Nina se divertia bastante enquanto brincava com Damon na piscina de bolinhas. Annabeth, Emma e eu observamos sentados em nossa mesa um pouco longe de onde eles estavam.

Fiquei surpreso ao ver Emma na Casa Grande, mas logo ela explicou que estava ali porque sua irmã não podia faltar ao trabalho e ela teve que trazer seu sobrinho, Damon – o garotinho de cabelos pretos e olhos azuis –, para fazer as fotos.

Depois de fazer as fotos, as crianças disseram que estavam com muita fome, então vimos até uma lanchonete com brinquedos para as crianças para eles se entreterem também. Afinal não faria mal nem um e todos nós tínhamos o resto do dia livre.

O outro menino, que se chamava Thomas, não pode vir porque sua mãe tinha que ir embora, mas combinamos de nós encontrarmos com as crianças um outro dia já eles ficaram muito amigos enquanto brincava e se divertiam tirando as fotos.

Sebastian estava em pé ao lado da piscina observando as crianças e tinha varias mulheres, e alguns homens também, com os olhos grudados nele cheios de luxuria e desejo. Parecendo estarem completamente hipnotizados pelo mordomo.

– Esse Sebastian é muito lindo. – comenta Emma e eu engasgo com o refrigerante que estava tomando. Annabeth e Emma riem de mim.

Nina e Damon só haviam comido um pouco de seus respectivos lanches antes de decidirem irem brincar nós brinquedos com entusiasmo. E olha que eles disseram que estava com muita fome, imagina se não estivessem.

Já faziam mais de meia-hora em que eles estavam lá brincando e o máximo que Annabeth, Emma e eu fazíamos era olhar para eles.

Era um pouco estranho o clima estava pesado quando nós três ficamos sozinhos. Com as crianças juntos era fácil já que elas não paravam de nós perguntar coisas e uma mais absurda que a outra que eu prefiro pular essa parte.

– Por favor, não comecem uma conversa de mulher. Eu imploro. – pedi olhando para as duas tentando fazer a melhor cara de cachorrinho abandonado. Elas resolvem conversar e vão logo começar conversar sobre esses tipos de besteiras?

Eu tenho péssimas lembranças de ouvir conversas de mulher. É serio, isso pode deixar traumas que duraram até o resto de sua vida.

– Ainda tenta usar essa carinha para conseguir as coisas? – perguntou Annabeth divertida rolando os olhos. – Que feio e infantil, Percy.

– Sempre funcionou com você. – falei emburrado olhando para o lado e nem percebi que Annabeth ficou levemente corada. – E eu não quero ouvir conversa de mulher outra vez. Isso sempre é entediante e muito chato.

– Certo machão. – começou Emma com um sorriso sarcástico no rosto. – E quer conversar sobre o que? Futebol, basquete, basebol, mulheres, sua área de profissão enquanto bebe cervejas e fica comendo petiscos sem parar até virar uma bola?

– Hã. – fiquei confuso com o que ela tinha falado. O que tinha de mal em falar sobre esses tipos de assunto? É normal, não é? E o que tinha de mais em beber cerveja enquanto comia alguma coisa e conversava?

Annabeth e Emma riram de mim mais uma vez me fazendo crer que o que Emma tinha falado era para tirar uma com a minha cara. Porque sempre fazem isso comigo?

– Porque eu tinha que ser o único homem aqui entre essas mulheres? – reclamei olhando para cima e reparei que o teto do estabelecimento metade era pintado de azul claro com nuvens e um sol e a outra metade pintada com azul escuro com estrelas e a lua.

– Você não deveria reclamar, mané. – disse um cara grandalhão musculoso com cabelo cortado em estilo militar aparecendo do lado da nossa mesa.

Tinha um outro cara musculoso ao lado dele que tinha o cabelo cumprido e barba cumprida também. Os dois deram sorrisos maliciosos tanto para Annabeth quanto para Emma e isso me deixou com muita raiva.

– Cara, a conversa não é com vocês. – disse eu por entre os dentes.

– É claro que não porque se fosse comigo eu estaria agradecendo aos céus por ter duas gatas gostosas assim ao meu lado.– o cara com cabelo estilo militar falou e piscou para Annabeth. – Adoro as loirinhas, especificamente.

– E eu prefiro as morenas. – disse o outro cara secando Emma.

Emma tinha os cabelos castanhos escuros até os ombros e olhos verdes. Eu não podia negar que Emma é linda e acho incrível o fato dela ser solteira sendo linda e simpática como ela é.

Annabeth e Emma trocaram olhares, oque eu achei muito estranho. Em um momento as duas nem se olhavam, ou trocaram palavras agora trocam esses olhares que tem mil e uma frases escondidas atrás deles.

Mulheres. Não da para entendê-las somente ama-las. Eu não me lembro de onde ouvi essa frase, mas a acho bem verdadeira.

Ambas abriram um sorriso uma para a outra antes de olharem para os caras musculosos com sorrisos maliciosos. Senti uma tremenda vontade de rir quando vi o sorriso de Annabeth, eu conhecia bem aquele sorriso, e esqueci como as mulheres não podem ser entendidas.

– E nós preferimos mulheres. – disseram Annabeth e Emma juntas.

As caras de bunda que os dois grandalhões fizeram me fez ter uma imensa vontade de rir. Puxei a gola da minha camisa para cima cobrindo meu rosto para tentar esconder essa vontade de rir.

Esses caras são enormes, imagina se eu rio da cara deles? Posso saber me defender, mas eles são dois grandalhões musculosos que parecem lutadores de pesos pesados de MMA. Prefiro me manter vivo a correr esse risco.

– Vocês são lésbicas? – perguntou um dos grandalhões incrédulo.

– Sim. – responderam as duas em uni som. Em suas vozes era capaz de ver a felicidade delas ao dizerem isso, parecia verdade. Essas duas são boas atrizes.

– Com licença. – advinha quem apareceu de surpresa assustando a mim, Emma e os grandalhões. Tirei imediatamente o rosto de dentro da camisa. – Esses senhores a estão incomodando, senhorita? – perguntou Sebastian com um tom de voz frio que eu nunca pense que ele diria dando medo até em mim.

Sebastian estava parado em pé ao lado de Annabeth com Nina sentada em seus ombros e segurando o pequeno, mas com certeza deveria ser um pouco pesado, Damon com um braço.

– Um engomadinho. –disse o grandalhão cabeludo. – Já entendemos o recado.

Os dois grandalhões musculosos saíram marchando indo em direção ao caixa fazerem seus pedidos, eu acho, resmungando coisas ininteligíveis para mim.

– Até eu poderia acreditar em vocês. – falei olhando para as duas e Emma piscou para mim.

– Mas eu sou. – disse ela divertida me fazendo arregalar os olhos. – Na verdade sou bi, mas porque tanta surpresa, Percy? Não é como se eu tivesse contado que sou uma alienígena.

– Mas, tia Emma, a senhora não é alienígena. – disse Damon com o rosto confuso e Sebastian o colocou no chão com cuidado para não derrubar Nina de seus ombros.

– Foi só um modo de falar, querido. – disse Emma beijando a testa de Damon.

– Então tá. – disse ele dando de ombros e abriu um enorme sorriso no rosto. – Vamos ao central parque? Eu convidei a Nina e ela disse que só iriamos se a senhora e a tia Annie deixassem. Vamos? – ele olhou com os olhos pidões para Emma e depois para Annabeth.

Desde que Annabeth se apresentou para Damon ele começou a chama-la de tia Annie sem mais nem menos. Annabeth não se incomodou, mas parecia incomodada com a tia do menino.

– Vamos, mãe. Vamos pai. Vai ser legal. – pediu Nina ainda em cima dos ombros de Sebastian. Ela apoiou seu queixo em cima da cabeça de Sebastian e fez um biquinho olhando para mim e Annabeth consecutivamente usando a estratégia de Damon. Olhos pidões.

– Por mim tudo bem. Eu tenho o resto do dia de folga mesmo. – falei dando de ombros e ganhei um tapa na cabeça de Annabeth. – Ai, mas o que eu fiz?

– Se todas as vezes que sua filha lhe olhar assim e você ceder vai ser muito pior no futuro. – disse Annabeth de forma censuradora.

– Mas eu não fiz isso por ela ter me olhado desse jeito. – Annabeth me olhou cética me fazendo rolar os olhos. – Esquece. Qual é o problema de irmos? Vai ser divertido.

Um celular começou a tocar. Todos se viraram em direção ao som e Emma ficou com as bochechas levemente vermelhas com toda a atenção. Era o celular dela.

– Só um minuto. – disse ela sorrindo envergonhada se levantando da cadeira. – Vou atender lá fora. Se comporte, Damon. – o menino assentiu com o rosto serio e assim ela saiu por uma porta lateral da lanchonete.

– Mas então, mamãe. Vai ser divertido, até o Sebby concorda, né Sebby? – Nina olhou, ou tentou, para Sebastian que assentiu. Nina abaixou a cabeça e sussurrou alguma coisa para Sebastian que o fez abrir um sorriso de canto. – Viu como o Sebby esta feliz com isso.

– É, tia Annie. – disse Damon indo para o lado de Annabeth e segurou uma de suas mãos. – O mordomo agente esta feliz com essa pobilidade, não acabe com a felicidade dele.

– Me põe no chão, Sebby. – pediu Nina e prontamente Sebastian atendeu. Nina foi até o outro lado de Annabeth e segurou sua outra mão. – Diz que sim, mamãe?

– Siiiiim? – Nina e Damon falaram juntos fazendo Annabeth sorrir e rolar os olhos.

Mas antes que Annabeth pudesse dizer alguma coisa Emma chegou correndo até nossa mesa com o rosto serio e a respiração ofegante. Pegou sua bolsa e a mão livre de Damon.

– Me desculpem, mas eu preciso ir. Tenho uma emergência medica agora. Foi um prazer lhe conhecer Annabeth e foi bom rever você Nina. Espero que possamos nós ver outro dia. – disse Emma apressadamente puxando Damon em direção à saída.

– Mas eu quero ir no parque com a Nina, tia. – disse Damon resistindo a Emma.

– Eu sei. – Emma suspirou pesadamente. – Mas eu preciso ir, é uma emergência e você vai ter que ficar comigo até a hora que sua mãe sair do serviço. Ela vai te buscar no hospital. Se despede da Nina, Damon, e não dificulta as coisas.

Nina cochichou alguma coisa no ouvido de Annabeth que a fez assentir.

– Mas tia...

– Se quiser, ele pode ficar com a gente até a mãe dele sair do serviço, não será incomodo. – disse Annabeth levantando da mesa interrompendo Damon. Os olhos de Damon brilharam.

– Isso. A senhora conhece o Percy assim como a mamãe, não vai estar me deixando com estranhos e eu não vou ter que ficar em uma sala no hospital mofando. Deixa eu ficar com eles tia, por favor? – pediu Damon.

Sorri de canto ao ver Nina olhar para mim com seus olhos pidões e fazendo biquinho. Parece que Nina ficou bem amiga desse garoto, ou crianças gostam de ser cumplices umas das outras.

– Eu não...

– Vamos fazer assim. – falei me levantando também e interrompendo Emma. Apontei para Annabeth, Nina e Sebastian. – Me esperem no carro, vou conversar com a Emma enquanto vamos até o carro dela e resolvemos isso.

O carro de Emma tinha ficado um pouco longe do nosso porque o estacionamento estava cheio e foi difícil de encontrar vagas.

Peguei Damon colocando ele em cima de um ombro como se estivesse carregando um saco de... bom, um saco de alguma coisa fazendo o menino rir e guiei Emma até a saída depois que ela se despediu de Annabeth, Nina e Sebastian.

– Percy, eu não posso deixar Damon com vocês. É minha responsabilidade e não quero dar trabalho para vocês. – disse Emma pegando a chave do seu carro na sua bolsa.

– Eu vou me comportar, tia. Prometo. – a voz manhosa de Damon fez nós dois rirmos.

– Ta vendo, ele disse que vai se comportar. – falei divertido e Emma rolou os olhos. – Pensa bem, vai ser mais fácil assim. Você vai para o hospital com tranquilidade sabendo que seu sobrinho não vai estar confiando em uma sala.

– Em uma sala mofando. – emendou Damon.

– Prometo que ele vai estar entregue inteiro. – Tirei Damon de cima do meu ombro quando chegamos ao carro de Emma e o coloquei no chão.

– Por favor, tia? Eu vou me comportar. – Damon ajoelhou no chão e juntou as mãos abertas uma na outra como se estivesse rezando. – Por favor?

– Tudo bem. – disse Emma vencida e Damon começou a pular de felicidade. Emma abriu a porta do carro e tirou a mochila de Damon e a entregou ao pequeno. – É bom se comportar.

– Eu vou. – Damon saiu em disparada em direção a onde estava o carro de Annabeth acenando em despedida para Emma.

– Se ele não se comportar. – Emma tirou uma caneta de sua bolsa e pegou em minha mão. – É só ligar nesse numero.  – ela escreveu o numero em minha mão e um nome. Sheyla. – Leve ele para o hospital. Eu vou deixar Sheyla instruída sobre isso e não precisa se preocupar mais.

– Entendi. É só ligar para ela, deixar ele no hospital e não me preocupar mais. – falei serio e Emma acabou sorrindo. – Ei, falei serio.

– Ainda bem que Annabeth e Sebastian vão estar juntos. – disse ela divertida. – Sua cara seria não é muito convincente.

– Assim me sinto ofendido. – resmunguei.

– Até mais Percy. – Emma deu um casto beijo em meus lábios e entrou no carro.

Nina e Damon brincavam com outras crianças no parque com Sebastian olhando eles enquanto Annabeth e eu fomos comprar sorvete, estava muito calor. Estávamos conversando sobre Emma, Annabeth foi quem puxou esse assunto.

– Vocês parecem tão íntimos. – disse Annabeth olhando para frente parecendo estar compenetrada. – Não sei por que se surpreendo com a revelação dela sobre sua sexualidade.

– Não acho que somos íntimos. Posso dizer que só somos amigos e ela mora no mesmo prédio que eu. – me expliquei. – Nossas conversas nunca foram tão profundas a esse ponto.

– Não foi isso que eu vi no estacionamento. – disse ela virando o rosto em minha direção.

Seus olhos cinza estavam faiscando e um sorriso se formou em meu rosto me lembrando de onde eu vi aquela expressão antes. A mesma de alguns anos trás quando estávamos juntos.

– Isso seria ciúmes, Annabeth. – assim que proferi essas palavras me arrependi amargamente.