– O que? – Ana perguntou olhando para mim.

– Ham? – Falei me virando para ela.

– Você disse: “Finalmente a sós”. – Ela falou rindo, e que risada perfeita. – O que isso significa? – Ela levantou a sobrancelha.

– Significa que eu poderei te conhecer melhor! – Falei totalmente improvisando.

Ela sorriu, e eu me aproximei dela.

– Mas e então, o que quer saber sobre mim? – Ela perguntou.

Pensei um pouco, fiquei olhando para ela, que ficava linda a luz da fogueira, e percebi que ela havia trocado de roupa, ela estava usando um short jeans, uma camiseta preta de malha com o desenho de uma caveira e uma sapatilha preta da cor da blusa.

– E então, vamos lá Sherlock o que quer saber? – Ana falou irônica.

– Ham... Quantos anos têm? – Perguntei, me lembrando de que nem sabia da idade dela.

– 16 anos... E quatro meses. – Ela falou contando tentando não olhar diretamente para mim.

– Quatro meses... – Pensei um pouco. – Que dia é o seu aniversário? – Perguntei.

– Dia 8 de outubro. Mas porque quer saber sobre mim? – Ana perguntou.

– Sei lá, você é uma garota bem misteriosa, queria te conhecer, sabe, saber um pouco mais sobre você. – Falei um pouco envergonhado.

Eu não era assim, mas sei lá, quando eu estava perto da Ana, era como se eu voltasse a ser aquele Nico de onze anos, que amava mitologia, e era muito tímido.

– Saber sobre mim... – Ela repetiu as minhas palavras mais devagar, parecia analisá-las. – Ok, minhas comidas preferidas são pizza e chocolate, as minhas cores favoritas são preto, vermelho e azul. – Ela respirou e continuou. – Amo o Green Day, Adele e Coldplay, mas também gosto de algumas músicas Pops, ah, acho o Josh Hutcherson o maior gato, adoro pessoas loucas, gosto das séries Friends, Pretty Little Liars e The Vampire Diares e meu filme favorito é Jogos Vorazes.  – Ela sorriu, depois de despejar essas informações.

– Uau. – Falei tentando pegar as informações. – Gosta de Friends? E Jogos Vorazes? – Perguntei chegando mais perto dela.

– Sim, adoro assistir a reprise de Friends, e claro quem não gosta de Jogos Vorazes? – Ela falou, seu tom era quase hesitante.

– É o melhor filme do ano! – Falamos juntos e começamos a rir desesperadamente.

Depois de rirmos feito loucos, eu comecei a fazer cócegas nela, que começou a rolar no chão de tanto rir, depois de rirmos tanto, nos deitamos no chão e ficamos olhando as estrelas, que estavam lindas.

– É estranho né? – Eu falei virando para ela, e vi que ela olhava para mim.

– É, nem parece que nos conhecemos há um dia. – Ela falou sorrindo. – É como se fossemos amigos de décadas.

– Ou de vidas passadas... – Falei sorrindo ironicamente.

– Você acredita nisso? – Ana perguntou, olhando nos meus olhos.

– Bem... – Eu iria responder, mais fui interrompido por alguns barulhos. – O que é isso? – Perguntei me levantando e estendi a mão para Ana e ela pegou.

O – Não faço... Sleeper! – Ana gritou então o cachorrinho saiu correndo do meio do mato e pulou nos braços dela. – Mas o que você está fazendo aqui! – Ela falou olhando para o cachorro.

Sleeper não estava mais sujo de tinta, na verdade, ele estava todo branquinho e com uma coleira roxa, e eu acabei percebendo que havia um papel preso nela.

– Ana tem um papel aqui... – Falei tirando o papel da coleira.

Era um papel roxo, e nele estava escrito com uma letra perfeita e em caneta prateada: “Ana Della Fiore, venha já para a casa grande mocinha! Assinado: Dionísio”.

– Ham... Acho melhor você ir para a casa grande! – Falei, depois de ler o bilhete em voz alta.

– É não quero arrumar mais encrenca com o meu querido avô! – Ela falou sarcástica. – Bem, nos vemos amanhã? – Ela perguntou.

– A sim, depois do café passe na Arena. – Falei, ela deu um beijo no meu rosto e foi embora junto com Sleeper.

(P.V. Ana)

Aqueles haviam sido os melhores vinte minutos da minha vida, mas claro que alguém tinha que estragar isso, ou melhor, o meu avozinho, carrancudo.

Eu estava indo para a casa grande, aquele acampamento ficava tão sinistro de noite, bem, quando eu cheguei, adivinhem quem estava me esperando? Se você disse um pocotó e um cara com cabelos de uva acertou! E seu premio é uma bala que eu achei no meu bolso, (eu acho que é uma bala, sei lá).

– Ei, cabelo de uva é o seu avô! – Dionísio gritou. Depois ele começou a pensar e falou. – A esquece!

Olhei para Quíron que ria descontroladamente, pocotós são lelés da cuca.

– Epa! – Ele falou parando de rir. – Lelés não! Eu sou um centauro muito sábio, Senhorita Fiore! – Ele falou olhando para mim, mas que desgraça até o cavalo sabe ler mentes, que injustiça de país! – Sim eu ser ler mentes! E para de me chamar de pocotó! – Ele ordenou.

Eu vou ter que começar a controlar meus pensamentos, porque do jeito que esta ta difícil!

– Ok, mas por que vocês me chamaram? – Falei.

– Porque já soou o toque de recolher, e falar nisso, a onde a senhorita estava? Há Harpias pelo acampamento, não é seguro ficar andando por ai! – Falou o cabelo de uva, todo vermelhinho.

– Eu estava passeando no bosque, enquanto o seu lobo não vem! – Cantarolei, e Dionísio ficou mais vermelho.

– Bom, chega de discussão. Tome Ana! – Falou Quíron, me entregando um cobertor e um travesseiro. – Venha conhecer os seus... Aposentos. – Ele falou o que me deixou com medo.

Seguimos para o ultimo andar da casa grande, que literalmente era GRANDE, bem, de fato eu iria dormir no sótão, Quíron puxou uma portinha do teto, e uma escada apareceu, ele me fez subir ela. Aquele era um lugar muito estranho, havia várias relíquias de batalhas ou presentes dos Deuses, muita poeira e um colchão no meio dessa bagunça.

– Pronto, aqui... – Quíron falou arrastando o colchão até o centro do quarto. – É a onde você vai dormir. – Ele sorriu, e eu olhei bem para aquele lugar, tudo bem, só uma noite, isso é fácil!

– Ah! E tome. – Dionísio falou me entregando uma lanterna. – Você vai precisar.

Eu me sentei no colchão, que era bem desconfortável, liguei a lanterna, e fiquei esperando Dionísio e Quíron saírem.

– E uma ultima coisa... – Falou Dionísio antes de fechar a porta. – Tenha cuidado com os morcegos.

A mais é claro, ele tinha que piorar as coisas, aquele cabeça de vinho, ah que coisa, não basta dormir num sótão sombrio e sujo, tinha que piorar, tinha que colocar morcegos no meio. Olhei para Sleeper, que já estava dormindo no cantinho do colchão, ele sim é feliz.

Como não havia outra coisa para fazer, me deitei no colchão e com um pouco de esforço acabei caindo no sono.

[...]

Eu estava sentada em uma pista de skate, estava usando um short jeans escuro, com os bolsos para fora, uma blusa branca com a bandeira da Inglaterra e um coturno marrom.

Observei bem o lugar, e de longe podia se ver o Big Ben, sim, eu estava em Londres, mesmo em sonho, aquele lugar era incrível.

– É esse lugar é incrível mesmo! – Falou alguém, me dando um susto. – Ou, me desculpe, não queria assustar uma garota tão linda!

Olhei para o autor da voz, e ai meus Deuses! Que gato, loiro dos olhos azuis, ele estava usando uma camiseta branca que definia seus músculos, uma calça jeans que mostrava a beirada da sua boxer preta e um tênis.

Ele me olhava, e do nada começou a rir, e que risada encantadora.

– O que foi? – Perguntei. – Não vai me dizer que você lê mentes? – Falei arregalando os olhos.

– A sim, eu leio mentes... – Ele falou parando de rir. – Que tipo de Deus não lê mentes?

Eu arregalei ainda mais meus olhos, Deus? Ok, ele parecia muito com o Harry e a Dannyh, mas ele era muito novo, aparentava ter 18 anos, para ter algum filho.

– A sim, os Deuses podem escolher a aparecia que querem. – Ele falou, de novo lendo a minha mente. – Ah e eu sou Apolo, Deus do Sol, das profecias e da medicina. – Ele falou se sentando ao meu lado.

– Ok, isso é um sonho, e logo eu vou acordar. – Falei olhando para o lindo Apolo.

– Não é apenas um sonho Ana, é como se você estivesse em dois lugares. – Ele explicou. – Seu corpo está lá no acampamento dormindo, mas seu espirito está aqui em Londres. – Ele piscou.

– Ok, então porque eu estou aqui? – Perguntei.