O Sol Adormecido E A Lua Crescente escrita por Angel Salvatore


Capítulo 29
Traidor


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente. Capítulos novo.
E para compensar o fato de não ter postado semana passada, esse capítulo é enorme, além de ter uma grande revelação no final. Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/210686/chapter/29

Acordei com uma dor de cabeça desgraçada. Parecia que toda a dor que eu deveria sentir pelo corpo, estava concentrada apenas ali. Reconheci a casa do Cullen, onde eu estava, e meu antigo quarto. Tudo estava exatamente como eu havia deixado, ou até mais limpo.

Ouvi a porta se abrindo e me levantei em menos de um segundo encarando a porta. Era Esme carregando uma bandeja e sorrindo.

“Como está se sentindo?”, perguntou.

Esme me lembrou novamente de minha mãe. Sempre que eu estava de mal humor ou irritada com meus irmãos Filhos da Lua idiotas, minhas mãe ia ao meu quarto com uma bandeja para que eu desabafasse ou simplesmente me abraçava e me levava para caçar. Essa história de traidor estava me afastando de todas as minhas famílias, o que me deixava muito irritada.

“Bem fisicamente. Minha cabeça está me matando.”, respondi e me sentei na cama. “Como está Seth?”

Esme estava a um passo de distância de mim, colocou a bandeja no meu colo com cuidado para não me tocar e se sentou na cama. Para ouvidos humanos, a casa estaria um completo silêncio. Mas para quem tem uma super audição estava acontecendo uma festa – ou uma confusão – lá em baixo, na sala.

Eu conseguia ouvir as vozes dos lobos Quileutes e dos Cullen. Todos falando sobre mim e Seth. Alguns falavam que a culpa era minha por Seth ter se atirado do penhasco, outros diziam que ele havia feito porque quis. Isso estava me deixando ainda mais irritada e minha dor de cabeça aumentava mais por conta do barulho.

“Seth está dormindo no quarto de Alice.”, Esme respondeu me olhando de cima a baixo. “Esse vestido ficou bom em você.”

“Vestido?”, perguntei e olhei para baixo pensando que encontraria minhas roupas rasgadas.

Enganei-me.

O vestido era verde com detalhes em rosa e se estendia até o meu joelho. Alice. Isso me trouxe uma pergunta na cabeça. Olhei para Esme que estava deslumbrada com o vestido.

“Quem me trouxe para casa?”

“Alice te carregou.”, ela disse. “Ela pensou que, já que vocês já haviam se tocado antes, não haveria mais problemas se ela tocasse de novo.”

Alice sempre encontrava um jeito para que eu relevasse as extravagâncias dela. Antes que eu pudesse responder ou agradecer Alice, Rosalie entrou no quarto com seus lindos cabelos loiros como um anjo.

“Que bom que você acordou, Léthy. Seth acordou e insisti em falar com você. Eu vim aqui lhe chamar antes que um dos lobos, ou eu mesma, o fizesse dormir de novo, mas para sempre.”, ela sorriu e Esme arregalou os olhos colocando as pequenas mãos na boca com espanto.

“Avise que já estou indo. E para ele calar a boca, ou melhor, todos calarem a boca. Estou com uma dor insuportável na cabeça e parece que tem uma festa na sala.”, eu disse colocando as mãos nas têmporas dramaticamente.

Rosalie riu baixo e saiu do quarto.

“É melhor eu ir falar com Seth, não é?”, perguntei a Esme.

Ela acenou e riu.

Virei-me em direção a porta e fui até o quarto de Alice. Quando estava chegando a porta, comecei a ouvir melhor a conversa entre os Cullen e os lobisomens na sala.

“Ela não foi culpada por Seth fazer isso.”, Bella me defendeu.

“Você não acham estranho que ela soubesse exatamente onde Seth estava?”, Jared disse.

“Ela teve uma visão!”, Emmett rosnou.

“Mas Alice não pode ter visões com lobisomens e ela pode?”, Paul perguntou.

“Sim.”, Carlisle disse. “Minha teoria é que, por ser mestiça pode ter visões tanto com vampiro como lobisomens ou mestiços.”

“Outro motivo para ficarmos de olho nela.”, Paul disse.

“Ela irá voltar para Volterra.”, Edward garantiu.

“Então ela ainda é uma Volturi.”, Jared disse.

Não vou me transformar. Não vou me transformar. Eu repetia mentalmente enquanto ouvia a conversa.

Era o cúmulo da desconfiança dizer que eu estava com os Volturi. Ainda mais falar que eu armei a queda de Seth no penhasco. O que eu ganharia com isso? Ninguém levou em conta que eu estava sob efeito do imprinting?

Lobos idiotas.

Ouvi Edward rir na sala. Ele devia estar lendo a minha mente desde que acordei. Continuei meu caminho em direção ao quarto de Alice. Quando abri a porta, vi Jacob, Sam, Nessie e Alice em pé segurando as pernas e os braços de Seth. Juro ter ouvido um suspiro de alívio quando entei.

“Desculpem a demora.”, eu disse.

Vi Seth parar de se contorcer e todos me olham aliviados. Alice veio saltitando até a minha direção.

“Você ficou linda com esse vestido, Léthy.”, elogiou.

“Você deixou a maioria do meu corpo de fora, assim todos estão facilmente expostos ao meu dom.”, reclamei. Alice recuou triste. Senti-me culpada e acrescentei: “Mas acho que fiquei bem nele e um vestido não mata ninguém.”, sorri.

Ela se animou imediatamente e me abraçou. Senti uma corrente de poder passando por meu corpo, mas não liguei.

“eu também acho que você ficou linda com esse vestido.”, Seth disse.

Virei-me para encará-lo e no segundo seguinte éramos apenas nós dois no quarto. Seth estava debaixo de um cobertor sem camisa. Pelo tom de sua voz estava bem melhor. Sentei-me em uma cadeira ao lado da cama e percebi que todos que estavam discutindo na sala calaram a boca.

Seth se recostou na cabeceira da cama e colocou uma das mãos sobre a minha. Eu a coloquei entre as minhas pequenas mãos e senti nossa troca de calor. Os olhos de Seth estavam melhores, mas ainda havia uma leve olheira presente. Levantei e me sentei na cama ao seu lado. Ele colocou o braço em meu ombro e deixou a mão por entre as minhas.

“Senti sua falta.”, eu disse e sorri. “Senti falta dos seus olhos, do seu cheiro e do seu sorriso de lobo.”

Seth sorriu meu adorável sorriso de lobo.

“Eu senti falta dos seus olhos e de suas broncas.”, ele disse.

Eu não dava bronca toda hora, só quando era preciso. Isso era quase sempre. Seth quase nunca levava as coisas a sério, com agora.

“Qual é a história?”, perguntei. “Por que resolveu pular?”

Seth desviou o olhar e fez uma careta. Não gostava de se lembrar disso.

“Quando você falou que iria embora porque aqui não era o seu lugar, me magoou muito.”, Seth disse e suspirou. “Três dias depois que você tinha ido embora, Nessie me contou de sua visão. Eu me senti culpado e queria ir atrás de você, mas os lobos não deixaram.”

Eu teria que me lembrar de agradecer aos lobos por não deixarem Seth vir atrás de mim. Era suicídio.

  “Eu pensei que se tomasse uma decisão perigosa você viria me salvar. Só não contava com a tempestade.”, Seth disse e me olhou. “Vou levar bronca, não é? Ah, cara! Desculpe, mas imprinting é imprinting.”

Eu não conseguia dizer mais nada. Ele tinha feito tudo isso para me ver. Estava com raiva, era óbvio, mas eu não conseguia demonstrar. Tudo o que eu demonstrava era o alívio de ter salvado Seth.

“E depois? Quando eu apaguei.”, precisava saber da história completa.

“Eu também não sei. Logo depois que você dormiu, o cansaço me venceu e eu apaguei. Quando acordei já estava aqui, na cama de Alice. Eu pensei que você tinha ido embora de novo e comecei a dar um ataque. Se você fosse de novo para Volterra, eu iria trás de você.”

Eu estava em estado de choque. Não conseguia dizer mais nada. Era muita loucura para uma pessoa só.

“Você sabe que isso foi loucura, não é?”, perguntei.

Seth assentiu.

“Nunca mais pense em fazer isso, entendeu?”, agora sim eu estava dando bronca.

Ele assentiu novamente.

Abracei-o. Coloquei minha cabeça em seu peito quente e enroscamos nossas pernas por cima do edredom. Ficamos em silêncio, só com o som da respiração. Era tão aconchegante ficar abraçada com Seth. Ele beijou meus cabelos e deixou seu rosto no topo de minha cabeça, respirando e dando arrepios.

Se eu não tivesse sob o efeito do imprinting, eu já estaria em Volterra resolvendo meus problemas. Levantei minha cabeça para encará-lo e vi meu sorriso lobo, mais aliviado do que feliz. Lentamente meus olhos e os dele se fecharam e nós nos aproximando. Senti sua testa tocar a minha e consegui sentir sua respiração ofegante e o coração acelerado de ambos.

“Você sabe que eu vou ter voltar a Volterra, não é?”, perguntei sem me afastar ou abrir os olhos.

Senti Seth suspirar antes de responder.

“Sei.”

“E você não vai tentar nenhuma loucura, não é, Seth?”, eu tinha que ter total certeza antes de ir.

“Não, quer dizer, sim. Ah! Não seu de mais nada. Eu vou ficar bem, não se preocupe. Aposto que os lobos e os Cullen vão fazer seu trabalho como babá, Lethycia.”

“Eu espero mesmo. Se não eu mesma te mato.”, ri baixo.

Seth me beijou. Mesmo sabendo que isso iria acontecer uma hora ou outra, eu ainda fui tomada pela surpresa. Abençoei o fato de ter esquecido o celular em Volterra ou teria que quebrá-lo caso tocasse. Beijei Seth como sempre o beijava. Minha mão estava em seu cabelo e mordia seu lábio inferior.

Mas Seth não estava fazendo como sempre. Os seus lábios estavam mais urgentes e eu sentia uma das suas mãos descendo pelas minhas costas. A sua mão parou na minha cintura, meio hesitante sobre subir ou descer mais um pouco. Ou os meus ouvidos estavam falhando ou estava ficando louca, mas jurava que não tinha ninguém no andar dos quartos ou no resto da casa. Não conseguia ouvir uma respiração que não fosse a minha ou de Seth.

Seth e eu nos afastamos com um estalo e como sempre nossos olhos estavam escuros. Eu abaixei minha cabeça em seu peito e fiquei escutando seu coração acelerado e sua respiração ficar estabilizada.

“Aquilo que você me disse sobre Alec Volturi é verdade?”

Essa pergunta me pegou de surpresa. Eu nunca pensaria que Seth perguntaria sobre Alec nesse momento tão nosso.

“Em parte sim.”, eu respondi baixo. “Ele é meu ex-namorado, sim, mas eu nunca voltaria para ele depois que eu conheci você. Como você mesmo disse, imprinting é imprinting.”, eu ri.

Senti Seth pousando seu queixo no topo da minha cabeça. Eu sabia que seria difícil nos separarmos, mas não seria impossível. Eu suspirei. Teria que morar sob o mesmo teto que Alec, Jane, Demetri, Felix, Aro, Caius e Marcus. Só o que me fazia voltar era o meu pequeno segredo.

“Quando você volta a Volterra?”, Seth perguntou.

“Amanhã.”, respondi. “Vou ficar um ou dois meses, mas não se preocupe comigo. Só com você.”

“Eu não tenho que me preocupar comigo, só com você e aquele vampiro desgraçado do Alec.”, senti Seth tremer e rosnar um pouco. “Se ele tentar algo você...”

“Você não vai fazer nada.”, o interrompi.

Não conseguia imaginar Seth tentando enfrentar Alec. Iria ser doloroso. Iria ser horrível. Eu me senti tremer. Seth também sentiu e me abraçou mais forte como um abrigo. Ele beijou o topo da minha cabeça e pegou uma mecha do meu cabelo com os dedos, suspirando.

Como eu havia pensado antes, seria difícil me separar novamente de Seth, mas não seria impossível. Fui para Volterra pela manhã depois de tomar café da manhã – e desgrudar de Seth. Mesmo que corresse muito só chegaria em três dias ou mais e além disso eu não estava com pressa.

Sentia falta de Alma e de minha família. Com certeza preferia lá a Volterra, mas não tinha escolha. Eu iria libertar Cindy e nós iríamos conseguir morar juntas como uma família. Levei três dias para chegar a Volterra. Atravessei o mesmo caminho até a recepção.

Ao invés de ir para a sala principal, fui ao quarto de Cindy para visá-la sobre a minha chegada. Enquanto andava nos corredores escuros de Volterra não encontrei nenhum Volturi, nem mesmo Heidi, nem Alec. Era muito estranho, mas eles deveriam estar em uma reunião.

Dei de ombro para o silêncio e continuei andando. Cheguei a porta de Cindy me lamentando por não ter a chave e ela, certamente, deve está trancada. Talvez Alec estivesse dentro do quarto a vestindo ou conversando com ela. Bati na porta, mas ninguém atendeu, por mais que eu pudesse escutar que tinha alguém lá dentro.

Cindy estava sozinha e assustada. Toquei na maçaneta e me surpreendi com a porta abrindo. Cindy estava agachada, pronta para atacar qualquer inimigo que passasse pela porta. Assim que ela me viu, relaxou. Em menos de um segundo eu já estava ao seu lado, abaixada e olhando em seus lindos olhos vermelhos assustados.

Cindy me abraçou com cuidado para não me encostar e pude ouvir seu choro sem lágrimas. Afastei-a e pude perceber que estava tremendo e senti um mau pressentimento. Nunca havia visto Cindy com tanto medo. Onde estava Alec?

“O que aconteceu, Cindy?”, perguntei me mantendo alerta a qualquer tipo de perigo.

“Tia Léthy, eu estou com medo.”, ela tremeu novamente.

“De quê?”, estava ficando cada vez mais preocupada.

“Tem um lobisomem aqui. A minha mente dele é sombria. Ele me dá muito medo. Tia Léthy não deixa ele entrar aqui, por favor.”

“Tudo bem.”, disse confusa. “Tem certeza de que é um lobisomem? Um lobisomem verdadeiro?”

“Não, tia Léthy.”, ela respondeu balançando a cabeça. “É um transfigurador, eu tenho certeza. O cheiro dele é ruim, tão ruim quanto os seus pensamentos.”

Eu tremi junto com Cindy e me levantei. Senti minha criança puxando a minha mão para que eu ficasse com ela, a protegendo.

“O tio Alec pediu para que você ficasse comigo, tia Léthy.”

“Tudo bem, Cindy. Eu vou avisá-los que eu cheguei e vou voltar.”, soltei minha mão e fui correndo para a porta. Virei-me para olhá-la e dei uma piscada. “Não se preocupe comigo. Voltarei logo.”

Cindy assentiu e eu saí do quarto.

Um lobisomem em Volterra?

Tinha alguma coisa muito errada e eu sabia que esse mau pressentimento não era à toa. Estava deixando algo importante passar, só não lembrava o que era. Corri para a sala principal o mais rápido que pude. Todos estavam reunidos com seus mantos cinza a não ser Alec que estava com um terno preto. Ele me encarou e foi para a minha frente. Tirando Alec, Heidi e Demetri, ninguém havia notado a minha presença na sala.

“O que você está fazendo aqui, Lethycia?”, Alec sibilou. “Era para você estar com Cindy.”

Ignorei o seu comentário e vi Aro, Caius e Marcus sentados em frente a um homem. Esse homem estava usando o mesmo manto cinza que a guarda Volturi. Ele era alto, forte, tinha os cabelos castanhos avermelhados da mesma cor que o meu. Respirei fundo e senti o cheiro de lobisomem.

Mesmo Alec tampando parte da minha visão, eu ainda pude reconhecê-lo. Eu não confundiria o seu cheiro em lugar algum. Afastei-me de Alec e dei um passo a frente. Todos me olharam. Todos, menos o homem. Continuei andando até ficar a menos de um metro dele.

Naquele momento senti meu coração se despedaçar em vários pedaços. Aro sorriu solenemente para mim acompanhado de Caius, mas o dele era de vitória diante de minha dor. Todos na sala continuaram em silêncio enquanto eu continuava parada nas costas do traidor esperando que ele me olhasse. Suspirei e consegui ouvir seu riso.

   Isso me encheu de raiva.

“Luiz, seu traidor.”, rosnei.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Sol Adormecido E A Lua Crescente" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.