Estive em Londres, Paris, Autralia e Roma. Há garotos bonitos em cada cidade, mas eles não são o que quero. Alguns tem dinheiro, alguns fama, alguns carros e alguns tem roupas, mas se eles não são você, não quero saber. Porque querido, agora percebo que eu estava errada quando eu disse que não precisava de você. Sinto muito sua falta então estou voltando para casa, então é melhor que deixe as luzes acesas. Espere por mim e deixe as luzes acesas. Tem sido como um dezembro permanente. Muito mais frio do que posso me lembrar. Quando eu tiver de volta eu juro que dessa vez não te deixarei ir.

Permanent December

Bella

– Emmett, faz essa porcaria parar de toca-a-a-ar! - grito, irritada.

Mal levantei, e Brittany já começou a torrar minha paciência. Desde ontem, quando sai dos Cullen, cheguei na casa me joguei no meu quarto. Levantei apenas para comer algumas vezes, e com muita cautela para não esbarrar em ninguém. Agora estou indo para a escola, e Brittany não para de ligar. Tenho certeza também, que não é apenas ela. Muitas pessoas envolvidas com minha carreira devem estar querendo saber o que aconteceu - E nem quero ver o que os tablóides estão dizendo.

Termino de colocar o delineador, e então calço meus coturnos que tanto amo com meu velho jeans, meu parceiro de crimes. Abro a porta com pressa no exato momento que Emmett vai bater nela, o que resulta em um punho no meio da minha cara.

– Ai! - Grito irritada. Não doeu tanto, foi muito fraco... Mas eu já estou irritada, por favor.

– Nem doeu Bella. - Ele diz ecoando meus pensamentos, sem se importar. - E eu vim avisar que tem alguém te esperando lá em baixo.

A voz dele está estranha. Como se ele estivesse conspirando.

– Quem é? - Digo temerosa.

– Vá ver. - Ele diz, e então vai para o quarto dele me deixando sem resposta. Praguejo um pouco enquanto desço a escada. Paro no meio dela quando vejo quem está na sala.

Parado quase perto da porta de entrada, parecendo seriamente desconfortável, está Jacob. Ele está como sempre esteve, mas olhar para ele me dá uma sensação de estranhamento. Tinha acontecido de novo. A ultima vez que eu bebi tanto eu acabei com ele. E novamente aconteceu como se fosse algo planejado. Sei que é bastante ridículo pensar assim, mas não posso evitar.

– Oi Bella. - Hey Jake. - Digo forçando um sorriso. Olho para o chão e enrolo uma mecha de cabelo nos dedos. Não lembro a ultima vez que me senti tão estranha, que tive que escolher as palavras com ele. Acho que nunca aconteceu, nem da primeira vez que ficamos juntos.

Acho que é por que ele sabe as razões que me trouxeram aqui. E por que ontem, após refletir muito, percebi que sou uma tola por não ter percebido antes que Jacob "gosta" de mim. Eu não sei bem qual a real intenção dele, mas ele me cerca e dá sinais a tanto tempo, que é total burrice não ter notado. Acho que é por que é fácil demais se tornar um casal neste mundo. Você tira uma foto com alguém, diz que são amigos e fãs em comum instantaneamente já começam a sonhar com casamento e filhos. - Bem, na maioria das vezes é brincadeira, mas causa certa comoção.

– Eu estou de carro... Posso te levar para a escola?

– Ahn... - Hesito. - O Emm me leva. É desculpa para ver a Rosalie, você sabe.

– Bella, pare de agir como se nada tivesse acontecido. Não é grande coisa e você sabe. Eu só quero conversar. - Ele então sorri pela primeira vez, me fazendo respirar aliviada.

– Ok, vou avisar o Emm...

– Não precisa, já ouvi. - Diz Emmett aparecendo ao meu lado, me fazendo perceber que continuo parada no meio da escada. E que ele é um grande cara de pau.

– Você estava escutando! - Eu digo, sem estar realmente irritada.

– Ninguém me proibiu. - Ele diz dando de ombros. Olho para ele com um cara de quem quer dizer "Sério mesmo, idiota?". - Tchau Bella, Tchau Jake.

Emm volta para o quarto dele e eu termino de descer as escadas. Pego minha mochila e enquanto saímos, começo a falar com uma falsa animação, não dando oportunidade dele responder.

– Não tenho te visto ultimamente Jake! Você cortou o cabelo não é? É que, você sabe, eu fiquei meio desorganizada. Você tem...

– Bella... - Ele tenta me cortar, mas eu não queria perder o fio.

– Você tem trabalhado naqueles projetos paralelos? Seria a melhor coisa de ver crescer! Um máximo, sério. Sabe o que é um máximo também? Aquela indicação que eu recebi no PCA, você viu...?

– BELLA! - Ele aumenta a voz, pegando em meu braço por instinto, suponho. Eu pisco. Estamos parados na frente do carro, que ele abre.

– Sim? - Eu sorrio abertamente enquanto entro. Ele revira os olhos.

– Você é louca. Eu preciso falar com você!

–Então. - Respiro fundo, dramaticamente. - Fale.

Ele liga o carro e começa a dirigir para então começar. - Sabe, Britanny tem me ligado. Muito.

– Estranho seria se ela não ligasse. - Respondo como se fosse a maior obviedade da terra. Ele me encara de lado.

– Eu tenho falado com ela. Disse que o que aconteceu foi muito bom. - Faço uma careta de desgosto. - Ela gostou de saber que você finalmente está em um relacionamento.

– Mas que porcaria! Quem disse que eu não posso ser solteira? Nós não estamos em um relacionamento.

– Eu disse isso... - Ele explica. - E ela disse, que espera que eu mude isso.

Opa. Onde esse cara quer chegar com isso?

– Ahn, olha só Jake...

– O que te impede Bella? - Ele diz com certa ferocidade, sem ao menos diminuir a velocidade do carro. Ao contrário na verdade. - Quero dizer, seu garoto tem um namoro perfeito, e eu nem sei por que você continua pensando nisso de qualquer maneira. Culpa, talvez. Nós temos uma química ótima, muita gente quer nos ver juntos e você sabe disso.

– Vai com calma, rapaz... Em primeiro lugar, que tipo de declaração é "temos química e querem nos ver juntos"? - Eu estou achando graça na verdade. Minha voz deve estar expressando isso.

– Não é uma declaração, é uma proposta. Eu tenho certeza que nós podemos trabalhar nisso e...

– E agradar o público? Eu tenho certeza que os Swaners que me shippam com você não vão morrer. E aliás, você já pensou que eu posso simplesmente não querer ficar com você? Com Edward ou sem Edward?

– Brittany disse que pode ser bom para nós dois. - Claro, eu apareço um pouco mais nos tablóides, você fica mais no holofote como namorado oficial e encontra outros caminhos, blá blá... Não vai rolar.

Percebo que estamos chegando na escola. Ótimo. Veja bem, Jake é um cara legal até. Mas eu não vou namorar um cara por fachada. Já cansei de toda essa merda. Talvez se eu gostasse mesmo dele, mas... não.

– Então, me desculpe. - Ele diz. O sorrisinho no final da frase me faz gelar. Ele para no estacionamento e sem me dar tempo de pensar ele encosta a boca na minha. Apenas alguns segundos, mas o suficiente para deixar irritada e empurra-lo.

– Que porcaria você está fazendo? - Questiono irritada.

– Me despedindo. - A expressão arrependida dele quase me faz acreditar, até que eu percebo que possivelmente tinha alguém tirando fotos o tempo todo.

– Ai droga. - Reclamo. - É, isso vai abastecer alguma revista ou blog ruim, mas amanhã já vai ser lixo. Quem se importa?

Eu. Eu. Droga.

Eu estou falando isso enquanto saio do carro e bato a porta do carro com força. Tenho certeza que minha expressão não está muito alegre, por que as pessoas me esperando na entrada da escola - Tânia, Rosalie e Alice na verdade - Parecem surpresas.

– O que aconteceu? - Tânia questiona.

– Você está péssima. - Diz Rosalie ao mesmo tempo.

– Ah, nada, nada. - Falo, melhorando o humor no mesmo momento. Eu não tenho que me preocupar. Não tenho.

– Me explica por favor o que você estava fazendo se agarrando com o Jacob Black totalmente sóbria? Você está, não é? - Diz Alice então.

– Eu não estava! - Digo indignada.

– Você é uma piranha mesmo! - Diz Tânia em tom de brincadeira, dando pulinhos sem sair do lugar. - Eu termino com o Edward e você começa a se agarrar com outro.

As palavras mágicas me fazem virar o mais rápido possível para ela, tenho certeza que a incredulidade em meu rosto é clara.

– Você terminou com o Edward? Por que você está tão feliz?

– Por que ela teve um encontro fofo com o Alec. - Responde Rosalie.

Demoro um segundo para processar a informação. Em meio ao turbilhão de emoções, consigo rir e dizer também em tom de brincadeira.

– Depois eu sou a piranha né? - Nós quatro começamos a rir, até que o sinal toca.

– E Bella? - Diz Alice. - Edward me disse que queria falar com você. Mas ele te viu com o Jacob e então... Bem, ele entrou.

– Minha primeira aula é com ele. - Eu digo, algo enche meu coração. Uma pontinha idiota de esperança. - Como foram as coisas com seus pais?

– Está tudo bem agora... Você sabe como é.

Na verdade não. Minha relação com meus mais nunca foi assim. Mas não direi isso para ela. Nos despedimos e vou para a aula. Percebo que tenho muito a conversar com Tânia, no momento nem percebi. Ela evidentemente soou como se soubesse de meus sentimentos, como se não se importasse.

Quando entro na sala vejo o lugar ao lado dele vazio e vou até lá após hesitar um segundo. Jogo minha bolsa na mesa e me sento ruidosamente, por que é o que eu faço em dias normais.

– Oi. - Eu digo tentando começar uma conversa. Ele balança a cabeça, parecendo muito concentrado em algo no caderno dele. Cruzo as mãos em cima da mesa, em silêncio. O professor entra na sala e começa a aula, mas não consigo prestar atenção. Percebo então que Edward está olhando para mim.

– O que foi? - Falo baixinho.

– Nada. - E então ele balança a cabeça, como se quisesse retirar o que disse, completando: - estou apenas tentando entender quem é você.

Levo dois segundos para processar as palavras e então ofego. Não foi um barulho alto, mas pareceu em contraste com a classe silenciosa.

– Oh gosh, você está me julgando? - Eu me xingar por minhas idiotices é completamente diferente do que outras pessoas, mesmo Edward, fazendo isso.

– Não! É apenas confuso! Você... Age como pessoas diferentes.

– Claro, por que é raro uma adolescente fazer o que fiz semana passada. Oh, espere... Sua namorada e sua irmã estavam comigo.

Talvez você não esteja entendendo por que estou irritada, mas a questão é: Eu posso me sentir mal por fazer isso, mas no fim não vou me importar completamente. Me deixa irritada que as pessoas façam tanto escândalo sobre isso e principalmente, julguem tanto.

A pontinha idiota de esperança me cutuca ao me fazer pensar que ele pode estar com ciúmes ou algo assim, mas não apaga minha vontade de discutir.

– O problema não é esse...

– Então qual é? - Respondo. Deve ser o sussurro mais gritado que já falei, se isso fizer algum sentido.

– Senhor Cullen, Senhorita Swan. - O professor chama então, assustando ambos. Edward e eu olhamos imediatamente para a frente. - Aqui não é lugar para namorar. Aliás, você não estava com outro cara ontem?

Escuto risadinhas e sussurros imediatos por toda a sala. Abro a boca com incredulidade. Um professor não deveria falar este tipo de coisa.

– Desculpe professor. - Edward diz por fim, mas percebo que ele também não aprovou o comentário.

Ele me mostra o caderno dele, onde rabiscou algo:

"Podemos conversar? Bancos"

Concordo com a cabeça. É claro.

(...)

– Oi Edward. - Falo, sentada no lugar onde nos conhecemos. Os bancos, sempre desertos na escola. Ninguém vem aqui a não ser que queira ficar sozinho ou se agarrar sem ser pego pelos inspetores, mas é o ultimo lugar que procuram.

– Oi. - Ele diz sentando-se do meu lado.

– Então... - Eu digo.

– Olha só... - Ele começa - Eu não estava te julgando... Eu, na verdade, só gostaria de saber quem é você hoje, simplesmente isso. Sei que nos acertamos mas é difícil encarar as coisas da maneira de antes.

– Se acalma. - Eu digo, vendo o nervosismo dele. - Eu sei o que quer dizer. Eu realmente mudei, mas você também. A diferença é que a maior parte de quem sou fica exposta, fazendo as pessoas perceberem mais rápido.

Meu comentário foi seguido de alguns segundos de silêncio. Longos segundos, me fazendo pensar se não foram, na verdade, minutos.

– Essa uma das coisas que eu sempre amei sobre você. - Ele diz. - Você pode ser tão louca as vezes, mas começa a falar esse tipo de coisa reflexiva e profunda... E eu nunca tive conversas e discussões tão produtivas como tinha com você. Com Tânia, na verdade... Mas ninguém nunca entendeu tão bem o que eu estava pensando.

Eu acabo rindo disso, sem saber o por que.

– Eu me lembro. Nós sempre emendávamos os pensamentos um do outro. Aliás, eu soube que vocês Terminaram.

Não consegui me conter.

– Sim. - Ele diz. - Mas está tudo bem. O que não posso negar é querer saber desde quando você está namorando.

– Eu não estou.

– Ahn. - Percebo que na mente dele, isso deve ser pior.

– Por que nós não podemos simplesmente conversar como amigos normais? - Não custa tentar.

Ele ri.

– É o que mais quero, na verdade. Eu estou ficando bastante cansado de falar com você para discutir sobre nosso passado, erros e essas coisas.

– Que tal... Hey! - Digo sobressaltada. - Você ainda gosta de The yellow foxes?

*Inventei na hora. Talvez isso exista por aí.

– Mas é claro! - Ele diz imediatamente. - Continuam sendo os melhores.

– Eu também, e eu preciso te contar algo incrível sobre o novo cd que eu soube de fontes confiáveis...