– Dos Dois? – Renata gritou arregalando os olhos. Engoli a seco e assenti. – Você não pode gostar dos dois! Você tem que gostar de um só! E esse um só é o Nico! Ele é doce e lindo e o Harry só é um chato de galocha! Então nada de sair por ai beijando ele! – Ela continuou gritando.

– Renata! – Milly atrapalhou o discurso. – Você não pode dizer quem a Ana pode beijar ou não!

– Porque não? – Renata perguntou cruzando os braços.

– Por três motivos. – Milly começou a contar nos dedos. – Primeiro, quem manda no coração dela é ela! Segundo, provavelmente tudo isso que está acontecendo é culpa da Afrodite, que adora brincar com o coração das pessoas! E terceiro, quem é você pra falar quem ela pode ou não beijar? Você é a menina mais galinha que eu já conheci nessa vida! – Ela falou, deixando Renata com cara de tacho.

Por isso eu evitava brigar com a Milly, ela tem um jeito adorável de jogar seus defeitos na sua cara e ainda sair por cima.

– Gente, vamos voltar para o meu problema? – Perguntei, tentando não deixar o clima tenso.

– Tem razão... – Renata falava até ser interrompida pelo som de uma concha.

– Hora do Café! – Falei, sai andando e elas me seguiram.

[...]

Chegamos ao pavilhão, eu estava em crise, não queria entrar e encarar Nico e Harry, mas as lindas e maravilhosas (Sentiram a ironia?)amigas que eu tenho, estavam tentando me arrastar para dentro.

– Renata! Milly! Não! – Gritei enquanto ela e Milly me puxavam para dentro.

– Você não pode fugir! Uma hora vai ter que encarar eles! – Milly falou com um pouco de esforço, já que estava quase se matando para me empurrar pra dentro.

– Eu não to fugindo, só quero me esconder por um tempo indeterminado! – Falei tentando me soltar daquelas malucas.

– Ai eu cansei! – Renata falou me puxando com força para dentro, digamos que ela conseguiu (Lê-se: Nós três caímos no chão feito jaca madura, dentro do pavilhão!).

– Ai sua peste! – Milly reclamou se levantando.

– Ué era o único jeito! Mas pelo menos, ela entrou! – Renata respondeu se referindo a mim, claramente.

Me levantei mais rápido que o The Flash e fui me esconder atrás de Seth e Jake, que tinha acabado de entrar no pavilhão.

– O que ta fazendo? – Jake perguntou, me olhando como se eu fosse o maníaco da serra elétrica.

– Apenas me escondendo do Nico e do Harry! – Falei sorrindo, ele fez uma cara de ‘Ah, vou fingir que entendi’.

– Por que ta se escondendo deles? – O curioso do Seth perguntou.

– A sabe, é... Você não precisa saber! – Falei brava.

– Ok! Parece que alguém está de TPM por aqui, e não sou eu e nem o Jake! – Seth disse e eu bufei.

– Por acaso eles estão por aqui? – Perguntei olhando por cima do ombro do Jake.

– Sim! Estão conversando e olhando para cá. – Seth começou a narrar.

– E agora, estão vindo para cá! – Jake falou, me fazendo arregalar os olhos.

– Qualquer coisa que eles falarem sobre eu beijar eles, É A MAIS PURA MENTIRA! – Gritei e sai correndo (Deu pra perceber que eu amo correr, né?).

Sai correndo sem olhar para onde ia, e acabei trombando com os dois príncipes da Gostosolândia! Já me disseram que correr nem sempre é a melhor solução, eu nunca acreditei nisso, pelo menos até agora.

– Merda! Cadê os meus poderes quando eu preciso? – Falei olhando para Harry e Nico, que me encaravam bravos.

– Como você pode beijar ele? – Os dois gritaram juntos, apontando um para o outro.

– Olha veja bem... – Eu tentei, eu juro que tentei, mas ELES NUNCA ME DEIXAM TERMINAR UMA FRASE!

– Como pode? Ele é o meu melhor amigo! – Os dois falaram juntos.

– Vocês estão treinando ou o quê? Vivem falando juntos! – Reclamei. – Ok, o que eu fiz foi errado! Mas qual é! Vocês são dois gatos maravilhosos! Estavam dando bola para MIM! E A CULPA É DA AFRODITE!

Eu realmente estava ferrada, VALEU MESMO AFRODITE! Sem contar o fato que praticamente todos que estavam no pavilhão, estavam olhando para mim com cara de descrença e cochichando entre si.

– Campistas! Campistas! – Quíron gritou entrando, mas ninguém deu atenção.

– CALEM A BOCA SUAS PESTES! – Dionísio gritou, todos se calaram e olharam para ele.

– Bem, como todos perceberam temos novas campistas! – De repente o murmúrio voltou. – Então quero que deem as boas vindas a elas! – Quíron gritou e todos bateram palmas.

De repente todo mundo arregalou os olhos e ficaram olhando para mim e as meninas.

– O que, me cabelo ta bagunçado? – Renata perguntou olhando para cima. – Ah MEU PAI! Que troço é esse na minha cabeça?

Era um tipo de holograma de uma chama, na Milly também havia um holograma, só que era um tridente e na minha cabeça um holograma de uma flor, igual a do meu anel.

– O que é isso? – Milly tentou tocar, mas o holograma desapareceu.

– Filha de Poseidon? Mas ele jurou! – Quíron murmurou.

– Como Hestia pode? – Dionísio falou abismado.

– A qual é? Alguém pode me dizer que porra ta rolando aqui? – Perguntei nervosa.

– Você é filha de Perséfone! – Nico falou espantado.

COMO ASSIM! Perséfone, a madrasta do Nico, então ele é o meu meio irmão? Que merda é essa? Eu beijei ele! MALDITA AFRODITE! EU VOU TE MATAR!

– Perséfone? Minha mãe? – Comecei a rir de desespero. – Mais que DROGA! Eu sinceramente odeio essa minha vida! PORQUE EU TINHA QUE SER SEMIDEUSA? POR QUÊ? – Gritei fazendo drama (Sim eu AMO um drama!).

– SE CONTENHA MULHER! – Renata falou dando um tapa na minha cara.

– Valeu! – Falei me recompondo.

– Mas vem cá, que Deus ou Deusa essa chaminha representa? – Renata falou, ela nunca foi boa para lembrar-se das coisas.

– É o símbolo de Hestia! – Quíron falou, ele parecia estar com MUITO medo.

– Mas a Hestia não tinha jurado virgindade perante a Zeus? – Milly falou confusa.

– Sim, mas parece que ela não cumpriu o juramento... – Seth falou brincando.

– Perai! E o tridente não é o símbolo de Poseidon? Ele não tinha jurado que não teria mais filhos depois da Segunda Guerra Mundial? – Perguntei.

– Tinha, mas esse trato já se quebrou há algum tempo. – Jake falou sorrindo.

– Por Zeus, acha que são elas Quíron? – Dionísio cochichou a Quíron.

– Não a duvidas! – O pocotó respondeu. – Ave, Renata, filha de Hestia, Deusa da fogueira, do lar e dos laços familiares. – Todos se ajoelharam. – Ave, Milly, filha de Poseidon, Deus do mar, dos terremotos e dos cavalos! E ave, Ana, filha de Perséfone, Deusa da terra e da agricultura, e neta de Dionísio, Deus do vinho e das festas.

Todos continuaram ajoelhados, alguns olharam para Dionísio, outros para mim e as meninas. Mas minha cabeça só prestava atenção em Nico, que ainda tinha os olhos arregalados.

– Ser o meu meio irmão e ter me beijado, é tão ruim assim? – Perguntei a ele.

– Não, é pior! – Ele respondeu.