustando todos nós – Annabeth, Alex, Josh e eu – na sala.

O pequeno Josh pulou no colo de Annabeth com lagrimas nós olhos e Alex veio para o meu colo rapidamente, os dois aprenderam rápido a não ficarem no caminho da irmã quando ela estava com raiva assim como eu também.

– Homens. – rosnou ela subindo as escadas rapidamente com passos pesados.

Annabeth e eu trocamos olhares e logo ela chacoalhou a cabeça negativamente me lançando um olhar maligno me fazendo soltar um muxoxo.

Que pena, não poderei dar uma lição em Damon porque claramente essa “alegria” que minha filha estava sentindo nesse momento tinha haver com ele. Annabeth gosta de ficar cortando o meu barato.

A menos de uma hora atrás os dois saíram daqui com sorrisos nos rosto dizendo que iriam até um quiosque que fica a mais ou menos um quilômetro daqui e agora isso. O que será que Damon aprontou?

– Papai? – me chamou Alex olhando temeroso para o segundo andar e depois olho para mim. – A Ni esta naqueles dias?

–Não. – abri um sorriso de canto ao lhe responder. – Mas é algo mais perigoso.

Logo os sons de passos no andar de cima ficaram mais altos e Nina logo apontou na escada segurando uma tesoura o que deixou Annabeth e eu assustados.

– O que pensa que vai fazer com isso? – perguntei levantando do sofá e colocando Alex no meu lugar. – Trate logo de soltar isso.

– Vou soltar depois de dar uma grande lição em Damon o fazendo em picadinho. – disse ela por entre os dentes com um olhar mortífero. – Nem tente me impedir, papai.

– Juro que não vou nem tentar. – voltei a me sentar no sofá colocando Alex em meu colo. – Faço o sofrer bastante filhinha.

– Perseu. – gritou Annabeth repreendedora mente me fazendo encolher os ombros. Ela me passou Josh. – Porque vocês três não vão lá na praia enquanto eu converso com a mocinha aqui? E Nina largue essa tesoura agora.

– Eba. – gritaram os dois saltando do meu colo.

Amos saíram correndo em direção a porta sem nem me esperar . Esses dois não perderiam uma oportunidade de sair de perto quando eles sentem o clima pesado assim, sabem que não é lá uma boa coisa que vai acontecer –, mas antes que eles pudesse chegar à porta ela foi aberta abruptamente.

– Nina! – gritou Damon entrando no chalé com a respiração ofegante assustando a gente mais uma vez. É brincadeira.

– Outlo asutando a ente e glitando. – resmungou Josh fazendo beicinho. Alex olhava com os olhos estreitos para Damon o que me fez reparar nele também.

Damon tinha um corte no canto da boca, seu rosto estava vermelho e suado, seu olho esquerdo estava um pouco mais avermelho como se tivesse levado um soco e um pouco de sangue escorria perto de sua têmpora.

– Vou fazer picadinho de você. – disse Nina mordaz e tentou avançar para cima de Damon que recuou alguns passos olhando para a mão que Nina segurava a tesoura batendo as costas contra a lateral da porta ainda aberta, mas Annabeth se postou na sua frente e tirou a tesoura da mão de Nina.

– Pode parando com isso, mocinha. – Annabeth se virou para mim. – Saia com as crianças, agora Percy, por favor.

Assenti pegando uma mão de cada guiando eles para fora do chalé. Deveríamos ter trazido Sebastian com a gente, sinto falta dele em momentos assim. Ele poderia ter ficado com as crianças enquanto conversávamos com Nina e Damon, algo muito ruim deve ter acontecido e eu adoraria ter uma “conversa” com Damon.

Assustar um pouco o garoto não faria mal nem um, pelo contrario, eu ficaria muito feliz.

Eu estava observando Alex e Josh construírem um castelo de areia deitado sobre uma toalha quando Annabeth saiu do chalé caminhando devagar em nossa direção. Sentei sobre a toalha observando minha mulher.

O tempo passava e ela ficava ainda mais linda. Sou um cara de sorte pelo menos no quesito do amor, o mais importante.

– Mamãe! – gritou Josh quando viu Annabeth se aproximando e correu em sua direção. – Istamos contluindo um castelo de aleia.

– É serio? – perguntou ela deixando Josh puxa-la em nossa direção.

– Sim. – ele assentiu firmemente. – Mas a senhola não plecisa aiuda. – Josh apontou para o lugar ao meu lado. – Senta acli com o papai entatanto Axe e eu contluimos.

– Ok, vou ficar quietinha aqui. – disse Annabeth sorrindo se sentando ao meu lado enquanto que Josh voltou pulando para perto do irmão.

– Eles recusaram a minha ajuda também. – sussurrei rente ao seu ouvido.

– Recusar a sua ajuda é muito sábio. – disse ela divertida.

– Tem razão. – sorri dando um leve beijo em seus lábios. Sentei mais na ponta da toalha e fiz Annabeth deitar sobre ela e descansar a cabeça em meu colo.

– Vou pegar um pouco de agua. – disse Alex pegando um baldinho pequeno e indo em direção ao mar com entusiasmo.

– O que aconteceu entre Nina e Damon? – perguntei começando a fazer carinho nos cabelos de Annabeth que abriu um lindo sorriso de canto.

– Resumindo, Nina viu Damon abraçando uma garota e ficou brava quando ele deu um beijo no rosto dessa garota, perto de mais da boca segundo Nina. O namorado da garota apareceu e Nina acabou falando besteiras e o cara partiu para cima de Damon enquanto que Nina voltou para o chalé com pensamentos homicidas. – disse Annabeth e rolou os olhos no final.

– Por isso Damon estava machucado? – Annabeth assentiu fechando os olhos.

– Damon teve sorte de ter aprendido a se defender. O namorado da garota era um armário musculoso e gostoso. – disse ela de forma divertida.

– Ele não disse isso? – perguntei já imaginando quem seria que tinha dito sobre o namorado da garota e isso não me agradava.

Minha filha não podia sair falando esses tipos de coisa, ela só tem 17 anos, ela nem deveria estar namorando para começo de conversa.

Não é machismo, só quero proteger a minha princesinha de caras maus. Damon não é um cara mal, mas não faria mal algum se eles tivessem esperado em torno de mais uns vinte anos para começarem a namorar.

Se bem que para ela não importa o que o moribundo pai aqui pense sobre isso, ela já fez coisas que eu nem quero pensar se não vou cometer assassinato.

– Não, quem disse isso foi Nina. Obviamente para irritar o namorado. – Annabeth abriu os olhos e virou o rosto em direção aos meninos que olhavam interessados em o que parecia ser uma pedra no lugar aonde eles cavaram para tirar mais areia para construir o castelo. – No final foi tudo um mal entendido e agora Nina esta lá se redimindo cuidado dos machucados do namorado que graças a Deus não foi muito grave.

– E quem era essa garota que Damon abraçou afinal?

– Uma amiga que se mudou para a Inglaterra e esta passando as férias aqui para rever a família. Nina nem pensou e somente agiu picada pelo bichinho do ciúme que nem parou para pensar. – Annabeth virou o rosto me encarando.

– Fico pensando de quem será que ela puxou esse ciúme todo. – falei de forma pensativa com um sorriso de canto olhando para Annabeth e levei um soco na barriga. – Aiii, doeu e eu nem falei nada sobre você.

– Você é um livro aberto para mim, não preciso que você fale nada eu sei no que você pensou. – disse ela se sentando e jogando um pouco de areia em mim. – Na verdade, qualquer um saberia pela forma como você falou e me olhou.

– Não posso me esquecer que minha esposa também é muito temperamental. – roubei um selinho dela e consegui desviar de um tapa que ela pretendia me dar.

– Querido Cabeça de Alga, você realmente quer me irritar? – perguntou ela calmamente me olhando com um sorriso lindo nos lábios.

Perigo. Gritou uma voz em minha mente. Não seria nem um pouco uma coisa sã a se fazer deixar Annabeth irritada mesmo ela ficando mais linda quando esta irritada. Era incrível a forma como ela conseguia pensar em coisas diferentes para me punir por fazer isso.

– Mamãe, Papai, terminamos de construir o castelo. – Alex e Josh vinham gritando em nossa direção com grandes sorrisos nos lábios.

Suspirei aliviado olhando imediatamente para a onde eles tinham construído o castelo, mas eu não conseguia ver ele direito porque Alex e Josh estavam na frente. Ouvi a risada de Annabeth e percebi quando ela levantou e bagunçou os meus cabelos. Annabeth pegou Alex no colo, que foi o primeiro a alcança-la e Josh correu rapidamente, como podia, em minha direção pulando em meu colo.

– Vem ver o castelo, papai. – pediu ele e eu assenti me levantando.

Até que o castelo que eles construíram não estava tão mal. Eles usaram os três baldinhos que tinham de tamanhos diferentes e usaram eles para formar as paredes do castelo colocando o menor em cima do maior fazendo três andares.

Fizeram uma porta grande no maior que servia como base que eu não faço ideia de como não desmoronou pelo arrombo que tinha na base e nos dois andares de cima eles fizeram pequenas janelas, três em cada andar. Construíram um muro desengonçado em volta do castelo e perto desse muro colocaram os diversos soldadinhos de brinquedos que eles tinham trazido.

– Esta lindo. – disse Annabeth sorrindo dando um beijo no rosto de cada um me fazendo rir.

– Se uma arquiteta como sua mãe disse que esta lindo quem no mundo pode negar. – falei e os dois pularam de alegria, mas durou pouco tempo.

– A Ni. – disse Josh apontando para o chalé.

Nina e Damon estava saindo do chalé conversando de mãos dadas, que pena. O sobrinho da Emma estava com um óculos de sol que escondia pouco os hematomas que ele tinha no rosto.

– Sinto falta daquela Nina que se interessava mais em brincar com a gente na praia. – resmunguei me lembrando da primeira vez que nós três viemos para cá e Annabeth riu. – Nina que queria porque queria andar de mãos dadas com a gente o tempo todo.

– Os tempos mudam. – disse ela simplesmente e uma ideia me ocorreu.

– Porque vocês dois não vão lá chamar a irmã para ela ver o incrível castelo que vocês construíram? – perguntei com um sorriso maroto nos lábios.

– Percy. – disse Annabeth de forma reprovadora, mas esse era o meu momento e eu teria que ignora-la para eu poder me divertir um pouco oras.

– Mas é seguro ficar perto da Ni agora? – perguntou Alex olhando receoso para mim.

– É claro que é, vai logo. – incentivei e os dois foram correndo em direção à irmã e Damon gritando pelo nome dela. Josh caiu algumas vezes pelo percurso, mas Alex o ajudou e quando finalmente chegaram até a irmã e Damon começaram a falar entusiasmados e apontar em nossa direção.

– Percy, o que eu faço com você? – perguntou Annabeth cruzando os braços em frente ao peito me fazendo desviar os olhos de nossos filhos e olhar para ela que estava me olhando reprovadora mente.

– Somente me ame assim como eu amo você e nossa família. – falei sorrindo passando meus braços por sua cintura a puxando mais de encontro a mim.

– Sacrifícios devem ser feitos para a felicidade de todos, não é? Acho que posso arcar com esse. – disse ela de forma dramática.

Sem esperar mais tomei seus lábios com os meus em um beijo calmo e prazeroso. Era surpreendente em como por mais que o tempo passe o sentimento que eu tenho por Annabeth cresce cada vez mais e eu me sinto mais dependente dela e da nossa família.

– Ecla. – as vozes infantis de nossos filhos nos fizeram nos separarmos sorrindo. Alex e Josh faziam cara de nojo enquanto que Damon sorria e Nina olhava em outra direção.

– Tem plessoas po peto. – disse Josh cobrindo o rosto com as mãos.

– Então que tal se nós juntássemos a essas pessoas por perto e construirmos um castelo de areia todos nós juntos? – perguntou Annabeth e imediatamente as expressões de Alex e Josh mudaram, ficando entusiasmados.

– Eba. – comemorou Josh. – Busca agua. – disse ele pegando um dos baldinhos e correndo em direção ao mar.

– Eu também. – disse Alex pegando o outro baldinho.

– E nós ajudamos. – Nina pegou uma mão de Damon e com a outra pegou o terceiro baldinho.

Annabeth envolveu seus braços em minha cintura e descansou a cabeça em meu peito enquanto observávamos eles brincando na agua.

Eu nunca pensei em como minha vida poderia dar tantas voltas. Em um momento eu não queria ser pai ainda e em um tocar de campainha eu descubro que já sou, que eu sou pai e só para deixar claro, eu sou um ótimo pai.

Tudo isso me fez aprender algo. Nunca é tarde para consertar os erros cometidos no passado, agarrar com força o que a vida lhe da de presente e se surpreender com o que ela ainda lhe reserva pela frente, pois a vida é uma caixinha de surpresas.

                                             FIM