Céu escrita por Liminne


Capítulo 44
Capítulo 38 – Memórias [passado e presente]




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/20957/chapter/44

 

Nunca havia chegado tão cedo à universidade, percebeu. E suspirou aliviada com esse pensamento. Porque ele não era de chegar tarde... E estaria com problemas se estivesse um pouquinho atrasada. Mas graças aos Céus o seu esforço foi recompensado. Não deu cinco minutos que havia se postado num canto, perto dos portões de entrada quando viu aqueles cabelos laranja e a cara amassada de mau humor.

Imediatamente abriu um sorriso. Quase sem mesmo perceber. Assim que o ruivo estava a uns oito passos da pequena, ela entrou na sua frente com a grande cesta e o sorriso iluminado e disse sem se importar com o que quer que pudessem pensar daquela situação:

- Feliz aniversário, Ichigo!

E o canceriano, diante daquela beleza tão doce e daquela surpresa tão alarmante, só conseguiu parar no meio do seu caminho e ficar ali, com a expressão mais escancarada que existe.

- Ru-Ru-Rukia... – ele conseguiu dizer com a voz estrangulada, alguns longos segundos depois do choque.

- O que foi? – ela continuava sorrindo. Aprovava a reação dele.

- O-obrigado... – coçou a nuca nervoso. – Ma-mas... O que está fazendo com essa cesta enorme? – sinalizou. – E por que é que não trouxe suas coisas?

Ela não respondeu com palavras. Apenas agarrou o pulso dele com sua mão pequenina e pôs-se a andar na direção oposta do portão.

- Ei! – ele achou estranho, mas não fez o corpo duro. – Para onde está me levando?!

Ela então lhe lançou um olhar travesso por cima do ombro.

- Shh! – fez. – Hoje nós vamos matar aula!

Seus olhos quase saíram das órbitas. Rukia matando aula?!

O que aquela baixinha doida estava tramando agora?

Não fazia idéia, mas nem por isso deixou de perceber o quanto aquele momento era especial. Só lhe restou segui-la sem fazer mais perguntas.

 

****

 

Quando estavam quase chegando ao destino que Rukia programara, o ruivo resolveu abrir a boca.

- Ei, Rukia. – disse e ainda estava sendo segurado por ela, como se pudesse fugir se ela o soltasse. – Essa cesta... Não está muito pesada não?

Ela olhou para ele meio de lado.

- Eu sou forte, garoto. Mais forte que você, eu aposto. – sorriu irritantemente.

Ele diminuiu os olhos para ela, afetado mais uma vez por aquelas provocações tão habituais.

- Não se preocupe. – ela mudou o tom e continuou andando, olhando agora para frente. – Estamos quase chegando...

Alguns pouquíssimos minutos depois, eles chegaram. Ichigo só percebeu que era [i] ali [/i] quando Rukia soltou o seu pulso e avançou mais rapidamente. Sem seu consentimento, apenas foi até o gramado e instalou a cesta lá.

Só depois de respirar fundo, se esticar e reclamar baixinho por causa da dor nos braços é que voltou os olhos azuis brilhantes para o ruivo que continuava parado onde ela o havia deixado.

- Venha Ichigo! – ela disse sorrindo, o coração palpitando. Podia imaginar o que ele estava sentindo naquele momento. – Ou eu vou ter que te puxar até aqui, igual fiz o caminho todo? – semicerrou os olhos por causa da claridade e franziu levemente o nariz.

Não dava para negar. Ela era a figura mais graciosa que já havia visto na vida.

Mas aquele cenário...

Hipnotizado por alguma das duas forças, o jovem foi andando até a pequena vestida de amarelo, como uma delicada menina do interior e então, quando bem próximo e olhando naquele azul, conseguiu deixar a voz sobrepujar as batidas altas do coração:

- Rukia. – disse firmemente, mas não para parecer assustador. – Mas que diabos?!

Ela não ficou nem um pouco ofendida. Mesmo que ele tivesse cerrado os punhos e apertado os lábios. Apenas continuou sorrindo suavemente, bem suavemente e virou o olhar para o riacho logo adiante, reluzindo por causa da luz do sol.  

- Esse lugar é muito bonito. – ela disse, ainda admirando o riacho. – Foi uma boa escolha como lugar preferido, Ichigo.

A maldita missão do Infernal-sama! Por isso ela o tinha levado até lá. Ela não sabia o que na verdade aquele lugar representava para ele?

Queria fazer um escândalo. Queria pedir para que ela parasse de estender aquela toalha no naquele chão. Queria gritar para que ela parasse de sempre brincar com seus sentimentos mais importantes.

Mas nada saía de sua garganta apertada. E não era porque não tinha coragem. Era porque, mesmo que ela brincasse com seu coração, não podia renegar aquela imagem tão doce. Aquele sorriso tão simples e verdadeiro. Aquele olhar tão vívido e inocente ao mesmo tempo.

Ele não queria [i] de verdade [/i] que ela parasse.

E afinal, se pensasse bem, sua intenção não era das melhores? Afinal, aquilo era um presente de aniversário que ela havia se empenhado em lhe dar. É. Um presente. E Rukia estava colocando seu coração ali, diante daquele cenário.

- Isso é... – ele finalmente tinha suavizado a voz enquanto assistia à pequena retirando os doces de dentro da cesta. – Chocolate. – não conseguiu evitar um sorrisinho.

O sorriso dela cresceu um pouco e os olhos ergueram-se para ele.

- Todo mundo gosta de chocolate. – riu.

E ele não teve vontade de enforcá-la dessa vez.

 

****

 

Momo estava trocando os sapatos no armário da escola quando percebeu uma cartinha lá no fundo. Seu coração deu um pequeno salto e suas bochechas ruborizaram, mas sem grande impacto. Estaria recebendo uma carta de amor?

Sorriu e esticou a mão para alcançar o envelope azul. Retirou apressadamente de dentro a cartinha e leu-a.

 

“Precisamos nos encontrar. Tenho grandes novidades! Você vai gostar muito!

Ansiosamente, A.”

 

Aquela última letra da minúscula carta – mais para um bilhete – sim foi motivo para seu coração disparar com impacto.

Era dele. O único que lhe importava.

Suspirou. Se ele estava ansioso, ninguém podia imaginar o que pulsava dentro daquele peito.

Sorridente e nas nuvens, foi andando até a própria sala de aula, onde os minutos seriam horas e as horas seriam quase eternas.

 

****

 

Já estavam há um bom tempo ali comendo naquele clima agradável. Mesmo que fosse verão e estivesse quente, o calor não era demais a ponto de estragar o encontro. Na verdade, uma brisa leve estava passeando pelos dois, como uma intrusa naquele piquenique num deserto.

Sim. Não havia ninguém além deles. Era como se Rukia houvesse alugado o lugar só para os dois. Sem interrupções e com tudo na medida certa: o calor, a luz, o verde da grama, o azul das águas e o cheiro das flores brancas. E principalmente, o sorriso.

- Eles pensam que eu não sei. – o ruivo revirava os olhos. – Mas quando eu chegar em casa vai ser aquela algazarra.

Rukia riu.

- Imaginei que você detestasse festas surpresas. – disse orgulhosa de sua dedução correta.

- Bem, não é que eu odeie... – Ichigo respondeu cuidadosamente, imaginando a alegria de Yuzu e de seu pai e o orgulho brilhando lá no fundo dos olhos de Karin. – Eu só não gosto de ser o centro das atenções, sabe? – ele desviou os olhos para a toalha e começou a brincar com sua ponta amarela. – E meu pai acaba chamando meus amigos, e aí fica gritando, dançando, e eu não sei direito o que fazer. – fazia muitas caretas ao falar. Era engraçado.

- Você é engraçado Ichigo. – Rukia tentava prender o riso. – Fico imaginando você que nem um robô enquanto serpentinas caem na sua cabeça e todos dançam ao seu redor. – soltou uma risadinha. – É isso o que chamam de ovelha negra da família!

Ele crispou todo o rosto para ela.

- Olha só quem fala também. – ele provocou. – Seus pais são as pessoas mais gentis que eu já conheci na vida. E têm uma filha que mais parece um soldado!

Foi a vez dela de se sentir atingida.

- Bem. – ela empertigou-se e ajeitou os ombros. – Eu não acho que um soldado possa cozinhar tão bem quanto eu e nem bordar uma toalha para piquenique e preparar tudo tão bonito e combinando como eu fiz. – sentia-se orgulhosa do seu feito, ninguém precisava dizer.

Mas na verdade, o que continha naquela defensiva era uma ponta de mágoa.

Ele olhou em volta. O que ela falou era verdade. Ao longo da linda toalha se estendiam vários tipos de doce feitos com principalmente chocolate e até mesmo a própria Rukia estava vestida de modo a combinar com os potes e o bordado. Falando em bordado... Ela mesma que tinha feito aquilo? Ainda estava brincando com ele, mas agora que ela havia falado, seus dedos puderam sentir uma textura diferente e seu coração deu uma acelerada.

- Mas certamente só uma mulher soldado agüentaria carregar essa cesta tão grande com tanta coisa dentro pelo caminho todo sozinha. – ele continuava desafiando, tentando não dar bandeira de que um simples bordado tinha mexido com algo em seu peito.

Ela sentiu vontade de replicar malcriadamente. Tudo tinha dado tanto trabalho para ele estar falando daquele jeito. Chegou a franzir as sobrancelhas. Mas repensou e resolveu calar-se. Aspirou o perfume das flores e a brisa que suavizava o calor do sol e acalmou-se.

Era isso que ele tinha sentido a todo o tempo, não era?

Estava pronta para desfazer sua expressão magoada e assumir mais um sorriso tolerante, quando o tom de Ichigo mudou de repente ao dizer:

- Mas eu queria agradecer. De verdade, muito obrigado. – assim que ela levantou o olhar cintilante para ele, foi como um impulso que jogasse seus olhos castanhos para algum outro ponto qualquer.  – Quero dizer... – sentiu as bochechas corarem. – Você está matando aula por causa do meu aniversário... E as provas já estão chegando... – puxou um sorrisinho. Sentia uma quentura tão confortável no peito... E não era o verão. Era um novo sentimento. Estava se sentindo especial. É. Era isso.

- Oh meu Deus! – Rukia gritou dramaticamente fazendo o canceriano olhá-la espantado. – Oh meu Deus, as provas estão chegando! O que eu estou fazendo aqui? Acho que vou voltar correndo! – levantou-se, ainda de brincadeira, só para dar mais realidade à encenação.

Uma parte dele temeu que aquilo fosse verdade. Mas ela logo sorriu maliciosa, como quase sempre fazia depois de provocá-lo e então ele resolveu apenas diminuir os olhos para ela.

Ela só estava a fim de cortar o clima, não era?

- Estou brincando, idiota. – ela mostrou a língua para ele e pôs-se a encarar a paisagem. – Estou feliz de estarmos juntos aqui, no dia de hoje. – sentiu-se novamente estranha dizendo aquilo. Como naquele dia do telefone. Mas não se importou dessa vez. Virou o rosto para ele e sorriu pequenamente, logo redirecionando a atenção para frente, guardando a expressão estupefata do caranguejo na memória. – É um lugar muito bonito para recordações tristes. – começou a tirar as sapatilhas e sem aviso prévio, correu para a água.

Mas outra coisa balançou o ruivo.

- Então você sabia. – sua expressão chocada e ao mesmo tempo fascinada desapareceu dando lugar a uma pequena indignação. – Você sabia dos meus sentimentos por esse lugar.

- Sim. – a essa altura, ela já molhava devagar os pequenos pés na água fria. Olhou por cima do ombro para ele. – Eu fiz de propósito. – mas disse aquilo de modo doce e não impiedoso.

- Rukia você... – ele cerrou os dentes, sem saber direito o que estava sentindo. – Você queria me deixar deprimido, é? É isso que você queria? – não estava totalmente esbravejando, mas dava para sentir bastante rebeldia no modo como as palavras saíam.

Rukia não respondeu, apenas ficou parada, de costas para ele.

- Fala alguma coisa! – ele gritou.

- Não foi essa minha intenção... – a voz doce dela transformou-se numa voz um tanto ferida. – Eu só queria... Só queria... – respirou tremulamente, ainda sem olhar para ele.

O coração do ruivo então deu uma estocada de culpa no peito. Ela não estava chorando, estava?

Que espécie de homem ele era, afinal? Que espécie de indeciso ele era? Não era o seu maior desejo que ela se esforçasse por aquela união tanto quanto ele? E não era exatamente o que ela, Deus sabe que finalmente, estava tentando fazer?

Levantou-se então da toalha e aproximou-se dela, esticando a mão devagar para encostar em seu ombro.

- Rukia... – as letras saíram todas cautelosas. Percebeu que ela abaixou e sentiu-se ainda mais horrível. – Eu...

Mas antes que pudesse concluir a culpa, os pensamentos ou a frase, a pequena de olhos azuis levantou-se bruscamente e jogou água fria no seu rosto.

- Hahahaha! – ela ria da cara molhada e repentinamente irada dele. – Caiu direitinho no meu drama!

- Sua... – ele falou com força, mas na verdade aquilo não o tinha deixado com tanta raiva assim. Ela não estava chorando afinal.

- Ah Ichigo, qual é. – ela ria. – Está calor! – encheu a mão de novo e jogou mais água nele. Em seguida, saiu correndo pela beira do riacho, como uma menininha.

- Corre mesmo! – ele começou a tirar os tênis. – Porque você vai fazer um mergulho em águas rasas se eu te pegar!

E quando deu por si, estava correndo atrás dela também, ouvindo seu riso. Mas ele mesmo ria um pouco também. Ocasionalmente ela parava e chutava água na direção dele. E ele jogava pelas costas dela, mas ela sempre conseguia desviar, apenas ficando respingada. Logo estariam com as roupas encharcadas. Mas não precisavam se preocupar com nada. Parecia que o tempo tinha parado para os dois.

- Te peguei, garota, agora você vai ver! – ele finalmente conseguiu alcançá-la e segurou-a pela cintura.

Era só uma brincadeira, certo? Era só uma brincadeira.

- Ichigo, me larga! – ela continuava rindo, mas estava gritando. O ruivo a estava suspendendo do chão. – O que você está fazendo, seu louco? Me solta! – não dava para levar a sério, ela parecia estar se divertindo, mesmo que sacudisse as pernas no ar e continuasse gritando.

- Agora você não tem escapatória! - ele colocou-a no ombro e saiu andando pelo riacho, como se não fosse nada. – Quem está ganhando agora, hein?

- Me soltaaa! – ela ignorou a pergunta dele e começou a socar-lhe de leve as costas. – Ichigo! – ria. – O que você está pretendendo? Eu não vou admitir a derrota!

- Eu estou pretendendo vingança! – ele fingiu um tom malvado que só fez com que ela risse mais. – Vou te afogar!

- Não vai não! Ichigo! Não faça isso! – agora era ela que tinha dúvidas se ele estava falando sério ou não. Claro que não sobre a parte de afogar, mas de atirá-la por completo ali na água.

Ele então começou a puxá-la de seu ombro como se fosse mesmo jogá-la.

- Um, dois e... – ameaçava vagarosamente.

- Não! – ela forçou-se a descer por si própria e agarrou os braços dele para não ser arremessada.

Acabou se tornando uma cena constrangedora para os dois. Mas não desagradável. Isso nunca.

Ela segurava-se nos braços dele quase afundando o rosto no seu peito, com os olhos apertados e ele ainda a segurava com uma mão pela cintura e com a outra apoiava as costas dela para que não caísse.

Quando ela finalmente abriu os olhos mais calma, ficaram se olhando por longos cinco segundos.

- T-tem tanto medo da água assim, é? – ele resolveu quebrar o silêncio, mas os dois continuavam se olhando imovelmente nos olhos.

- Não tenho medo da água. Só fiquei com medo de cair... – ela começou a tirar as mãos de cima dele devagar.

- Então... – meio contrariado ele foi obrigado a soltá-la também. – Então admite que eu venci, porque estava com medo de mim.

- Você não venceu! – ela desafiou, tentando recuperar a naturalidade. – Afinal, me soltou e me deixou ir, não foi? – se afastou um pouco.

- Sua trapaceira! – ele acusou-a.

Ela retomou o riso e saiu correndo de novo, continuando a brincadeira agradável.

Não, não estava fugindo. Só estava sendo levada devagar até o destino. Por algum motivo, começava a confiar nele.

 

****

 

- Uhh! Está uma delícia! – Shunsui elogiava com o rosto corado enquanto devorava os bombons do pote que Rukia deixara.

Nanao assistia aquela cena com sua costumeira careta de desprezo.

- Não quer um também, Nanao-chan? – o homem sorriu pateticamente com o dente sujo de chocolate, o que fez com que ela apenas revirasse os olhos. – Sabe... – de repente ele ficou sério. – Acho que já comi esses bombons antes... – diminuiu os olhos pensativo. – Ah! Já sei! Só pode ter sido a mamãe da Rukia que a ensinou! – voltou a sorrir. – Ela é uma ótima menina, não é? Saiu aos pais... – suspirou. – Tão gentil se dispondo do seu precioso tempo de estudante para me fazer docinhos!

- Quantas vezes tenho que falar que os doces não são pra você? – Nanao estava sempre impaciente. – Isso são sobras do que ela fez para um piquenique ou algo assim. Hunf! Ela não é tão boazinha de fazer doce só pra te agradar. Acho que ninguém é!
- Nossa, que amargura, minha bonitinha. – ele cutucou a bochecha dela. E ela retesou o rosto como resposta. – Mas então se ela não fez pra mim... Ela fez pra quem? – envolveu o queixo com os dedos numa expressão curiosa.

Ficaram algum tempo em silêncio. Nanao abriu seu livro. Não ia ser ela a dar a informação, afinal, a garota até que era boazinha mesmo e dona do seu próprio nariz por sinal.

- Humm... – mas os neurônios dele ainda não tinham sido todos afogados pela bebida. – Pensando bem, não foram poucas vezes que vi um carro prateado ali fora... – balançava a cabeça, com certeza estava se achando o detetive. – E ela sempre saía dele... E se bem conheço aquele carro... O rapaz já esteve aqui antes, não já?

A mulher não tirou os olhos do que lia. Respondeu enfadadamente:

- Só umas trocentas vezes.

- Oh! – o rosto dele corou de novo. – Eles estão namorando! – sussurrou perto do ouvido de Nanao, como se aquilo fosse algo surpreendente e intimidador. O que fez aquele gesto parecer ainda mais tolo. Como quase todos dele.

- Descobriu a América! – ela continuou no mesmo tom, sem nem se mexer.

- Meu Deus, o que eu faço agora? – ele parecia não se importar com a frieza dela. Ou então tinha adquirido certa imunidade a ela. – Será que eu conto pro Jyuushiro? Ah meu Deus! Será que [i] eu [/i] deveria estar tomando conta dela pra ele??!

O suspiro que Nanao soltou dessa vez chegou a levantar as páginas do livro.

- Vem cá. – olhou séria pra ele com as mãos nas cadeiras. – Você não tem mais o que fazer não? Será que você não tem assuntos importantes pra resolver ao invés de ficar se metendo na vida dos seus clientes? Mas que coisa!

- Mas, mas, mas... Eu estou no meu horário de folga.

- Horário de folga. – ela meneou a cabeça. – Quando é seu horário de folga? De duas em duas horas? Por que não vai no quarto dos garotos ver a porcaria da goteira que já foi reclamada umas cinco vezes essa semana? Vai, vai, vai! – enxotou o homem como se fosse um cachorro.

- Nanao-chan... O que você tem de lindinha você tem de cruel! – ele fez beicinho para ela.

Mas ela não se comoveu. Voltou-se para a leitura e só restou ao homem barbudo pegar o elevador e resolver o tal problema da goteira.

 

****

 

Já era a sétima vez naquele dia que a ligação não se completava. Fora de área... Será que tinha acabado a bateria?

Tentou ligar para o número de casa. Mesmo que duvidasse que alguém pudesse estar em casa de manhã...

Novamente não conseguiu. Chamou várias vezes até cair.

Suspirou e fechou o celular. Será que estavam lhe dando um gelo? Mas até sua mãe?

- Ótimo. – Mai disse para si mesma, fitando o invisível. – Vou ter que agüentar a rejeição da minha família. – sentiu os olhos pretos umedecerem.

Tinha quanto tempo que não ouvia a voz da mãe? Por mais que fosse forte e estivesse bem, não tinha como não sentir saudade de casa. Principalmente naquelas circunstâncias, onde se sentia sozinha, nova, recomeçando aos poucos. Por mais infantil que parecesse, queria o amparo, o apoio da mãe.

Forçou-se a secar os olhos e foi para a cozinha preparar um chá. De repente só estava muito ocupada. Um dia iria visitá-la e aí conversariam sobre o último desfile de moda e ficaria tudo bem. É. Ficaria tudo bem...

 

****

 

Com a proximidade do meio-dia, o sol ficara naturalmente mais forte. Mas eles não podiam sentir o calor mais intenso. Estavam todos molhados por causa da brincadeira no riacho.

Agora andavam lado a lado, voltando ao ponto inicial, onde tinham deixado sem preocupações a cesta do piquenique e os calçados. Nem pensaram na possibilidade de um ladrãozinho de comida.

- Bem, acho que podemos declarar um empate. – Rukia dizia enquanto olhava para a roupa encharcada de Ichigo. – Afinal... – olhou para si mesma. – É meio difícil saber quem se molhou mais. – riu.

- Okay. – ele olhou duro para ela, mas de fingimento. – Dessa vez vou aliviar pra você.

Ela riu mais ainda, mas agora com desdém.

Ficaram em silêncio. Só podiam ouvir os próprios passos na grama. E os passarinhos. E crianças ao longe. Agora não eram mais somente os dois. A magia inicial tinha se quebrado. Mas o Céu azul sabia que tinha um propósito.

Rukia olhou para o rosto do ruivo. Ele estava olhando em frente, mas o olhar parecia vago, perdido. Não melancólico, mas relaxado. Ela podia ver em seus lábios um esboço de sorriso.

- Estou feliz comigo mesma. – ela disse enfim. – Eu me sinto vencedora. Consegui fazer você se esquecer totalmente do motivo de ter me atacado.

Ele quase parou no meio do caminho. Ela estava certa. Ele por um momento havia esquecido. Não... A quem queria enganar? Não fora por um simples momento. Quanto tempo foi que passaram brincando?

Diante do olhar estupefato de Ichigo, Rukia só pôde sorrir mais uma vez.

- Então esse era seu objetivo? – ele conseguiu espremer pela garganta apertada. – Me fazer esquecer?

Ela balançou a cabeça negativamente.

- Você nunca vai esquecer, Ichigo. – olhava para ele. – Nunca. – parou no meio do caminho. – Foi aqui que sua mãe teve o último momento alegre e divertido em família. Foi a última vez que a família Kurosaki festejou completa. E isso você nunca vai esquecer.

O coração de Ichigo doía.

- Então... – engoliu em seco. – Então o que você queria afinal?

Ela sorriu para si mesma, bem pequenamente.

- Sabe, eu passei os últimos dias lendo revistas e mais revistas de astrologia. Nem acredito que gastei o maior dinheiro com isso. – revirou os olhos.

Ei! Ela por acaso o estava ignorando totalmente? Quantas vezes naquele mesmo dia ela tinha fugido da sua pergunta?

Cerrou os punhos irritado.

- Eu acabei notando... – mas ela continuou, alheia à fúria dele. – Que uma coisa sobre o signo de câncer pode se encaixar totalmente no seu caso. E foi o que me inspirou a armar esse... Hun... Presentinho.

Do que ela estava falando? Não percebeu isso, mas a olhava fixamente, intrigado e furioso ao mesmo tempo.

- O passado. – ela disse. - Em todas as revistas e nas pesquisas que fiz pela internet, sempre diziam que os cancerianos tinham um apego muito grande ao passado. E que por isso, viviam presos e atormentados por fantasmas. – ela abaixou os olhos. – Lembrei-me imediatamente daquela foto. E da energia que ela tinha. De como eu pude sentir você ali. E lembrei-me também do seu lugar favorito. Um lugar favorito que você mantinha longe do alcance. Do seu próprio alcance. Porque o tinha aprisionado.

Naquele momento, duas crianças passaram correndo na frente deles e a mãe foi logo atrás, gritando seus nomes. A dupla parou para olhar em silêncio pensativo. Mas alguns segundos depois, Rukia retomou a palavra.

- Está vendo? Há vida aqui. Há uma continuação, Ichigo. – olhou para ele profundamente. – Esse lugar não é só seu. Esse lugar continua vivo e livre para receber lembranças e mais lembranças. Esse lugar não ficou parado no passado. A vida continua. – fez uma pausa de olhos fechados. Quando os abriu, estava pronta para a conclusão. – O objetivo do meu presente de aniversário para você, era construir memórias nesse lugar. Memórias novas, alegres e que pudessem libertar esse lugar tão bonito da tristeza sombria em que você o colocou. Queria que pensasse novamente. E descobrisse que ainda dá pra renovar, para plantar um futuro.

Ele não estava com os olhos tão satisfeitos quanto os dela. E seu maxilar ainda estava travado.

- Então o seu objetivo era me dar uma manhã agradável nesse lugar e assim colar por cima das minhas memórias uma nova memória? Seu objetivo era fazer uma limpeza na minha mente e simplesmente descartar o que esteve dentro por todo esse tempo? – sua voz continha uma mistura de desprezo com uma incredulidade irada.

Ela sabia que não ia ser fácil.

- Ichigo. – parou na frente dele. E agora estava mais séria, as sobrancelhas levemente apertadas. Os olhos tão azuis, mais penetrantes do que nunca. – Suas memórias não ficam na sua mente. Ficam no seu coração. E quando você as guarda aqui. – tocou o próprio peito. – Não há nada nesse mundo que possa tirá-las. Porque cada batida do seu coração vai trazer à tona todos os momentos e sentimentos guardados. Mas você precisa continuar vivendo para que as batidas continuem... – amansou o semblante de repente. – Eu sei que fui muito ousada te trazendo até aqui e tentando mexer com o seu passado. Mas sabe, Ichigo... Eu aprendi muita coisa com você durante esse tempo. E eu fui ganhando brechas para aprender mais e tirar minhas próprias conclusões. Eu abri mais minha mente e meu coração. E eu queria... – hesitou sentindo o sangue correr mais depressa. – Eu queria dividir com você o que eu aprendi. Eu queria te ensinar também. Você está fazendo 20 anos hoje. E eu achei que estava na hora de deixar de ter medo de fantasmas. De abrir as cortinas e deixar o passado no seu lugar, no seu coração. E na sua mente, na sua pele e nos seus desejos, começar a desfrutar do presente. É o que temos de mais concreto, Ichigo. E é o que vai fazer nosso futuro e nosso passado daqui a um tempo. – pôde ver um brilho diferente naqueles olhos castanhos. A respiração dele ficara até mais ruidosa. Não precisava ouvir o que aquele coração dizia. – Me custou e me doeu, mas resolvi guardar bem guardado o meu passado. E agora estou apenas enfrentando o presente. E quer saber? Me sinto livre, me sinto mais madura. – o olhar voltara a ficar divertido. – Mesmo que eu seja mais nova que você, sou infinitamente mais madura e mais corajosa! – levantou o punho para ilustrar o que acabara de dizer. – E é meu dever ajudar você a crescer também!

Os lábios de Ichigo puxaram-se num sorriso. Pela primeira vez seu coração totalmente louco e disparado não o deixava nervoso. Não se importava que as bochechas estivessem mais coradas que o normal. Não se importava se parecesse ridículo ou atrapalhado. Se sentia bem. Se sentia livre. Se sentia à vontade.

Era isso que chamavam de signos opostos complementares. Havia chegado a hora de pararem de se esbarrar e de finalmente se complementarem?

Olhando para o rosto alvo e imaculado de Rukia, só conseguia ter mais e mais certezas. Era por isso que seu coração batia forte não era? Era por isso que a admirara desde o começo. Era isso que o fazia gostar tanto dela. Era forte. Era sábia. Ao mesmo tempo doce e atrevida. Não tinha medo de enfrentar nenhum obstáculo. Era orgulhosa, mas sabia quando ser humilde e aceitar que tinha muito a aprender. E aprendia com perfeição.

Ela havia aprendido muito com ele. E ele queria mais que tudo, poder aprender com ela também.

Suas palavras estavam certas. Mesmo que em alguns momentos fossem tão ásperas e o fizesse sangrar um pouco, eram certas. Tivera medo de abrir a cortina. Mas agora que alguém o fizera por ele, depois de relutar contra a claridade repentina, podia enxergar o que havia por trás. A vida continuava. As memórias antigas estavam guardadas e seguras. Não havia mais fantasmas. E um presente estava sendo criado e um dia se transformaria em mais memórias. E como seriam essas memórias? Só cabia a ele modelá-las.

- Obrigado Rukia. – ele disse finalmente. – Foi o melhor presente de aniversário que eu podia receber.

Ela sorriu aceitando o agradecimento de coração, corpo e alma.                

- Agora temos que nos apressar! Já está enchendo de gente e alguém pode ter tido a sorte de encontrar nossa cesta! – ela mudou totalmente o tom e pôs-se a andar mais depressa, quase correndo.

- Mas a cesta estava vazia... – Ichigo disse, acompanhando os passos rápidos dela.

- Seu estômago não está pedindo por almoço não, é? – ela virou a cabeça para trás e perguntou a ele.

- Bem...

- Deve ser mais de meio-dia. – ela voltou a olhar pra frente. – Mas não se preocupe. Ainda tenho minha última arma secreta na cesta. – riu. – Quero dizer... Eu espero que ainda tenha.

 

****

 

Bem de tardinha, após as aulas da geminiana de cabelos castanhos, lá estava ela sentada no sofá do professor. Estava curiosa e não queria perder tempo.

- E então, Hinamori-kun? – depois de servir o chá habitual, eles conversavam. – Planos para as férias? – sorria caloroso.

Ela sabia que ele estava sendo agradável e educado. Admirava que ele fosse paciente. Queria muito saber o que ele tinha para lhe mostrar. Mas não pularia a parte da conversa amigável de jeito nenhum. E acreditava que ele também não. Afinal, era mais tempo para estarem juntos e mais oportunidade para criar mais proximidade. Aproveitava cada pedacinho, mesmo que não fosse do feitio de seu signo solar a intensidade.

- Na verdade sim. – ela respondeu. Já não abaixava mais os olhos e as bochechas coravam bem de leve. – Eu e meu amigo de infância vamos passar um tempo na casa da avó dele na praia! – sorriu animada.

- É mesmo? – ele abriu mais os olhos, mas o sorriso continuava intacto. – Puxa, quanto tempo que eu não vou à praia... Lembre-se de se divertir por mim, certo?

- Certo. – ela confirmou com a cabeça. – E quanto ao senhor? Vai fazer o quê?

- Bem... – ele olhou para baixo. – Parece que vou ter férias meio solitárias...

Ela ficou entristecida por ele.

- Aizen-sensei não tem amigos ou família?

- Amigos eu tenho poucos. E minha família mora longe. – ele respondeu e subiu os olhos para ela. – Eu vou sentir sua falta, Hinamori-kun.

Se houvesse um termômetro de felicidade, o de Momo teria explodido naquela hora.

- V-vai mesmo? – o sorriso se expandia sem que pudesse controlar.

- É claro que vou. Você é a pessoa com quem eu mais gosto de conversar. Talvez seja a pessoa que mais me entenda. – olhou afável para ela. – Ah... – balançou a cabeça em seguida, parecendo embaraçado. – Me desculpe... Deve ser um incômodo para você um velho como eu ficar te dizendo essas coisas.

- Mas é claro que não, Aizen-sensei! – ela quase gritou incrédula. – Nunca mais pense assim novamente! Eu é que sou só uma pirralha... Até hoje não acredito na sorte que tive de o senhor me notar... Como uma amiga de verdade!

- Agora eu é que tenho que pedir para que não pense assim, Hinamori-kun. – ele ficou sério de repente. – Você não é uma pirralha. Qualquer pessoa que tenha colocado isso na sua cabecinha está muito, mas muito enganada. As pessoas não são a idade. São as experiências. E você, com 13 anos é uma menina forte, vivida e contagiante. É impossível te enxergar como uma pirralha desse jeito. – olhava para ela sem desviar. – Você é uma garota incrível. Isso que você é.

Sentia-se tão realizada que podia começar a chorar ali mesmo. Mas segurou-se. Nunca havia recebido tantos elogios na vida. E o melhor: do homem que mais amava e admirava. Era mesmo uma sortuda. Uma tremenda de uma sortuda!

- Aizen-sensei... Eu sou muito feliz de ter te conhecido...

Ele se aproximou dela no sofá e tocou sua mão gentilmente, fazendo o coração dela quase pular para fora do corpo.

- Essas são minhas palavras. Obrigado por trazer tanta alegria para a minha vida.

Ficaram se olhando nos olhos por longos segundos. A mão forte dele apertava de modo inexplicavelmente caloroso a sua mão pequena e frágil. Quando viu a outra mão dele subir para seu rosto, a adrenalina começou a jorrar em sua espinha. Ele acariciou o alto de suas bochechas e foi descendo suavemente. Chegou ao seu queixo e o segurou com firmeza cuidadosa. Ergueu-o lentamente, aumentando chocantemente o contato visual. Tanto que ela foi obrigada a fechar os olhos grandes cor de avelã. Agora podia sentir as respirações colidindo. E sabia que seus joelhos tremiam mais do que já havia sentido na vida. A cada segundo tinha a consciência de que ele estava mais próximo de seus lábios. Mas ainda não podia acreditar que tudo aquilo estivesse realmente acontecendo. Porque era demais para ela... Era...

- Me desculpe. – ele interrompeu a expectativa excitada dela e afastou-se com uma expressão confusa que nunca o tinha visto usar. – Me desculpe, Hinamori-kun. – ajeitou os óculos e evitou olhar no rosto dela de novo.

Ela estava trêmula e sem ação. Não conseguia mover-se por vontade própria. E ao mesmo tempo não podia parar de mexer-se involuntariamente.

- Bem... – ele levantou-se decidido e sorriu novamente para ela, ainda parecendo um tanto atordoado àqueles olhos inocentes. – Vamos... Que eu ainda tenho aquilo para te mostrar.

Ela demorou algum tempo para se situar, mas forçou-se a levantar-se e segui-lo.

- É! Vamos. – sorriu também atordoada.

Os dois foram andando para a ampla sala de fotografia, a sala secreta, e então o homem parecendo estar se recuperando, abriu o armário da parede lateral com um risinho de suspense.

E os olhos de Momo encheram-se de diversas cores, brilhos e modelos de tecidos. Era um armário de fantasias muito bem feitas e cintilantes.

- A-Aizen-sensei! – ela riu empolgada. – Isso é...

- Sim! – ele respondeu alegre antes de ela perguntar. – A equipe que vai montar seu book achou que precisávamos de um diferencial e mandou essas fantasias. Espero que não se importe que eu a fotografe usando-as. Porque assim que as vi, imediatamente achei a sua cara. Com tanta alegria e criatividade, você sabe. – sorria.

Os olhos dela voltaram a brilhar com força.

- É claro que não me importo! Tenho certeza que vou me divertir! – riu.

Enquanto Aizen preparava a câmera, Hinamori usou o banheiro do corredor para se trocar. E assim o fez diversas vezes. Estava à vontade para fazer poses, para sorrir abertamente e se sentir renovada a cada novo figurino.

O último deles, porém, a fez sair do banheiro um tanto quanto tímida. Será que estava ficando cansada? Ou será que estava se sentindo mesmo um pouco desconfortável de aparecer daquele jeito para seu professor?

De qualquer maneira, teria que fazê-lo. E no fundo sabia que era mesmo o que queria.

- Aizen-sensei... – ela apareceu na porta, com o rosto ligeiramente rosado e os olhos baixos e piscando mais. – Ficou boa? – sorriu sem jeito.

A fantasia consistia numa espécie de vestido branco parecido com uma camisola, descendo até metade das coxas, com rendas leves. Subindo até um palmo abaixo de onde o vestido terminava, haviam meias brancas um pouco transparentes com detalhes brancos e mais brilhantes na parte superior, combinando com o vestido. Seus cabelos estavam soltos, com apenas algumas mechas presas com um delicado laço de cetim em uma das laterais. Em suas costas, repousavam pequenas asas brancas revestidas de algodão.

Era para ser um anjo? Então porque a intenção angelical estava assim a tantos quilômetros de distância daquela fantasia?

Ele sorriu ao vê-la e mexeu a cabeça como resposta de que a fantasia estava boa.

Ela então se posicionou na frente da câmera, ainda com o rosto mais quente e ele tentou capturá-la. Mas antes que o fizesse, parou e olhou-a novamente.

- Hinamori-kun. – disse a ela. – Suas meias estão tortas. – sorriu.

- Ah! – ela ficou mais envergonhada. Abaixou-se para consertá-las, mas percebeu que estava um pouco trêmula.

- Deixa eu te ajudar. – ele saiu de trás da câmera e foi até ela.

A menina ergueu-se enquanto ele tocava gentilmente na meia fina que estava mais para baixo. Sentia os dedos dele em sua coxa e começou a tremer mais por isso.

Ele terminou de ajeitá-la e ergueu-se também. Estavam novamente a poucos centímetros de distância. Ele sorria e foi descendo as mãos pela mecha de cabelo preso dela, olhando-a, fitando-a.

- Você está linda. – ele disse num sussurro. E não parou de olhá-la.

Ele parecia encantado. Mas ela também estava. E não queria que ele pensasse que era o único que queria que aquele beijo tivesse acontecido.

Não. Talvez ele soubesse o quanto ela queria aquilo desde sempre. Mas ele não podia. Ele não podia. Era ilícito. Era errado. E ele arriscaria a ele e a ela. Ele certamente, como o bom homem que era, estava pensando nela. Não queria que ela pensasse nada errado. Não queria desrespeitá-la.

Mas ela não estava nem aí para todas essas regras na verdade. Sua prima sempre dizia, os livros sempre diziam, os filmes não paravam de gritar e até mesmo Rukia parecia acreditar nessa verdade: o amor não tem regras.

Diante desse pensamento, pôs-se na ponta dos pés e segurou-se nos braços de Aizen. Aproximou lentamente o rosto do dele e o beijou.

 

 

Continua...

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

--->Importante : No começo da fic houve um equívoco da minha parte sobre o aniversário do Ichigo. O certo seria dia 15/07, mas como eu errei no começo da fic colocando como dia 07/07, eu continuei, então esse capítulo se passa no dia 07/07. Me desculpem pelo erro x___x



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Céu" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.