Adormeci com ele me abraçando e fazendo carinho na minha barriga e cabelos.

Acordei no dia seguinte, com beijos por todo o meu rosto, eu dei um sorrisinho que logo aumentou ao lembrar que estava na minha casa, sendo despertada por beijos do meu marido e esperando o meu filho nascer pra termos a nossa família completa.

-Bom dia! – ele me disse parando a sessão de beijos nos meus lábios.

-Bom dia!

-Dormiu bem?

-Muito. Acho que nunca dormi tão bem assim. E voce? A cama esta tão ruim que levantou cedo?

-Não,pelo contraio, mas eu resolvi lhe fazer uma surpresa no nosso primeiro dia em casa. Está com fome?

-Faminta! Voce drenou todas as minhas forças ontem a noite.

-Então, acho que é minha obrigação devolve-las com um ótimo – ele se virou pro criado e pegou algo – café da manha na cama!

Ele me mostrou uma bandeja com frutas picadas, sucos, pão, queijo, biscoitos e bolos. Parecia tudo ótimo, mas eu não tinha certeza quanto a conseguirmos comer tudo aquilo nem mesmo com ajuda de um batalhão.

-Quem mais voce chamou pra comer com nós dois?

-Voce tem que se alimentar bem, alem de voce mesma ainda tem nosso filho que também tem que se alimentar, e a minha função é manter os dois muito saudáveis.

-Tudo bem, senhor Snape,mas eu acho que meu estomago não vai agüentar tanta comida de uma vez só.

-E se eu te ajudar?

-Talvez.

Nós comemos e conversamos sobre coisas bobas, nada de preocupante passou por nossas cabeças. Passamos a manha namorando na cama.

Passamos o resto do dia passeando pela propriedade, Severo me acompanhou até a metade da tarde, me deixando com um de seus livros na varanda e saindo pela lareira.

Como ele não deu nenhum sinal de ter a marca queimando nem era hora de reuniões na ordem, deduzi que ele fora a Hogwarts resolver algo com Dumbledore ou algo sobre sua profissão, afinal, por fachada ou não, ele ainda é um professor.

Eu li o livro todo e acabei quando começou a escurecer, então eu entrei e resolvi preparar um jantar pra comemorar nosso primeiro dia na nossa casa.

Pra minha sorte e surpresa, os armários e a geladeira estavam cheios dos mais variados tipos de comida e ingredientes possíveis. Eu escolhi algo bom e simples, uma macarronada com almôndega. A procura dos ingredientes, eu encontrei manteiga, Nescau e leite condensado e resolvi fazer a sobremesa preferida do meu sonserino.

Eu caprichei mais que o normal, seria a primeira vez que ele iria comer uma comida minha, feita especialmente pra nós dois.

Enquanto eu fazia a comida, fiquei pensando em tudo o que estava acontecendo. Eu tinha me casado com quem eu menos imaginava, estava no meio de uma guerra, grávida, tinha agora uma família pra cuidar, além disso tinha a confusão toda que os meus sonhos estranhos causaram e o estranho recado que minha ancestral tinha nos dado, alias, os dois recados estranhos.

Eu estava com uma má impressão quanto a isso tudo, mas eu só iria ter certeza de alguma coisa quando meu bebe nascesse, então isso significa esperar.

E ao pensar no meu bebe e lembrei que ainda não tinha feito qualquer tipo de exame pré-natal. Isso me preocupou um pouco, poderia haver algum problema e eu não estou sabendo, eu comecei a morder o lábio inferior preocupada, quando senti dois braços me abraçando por trás.

-O que faz minha linda esposa ficar tão pensativa assim? – me arrepiei com a voz de Severo no meu ouvido, seguida de uma mordidinha no pescoço.

-Eu não fiz nenhum exame quanto ao bebe, amor – respondi tentando me controlar – estou preocupada.

-Pode ir amanha com sua mãe no St. Mungus então.

-Eu queria que voce fosse comigo – eu fiz bico.

-Eu não posso, já é arriscado voce ir sem mim, se eu for, estaremos assinando nosso atestado de óbito.

-Mas e se formos em um hospital trouxa? Eu conheço um que é super confiável e ninguém nos reconhecerá, podemos ir, fazer os exames e voltarmos pra casa na parte da manha e depois passamos na ordem pra contar os resultados pros meus pais, que devem estar curiosos.

-Tudo bem, mas eu vou aparatar com voce a qualquer sinal de perigo, mesmo que estejamos em frente a um trouxa.

-Não, se for pra voce ficar emburrado. Podemos chamar Madame Pomfrey, tenho certeza que ela entenderá nossa situação e nos ajudará.

Ele resmungou alguma coisa incompreensível e foi em direção ao quarto. Pouco depois eu ouvi o barulho de chuveiro, terminei a comida e pus a mesa, depois fui até o quarto ver se ele ficou muito bravo.

-Severo? – eu entrei devagar o vendo sentado na cama, com os cotovelos nos joelhos e o rosto escondido nas mãos – voce está bravo?

-Não, Hermione – ele continuou na mesma posição – eu só… estou sendo o trasgo que sempre fui.

-Voce não é um trasgo, pode até ser cabeça dura, mas não um trasgo.

Eu me aproximei e tentei me ajoelhar na frente dele, mas a barriga não permitiu, então eu tive que me sentar ao lado dele.

-Por que não vamos jantar e depois discutimos isso, deitados aqui nessa cama confortável?

Ele levantou e me puxou suavemente pela mão. Fomos assim até a cozinha, ele puxou a cadeira pra mim como um verdadeiro cavaleiro, depois se sentou e eu nos servi. Comemos em silêncio, apenas olhado nos olhos um do outro, mas não era uma situação ruim, era confortável, e foi ali que eu me senti em casa pela primeira vez.

-Se eu soubesse que alem de todos os seus atributos, voce ainda cozinha tão bem, não teria relutado tanto em me casar com voce.

-Ainda em que Alvo adiantou isso tudo, eu acho que teria algum dia visto como voce é de verdade e me apaixonado, mas talvez demorasse muito.

-Talvez não, eu teria que continuar te tratando mau, então voce só veria o meu lado mau e com certeza não ficaria nem mesmo tentada a se aproximar de mim.

-Prefiro acreditar que acabaríamos juntos, mas mudando de assunto, voce pode ir a Hogwarts contatar Madame Pomfrey pra saber quando ela pode vir?

-Ela está na ordem, eu me esqueci de falar, Alvo levou ela lá hoje e explicou a função  de todo mundo, por isso eu demorei, se não me engano, ela está livre pela manha, posso passar por lá depois do café da manha e ver se ela pode vir.

-Seria maravilhoso, só não seria melhor do que uma coisinha que tem ali na cozinha.

Eu me levantei e fui até lá tão rápido quanto podia, peguei o brigadeiro que eu tinha colocado em uma travessa e o levei pra mesa. Assim que viu o que eu trazia, os olhos de Severo brilharam.

-Especialmente pra voce.

Ele me deu um selinho e atacou o brigadeiro. Eu também teria comido, se meu estomago não tivesse revirado só de olhar.

Fomos dormir cedo, eu havia ficado muito enjoada, então ele apenas me deu uma poção e deitou comigo de conchinha na cama.

Assim que acordamos no dia seguinte, eu fiz nosso café da manha enquanto ele se arrumava, comemos e eu fui me arrumar enquanto ele ia chamar a medibruxa.Pouco depois os dois chegaram e começaram s feitiços.

-O que exatamente a senhora vai fazer? – eu perguntei curiosa.

-Uma vez sabe-tudo, sempre sabe-tudo. – comentou Severo levando um belo tapa meu no braço.

-Primeiro – respondeu ela recompondo as feições do rosto diante da surpresa de um gesto tão pessoal – eu vou verificar a saúde de vocês – então ela me fez deitar na cama e fez o feitiço – tudo bem, não há nada de errado com vocês. Agora eu vou verificar mais especificamente os pontos vitais, sistemas nervoso e circulatório, - ela fez outro feitiço e oito pontos vermelhos sangue brilharam em cima de mim – MERLIM!

-O que foi?

-Vou fazer o feitiço de novo. – ela repetiu o feitiço e arregalou os olhos ao ver os pontos vermelhos de novo em cima de mim, eu me preocupei com isso.

-Por Merlim, Poppy, o que é?

-Voces tem quantos cômodos na casa?

-Como assim? – perguntou Sev impaciente.

-Quantos cômodos? – repetiu.

-São quatro quartos, dois banheiros… - eu comecei.

-Ainda bem – ela me interrompeu. – respirem fundo, que eu vou explicar tudo antes que Severo me azare.

-Entao fale logo!

-Voces não terão um bebe…

-Como?  Teremos o que então? Cachorrinhos?

-Não me interrompa, Snape! – ela o olhou feio - Vocês terão três bebes.

-O QUE? – eu perguntei arregalando os olhos.

-Esses pontos, cada um representa um dos sistemas, e é um ponto pra cada sistema de cada pessoa. Se são oito, dois são seus e os seis que restam são dos seus bebes.

-Merlim! – eu levei as mãos a boca não sabendo exatamente o que estava sentindo. – três?

-Sim, Hermione, três.

Eu senti algo aquecendo em meu peito. Eu teria três filhos, eu senti meu coração inchar de alegria e não pude segurar o sorriso. Olhei pro paralisado homem ao meu lado, ele encarava minha barriga como se pudesse ver os três bebes ali dentro, nossos três filhos.

-Você esta bem, Sev? – ele me olhou lentamente.

-Querem saber o sexo das crianças?

-Já é possível? – eu estava me roendo de curiosidade.

-Sim, um feitiço simples. Três pontos como esses irão aparecer em cima de você. Irei analisá-los e posso lhes dizer quais são os sexos. Pronta? – ela me perguntou percebendo que o pai não iria falar nada.

-Sim, pode fazer.

Ela apontou pro meu ventre e os três pontos apareceram. Meus olhos se encheram de lagrimas de alegria, eu procurei, inconscientemente, as mãos de Severo que continuava imóvel, apenas o suave mover dos ombros indicava que ainda estava vivo.

-Temos aqui… - Poppy começou a analisar os pontos, observou um a um com muita atenção – um menino, - ela voltou a olhar o ponto seguinte – uma menina – e observou novamente – e um menino.

Eu apertei os dedos do pai dos meus filhos levemente. Eu estava tão feliz ali, eu já imaginava os rostinhos deles, se teriam os cabelos lisos ou ondulados como os meus, cabelos claros ou escuros, olhos negros ou castanhos, pele claríssima como a de Severo ou um pouco mais bronzeada como a minha.

Ainda mais, seriam bagunceiros, quietos, inteligentes, estudiosos? Educados eu garantiria que fossem, que entrassem em Hogwarts…

-Pelo jeito está tudo bem por aqui, eu vou deixá-los se acostumando com a idéia e vou avisar Molly que irão almoçar lá, como me pediu, Severo. Parabéns pra vocês.

-Obrigada. Vou lhe acompanhar até a lareira. – eu comecei.

-Não precisa querida, vocês dois tem muito o que conversar. Até mais tarde.

-Até.

Ela saiu e o silencio reinou no quarto. Eu olhava de Severo pros meus bebes, dos meus bebes pra Severo.

-Voce está bem?

-Estou, apenas… três.

-É – eu disse sorrindo – dois meninos e uma menina.

-Voce já pensou em algum nome?

-Tenho algumas idéias, mas não sei, quero sua ajuda.

-Eu não sou bom nisso.

-Vamos pensar em três nomes lindos.

Eu me levantei e o abracei, não era preciso palavras, sabíamos que tudo iria ficar bem e que nossos filhos ficariam bem.

-Temos que ir pra cede almoçar. – ele disse ainda sem me soltar – sua mãe vai gostar da noticia.

-Eileen também, podemos chamá-la pra jantar aqui e contar a novidade.

-Vou escrever pra ela. Mas agora temos mesmo que ir.

-Entao vamos.

-Eu tenho mesmo que te soltar pra isso?

-Tem. – eu respondi rindo – vamos logo, quanto antes formos, mais cedo estaremos de volta.

Ele me virou de costas e me abraçou por trás, fomos assim até na lareira, viajamos juntos, porque ele não quis me soltar. Pra piorar a situação dele, toda a ordem estava reunida na biblioteca e nos viu chegar daquele jeito, agora todo mundo vai ficar de piadinha com isso.

-Bom dia a todos! – eu cumprimentei educadamente.

-Dia – alguns responderam, outros acenaram com a cabeça e alguns nem se deram o trabalho de nos olhar.

-Aconteceu alguma coisa?

-Não. – responderam Harry e Ron olhando pra todo mundo como que pedindo pra concordarem com eles.

-Harry Potter e Ronald Weasley, o que aconteceu? – pra estar todo mundo ali, foi algo muito ruim, como um ataque e deve ter sido de alguém da ordem e pode ser que não tenha sobrevivido e… - Quem foi?

-Quem foi, o que, Mione? – Harry tentou esconder.

-Quem foi atacado? E não ouse mentir Harry. – eu já tinha lagrimas nos olhos.

-Tonks e Lupin. – quem respondeu foi Moody.

-E-eles estão bem? E os bebes? – as lagrimas caíram agora, Severo apertou minha cintura mostrando que estava ali. Lembra o que eu disse sobre ficar tudo bem? Esquece.

-Ninguem sabe. – Ron respondeu – Sirius foi lá vê-los e encontrou a casa destruída e chamou alguns membros da ordem, mas quando eles chegaram, não havia corpos, nem nada, estamos esperando noticias.

Eu agora chorava copiosamente, Severo me abraçou e eu escondi o rosto manchado de lagrimas em seu peito.

-Hermione, isso não faz bem pros bebes, vamos á na cozinha e voce toma um chá, tudo bem? – Severo estava preocupado e pelo jeito andou conversando com Madame Pomfrey.

-Bebes? – pela primeira vez desde que cheguei a sala ouvi a voz dos meus pais.

-Depois conversamos sobre isso, - ele respondeu sem me soltar – Sarah, me ajuda com o chá?

-Claro, vem filha.

Eles me levaram pra cozinha e eu tomei o chá, apesar de não fazer muito efeito. Eu estava preocupada com minha amiga, os bebes e Remo também, e o chá apenas fez eu parar de chorar.

-Mas que história é essa de bebes? – minha mãe tentou mudar meus pensamentos de direção.

-Era isso que viemos contar, não é apenas um bebe, são três! – eu contei sorrindo levemente pensando nos meus filhos.

-Deus! Três? Que maravilha! Já escolheram os nomes?

-Não, estávamos pensando.

-Ainda bem que tem espaço pra todos eles na nova casa de vocês.

-É. Ainda na vimos nada, nomes, padrinhos, quartos, roupas, nada.

-Aos poucos vocês vêem tudo isso. Acho que seria melhor se ficassem aqui nos dois últimos meses, seria mais seguro.

-Na verdade, acho eu seria melhor já mantê-los lá em casa mesmo, depois pra ir até lá com eles pequenos pela lareira ou qualquer outro meio bruxo pode ser perigoso por serem pequenos.

-Eu vou deixá-las conversando e vou ver se já tem alguma novidade. – Severo me beijou, acariciou minha barriga e foi à biblioteca.

Ficamos conversando por um bom tempo, eu consegui me distrair, mas ainda estava preocupada, até que um membro, que eu não conhecia, da ordem entrou lá e nos chamou de volta a biblioteca, eu me assustei e fui o mais rápido possível.