O Sol Adormecido E A Lua Crescente escrita por Angel Salvatore


Capítulo 34
Veredicto


Notas iniciais do capítulo

Sinto muito pelo sumiço. Espero compensar com esse capítulo razoavelmente grande. Estamos na reta final, hein. Não desistam de mim, por favor.



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Eu ri e me virei para encarar Luiz. Ele estava sorrindo também, mas de nervoso. Alec, Seth e Cindy me fitaram com preocupação e eu dei um sorriso acompanhado de uma piscada. Eles me amavam, eu sabia, porém tinha que lutar e vencer. Caso contrário, Alec iria me vingar mesmo que tivesse que passar por sua irmã. E se os Volturi não impedissem, Cindy cuidaria de Jane.

No entanto eu sabia que Aro pararia a guerra antes que começasse. Ele não perderia um artigo de sua coleção. Seria demais. Aro não estava ligando para Luiz, era apenas um transfigurador. Mas eu? Ele sabia que eu salvaria Seth, caso contrário interromperia o plano de Luiz e o mataria. A punição de Jane seria perder o imprinting. O meu lugar era com os troféus, um dos mais valiosos.

Por mais que surgisse um vampiro mais forte e com um dom mais poderoso, eu poderia tomá-lo como meu. Seria fácil para mim, por isso era tão difícil me perder. Luiz era apenas uma ponta solta.

Andei lentamente até Seth, Alec, Cindy e Lucas. Segurei o pequeno rosto de Cindy e o acariciei. Eu queria tanto poder beijar suas bochechas, só que não queria controlar a mente de ninguém. Não quando nem conseguia controlar a minha direito.

“Tia Léthy, você vai sobreviver?”, coloquei meu polegar em cima de seus pequenos lábios. Mesmo usando luva a sentia tremendo em um choro sem lágrimas.

“Vou ficar bem e nós vamos sair daqui. Seremos uma família.”, forcei um sorriso.

Cindy assentiu e me virei para Lucas que me olhava com um misto de emoções. Desde confusão até fraternidade era detectado em suas íris escuras. Tudo o que pensei que nunca veria.

“Obrigado”, foi tudo o que ele disse.

Esse agradecimento valia para muitas coisas. E eu aceitei de todas as maneiras.

“Não me agradeça. Agradeça à ela.” Apontei para Cindy.

Lucas a olhou ternamente e lhe deu um beijo estalado na bochecha. Cindy se encolheu e riu envergonhada. Meio que sentia pena de Lucas. Ele nunca poderia amar Cindy como mulher, apenas como um irmão mais velho. Imprinting muda as pessoas. Quem poderia imaginar que meus dois irmãos mudariam por conta dessa paixão de lobo?

Andei até ficar entre Alec e Seth.

Vampiro e lobisomem.

Ex-namorado e imprinting.

Alec era um vampiro sério e que tinha um caráter igual ao meu. Seth era um lobisomem transfigurador brincalhão e apaixonado. Um me ajudava e o outro me completava.

“Eu te amo.”, murmurei ao vento.

“Eu também.”, ambos responderam.

Eles completavam partes de mim, tanto emocional quanto física. Ironicamente me vi em um dilema igual ao de Bella, porém ela teve o seu final feliz. Enquanto eu sabia que minha história estava longe de ser um conto de fadas.

Estava presa em uma desilusão amorosa entre meu ex e meu imprinting. E não poderia me esquecer do bônus: Estava prestes a derramar o sangue do meu próprio irmão. Suspirei e olhei nos rostos deles. Alec pegou minha mão e beijou levemente.

“Boa sorte.”, sussurrou.

Seth me olhou de cima a baixo novamente e eu fiz o mesmo. Ele estava lindo como sempre. Demorou um tempo, mas ele me abraçou e eu pude me afogar em seu cheiro. Pela última vez. Sua mão foi das minhas costas até o meu queixo e o levantou para que eu o encarasse. Consegui sentir os meus olhos molhados, mas não me permiti chorar. Era demonstrar fraqueza na frente do inimigo.

Seth pressionou seus lábios nos meus e nada momento nada importou. Nem que eu estava a beira da morte. Apenas nós dois. Tudo havia se resolvido naquele pequeno contato. Eu o queria. Eu o amava. Mesmo que ainda existisse algo me ligando a Alec, nunca o amaria como amava Seth.

Vi que ele estava relutante em me soltar em me soltar, mas com todo o meu autocontrole conquistado em anos de existência, afastei-me. Um deslumbre de dor passou pelos olhos de Seth, mas foi breve. Ele me deu um olhar confiante para me deixar mais forte. Ainda perto, ele colocou a bochecha na minha e sussurrou:

“Volte para mim, Lethycia Alvins. Eu não permito que você morra.”, e se afastou.

Arregalei os meus olhos com a intensidade de sua ordem.

“Podemos ser rápidos, irmãzinha?”, Luiz chamou de longe. “Não me diga que desistiu.”

Eu me virei e o encarei furiosa.

“Nunca!”

“Então espero que a mamãe não se importe com um filho a menos.”, ele sorriu.

Como eu podia ter confiado nele? Nunca ver o seu lado frio. Seu verdadeiro eu. A guarda tinha formado uma espécie de círculo que começava e terminava nos tronos de Aro, Caius e Marcus.

“Eu também”, tirei meu paletó e joguei para trás. “Não se garanta no seu tamanho. Já derrubei vampiros mais fortes que você.”, afrouxei minha gravata. “E eles nem me fizeram suar.”, tirei a gravata e também a joguei para trás. Dobrei as mangas da camisa até meus bíceps. “Foi um desperdício de tempo.”

“Mas eu tenho uma coisa que você não tem.”, Luiz declarou imitando meus movimentos com a roupa.

“O que?”

“Anos de prática avançadas.”, ele riu.

“Nove anos de diferença.”, desdenhei. “O que mais?”

“Frieza.”

“Como assim?”

“Você nunca seria capaz de me matas, maninha. Eu por outro lado...”, ele sorriu se divertindo.

Respirei fundo e me forcei a lembrar que ele não era mais o meu irmão. Só o inimigo na minha frente, um traidor.

“Errado”, respondi.

“Veremos.”, ele se preparou para o ataque.

“Veremos.”, repeti.

Agachei-me pronta para atacá-lo, estendendo meu braço na sua direção. Abri minha mão e a fechei duas vezes, o chamando para avançar. Por mais que não parecesse, eu tinha uma espécie de plano. Se eu conseguisse manter a calma seria fácil, mas era quase como pedir para que eu parasse de respirar.

A raiva era da minha natureza. Precisava usar toda a minha habilidade de anos, quase tendo a mesma sensação de quando me despedi de Seth. Difícil, mas não impossível. Luiz veria a minha frieza posta para fora e se arrependeria.

Ele deu um passo a frente como ameaça, mas eu fiz o contrário que ele esperava. Aproximei-me mais ainda. O chamei novamente e dessa vez ele obedeceu. Foi como um touro correndo diretamente para a capa vermelha. Desviei-me suavemente, como se estivesse dançando, mas mantive foco no que estava acontecendo.

Aproveitei os breves décimos de segundo que tive antes de Luiz se virar e o agarrei pelo cabelo, lançando seu corpo quase para o final do círculo.

“Parece que você estava errado sobre experiência.”, disse sarcasticamente.

Ele se levantou em um salto e me focou. Eu sabia exatamente o que ele estava fazendo. Se transformando. No momento seguinte havia um lobo marrom dourado me encarando. Ele era bem maior que eu. Quase dois, mas não me deu tanto medo. Eu sabia que era doer, só que seria necessário.

“Se estressou rápido, maninho.”, provoquei.

Luiz rosnou para mim e veio correndo na minha direção. Desviei com um segundo de vantagem. Virei-me para ficar nas costas dele e puxei suas patas traseiras, fazendo-o cair de cara no chão. Ouvi parte da guarda Volturi rindo da cena, o que o deixou com mais raiva.

Ele se levantou e virou para me encarar. Quando ele foi pela terceira vez me atingir, me atrasei. Desviei com um segundo atrasada e ele rasgou um pedaço da minha camisa. Aproveitando a minha guarda baixa, mordeu a parte de trás de minha camisa e me lançou na parede.

Senti uma dor angustiante e o sangue começou a escorrer por meu nariz. Sai da parede e o encarei com o nariz quebrado. Antes que ficasse com o nariz torto o coloquei no lugar e limpei o sangue que estancou. Voltei para o círculo na velocidade humana e me preparei novamente para o ataque.

“Nariz quebrado? Só isso que você consegue?”, provoquei mais uma vez.

Então aconteceu exatamente o que eu queria. Luiz pulou em cima de mim e mordeu meu braço. Seus dentes penetraram minha pele e eu gritei de dor pelo contato direto. Pelo canto de olho vi Seth e Alec dando um passo para dentro do círculo.

“Não.”, arfei. “Fiquem nos lugares.”

Eles não gostaram, mas voltaram para os seus lugares. A pressão dos dentes de Luiz foi diminuindo gradativamente até sumir. Houve um baque surdo e o corpo de Luiz inconsciente caiu no chão. Ele havia voltado ao normal e era desagradável vê-lo nu. Fiquei em pé sobre o seu corpo e esperei que acordasse. Seus olhos se arregalaram ao ver sua situação. Antes que pudesse se levantar, posicionei minhas mãos em sua cabeça.

“Eu sou seu irmão, Lethycia.”, implorou. “Você não pode me matar.”

“Errado de novo. Meu irmão morreu há quinze anos.”, respondi e quebrei seu pescoço.

Seu corpo ficou mole e frio. Levantei-me e virei as costas para o corpo do traidor. Meu inimigo. Quando estava a um passo de minha família, uma dor de cabeça me abateu e eu caí no chão. Jane nunca havia me atacado com tanta força e eu senti que queria morrer a sentir aquela dor. Minha cabeça estava pronta para explodir quando Aro interveio.

“Jane, pare!”

Ela parou imediatamente e eu levantei bastante consciente de Seth e Alec ao meu lado. Virei-me e encarei Jane. Ela parecia pronta para me matar se não fosse por Aro. No momento seguinte era ela que estava gritando e se contorcendo no chão. Vi Seth e Alec me olhando com choque, mas não me importei.

“Pare, Léthy”, Alec sussurrou no meu ouvido.

Relutante parei, mas não sem dar um sorriso amargo.

“Se quiser se vingar da morte do Luiz, se garanta no corpo a corpo, não nos dons.”, eu disse e lhe dei as costas.

Ouvi seus pequenos passos correndo na minha direção e tomando impulso para pular. Quando ela ia atacar minhas costas, agarrei seu pescoço. Não apertei por mais que devesse. Só segurei seu corpo pelo pescoço e a joguei no chão fazendo um buraco com o contorno de seu corpo. Jane arfou devido a queda, mas não usou o dom novamente em mim. Senti uma mão quente em meu braço deslizando até a mão que segurava Jane.

“Solte-a, Lethycia.”, Seth murmurou e foi soltando cada um dos meus dedos.

Quando a soltei totalmente fiquei rígida ao lado de Seth que passou o braço ao redor de minha cintura para que eu me acalmasse.

“Lethycia.”, Caius me chamou e o encarei. “Temos novas leis para tratar com você e Cindy.”


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