Comecei a pensar em quando foi que ele se tornou amado, mas desisti assim que senti seus carinhos no meu cabelo e logo adormeci de novo, sonhando com um cara todo de negro me sorrindo e dizendo que tudo ficaria bem.

Durante a semana que se seguiu a volta as aulas, eu me aproximei de Draco, tentando pensar em um jeito de o ajudar, alem disso eu precisava ficar com meus amigos e me corresponder com os que não estavam em Hogwarts, participar da AD e das reuniões da Ordem, acho que tudo isso mais as aulas e atividades extras na escola me separaram um pouco de Severo, a gente só se via direito na hora de dormir e por estarmos cansados nem conversávamos direito.

Por isso não combinamos de fazer nada no sábado, que seria fim de semana em Hogsmead. Eu fui com os garotos e ele foi como professor pra tomar conta dos alunos.

Na hora do almoço eu e os garotos fomos ao três vassouras, mas estava lotado, então tivemos que ir ao pior café do lugar: na Madame Padifoot.

Assim que entramos, os meninos na frente fazendo caretas, eles pararam e se viraram pra mim tampando minha visão pro resto da… coisa rosa de frufrus do salão.

-Acho melhor irmos pra outro lugar, aqui esta cheio também. – disse Harry.

-Eu não acho que esteja, a maior parte de Hogwarts esta no três vassouras, vamos comer aqui mesmo, não fiquem achando que eu gosto daqui, mas parece ser o melhor lugar no momento.

-Eu não acho. – rebateu Rony quase me empurrando.

-Eu também não. – completou Harry me tirando a força dali.

-Ei! Não importa – eu disse me desvencilhando deles e entrando no café – é aqui que vamos almoçar!

Completei a frase ainda olhando pra eles, pra logo depois me virar pra procurar uma mesa vazia. Eu devia ter escutado os dois e saído dali antes, assim não veria aquilo.

Ninguém mais, ninguém menos que Severo Snape, estava sentando em uma mesa pra dois, com uma mulher tipo corpinho violão, loira de olhos azuis. Meu mundo parou e meu pulso acelerou rapidinho.

Como se não bastasse, aquelazinha estava quase no colo dele, totalmente se insinuando e ele não fazia nada, apenas continuava conversando com ela.Eu não precisava ver mais, sai correndo de lá assim que vi ela se aproximar pra lhe beijar.

Corri sem direção, ate que me deparei com a estrada de volta pra Hogwarts e meus amigos me encarando preocupados, eu não me importei com nada, apenas me joguei nos braços deles e comecei a chorar, acho que acabei dormindo, porque só me lembro de acordar na minha cama e de ter os dois me encarando preocupados.

-Tudo bem? – Rony

-Claro que não, né? – respondeu Harry por mim.

-O que aconteceu? – perguntei, com a impressão de que tudo tinha sido um sonho.

-Voce não lembra?

-Lembro, mas queria que fosse mentira. – disse deixando uma lagrima cair.

Eles ficaram sem jeito, então eu prendi as outras lagrimas e tentei parecer bem.

-A quanto tempo estamos aqui?

-A uma hora. Voce apagou e te trouxemos no colo.

-O que seria de mim sem vocês? – eu perguntei sorrindo.

-Uma garota chorando no meio da estrada sozinha? – Harry

-Ou uma menininha assassinada por um trasgo em seu primeiro ano?

-Ah! Obrigada! Eu realmente precisava lembrar daqueles dois trasgos agora!

-Dois?

-É, o trasgo do primeiro ano e o trasgo que eu chamo de marido!

-Trasgo? Não sabia que tínhamos regredido! – exclamou alguém da porta. Alguém que eu 
realmente não queria ver agora.

-Olha aqui seu seboso morcegao idiota… - começou Rony, eu sentia que a lista de ofensas dele 
estava só começando.

-Enfim, oh coisa! – interrompeu Harry – se você machucá-la mais ainda terá que se ver com ós dois e pode ter certeza que envolverei meu padrinho nessa.

-Do que vocês…

- Meninos, eu realmente agradeço, mas isso é algo que eu preciso resolver sozinha, dessa vez vocês não podem me ajudar a derrotar o trasgo. – eu sorri pra eless docemente, como se fossem crianças pequenas.

-Ta bem. Mas se ele for mais idiota ainda, é só chamar que a gente da um jeito nele.

-Claro, agora vocês vão pra cozinha e mandem um oi pros elfos pra mim.

Eles saíram ainda lançando olhares desconfiados pra nós dois. Eu aproveitei pra me acalmar, mas a lembrança parecia uma faca no meu coração.

-Por que eu sou um trasgo?

-Não sei, tente descobrir por si mesmo. Agora com licença, preciso me trocar.

-Pode se trocar, mas eu não saiu daqui ate me dizer o que esta acontecendo.

Eu respirei fundo, sentindo toda a magoa se tornar dor e a dor se tornar raiva.

-Por que não vai perguntar pra aquela loira? Ela parecia bem disposta a responder todas as suas perguntas e atender a todas as suas exigências, não acha?!

-O que? Do que voce esta falando?

-Para de tentar esconder – eu disse recomeçando a chorar – eu vi voce com aquela mulher no café mais romântico de Hogsmead.

-Voce viu?

-Vi, tudo.

Ele pareceu nervoso. Esse tem culpa no cartório.

-Me deixa explicar, não era…

-O que parecia? – cara de pau!

-É. 

-Eu não caio nessa.

Eu saí do quarto batendo a porta e corri pra sala precisa.

Passei o dia seguinte enfurnada na sala precisa, que estava como meu quarto na casa trouxa. Era lá que eu queria estar, com minhas almofadas e tudo o mais. Eu chorei até ficar com dor de cabeça, então dormi e chorei mais um pouco na parte da tarde.

-Posso entrar?

Eu quase morri do coração ao ouvir a voz de Draco da porta, ele entrou antes de eu responder e pareceu compreensivo por causa da minha cara inchada de choro.

-Oi. – minha voz estava rouca, eu me assustei com ela também.

-Eu acho que você devia conversar com ele. Eu conheço o meu padrinho e sei que ele tem uma ótima explicação pra lhe dar.

-Se veio aqui só por isso, perdeu seu tempo. Eu estou realmente mau, talvez depois que eu “esfriar” eu converse com ele, mas agora isso esta fora de questão.

-Eu não vim aqui só por isso, eu queria conversar com alguém que tenha o mínimo de maça cinzenta, porque os dois gorilas que andam comigo só sabem falar besteira e comer feito dois porcos.

Eu não me contive e soltei um riso, minha garganta arranhou e não foi o melhor riso da minha vida, mas pareceu melhorar um pouco as coisas.

Nós dois conversamos muito, até esquecemos a hora, então logo era noite e não queríamos parar, eu não queria parar de me concentrar na conversa pra não lembrar o motivo de eu ter ido parar na sala precisa.

Do nada, a luz apagou e nem nossos feitiços funcionaram. Ficamos por um minuto na completa escuridão. Estávamos sentados na minha cama, nos encolhemos e eu fiz o que toda criança (não que eu fosse uma) faz: nos escondemos embaixo da coberta.

-O que tá acontecendo? – eu perguntei assustada.

-Eu não sei. – ele me respondeu sussurrando, no mesmo tom que eu.

E tão de repente como a luz apagou, ela se acendeu, demoramos uns segundos nos olhando pra finalmente levantar.

-Hermione e…Malfoy?!

Eram Harry e Gina que entraram na sala, mas eu não entendi o por que do apagão. Eu suspirei aliviada, pra logo me lembrar de tudo e recomeçar a chorar por ser uma idiota.

-Calma, ta tudo bem. – por incrível que pareça, quem me consolou e me abraçou, foi Draco. – parabéns Potter, consegui deixá-la pior ainda.

-Alguém me explica o que eu perdi? – Gina estava com uma careta confusa no rosto, eu me controlei pra contar.

Comecei a falar, mas um segundo evento estranho me parou.

Parada atrás de Harry e Gina, uma mulher sorria em minha direção, ela começou a caminhar e passando no meio do casal veio em direção ao garoto ao meu lado.

Eles se encararam, ele confuso.

Ela sorriu, ele sorriu de volta.

Ela o abraçou, ele retribuiu.

-Demorou a entender querido.

Eu a reconheci pela voz. Era a mulher que uma vez falara comigo nos meus sonhos.

-Oh! Ola Hermione! Espero que vocês estejam bem. – ela falou comigo e eu não sei se sobre eu e Severo ou eu e o bebe.

-Desculpe, mas quem é você? – Harry perguntou chamando atenção pra ele e pra ruiva ao seu lado.

-Sou a ancestral de Hermione. – ele fez uma cara de surpresa com não-estou-entendendo-nada – a maluca do feitiço?!

-Eles não sabem disso.

-Não contou aos seus amigos?

-Não, não preciso preocupá-los à toa.

-O que exatamente você devia ter nos contado?

-Depois vocês conversam, só vim avisá-los que devem começar a se informar, a gravidez de Hermione é o ponto, depois dela o fim começa.

Que tipo de recado é esse? Eu não entendi nada, nem Draco, e com certeza nenhum dos outros dois também.

Antes das perguntas que eu queria fazer, ela desapareceu e me deixou com os dois grifinórios loucos pra saberem tudo.

-Vou contar, apenas chamem Ron pra ninguém ter que repetir a história.

Depois de muito tempo, os três grifinórios me encaravam enquanto eu terminava a história, com um ou outro comentário do sonserino do grupo.

-… Então é isso que esta acontecendo.

-Olha, Mione, pode contar com nós três pra qualquer coisa e a partir de hoje nós também viremos pra cá pra ajudar no que for preciso. – Gina decidiu por todos. E ai de quem contestar a ruiva, ela fica pior que a mãe.

Nos despedimos e Draco me levou até a porta do meu quarto. Eu não podia mais enrolar, amanha teria aula e eu tenho que arrumar minhas coisas, e definitivamente preciso de um banho e de uma boa noite de sono.

Respirei fundo e me senti tomada pela leoa que vive dentro de mim. Teríamos que conversar logo, então seria hoje mesmo, se a situação piorar, pelo menos eu tentei e vou ter certeza que não dá pra continuar, ai sim tomarei decisões sobre o que fazer.

Girei a maçaneta e me preparei pra conversa mais difícil e dolorosa da minha vida.