–O que faz vestida desse modo em meus aposentos senhorita Granger?!

Paralisei e o encarei. Surpresa era pouco, estava em choque! Fiquei feliz por ele ter acordado, completamente do nada, mas a pergunta em tom sério, me assustou.

–Severo! – Despertei do choque e corri pro seu lado, ignorando o pequeno medo de que aquela pergunta podia ter um grande significado.

Antes que eu sentasse ao seu lado na cama e checasse seu estado ele deu um pulo e se pôs de pé em um movimento brusco, o que não o fez bem, já que cambaleou e iria bater, de novo, a cabeça no chão, mas eu tentei o segurar e com dificuldade o forcei ao menos sentar-se confortavelmente na cama.

–Não preciso de sua ajuda, Granger – e então descendo os olhos por meu corpo completou – e faça o favor de se vestir garota!

–Deixe de ser cabeça dura ao menos agora Severo Snape – senti lagrimas nos olhos, mas as forcei a voltarem pra sei lá de onde elas saíram – como está se sentindo? Tonto? Enjoado?

–Estou perfeitamente bem, agora trate de responder o que faz nos aposentos de um professor.

–Ah, Merlim! – uma lagrima escapou. – você não se lembra mesmo. Fique quietinho aqui Sev... Digo professor, vou chamar Madame Pomfrey.

Deixei-o deitado e corri na lareira gritando para que a medibruxa se apressasse e no curto período de espera me espremi em um vestido qualquer que, para surpresa de Severo, saiu do nosso guarda roupas compartilhado. Seu olhar me deixou apreensiva, era o olhar frio de ódio reservado para os grifinórios, principalmente o trio de ouro formado por mim, Harry e Ron.

–Ah! Severo! Que bom que acordou! Senhora Snape seu pai pediu pra avisá-lo caso isso ocorresse, chame-o pela lareira sim?! Enquanto isso vou fazer uns exames e então a senhora precisa descansar, já que passou tantas noites em claro cuidando desse teimoso e das crianças. Tome um chá e amamente os bebes antes de retornar, assim?

–Tudo bem – respondi atordoada – as há algo que preciso dizer...

–SENHORA SNAPE?! Que droga tá acontecendo aqui?!

–Como assim Severo? Olhe o palavreado! Ela e sua esposa e mãe de seus filhos, merece respeito e por ser casada com você carrega seu nome, nada mais natural.

–Madame, iria exatamente dizer que acho que meu marido não se lembra mais de ter uma esposa, ele pode ter perdido a memoria.

–Merlim! Chame o diretor e seu pai logo, precisarei de ajuda então. – me virei pra atender seu pedido – e querida: vá descansar.

Sai dando uma ultima olhada em meu marido ainda chocado. Decidi caminhar um pouco e fui andando até a sala do diretor que me recebeu com um olhar bondoso e me permitiu utilizar sua lareira tanto pra me comunicar com as pessoas na Toca tanto pra voltar pras masmorras.

–Oi! – gritei com apenas a cabeça na lareira – alguém por aqui?

–Mione! – Harry apareceu sorridente.

–Não posso demorar muito – falei – peça minha mãe pra arrumar as crianças e virem imediatamente, direto pros aposentos de Severo.

–Vou chamar o pessoal. Ele esta bem?

–Ele está consciente – respondi fugindo da pergunta, eu não sei se ele está bem.

Voltei pro quarto chegando segundos antes de meus pais que ainda babavam nos netos.

–Querida! – mamãe me abraçou preocupada com meu estado, eu devia estar parecendo um zumbi – Harry disse que Severo acordou! – ela cedeu espaço pro meu pai e eu não pude deixar de notar os olhares entre eles.

–Sim, Madame Pomfrey está o examinando com Dumbledore no quarto.

Como se fosse sua deixa, Alvo saiu do quarto deixando a porta aberta dando ao homem lá dentro uma bela visão de todos nós incluindo do carrinho de bebe onde meu menino mais velho esperneava.

–Thomas, amor da mamãe! – o peguei no colo – mamãe também estava com saudade, mas desse jeito vai acordar o Jason e a Charlotte.

Parecendo entender ele parou de chorar e agarrou uma mexa do meu cabelo com os olhinhos pra dentro do quarto, observando o pai, ambos extremamente curiosos. Resolvi fazer um teste e me aproximei com meu mais velho da cama.

–Severo – disse com a voz calma como a que utilizei com a criança – você sabe quem é esse?

Entretido com o olhar do pai, Thomas largou meu cabelo pondo uma mãozinha na boca e a outra estendendo pro rosto dele, em sua bochecha.

–Não, mas... Por que ele é tão parecido comigo? Por que os três são?

–São nossos filhos – ele arregalou os olhos – este é Thomas, o outro menininho é o Jason e a pequena é a Charlotte.

–Filhos? – perguntou espantado – Isso é um sonho estranho ou uma alucinação?

–Não, é real. É tão difícil assim acreditar que você se casou e tem filhos? Ou o problema é você ter casado comigo?

–Não há nada de errado com a senhorita, mas não entendo como eu me casei com uma aluna.

–Bem você estava em perigo e então Dumbledore criou um plano que por mais louco que fosse deu certo. Você e meu pai tentaram impedir, mas acho que puxei a cabeça dura dos Black.

–Black?

–Hermione é minha filha e foi uma surpresa até mesmo pra mim, acredite – disse meu pai entrando no quarto – então você não dorme pendurado de cabeça pra baixo – fez graça.

–Sirius Black! Comporte-se! – mamãe deu um tapa no braço dele entrando no quarto com o carrinho – Como se sente querido?

–Então o cachorro está na coleira – retrucou Severo irônico, mas ao voltar a falar com a sogra usou um tom menos irônico – estou bem, mas quem é a senhora? Alias por que estão todos invadindo meus aposentos?

–Sou Sarah, mãe da Hermione. Logo irá recuperar as lembranças e ficará menos perdido.

–Espera! Mas se a senhora é a senhora Granger, como está em Hogwarts? Trouxas não podem vir aqui.

–Usei a lareira com o Six – respondeu pegando Jason no colo.

–Como vim parar aqui exatamente?

A partir daí meu pai contou tudo que ocorreu na batalha final com alguns comentários meus até que ficou tarde o suficiente pra eles irem embora e o silencio constrangedor permanecer no quarto.

–Eu preciso deixar as crianças dormindo aqui, já que não há outro berço pra eles na escola, mas vou dormir no sofá, não se preocupe. – minha maior vontade era me deitar ao seu lado e matar as saudades e apagar todo o medo que senti e ainda sinto em mim, mas ele nem se lembra, não iria força-lo.

–Não posso permitir que uma dama durma em um sofá, se tudo que diz é verdade então está acostumada a dormir ao meu lado não?

–Sim, mas...

–Então está decidido, dormirá aqui – não retruquei quanto a isso.

–Olha os meninos enquanto eu dou um banho na Charlotte, por favor? – ele tinha um olhar de pânico no rosto, mas não negou.

Cuidei de minha princesinha lhe dei de mamar e após ela dormir a coloquei no berço rosinha no canto do quarto, sob o olhar atento do mestre de poções.

Depois de Charlotte foi a vez de Jason, eles sempre dormem mais rápido que Thomas. Quando Coloquei meu primogênito na banheirinha eu já estava preparada pra levar um banho junto e não foi diferente do que eu imaginei.

O tempo todo Severo me observou sem uma palavra.

–Pronto meu anjinho, agora vamos pra cama sem acordar seus irmãos.

Dez minutos depois de andar pelo quarto cantando uma cantiga de ninar finalmente ele dormiu e eu pude me arrumar também pra deitar.

Dormir ao lado de Severo sabendo que ele estava acordado e que não se lembrava de mim e de tudo que passamos foi difícil, passamos por coisas de mais pra acabarmos assim. Mas eu não vou deixar tudo pelo que lutamos morrer, nem que eu tenha que reconquistá-lo e mostrar a ele cada uma das minhas lembranças, eu vou ter meu marido de volta!