Not Insane escrita por AnneLice


Capítulo 2
Capítulo 2




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Outro mês perdido. As coisas nunca mudavam, nada melhorava. Apenas a mesma rotina: acordar, olhar pela janela, comer, conversar com Jack, comer mais e dormir. Depois de algum tempo, isso ficou tremendamente cansativo. Se antes eu já não fosse considerada louca, agora eu estava me tornando uma. Eu estava cansada de ficar trancada no mesmo quarto, dia após dia, longe da realidade, esquecida pelo resto do mundo, apenas sobrevivendo, enquanto o mundo estava cheio de possibilidades lá fora. Eu desejava desesperadamente poder sair. E o único jeito de isso acontecer era com uma pequena ajudinha.

–Jack, eu preciso sair daqui, eu estou ficando louca! Não que eu realmente esteja louca, não foi isso o que eu quis dizer... Por favor! Aqui é entediante, e isso não está ajudando as minhas visões. Eu nunca vi o mundo lá fora, e você é o único amigo que eu já tive. Me ajude! -Eu estava implorando, e fazendo minha melhor cara de dó. Isso não iria ajudar, ele era muito difícil de se convencer, mas eu estava tentando com todas minhas forças.

–Não posso fazer isso Mary, é contra as regras. -Ele queria me ajudar, mas não podia. Sua consciência nunca deixaria.

–Ninguém precisa saber. Só uma saidinha, pela tarde. Ninguém nunca vem me ver mesmo, não vão reparar. E você pode falar que está doente e precisa da tarde de folga.

–Mary, não me faça fazer isso. Você sabe que eu adoraria passear com você, mas não podemos.

–Você é um enfermeiro mau. Você sabe que isso poderia me ajudar. Ajudar com as visões. Esse não é o objetivo desse sanatório? Minha cura?

–O mundo é perigoso lá fora, eu nunca me perdoaria se acontecesse algo a você. Existem coisas nesse mundo que você não conhece. Perigos ocultos. Você não está pronta para enfrentá-los. Não agora. Preciso te proteger, esse é o meu objetivo. Preciso checar os outros pacientes agora Mary. Não faça nenhuma idiotice, por favor. -Ele disse como um aviso, como se tivesse escondendo um segredo. Acariciou meu cabelo e se dirigiu para a porta.

–Pare de me chamar de Mary. Essa era a maneira que meus pais me chamavam, e eles não estão aqui agora. Me abandonaram. Acho que o motivo de eu estar aqui não é a cura, e sim os meus pais que não me quererem mais como filha. Eles nunca quiseram. Quem iria gostar da garota louca? Eu sou um desperdício de espaço. -Eu comecei a chorar.

–Não diga isso Alice. Eu gosto de você. Você é a garota mais gentil, amável e doce que eu já conheci. Tenho certeza que seus pais adoram você.

–Eles não estão aqui. Eu estou sozinha. Sempre sozinha. Minha vida é um desperdício. Vá Jack. Vá checar os pacientes. -Me enterrei na cama e puxei os lençóis até meu pescoço. Essa crise existencial iria durar um bom tempo.

–Se anima Alice. Seus pais estarão aqui logo. Eles te amam, só não demonstram isso. -Ele se aproximou, mas manteve uma distância segura.

–Eu não acredito nisso. Não acredito que alguém goste de mim.

–Alice, você não é assim. Você é um raio de sol nesse lugar cheio de trevas. Você é a luz. Agora volte a ser você mesma. Coloque um sorriso nesse rostinho e acredite, tudo vai melhorar.

Ele se foi. E eu fiquei assim deprimida por mais três dias. E então uma surpresa: minha família veio me visitar. Até mesmo minha irmãzinha de seis anos Cynthia e seu gato. Meus pais pareciam totalmente deslocados nesse lugar. Minha mãe, Charlotte Brandon, toda arrumada e perfumada, com chapéu e seu melhor vestido, estava em pânico de ser vista num lugar como esse. Ela veio e me deu um abraço rápido.

–Mary querida, o sanatório está sendo bom pra você? Você não quer voltar pra casa, não é mesmo? Olha que lugar lindo. E você está radiante. -Ela estava morrendo de medo da minha resposta ser: "sim mamãe, quero voltar para casa, para aquele porão imundo e para aquelas pessoas maldosas, voltar a ser maltratada, viver um inferno, e voltar a te envergonhar." Mas é claro que eu não iria dizer isso. Eu odiava aquela casa.

–Estou ótima mãe. O que vocês estão fazendo aqui?

–Estamos visitando nossa filha amada. Não é obvio? Afinal nos importamos com o seu bem estar.

–Vocês já vieram, agora podem ir embora. Não quero incomodar vocês com meus probleminhas. -Falei sarcasticamente, mas eles ficaram felizes com a possível saída daquele lugar. Apenas minha irmazinha Cyntia ficou triste.

–Mary, sinto sua falta.

Dei um abraço na minha irmazinha. Ela era tão linda e pura. Uma pena ter que viver com meus pais. Eu a amava tanto. Ela tinha uma pele tão branca e um cabelo negro cheio de cachinhos, parecia uma boneca. E eu nunca mais a veria novamente.

–Te amo pequena. Também sinto sua falta.

–Agora vamos indo. Se cuida, Mary. Nós te amamos.

–Adeus família. -Fiquei vendo o carro se afastar. Uma tragédia aconteceria, mas eu não conseguia enxergar exatamente o que.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem. Esse capítulo saiu depressivo, mas eu precisava mostrar uma Alice frágil e deprimida.