Céu escrita por Liminne


Capítulo 46
Capítulo 39 - Ímãs




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- Não tem mesmo problema te deixar sozinha aqui, não é? – Rukia perguntou pela milésima vez. Já passava das oito da noite no sábado daquela semana e ela era a única que ainda não tinha ido para a festa.

- Não tem problema, Rukia-chan. – Momo respondeu sorrindo pacientemente. Seu humor estava bom demais para se preocupar com detalhes.

- Hun... – a capricorniana ponderou por alguns segundos torcendo o nariz. – Está bem. Mas você sabe. Qualquer problema ligue imediatamente! Mas ligue para mim!

- Pode deixar! – Momo continuava sorrindo.

Rukia então, de repente, pousou as mãos nos quadris.

- Momo... Estou desconfiada de você... – diminuiu os olhos. – Você está aceitando muito bem essa de não ir para a festa... Está planejando aprontar alguma coisa, é?

Então a geminiana percebeu que devia estar dando na cara tudo o que estava sentindo. Que droga! Tinha que pensar rápido numa desculpa!

- N-não! – agitou as mãos. – Que é isso, Rukia-chan! É só que... Eu e o Shiro-chan vamos ver filme juntos e aí eu acabei me animando de ficar em casa.

- Hum... Certo. – ela deu-se por vencida. – Então vocês vejam o filme aqui, ta? Nada de ficar no apartamento ao lado.

- Tá bom. – Momo assentiu.

- E então... – Rukia mudou o tom e sinalizou para as próprias roupas. – Como estou para a festa?

- Ah, Rukia-chan! – os olhos castanhos brilharam. – Está linda como sempre!

E era verdade. Apesar de não ter gastado muito tempo e nem dinheiro comprando roupa nova, Rukia estava simples e bonita. Usava seu vestido azul escuro decotado nas costas e sandálias pretas de saltos não tão altos presas aos tornozelos com tirinhas delicadas. Até tinha feito uma leve maquiagem para noite realçando principalmente o par de olhos muito azuis, seu maior trunfo.

- O Kurosaki vai babar! – a menininha arrematou com a provocação e abafou um risinho.

- Momo! – Rukia ralhou sentindo as bochechas ligeiramente mais quentes. – Por favor, não siga o exemplo das loiras maldosas dessa casa!

Mas a pequena bronca de Rukia só fez com que a menina risse ainda mais.

- Bem. – Rukia suspirou. – Eu já vou. – olhou para o relógio da cozinha. – O Ichigo já deve estar chegando.

- Tá certo. – Momo sorria, agora alegre de verdade pela amiga. – Divirta-se muito, Rukia-chan!

- Obrigada. – Rukia sorriu agradecida. – Eu prometo não voltar muito tarde. – e com essa última frase, atravessou a porta do apartamento.

Dirigiu-se ao elevador e foi parar no hall da recepção. Demorou pouco mais de dez minutos para que o carro de Ichigo aparecesse e lá de dentro saísse um ruivo bem vestido de preto e cinza.

Os olhares se encontraram e os dois sorriram sem querer, admirando um o outro.

- Vamos? – Rukia se aproximou dele primeiro.

- Vamos. – ele respondeu, mas sua expressão caiu um bocado.

- O que foi, Ichigo? – ela olhou para o rosto dele. – Está decepcionado com a minha aparência? – brincou.

- Não, idiota. – ele respondeu, mas não tão ríspido quanto as palavras sugeriam. – É que eu não gosto muito de festas e... E você sabe... Eu não sei se deveria ir, foi a Chiharu que me convidou, é tão... Estranho.

- Posso te entender. – Rukia assentiu enquanto os dois entravam no carro. – Mas você decidiu ir, não foi? – olhou para ele quando terminaram de se instalar.

- Foi. – ele afirmou encarando os olhos dela.

- Então você vai. – ela disse. – Eu sou amiga dela. E você vai como meu acompanhante. – sorriu maldosa.

- Ah é assim? Eu sou seu mero acompanhante? – fez-se de ofendido.

- É. – o riso se espalhava pelos cantos esticados dos lábios dela. – Você é meu mero acompanhante. Tipo um irmão caçula bem mala ou uma bolsa a tira colo. – não agüentou e riu um pouco.

- Bom... – ele coçou a nuca também sorrindo disfarçadamente. – Por algum motivo me sinto mais confortável nesse papel.

O ruivo então deu partida no carro rumo à casa de Chiharu, sem parar para pensar de novo.

 

****

 

- Rukia! – Chiharu foi receber a pequena dos olhos azuis no portão. – E... Kurosaki. – olhou para Ichigo e depois voltou a sorrir para Rukia. – Que bom que vocês vieram! – deu um pulinho animada.

- É. – Rukia estava meio sem jeito. – Parece que você caprichou, hein? – ela esticou o pescoço para olhar.

Havia mais gente do que ela certamente esperava. Parecia que a popularidade de Chiharu e Mai não era mesmo de brincadeira. Estavam todos muito bem vestidos e conversando empolgados, distribuídos informalmente ao redor da enorme piscina com cascata. Para uma simples festinha, a pisciana não tinha economizado. Estava pensando se os pais dela aprovariam esse exagero.

- Caprichei! – Chiharu respondeu satisfeita. Usava uma linda saia prateada bem curtinha e uma blusa roxa amarrada no pescoço que combinava com seus scapins. A tiara prateada brilhava quando ela se movia orgulhosa. – Quero que fiquem à vontade, hein? Podem ficar aqui fora ou lá dentro, se preferirem. – ela apontou para as portas duplas de vidro que estavam abertas na pequeníssima varanda florida, dando passagem para dentro da casa. Era possível ver a sala cheia de pufes coloridos espalhados e mais gente. Alguns sentados, mas a maioria dançando ao som de uma música pop bem conhecida.

- Obrigada. – Rukia sorriu. – E onde está a Mai?

O sorriso de Chiharu ganhou um ingrediente diferente e ela inclinou-se para cochichar:

- Ela vai aparecer quando tiver que aparecer, você sabe. – riu de modo a franzir o nariz.

Não. Rukia não sabia bem. Mas tinha uma leve idéia.

- Ahh... – fez. – Bem... Então vamos entrar. – sorriu e foi puxando Ichigo em frente.

A anfitriã logo teve sua atenção atraída para alguém que apareceu com uns CDs na mão então Rukia foi abrindo caminho com seu parceiro. Estava achando engraçada a reação de Ichigo. Parecia nunca ter ido a uma festa antes.

- Oi! – Rukia respondeu os cumprimentos de duas garotas bonitas enquanto passava. – Oi! – sorriu para um cara tatuado no braço e seu amigo de óculos.

- Ei! – Ichigo finalmente se manifestou. – De onde você conhece toda essa gente? – parecia enfurecido de algum modo.

- Ora. – ela respondeu olhando para ele. – Do mesmo lugar que você. – sorriu venenosa. – O que foi? Tá com inveja, é?

- Claro que não. – ele ficou bicudo como sempre. – Me orgulho de ser anti-social. – levantou o queixo.

- Okay. – ela ainda olhava para ele provocativa. – Então não precisa desse bico enorme!

- Vamos entrar, certo? – ele mudou de assunto. – Tem menos gente lá dentro.

- Certo, bichinho do mato.

 

****

 

- Chiharu, tem um cara esquisito lá no portão. – alguém informou para a morena.

Ela arregalou os olhos verdes e foi correndo até lá. O coração batia esperançoso. Mesmo que não achasse que alguém descreveria Ashido como ‘esquisito’.

- Ahn... Oi. – nunca tinha visto aquele homem na vida. Tinha um sorriso sinistro e os cabelos claros muito lisos. Os olhos pareciam costurados, não se abriam. Deu um passo atrás e apertou as sobrancelhas com medo.

- Oi. – a voz cantada dele parecia divertida. – Eu fui... Convidado. – ele suspendeu o convite verde ainda com aquele sorriso grudado.

- Ah. – ela ainda ficou pensando quem seria aquela pessoa. E como diabos ele tinha conseguido o convite. E ficaria pensando para sempre se ele não acabasse intervindo de novo.

- Chiharu-chan. – chamou seu nome, o que fez a garota pular de susto. – Vai me deixar de castigo do lado de fora? – seu tom era de brincadeira e ele continuava sorrindo.

Ah! Não tinha porque negar a entrada dele. Afinal, bem sabia que ganhava facilmente antipatia por pessoas que acabavam sendo boas na verdade.

- D-desculpe. – ela riu sem graça e fez sinal para que ele entrasse. – Entre fique à vontade.

Devia ser amigo de algum amigo afinal.

 

- Rangiku, vai com calma. – Rukia tentava alertar a amiga que, como era de se esperar, estava bebendo desesperada. – O que nós já falamos sobre isso? – a baixinha estava séria.

- Rukia-chan, me poupe! – ela irritou-se de verdade. – É uma festa, por favor, né? – virou as costas para ela.

- E ainda são nove da noite! – pegou a garrafa da mão dela. – Nesse ritmo você vai desmaiar antes das dez!

- Me devolve isso aqui! – ela tomou a garrafa de volta.

- Estou falando pro seu bem! – Rukia recuperou-a.

E de repente, o álcool tinha perdido a graça para a loira peituda de vermelho.

Rukia achou estranho que ela ficasse parada olhando para a porta sem protestar ou resmungar.

- Rangiku! – buscou o rosto da amiga preocupada. – Você já está passando mal?

Mas a libriana nem ouvia a amiga. Estava com os olhos azuis fixos naquela imagem sombria, naquele homem entrando pela sala e olhando para os lados, sempre sorrindo e parecendo nunca enxergar.

- Ele... Ele veio.

Rukia virou o rosto na direção que ela olhava. Era impossível se confundir. Ele se destacava.

- Ele... É ele? – agora era a baixinha a confusa.

Mas antes que pudesse completar seus pensamentos, sentiu a mão da loira pegando a garrafa mais uma vez e em seguida indo para o meio da pista dançar. Ela nem conseguiu reagir.

- “Agora eu posso entender...” – Gin pensava enquanto seus olhos estavam sutilmente fixos em Rangiku. – “Foi tudo armado para que eu voltasse a vê-la.” – ainda sorria e agora tinha enfiado as mãos nos bolsos da calça. Estava considerando a idéia de ir embora no mesmo pé que voltou. Mas naquele momento percebeu que ela olhava descaradamente para ele ao mesmo tempo em que dançava com dois caras altos e atléticos.

Ele retribuiu o olhar. Quase podia ler o que refletia naqueles olhos tão claros. Mas não se moveu. A culpa o enraizara naquele lugar.

Ela tentou então apelar do jeito mais infantil e brega possível e fez um grande contato físico com o cara desconhecido.

Sabia que ele sabia que o que deveria fazer.

Mas de qualquer forma, ele continuou plantado ali.

Aquilo a enfureceu loucamente e ela beijou o cara anônimo. Quando abriu os olhos, porém, seu alvo havia desaparecido... Como sempre.

- Me desculpe. – ela disse ao cara que ainda estava tonto. – Eu preciso ir. – e saiu correndo, tento a consciência de que o orgulho virava pó diante daquele sentimento.

Correu para fora o mais rápido que conseguiu e viu o homem de sua vida andando para o portão.

- Gin! – antes que pudesse se controlar gritou. Ele continuou andando, mas ela não desistiu e encurtou a distância. E gritou novamente. – Gin!

Ele virou-se finalmente.

- Gin... – ela sorriu ofegante. – Você veio... – disse debilmente.

Ele sorriu diretamente para ela.

- Você não sabe jogar, não é mesmo?

- Você que não facilita! – ela resmungou. – Droga. Você sabe que eu sempre perco pra você.

- Não. – ele balançou a cabeça. – Eu é quem sempre perco pra você. – captou-a toda. Do rosto ao corpo, do cabelo aos pés. Ela era por inteiro um ímã para ele. Representava seu precipício. Sabia que o sugaria para a morte. Mas não podia parar de contemplar.

- Eu sei que você não deve... Eu sei que terminamos... Eu sei que é o melhor para nós dois, mas... Só hoje. Como se não fossemos nós mesmos... – suplicava com cada pedacinho de sua expressão.

Mas não dá para se jogar do precipício só por um dia. A queda era única e fatal.

- Seja boazinha e admita sua derrota. Eu preciso que admita sua derrota e vá embora. Eu preciso vencer dessa vez.

- Não precisa não... – ela aproximou-se dele. Mas ele se afastou. – Quem foi que disse que você precisa?

Ele suspirou.

- Foi bom te ver de novo. Você sabe que fica linda de vermelho. – sorriu ainda mais. – Mas eu ainda prefiro quando usa rosa.

Os olhos dela começaram a encher-se.

- Me perdoe. Mas eu não posso mais jogar com você. – olhou-a tristemente. O sorriso sumido. – Bye bye! – e acenou sem olhar para trás, sumindo na noite e deixando a peituda paralisada e novamente sem esperanças.

- Gin! Giiiin! – ela continuou gritando, mas em vão.

Logo começaram a aparecer pessoas ao seu redor olhando-a como se ela fosse louca e cochichando como se ela estivesse com algum problema sério e peculiar.

- Por que? – mas ela continuava choramingando sozinha. – Por que, não importa o que eu faça...? O que é tão mais importante assim?

- Rangiku! – de repente Rukia apareceu, correndo com dificuldade por causa dos saltos. – Você está bem? O que aconteceu?

- Rukia-chan... – ela virou o rosto para a pequena. Tinha um sorriso melancólico estampado nos lábios. Os olhos semicerrados. Não dava para ter certeza se estava chorando. Mas estava claro que não estava contente.

- Ele... Para onde ele foi? O que você fez?! – mas Rukia estava tão confusa quanto preocupada. – Por que você beijou aquele cara na frente dele, afinal? Isso foi o suficiente para que ele saísse correndo!

- Não! – Rangiku balançou a cabeça. Em seguida pousou a mão no ombro da amiga e olhou-a bem de perto. – Da última vez que ele ficou longe de mim... Foi assim que ele provou que ainda me amava... – sorriu de novo daquele jeito triste. – Ele foi até preso... – riu. – Porque atacou o cara com quem eu estava!

É óbvio que Rukia estava chocada a essa altura.

- E-então... Você queria arrumar uma confusão desse tamanho aqui?! – guinchou exasperada.

- Não, droga! – Rangiku soltou-a e bateu com o pé no chão. – Eu só queria que ele demonstrasse que me amava e que desistisse de me trocar por qualquer coisa que fosse. Que ele se lembrasse que poderia me perder! Que talvez assim ele pensasse duas vezes antes de me abandonar. – a respiração deu uma tremida. – Você disse que eu deveria lutar, Rukia-chan. E era o que eu estava fazendo... – as últimas frases saíram num tom meloso e desprotegido.

- Tsc... – Rukia suspirou e balançou a cabeça desaprovando, mas acabou rendendo-se e abraçou a amiga. – Você é muito imatura, Rangiku. Lutar também requer um pouco de paciência. Quem sabe, depois de enfrentar todos esses problemas que ele tem de enfrentar, ele não volta? Então você precisa ter calma. E não meter os pés pelas mãos. Agir de modo pensado e sensato.

Rangiku fungou. Parecia finalmente ter conseguido chorar um pouco.

- E se ele não voltar?

Rukia ainda naquele abraço olhou para o céu estrelado. Não acreditava que tinha chegado a ponto de pensar assim. E com tanta certeza queimando no peito. Não podia crer que realmente acreditava que aquele monte de pontinhos brilhantes no céu tinham o poder de decidir os caminhos. Mas... Como simplesmente negar? Ela era testemunha do que acontecera nos últimos meses, a prova. E talvez Rangiku não tivesse aprendido isso.

- Não há como fugir se o destino traçou vocês para ficarem juntos. – ela disse suavemente. – Não importa o que ele faça. Não importa o quanto ele tente se esconder.

- Rukia-chan... – a voz dela tremeu de novo, toda embargada.

O que tinha acabado de dizer... Estava confirmando alguma coisa? Estava afirmando alguma coisa de si mesma? Estava... Admitindo para si mesma?

Mas que hora pra pensar no seu próprio umbigo! Eu hein!

- Então... Acho melhor você voltar pra casa. – separou-se do abraço. - Vai lá cuidar da Momo. Ela e o vizinho estão assistindo filme. Tenta se distrair um pouco. Amanhã... Amanhã a gente pode ir conversar com o Celeste-sama se quiser.

Rangiku olhou no rosto de Rukia com os olhos cintilando.

- Obrigada, Rukia-chan. Muito obrigada.

Rukia apenas sorriu afavelmente.

Rangiku então seguiu vagarosamente seu caminho de volta para casa. Ainda tinha motivo para agradecer ao Céu. Afinal, se não tivesse levado Rukia para encontrar sua alma gêmea, não teria quem lhe dar tantas esperanças sempre que se sentia sem saída. Se até aquela capricorniana cética estava otimista, então não devia se preocupar com a capacidade daquele sentimento de ser mais forte que qualquer outro empecilho.

 

****

 

Mesmo que tivesse sido ela a insistir na escolha do filme que assistiriam naquela noite, o único que olhava de verdade para a televisão era Toushiro. Os olhos castanhos estavam ocupados demais fixos nas duas passagens que recebera ainda há pouco, repousadas ao seu lado, no braço do sofá. Elas transbordavam uma culpa incômoda. E pareciam chamá-la para que se sentisse cada vez pior.

- Não acredito! – o garoto gritou indignado, certamente com alguma cena do filme. – Bem que você disse, Hinamo... – olhou para ela e percebeu que estava distante. – Hinamori? – mudou o tom, agora um pouco preocupado. – Está passando mal?

- N-não. – ela sorriu para aliviá-lo, mas aquilo ainda a incomodava tanto que não conseguia disfarçar. – É só que... – mordeu o lábio inferior. – Ah, não é nada! – balançou as mãos para ele esquecer.

Ele então pegou o controle remoto e pausou o filme.

- Hinamori. – ajeitou-se no sofá. – Tem alguma coisa que você queira me contar? – estava apreensivo. Já tinha visto aquela expressão antes. Era hesitação. Ela estava num impasse, num dilema, se contava ou não alguma coisa. E tinha percebido que ultimamente ela não falava mais da sua vida pessoal. Parecia estar evitando que ele se metesse. Será que tinha acontecido alguma coisa realmente importante dessa vez e ela não conseguia mais segurar? – Pode contar... – ele incentivou, com o rosto emburrado. – Você sabe que eu ouço qualquer besteira que você disser.

- Chato! – ela gritou ofendida. – Eu não fico falando besteiras. – inflou as bochechas.

- Certo. Eu também posso ouvir coisas realmente importantes. – continuou alfinetando-a.

Ela fez mais algumas caretas afetadas, mas sabia que aquilo estava contribuindo bastante para relaxá-la.

- Bem, é que... – resolveu tentar de uma vez. Afinal, era aquilo ali. Ele era seu melhor amigo, sempre fora. Ele iria entender. Ele iria perdoar. – Eu... Na verdade... – olhou para baixo,fugindo daquele olhar azulado cheio de expectativas. – Não vou mais viajar com você...

Toushiro abriu a boca chocado. Fechou-a. Abriu-a novamente para replicar, as sobrancelhas se apertando. Mas antes que qualquer som saísse...

- Cheguei! – a porta do apartamento subitamente se escancarou e a loira de vermelho entrou ruidosamente.

- PRIMA! – Momo quase caiu do sofá de susto.

- H-Hinamori! – o garoto preocupou-se com a amiga assustada.

- Mas que droga! Não entre em casa assim! – a garotinha ralhou com a mão no peito, sentindo o coração galopar loucamente.

- Ih, desculpa. – agora foi a vez da libriana de se sentir atacada e ofendida. – Achei que ia ficar feliz com a prima voltando mais cedo pra casa.

Momo não respondeu. Continuou respirando fundo e se concentrando em fazer o coração voltar ao normal.

- Hum... – a loira tentou não levar para o lado pessoal e então começou a bisbilhotar na pipoca e na caixinha do filme pousada na mesinha. – E então? Posso me juntar a vocês? Que filme estão assistindo?

Certamente as devidas explicações ficariam para outra ocasião.

 

****

 

- Rukia, encontrei bebidas sem álcool! – Ichigo apareceu feliz consigo mesmo.

Rukia estava sentada em um dos pufes espalhados pela sala enorme. Sorriu para ele e para a bebida esquisita. Tinha um tom de rosa bem escuro e suspeito e o copo era todo enfeitado com frutas.

- Você tem certeza disso? – ela pegou o copo e ficou encarando.

Ele bebeu um gole e não mudou a expressão.

- Você acha que eu sou maluco ou burro? Porque só sendo um dos dois eu daria uma bebida com possibilidade de ser alcoólica pra você.

- Há! – ela diminuiu os olhos bem contornados de preto pra ele e bebeu um gole. A bebida era doce e azeda ao mesmo tempo. – O que está querendo insinuar com isso?

- Não estou querendo insinuar nada. Estou dizendo descaradamente que você fica insuportável quando bebe. – ele desafiou-a.

- Ah, é, é? – ela irritou-se com a alfinetada direta. Mas bem... Talvez ele tivesse razão. – Certo. – olhou para o copo. – Obrigada por ser tão honesto e cuidar tão bem de mim! – levantou o copo para ele como num brinde.

- Estou tentando decifrar se isso foi irônico ou não. – ele arqueou uma sobrancelha.

- É claro que foi irônico. – era uma meio-verdade. – Você sabe que sou eu que cuido de você, bebezão! – ela franziu o rosto para ele.

Ele ia replicar, mas ela levantou-se e pousou o copo em uma mesinha próxima.

- E então? Nós não vamos dançar? – abriu um sorrisinho divertido e cativante enquanto agarrava o antebraço dele puxando-o para o centro.

- E-ei! – mesmo seduzido pelo rostinho matreiro dela, ele fez corpo duro. – Você sabe que eu não sou bom nisso! – começou a corar e a ficar nervoso.

- E eu sou uma dançarina profissional, né? – ela ironizou. – Nós não temos muitas oportunidades de relaxar, vamos nos divertir um pouco hoje. – ela começou a balançar os ombros devagar se adaptando ao ritmo da música.

- Mas você ainda pode fazer uns passinhos de ‘Oops’. – ele provocou agora sorrindo também.

- Olha aqui! Você já me fez fazer isso uma vez. – apontou o dedo para ele. - Não vai ser fácil fazer de novo! – ela falava séria, mas não brava e nem amarga.

- Ah, que bom. – ele não se intimidou com o dedo apontado dela. - Você não disse impossível.

Ela franziu as sobrancelhas pequenas e comprimiu os lábios se sentindo irritantemente derrotada.

- Cala a boca! – resolveu dar fim àquela conversa incômoda e continuou com seus passos tímidos.

Ele obedeceu-a sem se vangloriar da vitória e começou a tentar se mexer conforme o som, bem tenso e sem jeito.

Era uma cena ao mesmo tempo cômica e encantadora de ser ver. Os opostos ainda tinham algumas coisas em comum, no fim das contas.  

- Ai meu Deus! – de repente Chiharu apareceu andando depressa e cochichou com Rukia quando passou por perto dela. – [i] Ele [/i] chegou! – estava quase sufocada.

Como se seus passos de dança já não fossem parados o bastante, a capricorniana congelou.

- Que bom, Chiharu! – sorriu para a amiga, compartilhando da mesma animação que ela.

- Eu sei! – a pisciana sacudia as mãos nervosa. – Vou chamar a Mai agora mesmo! – e sumiu do mesmo modo que apareceu.

- O que foi essa agitação toda? – Ichigo estranhou, mas só perguntou quando a morena sumiu escadas brancas acima.

- É hora de torcer pela minha amiga, acho. – Rukia sorria. – Mas isso não é da sua conta, continue dançando! – deu um tapa no braço dele.

- Hunn... – ele ficou pensativo. – Que saco. – resmungou baixinho.

 

- Mai! Mai! Ele chegou! – Chiharu invadiu o quarto sussurrando tão forte que se sentiu tonta.

- Até que enfim! – a loira levantou da cama, onde estava lendo um livro e ajeitou-se no espelho uma última vez. – Pensei que ia me fazer terminar o livro. – revirou os olhos.

Chiharu riu. Ela parecia tão confiante que dava ânimo.

- Eu estou bem, não estou? – segurou as mãos da pisciana.

- Está maravilhosa! – ela disse sinceramente e com um sorriso.

- Mas... Eu estou mesmo bem? Quero dizer... Para conversar com ele como uma nova pessoa? – a segurança dela não parecia mais tão firme, mas ela estava sem dúvidas muito forte.

- Eu tenho certeza que está ótima. – Chiharu garantiu apertando bem as mãos dela.

- Okay. – Mai respirou fundo. – Agora vai, vai! Daqui a poucos minutos eu estou descendo.

- Tá bom. – Chiharu sorriu enormemente mais uma vez e voltou correndo para a festa.

Quando chegou à sala, pôde ver Ashido na varanda, examinando o lado de dentro antes de seguir em frente.

Foi então, o mais casualmente possível, andando até ele.

- Ashido! – sorriu quando ele olhou para ela. – Que bom que você veio!

- Ah, que isso! – ele balançou a cabeça e colocou as mãos nos bolsos, olhando ao redor. – Uau, a festa parece melhor do que eu esperei, hein?

- Obrigada! – ela mexeu nos cabelos. – Mas você ainda não viu o principal.

Os olhos verdes se encontraram com os azuis frios. Ambos sabiam muito bem que aquela conversinha era uma encenação até para eles mesmos.

- É... – ele abaixou os olhos tentando comprimir um sorrisinho excitado. – Você sabe que eu não gosto muito de festas... Eu vim por causa de uma certa promessa.

O coração da pisciana batucou forte no peito.

- É claro que veio.

Ouviu então o inconfundível som de saltos batendo nos degraus da escada e virou-se.

- E olha. Parece que a promessa está logo ali! – apontou como se não fosse tudo ensaiado.

Por mais que aquilo fosse uma brincadeira e aqueles fingimentos estivessem ultrapassando a linha do infantil, Ashido não conseguiu manter a boca fechada ao finalmente vê-la.

Ela descia com um lindo sorriso, cumprimentando os convidados que chamavam seu nome. Os cabelos loiros pareciam ainda mais claros e vívidos em contraste com a roupa escura que ela usava. O traje começava com uma gargantilha preta colada ao pescoço. Continuava com o vestido preto tomara-que-caia, rendado delicadamente no peito. Era acinturado e mais leve nos quadris. Terminava nas coxas onde rendas iguais às superiores davam o toque final. A sandália de salto alto também era preta e tinha acabamentos de renda combinando com o vestido.  

Ele estava gostando cada vez mais daquela brincadeira.

- Maaai! – Chiharu foi até a amiga quando esta acabou de descer os degraus e puxou-a gentilmente pelo pulso.

Mai foi seguindo a amiga tentando conter um enorme sorriso e aquela pulsação cruelmente adorável no peito.

- Ashido, essa é a Mai. – Chiharu ‘apresentou’ quase rindo. – E Mai... Esse é Ashido.

- Prazer em conhecê-la. – ele abaixou um pouco a cabeça gentilmente.

- O prazer é meu. – ela inclinou o rosto e sorriu. – Venha, vamos conversar um pouco! – ela chamou-o e foi entrando na casa. – Uma amiga minha me falou muito de você... E eu quero saber se você é tudo isso mesmo que ela disse. – riu maliciosa.

- Certo. – ele não conseguiu conter um pequeno sorriso em resposta. – Mas eu prefiro passear lá fora, o que você acha?

Aquilo fez com que ela se lembrasse do primeiro encontro. E pior: com que se apaixonasse de novo por ele.

- Ah, claro. – ela assentiu. – A noite está linda.

E os dois foram andando lá para fora, para perto da piscina.

- E então, me diz. O que foi que sua amiga falou sobre mim?

Mai percebeu que Chiharu estava agitando a pista de dança lá dentro para que deixassem os dois mais à vontade. Não que isso fosse espantar os mais bisbilhoteiros. Mas Mai agradeceu de coração ter uma amiga tão perfeita.

- Bem... Ela disse que você era meio sério e meio confuso... Mas era muito divertido, companheiro e protetor... Disse também que você tem um senso de justiça muito aguçado. E que sabe como tratar bem as mulheres. – olhou para o rosto dele com aqueles olhos escuros impenetráveis. – Eu perguntei como ela conseguiu ser idiota o bastante de deixar um cara desses simplesmente ir.

Ele continuou olhando-a quase paralisado.

- E ela disse que... Que foi o melhor que podia ter feito. Mas que ela sofreu cada dia por essa escolha. – continuou encarando-o. Ele estava sem fala. Tanto que ela teve que rir e descontrair a situação. – Mas sabe... Como eu não sou boba nem nada, eu vim dar uma checada nesse cara tão cheio de qualidades. Você sabe. As coisas acontecem sempre com algum propósito. E quem sabe não era minha chance? – deixou um sorrisinho divertido para ele e foi andando na frente.

Óbvio, ele foi atrás apertando os passos como se ela tivesse um ímã.

- Você não se sente culpada fazendo isso com sua amiga? – ele entrou na pilha dela.

- Ah, não. Ela é uma idiota total. – ela franziu o rosto e balançou a cabeça. – Pessoas que perdem uma chance por causa de motivos tão idiotas assim merecem uma lição. – olhou para ele de novo. – Sabe, eu sou diferente dela. Eu sou meio egoísta... Sei que isso não é uma coisa boa, mas eu sou assim. Eu manipulo pessoas e situações ao meu favor. – suspirou. – Algumas pessoas acham isso totalmente detestável. – tirou os olhos dele e olhou para o céu. Naquele momento estava se sentindo insegura. Mas sabia que tinha que seguir em frente. Começou com os piores defeitos de propósito afinal.

- Eu acho isso atraente. – ele disse seriamente.

O que fez o coração dela pular e os pequenos olhos se abrirem. Virou o rosto para ele de novo. E sorriu docemente. A sensação maravilhosa de acolhimento que sentiu não podia ser expressa em palavras.

- Sabe... Eu não gosto de pessoas fracas. E também sou orgulhosa. E possessiva e às vezes até invejosa. – a tensão voltou um pouco, mas sentia-se mais confiante para olhar no rosto dele enquanto dizia. – É meio que um desafio conviver comigo.

- Bem... Não sei se você sabe... Mas estou estudando muito para ser advogado. – ele disse com ar pensativo. – Então pode-se dizer que eu adoro desafios.

Ela teve que se segurar firmemente para não rir e abraçá-lo naquele momento. Ao invés disso, porém, continuou andando.

E ele seguindo-a.

- Olha só... Eu estou aqui, mostrando que sou uma pessoa inteiramente defeitos e você continua enxergando o melhor da situação. Isso realmente faz de você alguém incrível.

- Errado. – ele disse. – Você pode ter dito até agora seus defeitos. Mas você não é inteiramente defeitos. – andou mais depressa que ela e parou em sua frente. Olhou demoradamente para ela. Fitou-lhe os olhos profundos, a boca fina e desenhada, a renda preta contrastando com o branco da pele, as mãos delgadas... – Você é linda. E misteriosa. E intrigante. Não há como não se atrair por alguém assim. – fez uma pausa. O rosto dela parecia impassível como sempre, mas os lábios estavam inegavelmente se mexendo. – Há coisas que vemos sem que precise dizer ou demonstrar. E mesmo no que você demonstrou ser... Só mostra que você é uma mulher sensível, intensa e muito inteligente.

Era isso que ele conseguira captar em suas palavras tão duras consigo mesma? Era isso que acontecia quando se expunha para a pessoa que mais ama do jeito exato e verdadeiro como era? Sentia um alívio tão grande que quase podia ver sua cor.

- Ashido... – ela murmurou olhando nos olhos tão claros dele.

Ele aproximou-se mais dela e tocou-lhe a cintura, fazendo com que o contato aumentasse. Ela quase perdeu o fôlego. Agora sentia a dimensão daquela saudade. Abaixou os cílios cheios de rímel e fitou aquela boca. O rosto dele se aproximou do dela e as respirações começaram a se chocar levemente mais pesadas.

Ele inclinou o rosto com os olhos semicerrados. Certamente ia beijá-la.

- Isso pode ser perigoso. – ela sussurrou antes que ele tocasse seus lábios de vez.

- Não precisa me advertir de mais nada. – ele sussurrou de volta. – Estou assumindo todos os riscos.

Com o coração palpitando na garganta, a escorpiana subiu os olhos para os dele e disse baixinho:

- Eu te amo Ashido.

E ele sorriu com o cantinho dos lábios e finalmente beijou-a.

 

****

 

No outro dia após a festa, Mai estava na casa de Chiharu. Tinha passado a noite lá. Queria contar as novidades em primeira mão para sua melhor amiga. Mas as duas estavam muito cansadas na noite anterior para conversar com detalhes.

Agora Mai terminava de contar como finalmente se declarou para o pisciano, quase na hora do almoço, enquanto elas ainda tomavam o café da manhã.

- Nossa! – os olhos verdes de Chiharu reluziam. – Que coisa mais... Cinema!

- Não é? – Mai suspirou e tomou um generoso gole de chá. – E depois conversamos tanto, tanto... Contei tudo sobre o meu romance e ele não vê a hora de ler. Admirou minha criatividade e parece ter se divertido muito comigo! E eu acho que nunca me diverti tanto com ele também. Nada melhor do que ser você mesma sem medo de nada! – a felicidade trasbordava por todas as partes do corpo dela.

- É claro. – Chiharu sorria contagiada. – Ai amiga. Queria ter te ajudado antes. - lamentou.

- Deixa de bobeira, Chi. As coisas acontecem no momento certo, sempre. – sorriu.

 - Mas me diz. – a pisciana recuperou o humor. – Ele disse que te ama?

Mai inflou a parte direita da bochecha e olhou para baixo.

- Não. – suspirou e em seguida subiu os olhos para o rosto da amiga de novo. – Mas sabe que eu acho que isso faz... Hun... Digamos, ‘parte da brincadeira’? – fez aspas com os dedos no ar.

- É mesmo? – Chiharu inclinou-se interessada. – Por que você acha?

- Bem... – o sorriso voltou para os lábios da inglesa. – Ele me chamou para sair de novo. – riu animada. – E você sabe como ele anda cada vez mais ocupado e tudo mais... E também, na hora de se despedir, ele fez questão do ‘Foi um prazer te conhecer’. – soltou o ar recostando-se na cadeira. – Talvez eu tenha sido impulsiva demais soltando a frase logo no começo da brincadeira.

- Não acho que tenha sido impulsiva! – Chiharu discordou. – Você precisava dizer aquilo. E bem... Ele precisava ouvir, depois de tudo que aconteceu.

- Talvez. – ponderou um pouco, mas logo levantou as sobrancelhas espantando aqueles pensamentos. – É... Acho que me esqueci do mais importante ontem à noite. Eu sou mesmo uma pessoa desprezível.

- O que você esqueceu? – os olhos de Chiharu arregalaram-se medrosos. – Ai meu Deus! Não me diga que se esqueceu de deixar claro para ele algum detalhe importante?!

- Não foi isso. Foi pior. – ela fez suspense bebendo mais chá.

- Ah Mai! Fala logo! Estou ficando angustiada!

- Eu me esqueci de te agradecer bobona! – ela riu e mostrou a língua para a amiga.

- Quase me matou de susto, Mai! – a pisciana fez-se de brava, mas logo estava rindo também.

- Muito obrigada Chi! – pegou a mão dela na mesa. – Você sabe, deveria ganhar um Oscar de melhor amiga do mundo!

- Não, Mai-chan... – ela corou. – Isso é exagero... – riu sem jeito.

- Não é não. – Mai afirmou. – And the Oscar goes to Mayama Chiharu! The Best friend ever! – engrossou a voz ao anunciar e depois bateu palmas sozinha.

- Ahh isso não é justo. Ganhar um Oscar com uma camisola de bichinhos! – apontou para a própria roupa.

Mai ficou rindo da cara de frustração da amiga até que ela voltasse a rir também.

 

****

 

- E então? Curtiram a festa de ontem? – Rangiku perguntou para a dupla de signos opostos do banco de trás do carro de Ichigo.

- Foi legal. – Rukia respondeu. – Eu até fiz o Ichigo dançar! Foi tão engraçado! – riu.

- Ei! – ele interveio ranzinza. – Você fala como se tivesse sido a melhor dançarina da festa!

Rangiku riu também.

- Vocês só precisam de treino. – ela disse. – Vocês são muito parados, credo. Deviam ir a mais festas! Aí duvido que iam rir um do outro porque não sabem dançar!

Ichigo e Rukia entreolharam-se, mas trataram de desviar o olhar logo.

- Para signos opostos até que vejo bastante coisa em comum em vocês dois. – ela comentou achando graça.

E eles entreolharam-se de novo. Será que ela estava falando sério? Eles só tinham pontas soltas e diferentes. Nunca nenhuma peça se encaixava na outra. Discordavam com tudo. Discutiam por tudo. Era assim que eram!

Ou... Isso havia mudado sem quem nem eles mesmos pudessem perceber?

Mal sabiam eles que os mesmos pensamentos estavam passando nas duas cabeças.

- Chegamos. – Ichigo disse avistando a loja de Celeste-sama.

- Tomara que eu consiga resolver minha angústia. – Rangiku suspirou.

- E tomara que a gente não seja castigado na próxima missão. – Rukia olhou a carta que pedia que os dois fossem ver o guru pessoalmente.

 

 

Continua...


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