(PV. 3ª pessoa)

– Avião?

– Não.

– Carro? – Ana perguntava.

– Teríamos que roubar um, não tem dinheiro para o combustível e demoraria mais, além de que chamaria muito a atenção dos monstros. – Filho de Hades respondeu.

Todos estavam na entrada do acampamento. A grande maioria estava sentada debaixo do pinheiro de Thalia, entediados, esperando a discussão de Ana e Nico dar em algum lugar.

– Pelos Deuses, de avião é bem mais rápido e simples! – Ela falava mais uma vez. Ambos discutiam o meio mais convencional de viajarem.

– Entenda uma coisa Fiore! – Nico já estava irritado, tentava explicar que de maneira alguma viajaria de avião. – Zeus odeia a mim, odeia a Milly! Não há motivo para viajarmos pelo céu, a menos que queriam morrer! – Praticamente colocou o seu dedo indicador no peito da garota.

– Olha como fala comigo, seu mal comido! – Ana esbravejou.

– Pode ter certeza, que a mal comida aqui é você. – Nico contra-atacou, já se dando como vencido daquela pequena discussão.

– Quer saber Nico? Pode ter certeza que eu sou mal comida. Porque o único que me comeu, foi você. – Ela disse estridente. Ouviram-se alguns suspiros de surpresa, e até mesmo de zoação.

– Talvez se você não tivesse gemido o nome do Harry! – Ele gritou com raiva.

Ana olhou ao redor, vendo seus amigos a olharem com certa repulsa. Sem saber o que dizer, decidiu sair dali, correndo para fora do acampamento.

– Ana... Eu... – Nico tentava reverter à situação, mas quando viu a garota correr, simplesmente sentou no chão.

[...]

(PV. Ana)

Correr. Era o meu mantra. Tinha tanta coisa na minha cabeça, tantos problemas, poucas soluções. Mas pra que pensar? Posso deixar minhas pernas me levarem a qualquer lugar.

Enquanto corria, a única coisa que via era o vasto verde, tudo ao meu redor era mórbido, fora do acampamento, sem o controle de clima que a fronteira exercia, estava chuvoso. O barro escorregadio, não ajudava muito.

E o esperado aconteceu, eu caio. Não tendo força e nem vontade para me levantar. Fiquei ali sentada, olhando para o céu, e lembranças me vieram.

Flashback [on]

Eu corria entre as poças, de vez em quando pisando nelas, para ver a água saltar. Minhas botinhas e minha capa de chuva vermelha estavam sujas de lama. Escondi-me atrás de uma árvore, esperando não ser achada.

Olhei para o lado, com expectativa.

– Achei. – O ouvi dizer, me fazendo saltar, e sair correndo.

– Nunca vai me pegar! – Gritei rindo, vi-o correndo atrás de mim.

Estávamos no meio da floresta, eu tentava desviar das arvores. Até que olhei para frente e vi uma grande ladeira, parei imediatamente. Mas ele veio correndo, nós trombamos e saímos rolando ladeira abaixo, nos sujando ainda mais.

Quando finalmente paramos de rolar, eu estava sendo abraçada pelo meu amigo.

– Ta tudo bem? – Perguntou preocupado. Eu apenas assenti.

– Maninho! – Ouvi uma voz fina de D. gritar, e a cabeleira loira surgir.

– Ana! – Ouvi a voz do meu pai. – Ana! Ai está você! – Falou aliviado, vindo com D. em seu alcanço. – Vocês me preocuparam.

– Desculpa tio Oli, a culpa é minha. – Meu amigo dizia a papai.

– Tudo bem, mas está na hora de eu e Aninha irmos. – Respondeu, e nós começamos a murmurar em negação. Estava tão divertido.

– Aninha fica. – Pediu meu amigo. – Vai Aninha! – Olhei para seus olhos azuis pidões. – Ana... – Sua voz dizia, só que mais grave.

Flashback [off]

– Ana! – Mãos grandes me balançavam. – Ana. – Falou mais uma vez, me fazendo acordar de minhas lembranças... Ou quase, porque eu jurava estar olhando para aqueles olhos azuis.

– Harry? – Falei ainda confusa.

– Pare de sair correndo, ok? – Pediu, se sentando ao meu lado no barro, ofegando. Olhei para ele, e comecei a rir. – Se ta bem?

– To, é só que você me lembrou uma pessoa. – Falei parando de rir e me levantando. O ajudei a levantar. – Você tem que fazer uma dieta urgente!

– Ta me chamando de gordo? – Harry falou levantando a sua sobrancelha, enquanto a gente caminhava para se juntar ao resto do pessoal;

– Pesado. Mas é basicamente isso. – Falei cutucando a barriga dele.

– É melhor você ser bem rápida agora, ou eu vou te matar! – Ele falou vindo para cima de mim, e eu comecei a correr de novo.

E naquele momento eu era novamente, aquela garotinha de 5 anos.

[...]

(PV. 3ª pessoa)

Danielle estava satisfeita, a missão não poderia vir em hora melhor. Finalmente seus planos poderiam funcionar, afinal nunca virá Nico tão abalado. E sempre que ele e Ana brigassem, ali estaria ela para consolá-lo. Como fazia agora.

– Calma Nico, como eu disse antes, ela não te merece! – Adorava plantar a discórdia entre o casal, começava a pensar se ela também não era descendente do tal grupo de Éris.

– Eu a amo, Dannyh! – O garoto disse em lamúria.

Risadas altas puderam ser ouvidas, fazendo a loira percorrer os olhos pela entrada do acampamento, achando um álibi em questão.

– Tem certeza Niquinho? – Disse apontando para a morena que corria feliz. – Porque me parece que ela corresponde. – Era possível sentir o veneno em cada palavra dela.

Nico levantou a cabeça e a viu, um sorriso brotou em seus lábios vendo o quando ela estava feliz, porém quando viu a causa de sua felicidade se sentiu estranho, era como se ele fosse um mero telespectador torcendo por seu personagem favorito.

– Vamos galera? – Jake passou perto dos amigos carregando várias malas, logo atrás Seth no mesmo estado, junto Milly e Renata que conversavam animadamente.

Harry foi ajudar os amigos, e Ana foi à busca de suas amigas. Nico e Dannyh se juntaram ao grupo.

– Temos uma longa viagem pela frente. – Seth falou quando chegaram ao ponto de ônibus.

Haviam decidido quer iriam de ônibus até Ridewood para poderem pegar um trem até Montreal no Canadá, depois disso voltavam à estaca zero. Mas eles ainda tinham mais de 13 horas para decidir o que fazer e como fazer.

[...]

Algum tempo depois, aproximadamente 1 hora, todos que se acomodavam no ônibus estavam dormindo. Seth havia se sentando com Harry, e estava dormindo um em cima do outro. Nico e Jake tentavam não encostar um no outro, mas quando adormeceram encostaram um no ombro do outro. As meninas que ficaram com os bancos no fundo, que eram os quatro últimos, dormiram largadas. Ana deitada nas costas de Renata que estava deitada no colo da Milly, que jogara a cabeça para trás e praticamente babava. A única que não se encaixava naquele meio, que dormirá enroscada as pernas, era Danielle, não trocou uma palavra se quer com elas, e nem tentaria se aproximar das garotas se dependesse dela.