POV Severo:

Senti meu corpo dolorido e com dificuldade eu fui abrindo os olhos. Não me lembrava bem da noite anterior, devo ter bebido realmente além da conta, tudo culpa do “Trio de Ouro” da Grifinória. Potter havia se metido em encrenca de novo com Umbridge ou algo do tipo.

Resolvi levantar e tomar uma poção de ressaca, mas o que vi ao levantar a cabeça me deixou sem reação. Uma mulher estonteante, com belas curvas, de costas pra mim, debruçada no meu guarda roupa vestindo apenas roupas intimas. Os cabelos volumosos me lembraram alguém... Hermione Granger. O que eu fiz ontem à noite?

–O que faz vestida desse modo em meus aposentos senhorita Granger?!

Ela se virou e seu rosto expressava sua surpresa, alegria e emoção.

–Severo! – ela veio se sentar ao meu lado escondendo a expressão amedrontada.

Me levantei de um pulo e vi o mundo rodar, minha cabeça pesou e eu teria ido ao chão se a pequena moça não tivesse me segurado e me ajudado a sentar.

–Não preciso de sua ajuda Granger – disse mal humorado notando seu corpo naquelas poucas vestes tão próximo a mim, eu perderia a cabeça a qualquer momento desse jeito – e faça o favor de se vestir garota!

–Deixe de ser cabeça dura ao menos agora Severo Snape – seus olhos marejaram – como está se sentindo? Tonto? Enjoado?

–Estou perfeitamente bem, agora trate de responder o que faz nos aposentos de um professor.

–Ah, Merlim! – ela deixou uma lagrima escapar – você não se lembra mesmo. Fique quietinho aqui Sev... Digo, professor, vou chamar Madame Pomfrey.

A garota me deixou na cama e correu pra lareira, não escutei muito bem o que disse, mas ela já havia me dito o que iria fazer. Enquanto a medi bruxa não aparecia ela tirou um vestido do meu guarda roupa e se enfiou nele. Eu não consegui reprimir o ódio por mim mesmo, o que raios está acontecendo?

–Ah! Severo! Q eu bom que acordou! Senhora Snape seu pai pediu para avisá-lo caso isso ocorresse, chame-o pela lareira, sim?! Enquanto isso vou fazer uns exames e então a senhora precisa descansar, já que passou tantas noites em claro cuidando desse teimoso e das crianças. Tome um chá e amamente os bebes antes de voltar, sim?

–Tudo bem, mas há algo que preciso dizer...

–SENHORA SNAPE?! Que droga tá acontecendo aqui?!

–Como assim Severo? Olhe o palavreado! Ela é sua esposa e mãe de seus filhos, merece respeito e por ser casada com você carrega seu nome, nada mais natural.

Paralisei com essas informações, estava em choque e pude ouvir apenas palavras desconexas da conversa delas que não me fizeram sentido algum.

Depois que Granger saiu do quarto a medi bruxa me lançou uma serie de feitiços de cura e diagnóstico enquanto murmurava pra si mesma sobre como era triste eu não me recordar da minha família.

Graças a Merlim não fiquei sozinho com ela muito tempo e logo Alvo apareceu.

–Severo! É bom ver que você acordou meu filho!

–Alvo! – respondi saindo de meu torpor – essas bruxas enlouqueceram! Estão dizendo que estou casado com Hermione Granger e que temos filhos – fiz uma careta – isso não é possível, visto que até ontem mesmo ela e aqueles dois inconsequentes que chama de amigos estavam aprontando com Umbridge novamente.

–Elas não estão loucas meu caro, acontece que isso tudo realmente aconteceu, mas você foi atingido por uma das maldições de Bellatrix e não se recorda. Verá que não tem como negar que as crianças são suas. – o velho sorriu como se estivesse comentando sobre as belas flores da primavera. – Por falar na sua bela família, acho que estão nos aguardando.

Alvo se retirou do quarto deixando a porta aberta sem me dar chance de responder. Eu pude ver perfeitamente Hermione, Black e uma mulher próximos a um carrinho de bebe onde um casalzinho dormia tranquilo e um outro menininho reclamava a plenos pulmões.

–Thomas, amor da mamãe! – Granger pegou o único bebe acordado no colo – Mamãe também estava com saudade, mas desse jeito vai acordar o Jason e a Charlotte.

O bebe, Thomas, parou de chorar na mesma hora e virou sua atenção pra mim. Nos olhávamos com curiosidade, eu admirava as nossas semelhanças quando Granger o trouxe pra perto de mim.

–Severo – ela disse com calma – você sabe quem é esse?

Tentei forçar minha memória enquanto o pequeno colocava uma mãozinha em meu rosto e a outra na boca, eu realmente tentei, mas nada me veio à cabeça.

–Não, mas... por que ele é tão parecido comigo? Por que os três são?

–São os nossos filhos – ela respondeu e eu arregalei os olhos, eu tenho três filhos?! – Este é Thomas, o outro menininho é o Jason e a pequena é a Charlotte.

–Filhos?! Isso é um sonho estranho ou uma alucinação? – perguntei não vendo outra explicação.

–Não, é real. É tão difícil assim acreditar que você se casou e tem filhos? Ou o problema é você ter casado comigo?

–Não há nada de errado com a senhorita, mas não entendo como eu me casei com uma aluna.

–Bem você estava em perigo e então Dumbledore criou um plano que por mais louco que fosse deu certo. Você e meu pai tentaram impedir, mas acho que puxei a cabeça dura dos Black.

–Black? – o que Granger tem a ver com os Black?!

–Hermione é minha filha e foi uma surpresa até mesmo pra mim, acredite – disse Black entrando em meu quarto – então você não dorme pendurado de cabeça para baixo – tentou fazer graça.

–Sirius Black! Comporte-se! – a mulher desconhecida entrou no quarto ralhando com ele – Como se sente querido?

–Então o cachorro está na coleira – comentei, afinal, mesmo que tenhamos mil anos as nossas rixas não terão fim – estou bem – respondi em um tom mais amigável – mas quem é a senhora? Alias por que estão todos invadindo meus aposentos?

–Sou Sarah, mãe da Hermione. Logo irá recuperar as lembranças e ficará menos perdido.

–Espera! Mas se a senhora é a senhora Granger, como está em Hogwarts? Trouxas não podem vir aqui.

–Usei a lareira com o Six – respondeu pegando Jason no colo.

–Como vim parar aqui exatamente? – perguntei a ninguém em especial, me conformando que eu realmente era marido e pai agora.

Black contou tudo o que aconteceu na última batalha com os comentários da Grifinória que não saiu do meu lado, eu dividi minha atenção entre a história que eles narravam, as crianças que se distraiam com a avó e meus próprios pensamentos.

Quando Black e Sarah voltaram pra casa um silêncio constrangedor se estabeleceu no quarto.

–Eu preciso deixar as crianças dormindo aqui, já que não há outro berço pra eles na escola, mas vou dormir no sofá, não se preocupe. – ela quebrou o silencio com cautela. Eu estava prestes a concordar, mas não poderia deixar uma dama, ainda mais sendo mãe dos meus filhos, dormir no sofá.

–Não posso permitir que uma dama durma em um sofá – retruquei com mil pensamentos passando ela minha cabeça – se tudo que diz é verdade então está acostumada a dormir ao meu lado, não?

–Sim, mas...

–Então está decidido, dormirá aqui. – ela não respondeu diante do meu tom de “fim de conversa”.

–Olha os meninos enquanto eu dou um banho na Charlotte, por favor? – como assim olhar os meninos? Eu não tenho o menor jeito com crianças! Controlei meus nervos e concordei com seu pedido.

Fiquei observando com curiosidade ela cuidar com todo o carinho do mundo dos três bebes, primeiro Charlotte, depois Jason e por fim Thomas. Quando ela foi dar banho no mais velho os outros dois já dormiam tranquilamente.

Segurei um sorriso que queria sair ao ver o menininho dando um banho na mãe e rindo disso. Me parecia impossível não gostar dos três pequenos.

–Pronto meu anjinho, agora vamos pra cama sem acordar seus irmãos.

Ela sussurrava uma cantiga de ninar trouxa pro pequeno e eu estava hipnotizado pela cena, era simplesmente incrível. Mais rápido do que eu queria a música acabou e Thomas adormeceu.

Ter uma aluna dormindo ao meu lado me pareceu menos estranho do que eu havia imaginado, eu tentei um milhão de vezes me lembrar de verdade de tudo que me contaram, mas eu não consegui me lembrar antes de acabar dormindo.