Entre Fadas E Dragões escrita por Hugo0974


Capítulo 1
Perdido no Tempo


Notas iniciais do capítulo

- Ai esta mais uma tentativa de CrossOver minha. Dessa vez explorando a ideia de Naruto no mundo de Fairy Tail;
- Quem acompanhama minha outra fic, fique tranquilo, ela já está bem adiantada aqui no meu pc (na metade para ser mais exato), por isso posso me prezar a escrever essa fic sem me descuidar da outra.



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A morte é um fenômeno sem piedade.

         Seja você homem ou mulher, corajoso ou medroso, bom ou mau... Para ela nada daquilo importava.

Era certo que em um momento de sua vida ela iria a sua procura e, quando ela te encontrasse, você daria seu último suspiro antes dela te abraçar, retirando todas suas forças e deixando, para você, apenas a escuridão.

         Sim, ela não tinha piedade, e Uzumaki Naruto sabia muito bem daquilo.

         Por isso, depois de usar todas suas forças em conjunto da Kyuubi para destruir o renascido e incompleto Juubi, aplicando o mesmo selamento utilizado a milhares de anos atrás pelo Rikudou Sennin para separar a besta em nove partes, o loiro sabia que não adiantava exclamar para os céus que ele tinha sido o salvador do mundo.

Que ele merecia, pelo menos por alguns anos, gozar da nova paz que iria surgir de seu ato heróico.

Isso por que ele sabia que a morte não tinha piedade...

Assim, deitado no chão frio de um lugar próximo aonde uma vez foi a Vila da Nuvem, ele se contentava em recordar toda sua vida enquanto esperava a morte chegar.

Seja ela devido a suas forças finalmente se esvaírem com o seu esgotamento de chakra, ou seja pelo estranho vórtice negro que surgiu ali logo depois da besta ser separada. Este que sugava lentamente para dentro de si tudo que tinha ao redor num raio de uns cem metros, ao qual ele infelizmente se encontrava.

Mas era estranho... Mesmo estando a poucos minutos da morte, ele não se arrependia de nada que tinha feito. Ele entendia agora um pouco mais o que Jiraya queria lhe dizer quando falava que um shinobi não se media pelos atos feitos em sua vida, mas sim pela sua morte.

E, olhando por esse lado, tinha que se gabar que ele fora um dos melhores shinobis por ai. Já que poucos tinham o privilegio de morrer depois de salvar o mundo inteiro do caos.

Sim, ele estava fazendo piada em seu leito de morte.

Talvez ele estivesse ficando louco devido à eminência de pensar que nunca mais existiria naquele mundo. Ou talvez aquilo apenas fosse algo que todos faziam quando sabiam que a morte já lhes abraçou, e que, agora...

Só restava escuridão.

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A primeira coisa que Naruto constatou quando recuperou seus sentidos, era que morte doía mais do que ele imaginava.

         Isso por que, em sua concepção, depois que a vida lhe deixasse ele nunca mais sentiria nada. Não sentiria como se seus ossos haviam sido comprimidos e esticados milhares de vezes. Não sentiria como se seu cérebro fosse pular para fora de sua cabeça a qualquer momento.

         E, muito menos, sentiria o cheiro de uma boa comida sendo preparada.

         Certo... Esse último era realmente estranho comparado aos anteriores. Mesmo ele teve de admitir que havia alguma coisa errada ali, pois, convenhamos, sentir o cheiro de carne sendo assada em brasa era a última coisa que você deveria sentir se tivesse acabado de morrer.

         Devido a essa desconfiança, acabou percebendo que, de alguma forma, podia sentir seu corpo. Mas não só as dores que vinham dele, mas também o vento frio que parecia lhe assolar, causando-lhe leve tremores.

         Instintivamente puxou algo para cima de si, cobrindo seu corpo e amenizando, mesmo que pouco, aquele vento gélido.

         E esse pequeno ato lhe trouxe duas reflexões. A primeira era que, alem de sentir, ele podia mover seu corpo. A segunda era que, de alguma forma, ele havia acabado de se cobrir com uma espécie de tecido, bastante parecido com um cobertor.

         Sim, aquilo era estranho. Não fazia sentido aqueles coisas existiram na morte.

         Será que tudo aquilo não passou de um sonho? Será que na verdade ele ainda estava em seu apartamento e que a guerra sequer havia realmente estourado? Ou que tudo aquilo não passou de um delírio imaginativo e que, na verdade, ele sequer havia se formado na academia ainda?

         Nah... Ele não possuía tanta imaginação para ter algum sonho como aquele. Além disso, era impossível ele estar em seu apartamento, pois, além do vento gélido que lhe assolava, ele podia sentir que estava deitado em um chão frio de pedra.

         Foi quando finalmente o pensamento de que ele na verdade sequer havia morrido passou pela sua cabeça.

         Mas... Será mesmo? Não havia como ele ter sobrevivido. Ele podia ser um leigo em ninjutsus médicos, mas duvidava que algum deles fosse capaz de lhe salvar naquela situação. Não quando seu nível de chakra estava próximo à zero.

         Além disso, ele havia sido o único a procurar o Juubi. Apenas deixando um recado na sala de reunião da aliança shinobi dizendo o que ele havia ido fazer. E esse recado, na melhor das alternativas, seria visto apenas setenta e duas horas depois dele ter ido à direção da besta, pois colocou um selamento no pequeno papel impedindo que ele fosse notado até aquele tempo passar.

         Isso tudo para que ninguém corresse atrás dele, fazendo assim com que mais vidas fossem perdidas.

         - Mas então, o que diabos estava acontecendo? – Aquilo já estava se tornando frustrante, fazendo-o sequer notar que a última frase ele não havia pensado, mas sim falado.

         E, por causa desse simples deslize, Naruto pela primeira vez depois de achar que tinha morrido, escutou.

         - Vejo que você finalmente acordou...

         Ao ouvir aquela voz gutural, mas que de uma forma estranha parecia ser feminina, fez Naruto finalmente lembrar-se de tentar abrir os olhos.

         Um único, diga-se de passagem. Por que há mais de um ano seu olho direito era envolto em uma bandana, de um modo bem parecido com o de seu Sensei.

         Aquela era apenas mais uma arma que ele havia adquirido para ter forças o suficiente para parar seus inimigos.

Mas, deixando as reflexões de lado, ele conseguiu abrir seu olho esquerdo.

         A primeira coisa que viu foi um teto escuro, aparentemente, rochoso e há cerca de vinte metros acima de si. Sim, era bem alto. Depois, ao virar sua cabeça, pode ver uma parede composta do mesmo material do teto. Com isso, acrescentado ao chão duro como pedra que ele se encontrava deitado, ele só pode chegar à conclusão que estava dentro de uma espécie de caverna.

         Mas, não estando apenas satisfeito com aquilo, tentou inclinar seu corpo. O que no fim não foi uma boa idéia, já que sentiu todos seus nervos estalarem e a dor que já sentia aumentar ainda mais.

         - Eu aconselho você a não se mover. Seus ferimentos ainda não melhoraram completamente.

         Aquela voz estranha novamente. Mas da onde ela vinha?

         Curioso, esforçou-se para agüentar a dor e, agora com o corpo reclinado, mostrando que ele ainda usava seu equipamento Jounin de quando foi atrás do Juubi, passou a virar o pescoço para ver se conseguia encontrar a fonte daquele som.

         Seus esforços pareciam que valeriam à pena, pois finalmente conseguiu identificar o motivo de sentir o cheiro de carne sendo preparada.

Ele vinha de onde uma espécie de boi, que estava pendurado entre dois vergalhões de madeira, e que recebia chamas em seu lombo. Indicando que ele estava sendo preparado para alguma refeição.

         Mas, ainda não satisfeito com aquela pequena descoberta, Naruto queria mesmo era identificar o dono, ou dona, ele não tinha certeza, da voz.

         Por isso envergou ainda mais o corpo e girou o pescoço, pegando agora um pedaço mais escuro da caverna. E, envolto nessa escuridão, ele viu algo bem impressionante.

         Era uma espécie de lagarto. Mas não um lagarto qualquer.

Ele era de uma cor prateada e tinha grandes asas, estas que pareciam serem feitas de penas brancas. Também contribuía pelo fato dele ser diferente de um mero réptil o seu tamanho grandioso, aparentando ter quinze metros de altura, mesmo estando claramente sentado.

         Não tendo muito que dizer, Naruto perguntou.

         - Foi você que me salvou?

         O animal olhou Naruto curioso.

         - Exatamente. Mas... Não está surpreso por me ver? – Perguntou a fera.

         Naruto apenas levantou numa sobrancelha. Por que ele deveria estar surpreso? Ele já havia vistos animais muito maiores que ele. Inferno, Gamabunta devia ter quase o dobro do tamanho daquele réptil! Isso sem contar o Juubi, que, convenhamos, devia ser pelo menos três vezes maior que aquela criatura e muito mais assustador também.

         - E por que eu deveria? Você é algum animal de convocação, certo? Não é como se eu nunca tivesse visto um como você antes.

         Mas aquela pareceu não ser uma resposta boa, pois a fera pareceu se enfurecer por algum motivo.

         - Animal de convocação...?! Você insulta aquele que te salvou?!

         A acusação, que mais pareceu um rugido, foi tão poderosa que Naruto teve que se segurar no chão para não cair deitado novamente.

         Sabendo que de alguma forma ofendeu a criatura ao dizer que ela era um animal de convocação, tentou se corrigir.

         - Desculpe se te ofendi. Na verdade estou muito agradecido por ter salvado minha vida, já que eu estava certo que iria morrer. – Falou em um tom mais polido que conseguiu, para evitar conflitos desnecessários. – Mas eu realmente não sabia que você não era uma criatura de convocação e acabei me confundindo. Desculpe.

         O animal pareceu se remexer, ainda não satisfeito com aquilo.

         - Será que você não reconhece um Dragão quando vê um?

         Naruto acabou levantando uma sobrancelha com aquilo.

Dragão? Ele havia visto alguns em lendas ou coisas parecidas, mas não sabia que eles realmente existiam. E, como as lendas diziam, eles pareciam bastante orgulhosos de si mesmos, já que aquele Dragão não gostou de ter seu status confundido.

- Bem... Eu achava que Dragões eram apenas lendas, por isso sequer veio a minha cabeça que você poderia ser um Dragão. – Falou o loiro, escondendo o fato dele não entender o que os Dragões tinham de tão especial para se sentirem insultados ao serem confundidos com animais de convocação.

O Dragão pareceu lhe avaliar por algum tempo para ver se ele dizia a verdade.

         - Você parece não estar mentindo... – Comentou a fera, fazendo Naruto dar um leve sorriso.

Ele não queria estar de maus modos com seu salvador.

         - Obrigado por acreditar em mim. – Falou o loiro. – A propósito, meu nome é Uzumaki Naruto. Você tem um?

         - Meu nome é Grandeeney, o Dragão do céu.

         Naruto notou que aquela alcunha parecia algo que dava orgulho ao Dragão, por isso evitou comentar que nunca havia ouvido falar daquilo e apenas acenou em positivo, como se tivesse entendido.

         - Grandeeney, se não for incomodo, poderia me dizer como conseguiu me salvar? – Perguntou Naruto. – Você deve saber alguns ninjutsus de cura incríveis para conseguir restaurar meu chakra.

         O Dragão olhou-o curioso antes de responder.

         - Ninjutsu? Chakra? Eu nunca ouvi falar disso antes. – Naruto estranhou ouvir aquilo, mas resolveu não comentar por enquanto, optando por deixar o Dragão continuar. – O que eu usei para te curar foi minha magia que, para sua sorte, é a melhor e mais eficiente em cura entre a de todos os Dragões. Não foi difícil para mim conseguir restaurar sua energia física e espiritual.

         Agora foi a vez de Naruto olhar curioso para o gigantesco réptil a sua frente.

         - Magia? Isso realmente existe? – Perguntou um pouco duvidoso. – Tem certeza que não é ninjutsu? Magia é algo apenas de contos de fadas.

         - Não conteste a minha sabedoria, garoto! – Advertiu a fera. – Eu não faço idéia do que seja esse tal de ninjutsu, mas não zombe de mim ao dizer que magia é apenas algo de contos de fadas!

         Naruto conteve a vontade de limpar os ouvidos, tamanho era o zunido que ele sentia com os gritos do Dragão.

         - Olha... Desculpe se te ofendi novamente, mas foi sem querer. Eu juro que nunca vi alguém usar magia antes. – Explicou o loiro. – O que eu conheço é chakra, que vem da união das capacidades físicas e espirituais de uma pessoa ou animal, e que é usado para fazer ninjutsu.

         Agora Grandeeney não pode deixar de olhar o loiro novamente com curiosidade.

         - Poderia me mostrar esse tal de Chakra e Ninjutsu? – Perguntou o Dragão.

         Naruto acenou com sua cabeça e, concentrando-se, tentou reunir seu chakra. Como não tinha mais a Kyuubi selada em si, não foi uma surpresa ao constatar que suas reservas haviam diminuído. Mas, mesmo assim, continuavam muito altas, provavelmente no nível do antigo Bijuu de uma cauda, o Ichibi.

         Desse modo, mesmo com as dores em seu corpo, estendeu a palma de sua mão em direção a Grandeeney. Vendo que tinha a atenção do Dragão, começou a realizar o jutsu que mais dava para se ter uma idéia do que era Chakra, pois o mesmo era composto puramente por ele.

         Não demorou e uma esfera azul e rodopiante surgiu na palma de sua mão. O Rasengan estava completo.

         - Esse é o exemplo de um ninjutsu de ataque, o Rasengan. – Explicou Naruto. – Ele nada mais é que chakra comprimido e girando em alta velocidade.

         O shinobi percebeu que aquilo realmente havia surpreendido o Dragão, pois o mesmo lhe olhava com um misto de admiração e surpresa.

         Sentindo as dores de seu corpo agravarem pelo uso de chakra, Naruto deixou o jutsu se desfazer.

         - Acho que meu corpo ainda está muito debilitado, pois não consigo manter o Rasengan por muito tempo. – Disse Naruto.

         Grandeeney pareceu finalmente sair de seu estado contemplativo e, agora olhando nos olhos de Naruto, falou.

         - Eu nunca tinha visto algo assim antes... Mas percebi que é como você falou. Esse tal Rasengan é realmente composto por sua energia física e espiritual...

         Naruto levantou uma sobrancelha antes de falar.

         - Do jeito que você fala, da a entender que “magia” é composto de outra coisa, certo?

         O Dragão fez que sim com a cabeça ao ouvir a pergunta.

         - Magia é o produto da ligação espiritual de uma pessoa unida ao fluxo espiritual da natureza, que, assim, criam algo físico, no caso a magia. – Explicou o Dragão.

         Para exemplificar, deu um leve e azulado sopro em direção a Naruto. O loiro que estranhamente se sentiu extremante melhor ao ser envolvido por aquele pequeno vento, como se ele tivesse poderes curativos.

         - Isso foi um exemplo de uma magia de cura, que funciona como um analgésico para dor.

         Naruto assentiu agradecido com aquilo, pois agora se sentia bem melhor.

         - Magia parece realmente algo incrível... – Comentou, percebendo que as propriedades curativas da magia de Grandeeney deveriam estar um nível acima dos ninjutsus médicos, pois se não estivessem, ele não estaria ali para contar historia.

         Além disso, ele pode perceber que era bastante semelhante a chakra, mas ele ainda não podia ter certeza quais os pontos que diferenciavam um do outro.

         - E realmente é. Não é a toa que apenas dez por cento dos humanos sabem como usar magia de força efetiva. – Falou o Dragão. – Mas... Pensando bem... Você disse que não conhecia magia... Como isso é mesmo possível?

         Aquela informação surpreendeu Naruto.

         - Uhn...? Eu deveria conhecer?

         - É claro que deveria. Os humanos capazes de usarem magia, alto denominados magos, estão por toda parte de todos os países. Mesmo se você viver no lugar mais remoto que existir, é impossível que algum humano nunca tenha ouvido falar de magia. – Disse o Dragão.

         - Você disse que eles estavam espalhados por todos os países? Mas nas Nações Elementais eu nunca vi um mago sequer. – Rebateu Naruto. Se fosse algo tão comum assim, ele com certeza já teria visto.

         Mas não foi o fato de Naruto reafirmar que nunca tinha vistos magos que chamou a atenção de Grandeeney, mas sim outra coisa.

         - Você disse que veio das “Nações Elementais”? Você só pode estar zombando de mim!

         Dessa vez, ao invés de Naruto tentar se desculpar por ter causado a fúria do Dragão, ele adquiriu um olhar irritado no rosto.

         - É por que eu estaria zombando de você?! É lógico que eu vim das Nações Elementais! Além do mais, eu estava na Vila da Nuvem quando você me encontrou, certo?! Por que eu estaria falando mentira-ttebayo?!

         Naruto podia esperar inúmeras reações vindas de seu salvador quando ele gritou de volta. Desde ele tendo de sair correndo dali e preparar-se para uma luta, mesmo com o corpo danificado, ou até o Dragão se desculpando por não ter acreditado nele.

         Só que a única coisa que ele não esperava aconteceu. O gigantesco animal lhe olhou em choque, contrariando o que se podia imaginar das feições de um Dragão.

         - Você disse que estava na Vila da Nuvem, nas Nações Elementais... Isso não pode ser possível... – Murmurou ainda chocado o Dragão.

         Naruto, acalmando sua fúria repentina, olhou o grande réptil com curiosidade.

         -Por que não é possível que eu estivesse na Vila da Nuvem?

         Grandeeney fitou Naruto por algum tempo antes de finalmente dizer.

         - Se você quer saber, eu irei lhe levar ao lugar aonde eu te encontrei. Assim ficara mais fácil de você entender.

         Dando de ombros, Naruto não se opôs a idéia.

Na verdade ele estava até satisfeito com aquilo, pois da Vila da Nuvem seriam apenas três dias até o QG da aliança. Ele só queria ver a cara de surpresa de todos quando ele contasse que acabou com o Juubi e viveu para contar historia.

         - Eu não vejo por que não. – Finalmente disse.

         - Então suba em minhas costas. Eu te levarei voando até lá.

         Naruto fez que sim com a cabeça e subiu sem jeito nas costas do Dragão, já que seu corpo estava muito dolorido para ele se mover de forma descente.

         Assim, segurando firme, passou a “galopar” o grande animal até a saída da caverna. Quando finalmente saiu, teve de se acostumar com a luz que vinha em seus olhos e o vento frio que sentia.

         Mas, quando fez isso, reparou que eles já estavam voando.

Acabou sorrindo, pois eles sobrevoavam justamente o País do Raio, com todas aquelas imensas cadeias montanhosas e pontiagudas, onde as nuvens se estacionavam de vez em quando.

         Não demorou mais de trinta minutos para ele poder observar as cadeias de montanhas ao qual ficava a vila. E Grandeeney também percebera isso, por isso começou a descer.

         Quando finalmente estavam em solo, Naruto pode reparar algo chocante.

         A onde antes estava a Vila da Nuvem antigamente, agora não passava de um amontoado de ruínas.

         - Mas... Mas que droga é essa?!! – Perguntou, saltando de Grandeeney e aterrissando no solo, sem ligar nem um pouco para a dor que voltava a consumir seu corpo devido ao esforço muscular. – O que aconteceu com a vila?!!

         Era verdade que o Juubi havia destruído uma parte da Vila da Nuvem, mas ele havia parado justamente no momento em que Naruto chegou para derrotá-lo, pois o loiro o atraiu para longe dali e iniciou o confronto em uma região afastada.

Mesmo as pessoas tendo abandonado a vila com medo do ataque do Juubi, ele não queria que ela fosse destruída. Não era justo com o povo da Nuvem.

Mas agora, olhando para todos os lados enquanto corria, só podia ver destroços. Resquícios do que uma vez foi a Vila da Nuvem.

Finalmente parando de frente ao local que ele sabia ser a torre do Raikage, ele acabou caindo de joelhos no chão. Tudo que restava eram algumas vigas e a montanha pontiaguda a qual a construção se apoiava.

- Mas... O que aconteceu aqui...? – Perguntou sem acreditar.

Será que ele tinha falhado e o Juubi ainda vivia? Se fosse isso, como o pessoal da aliança estava? Como Konoha estava?! Ele tinha que saber.

Mas, quando pensou em levantar e sair em disparada em direção ao QG da aliança, ouviu o Dragão que lhe trouxe ali falar.

- Eu não sei como você sabe que uma vez esse lugar se chamou Vila da Nuvem. – Disse com seu tom poderoso de sempre Grandeeney. – Mas a última vez que ouvi alguém mencionar esse nome, foi há mais de cinco mil anos atrás.

Naruto arregalou os olhos ao ouvir aquilo.

- Você está brincando comigo, certo...? – Perguntou sem acreditar. – Não tem como você ter ouvido esse nome pela última vez a cerca de cinco mil anos atrás... Sendo que alguns dias atrás eu mesmo estava aqui lutando contra aquele desgraçado do Juubi!!!!

Levantou-se furioso. Aquilo não podia estar certo, tinha que ser uma brincadeira de mau gosto. Muito mau gosto.

- Veja o tom que fala comigo, garoto! Eu posso ser o mais complacente entre os da minha espécie, mas isso não quer dizer que vou agüentar um humano gritando comigo!!! – Rugiu o Dragão, chateado com aquilo.

- Como se eu ligasse para isso, seu imbecil!! – Exclamou Naruto. – Você pode ter salvado minha vida, mas mentir para mim desse jeito, eu nunca vou aceitar!!

Aquilo foi à gota da’gua para Grandeeney.

- Humano insolente!! – Exclamou batendo as asas com força e disparando uma poderosa rajada de vento comprimido na direção do loiro.

Mas, para a surpresa do Dragão, o humano fez uma estranha combinação de sinais de mão antes de disparar pela boca um ataque quase idêntico ao seu.

Os golpes colidiram, se anulando mutuamente.

- Você não é o único que tem ataques de vento...!! – Falou Naruto, bufando muito. Ele claramente ainda não havia se recuperado, por isso agora pagava o preço. Mas ele não estava com medo. – Se você quer uma luta, você vai ter. Eu já derrotei algo maior e mais poderoso que você antes, não tem como eu perder, mesmo estando no estado que estou.

É lógico que da vez que ele fez isso ele tinha o Chakra da Kyuubi como auxiliar, mas ele resolveu não revelar aquilo.

- Derrotar algo mais poderoso que um Dragão?! Não me faça rir!! Não existe nada mais poderoso nesse mundo que um Dragão!!!

E Grandeeney pretendia mostrar isso para aquele humano, por isso, abriu a boca e disparou um gigantesco turbilhão de vento, que foi cortando tudo que tinha no caminho.

Naruto se surpreendeu com a magnitude do ataque. Mas não se daria por vencido, mesmo machucado.

Como sabia que não teria forças o suficiente para se esquivar, apenas ergueu sua mão e, pela primeira vez naquele dia, puxou a bandana que cobria seu olho direito para cima, revelando um glóbulo ocular cinzento com estranhos anéis concêntricos.

Grandeeney viu surpreso seu Tenryū no Hōkō (rugido do dragão do céu) simplesmente começar a ser absorvido por algum poder misterioso que o loiro usava.

Mas, mesmo com o aparente sucesso de seu jutsu, Naruto percebeu que estava muito fraco para absorver aquele ataque, ainda mais um em que a composição era levemente diferente de um ninjutsu normal. Por causa disso, acabou sendo acertado pelo restante do golpe, este que o arremessou longe e o fez colidir contra uma das ruínas dali, quebrando uma das paredes e fazendo-o parar dentro dela.

Com o corpo ainda mais dolorido do que antes, por que ele provavelmente havia quebrado um ou duas costelas com aquele impacto, Naruto levantou-se com extrema dificuldade.

Foi quando ele pensava em voltar para a luta, que ele reparou algo curioso.

Ao seu lado esquerdo, dentro da ruína que mais parecia um templo destroçado, ele viu uma grande pedra com alguns inscritos sobre ela. Ignorando seu poderoso inimigo do lado de fora, aproximou-se da pedra.

Ele não sabia por que fez aquilo, mas era como se algo o dissesse para ler aquilo. E assim ele leu.

“Essa é uma homenagem a aquele que foi o maior herói que o mundo já viu, Uzumaki Naruto, o shinobi que trouxe paz para as nações...”

         Naruto arregalou os olhos ao ler aquilo. E não foi só isso que ele viu, a data que estava incrustada na mensagem era de um ano após sua batalha com o Juubi.

         O que simplesmente não poderia estar certo, pois alguns dias atrás ele havia lutado contra a fera de caudas...

         “... a última vez que ouvi alguém mencionar esse nome, foi a mais de cinco mil anos atrás...” As palavras de Grandeeney ressoaram como uma martelada na cabeça do loiro.

         Mas, antes que ele chegasse a alguma conclusão, ele não agüentou os danos acumulados da batalha e de seus ferimentos anteriores e, desabou.

Já inconsciente.

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Sentindo o chão frio as suas costas, a mente de Naruto finalmente despertou, lembrando-se dos últimos acontecimentos. Desse modo, levantou em um pulo, assustado.

         Mas, assim, veio a dor em todas as partes imagináveis de seu corpo. Aparentemente ele dormira por pouco tempo, pois ainda não havia se recuperado.

         - É melhor você não se mover...

         Ouvindo aquela voz, Naruto rapidamente virou seu corpo para esquerda, Ignorando a dor, notou que ainda estava nas ruínas e que, a não mais de três metros de si, se encontrava o Dragão.

         - Grandeeney... – Apenas falou, mais no impulso do que qualquer coisa. Ele ainda estava tenso por estar perto do Dragão, pois há um tempo atrás ambos estavam lutando.

         - Eu já lhe disse para não se mover desse jeito, ou suas feridas não vão melhorar.

         Naruto estranhou o fato de o Dragão parecer tão preocupado com ele, mesmo depois de “pequeno” desentendimento que eles tiveram. Assim, só pode perguntar uma coisa.

         - Por que não acabou comigo enquanto eu ainda estava desacordado?

         Grandeeney olhou para Naruto por alguns instantes, mas depois acabou dando uma estranha gargalhada, que ressoava por toda a caverna.

Quando finalmente se acalmou, disse.

         - Tirar a vida de um mero humano não é um dos meus passatempos prediletos, ainda mais quando ele está desacordado. – Respondeu a fera, fazendo Naruto arquear uma sobrancelha.

         - Mas não era você que a pouco queria me matar?

         O Dragão fitou o shinobi antes de responder.

         - Eu não queria lhe matar, apenas lhe assustar. Assim como os outros da minha espécie, eu ostento o juramento de nunca matar humanos. A não ser é claro que eles ameacem a minha vida, o que eu acho impossível acontecer.

         Naruto deixou de lado a vontade de dizer que ele poderia chutar a bunda escamosa do Dragão de lado e resolveu abordar outro assunto.

         - Bem, mas aquele seu último ataque quase me pegou. – Falou Naruto.

         - Aquilo não era para lhe atingir, ele apenas passaria ao seu redor, te amedrontando. Você que o direcionou para si mesmo ao usar aquele estranho poder de “sugar” a minha magia. – Explicou o Dragão.

         Naruto acabou se amaldiçoando ao ouvir aquilo. Será que ele estava tão possesso que não conseguiu notar que o ataque não ia o atingir? Sério, ele devia estar parecendo seu antigo eu nos tempos de genin.

         Suspirando, sentou-se no chão, cansado. Olhando para o Dragão, ele sabia que o devia algo.

         - Desculpe-me por ter gritado com você e por ter duvidado de sua palavra. – Pediu sincero.

Pelo pouco que havia apreendido ao ler naquela ruína, as informações dadas por Grandeeney tinham grandes chances de serem verdadeiras.

         O dragão fitou o humano por alguns instantes antes de bufar pela suas grandes narinas.

         - Não se preocupe com aquilo... Eu também exagerei ao tentar lhe amedrontar.

         Naruto sorriu ao ouvir aquilo e balançou a cabeça, dizendo que estava tudo bem com ele também.

         Assim, sabia que era hora de tocar em um assunto muito delicado. Um que ele não tinha certeza se realmente queria saber.

         - Você disse que a última vez que ouviu o nome da Vila da Nuvem foi há cinco mil anos atrás, poderia me dizer mais alguma coisa sobre isso? – Pediu o loiro.

         O Dragão, que havia lido a escritura a qual Naruto desabou perto, sabia que essa hora chegaria. Mas ele não estava chateado, pelo contrario, estava curioso. Pois segundos as escrituras nas ruínas, aquele homem a sua frente foi um grande herói para os humanos, um herói de um tempo onde Dragões ainda sequer existiam.

         - É verdade que a última vez que eu ouvi o nome desse lugar foi há cinco mil anos atrás, quando o povo daqui fez uma migração em peso para as terras ao sul. – Contava o Dragão. – Nessa época fazia apenas mil anos que eu tinha nascido, por isso ainda era bastante curioso sobre as atividades humanas.

         Naruto ouvia com atenção, evitando mostrar seu espanto pela idade da fera a sua frente.

         - Me disfarçando de humano, descobri que a migração era devido ao clima aqui estar cada vez mais intenso, com grandes tempestades que causavam muitas mortes e atrapalhavam o plantio e o comercio. – Explicou. – E até hoje é assim por aqui, por isso você não pode encontrar nenhum humano a quilômetros dessa região.

         Naruto ficou um pouco pensativo antes de dizer.

         - Então está dizendo que a Vila da Nuvem acabou se desfazendo devido a fatores climáticos... – Comentou com mão no queixo. – Você disse que nasceu mil anos antes desse fato, você sabe o que aconteceu com o Juubi e os shinobis?

         Naruto perguntou aquilo por que sabia que o Dragão nunca havia ouvido falar em ninjutsu e chakra, por isso havia grandes chances dele nunca ter ouvido falar de shinobis.

         - Infelizmente eu não faço idéia o que seja esse “Juubi”. – Respondeu o Dragão. – Quanto à shinobis... Eu me lembro de ter ouvido algo a respeito, como se fossem lendas antigas de humanos há muito tempo atrás. Mas nunca presenciei alguém usar “Ninjutsu” ou “Chakra” como você pode fazer.

         Naruto apertou o punho com força. Se aquele Dragão, que aparentava ter mais de cinco mil anos de idade, nunca havia ouvido falar sobre shinobis, estava obvio que, de alguma forma, os shinobis haviam deixado de existir.

Que o uso do Chakra havia sido deixado de ser ensinado.

         - Você sabe me dizer quando os humanos apreenderam a usar “magia”? – Perguntou Naruto, aquela era uma informação importante para suas conclusões.

         O Dragão fitou-o antes de responder.

         - O uso da magia deu-se há exatamente 782 anos atrás. – Respondeu, deixando de lado o fato de que ele sabia como a magia surgiu no primeiro humano. Esse era um assunto apenas dos Dragões, por isso não podia revelar.

         - É um tempo bem curto comparado com o tempo que você ouviu falar da Vila da Nuvem... – Comentou Naruto. – Nesse meio tempo, não ouve mais nenhuma forma de manipulação da energia da natureza ou do próprio corpo humano para fazer algo como Magia ou Chakra?

         O Dragão sequer precisou pensar para responder.

         - Não. Os humanos, apesar de ter um poder latente, não tinham conhecimento de como usa-lo e, desde meu nascimento até o marco zero, que foi o ano em que os humanos descobriram a magia, que eles não usavam nenhuma espécie de energia espiritual.

         Aquilo era muito estranho... Por que os humanos simplesmente pararam de usar chakra, o que havia acontecido? Será que tinha algo a ver com a paz que a escritura no templo destruído dizia? Será que abolir o sistema shinobi e o uso do chakra foi à decisão de todos para que a paz fosse mantida?

         Além disso, será que seu jutsu realmente funcionou? Será que o Juubi realmente deixou de existir depois de ser dividido em inúmeras partes?

         Eram muitas perguntas para pouca informação. Aquilo era algo complexo demais.

         Saltando um suspiro cansado, acabou-se se jogando no chão, abrindo os braços enquanto olhava para as nuvens no céu.

         Sua única certeza naquele momento era que, de alguma forma, ele havia sido enviado para o futuro.

         - Quando você me achou, você notou algo curioso ao redor de mim? – Perguntou Naruto, ainda deitado no chão e olhando o céu.

         O Dragão adquiriu um ar pensativo antes de responder.

         - Você estava em uma área com poucas “montanhas espinhosas”, onde em um raio de cem metros não havia nada, além de pedregulhos. – Falou o Dragão. – O que é realmente estranho, já que é muito difícil achar um lugar com um raio tão grande sem ter “montanhas espinhosas” nessa região.

         Naruto resolveu ignorar o nome estranho de “montanhas espinhosas” que Grandeeney usava para referir-se as montanhas características daquela região do País do Raio e começou a se lembrar. Se lembrar de como era o campo de batalha ao qual ele lutou com o Juubi.

         Acabou arregalando os olhos ao constatar um fato.

Era verdade que o Juubi havia destruído muitas montanhas com suas Bijuu Dama, mas ele tinha certeza que o local onde ele selou a grande criatura estava rodeado por “montanhas espinhosas”, pois ele as usou como um meio de se esconder enquanto distraia a criatura com clones, para poder ter tempo de completar seu Fuuinjutsu.

         Levantando-se em um pulo, ignorou a dor no corpo e virou-se para o Dragão.

         - Você poderia me levar para o lugar exato aonde você me encontrou?

         O Dragão o olhou com curiosidade, mas logo em seguida respondeu.

         - Por que não? Também estou curiosa sobre sua historia, Uzumaki Naruto. – Falou sorrindo. Abaixando-se, sugeriu para Naruto novamente subir em si.

         Naruto sorriu agradecido e fez como Grandeeney sugeriu, subindo em suas costas.

         Assim ambos saíram voando dali, rumo ao local onde Naruto havia sido encontrado.

         Naruto, enquanto sentia o vento gélido em sua cara, já se perguntava o que ele faria se suas suspeitas estivessem certas. Por que, se elas estivessem, ele duvidava que conseguiria voltar para sua própria linha do tempo.

         Não demorou e Naruto pode avistar um local parecido com a descrição que Grandeeney fez anteriormente. Por isso, não ficou surpreso quando o Dragão desceu vôo e pousou no centro da imensidão de pequenas rochas, todas aparentemente trituradas.

         - Foi exatamente aqui que eu lhe encontrei, quando caçava algo para comer.

         Naruto ouviu o Dragão dizer enquanto já caminhava sobre o local, em busca de qualquer pista. Como Grandeeney falou, na imensidão de pedregulhos, não havia uma “montanha espinhosa” sequer em um raio de cem metros.

Era como se algo passou por ali e limpou a terra, sugando tudo para dentro e depois cuspindo mais tarde...

Arregalou os olhos com aquele pensamento.

Logo se lembrou do estranho buraco negro em espiral, muito parecido com o Jutsu de seu maior inimigo, que havia surgido quando ele terminou de completar o selamento, separando o Juubi novamente em nove partes.

Ele não precisou ter o QI igual ao de Shikamaru para chegar à conclusão que, de alguma forma, aquela coisa o sugou para dentro e o arremessou aqui, milhares de anos a frente de seu próprio tempo.

Assim, acabou desabando de joelhos no chão, suas previsões estavam certas. Ele nunca mais poderia voltar para casa, pois o único meio de realizar aquele jutsu novamente era tendo a Kyuubi selada em seu corpo, e aquilo já não era mais possível.

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Sentado de frente a uma lareira, dentro da mesma caverna em que foi curado por Grandeeney, Naruto refletia sobre os acontecimentos da última semana.

         Depois de contar tudo que sabia sobre o aconteceu consigo ao Dragão, o mesmo o convidou para ele ficar em sua caverna até decidir o que fazer.

         Naruto sorriu ao lembrar que, quando ele questionou o motivo da hospitalidade, o Dragão respondeu que faziam anos que ele não tinha contato com ninguém e por causa disso apreciaria a companhia de alguém tão intrigante como Naruto.

         Assim, nesse meio tempo. Ambos começaram a conviver no mesmo espaço.

         Nos primeiros dias, onde Grandeeney lhe aconselhou a não sair para evitar qualquer esforço físico, o loiro passava horas conversando sobre suas aventuras com a enorme criatura, que ele acabou descobrindo que realmente era uma fêmea de sua espécie.

         Mas o Dragão também lhe contava coisas, como o fato de que nos países humanos havia inúmeras guildas onde os magos se reuniam para trabalharem e se divertirem, sendo essas controladas pelo conselho mágico de cada país.

Ela até mesmo lhe contou que tinha uma filha que estava em uma guilda.

         Foi engraçado que no momento em que recebeu essa informação, Naruto imaginou um Dragão sentado em uma mesa de madeira tomando cerveja com humanos enquanto jogava conversa fora.

É claro que esse pensamento logo foi corrigido pela fera, explicando que a garota era humana e que ela havia a pegado para criar quando pequena, ensinando sua magia a ela, a qual os humanos chamavam de Dragon Slayer.

         Naruto questionou por que a menina não estava mais com ela, mas aquilo não acabou se mostrando uma boa idéia, pois Grandeeney revelou que havia abandonado a menina devido a uma “ordem superior”.

         O loiro, que nunca teve país, não havia gostado daquilo. Mas resolveu não comentar nada. Não era momento para contestar as decisões de outros, ainda mais quando Grandeeney mostrava um olhar de dor quando falou que teve que abandonar a menina, que ele soube se chamar Wendy Marvell.

         Bem, mas voltando ao assunto principal. Naruto havia realmente se interessado por magia e suas aplicações. Sempre tentando descobrir a semelhança entre os dois.

         Acabou descobrindo que magia era apenas diferente de chakra na mistura que a formava. Enquanto magia usava a energia espiritual do corpo e da natureza, o chakra usava a energia espiritual e física do corpo. Ou seja, apenas um pequeno detalhe que separava ambas de serem idênticas.

         Naruto havia chegado à conclusão que magia era uma espécie de forma incompleta de usar o chakra da natureza, ou em outras palavras, o modo sennin. Isso por que magia não possuía a energia física do corpo nem a da natureza em sua composição.

         Ele até mesmo tentou formar algumas magias simples que Grandeeney lhe ensinou e conseguiu com relativa facilidade, pois já sabia muito bem misturar as energias do corpo e da natureza. Inferno, ele não era um mestre em Senjutsu e controlou o chakra da Kyuubi à toa. Formar chakra, seja qual for à espécie e a composição, era muito fácil para ele.

         Mas, apesar do seu interesse em descobrir as semelhanças com o chakra, ele não se interessou em aprender nenhuma magia de grande porte. Isso por que ele havia decidido que não abandonaria seus ensinamentos shinobi, mesmo que o resto do mundo fez isso por algum motivo a milhares de anos atrás.

         Com o tempo, quando Grandeeney lhe informou que ele já estava recuperado, Naruto começou a sair da caverna e treinar seu corpo e mente, para que os dias passassem mais rápido até ele decidir o que fazer.

         Assim, agora, enquanto estava sentado perto da fogueira, iria dizer sua decisão a sua nova amiga.

         - Grandeeney, eu tomei minha decisão. – Falou Naruto, olhando diretamente para o Dragão que tinha acabado de entrar na caverna. Ela havia saído para dar um vôo, coisa que ela fazia diariamente.

         O Dragão lhe olhou curiosa e, sentando-se ao seu lado, falou.

         - E o que você decidiu, Naruto?

          - Eu vou ir para algum país onde os humanos atualmente vivem e tentar buscar informações sobre o que aconteceu ao mundo shinobi milhares de anos atrás. – Falou o loiro. – Eu sei que vai ser difícil, mas eu tenho que descobrir o porquê das pessoas pararem de usar chakra e se o que eu fiz com o Juubi realmente ajudou o mundo.

         - Você sabe que o que fez realmente ajudou, já que desde o meio nascimento, a única guerra que presenciei foi contra o mago negro Zeref.

         Naruto assentiu ao ouvir aquilo. Grandeeney havia lhe contado sobre o mago negro que perturbou um período de paz de cerca de seis mil anos com seus objetivos mesquinhos. O cara de certa forma lembrava Tobi.

         Mas, mesmo com aquela informação, Naruto estava contente com o caminho que a humanidade tomou. Mesmo ainda existindo crimes, as guerras eram inexistentes, o que de certa forma sempre fora o objetivo de Jiraya, Nagato e posteriormente seu.

         - Bem... Mesmo eu estando satisfeito com isso, eu ainda quero descobrir o porquê aboliram o chakra. Eu tenho desconfiança que foi algo para trazer a paz, mas ainda quero confirmar. – Falou o loiro. – Além disso, quero descobrir o que aconteceu com as aldeias escondidas também. Se todas realmente se tornaram ruínas ou se ainda prosperam por ai, mesmo não sendo mais compostas de shinobis.

         O Dragão, que entendia os desejos do loiro, falou.

         - Você já decidiu qual aldeia vai procurar primeiro?

         - Eu começarei com Konoha. – Falou o loiro. – Pelo que você me contou, o país do fogo acabou a milhares de anos atrás, dando lugar ao reino de Fiore. Então é lá onde eu começarei minha busca.

         - Apenas tenha em mente o que eu lhe contei também... Eu nunca ouvi falar de uma aldeia chamada Konoha, por isso é bem possível que suas ruínas estão tão escondidas que ninguém ainda as encontrou. – Advertiu o Dragão.

         Naruto apenas balançou a cabeça em afirmativo. Logo outra questão veio em sua mente, uma que ele ainda não havia perguntado.

         - Você disse que nasceu mil anos antes do êxodo na Vila da Nuvem, e isso seria mais de seis mil anos atrás, certo? – Vendo o Dragão afirmar em positivo, continuou. – Então me deixe lhe perguntar algo... Existem Dragões mais antigos que você?

         Grandeeney logo soube aonde o loiro queria chegar.

         - Suponho que se a resposta for afirmativa, você vai procurar pelos outros Dragões, não é?

         - É claro. Se eles são mais antigos que você, isso quer dizer que presenciaram mais coisas, por isso podem saber sobre o que aconteceu com os shinobis ao longo da historia. – Respondeu o loiro.

         O Dragão olhou avaliadora para Naruto. Depois de constatar pura determinação em seus olhos, resolveu dizer a verdade.

         - Sim, existem Dragões mais velhos que eu. – Vendo o loiro sorrir bobamente, continuou. – Mas não pense que irei lhe dizer quantos são ou onde cada um se encontra.  Eu já lhe disse que estamos em reclusão devido “ordens superiores”, por isso não posso simplesmente sair lhe informando muita coisa sobre nós.

         Mas, apesar daquilo, Naruto ainda sorria.

         - Não tem problema. A informação de que existem Dragões mais velhos que você era tudo que eu precisava. – Falou o loiro.

         Mesmo por que, ele havia gravado a presença de Grandeeney quando entrou em modo sennin uma vez na caverna. Desse modo, quando alguma presença parecida surgisse, ele poderia localizá-la de imediato.

         Levantando-se, Naruto espreguiçou o corpo e falou.

         - Eu estarei partindo amanhã cedo. – Olhando nos olhos da grande criatura, complementou. – Eu gostaria já de agradecê-la novamente por salvar a minha vida e me deixar ficar aqui esse tempo, Grandeeney.

         O Dragão deu um leve sorriu e acenou em positivo.

         - Não foi nada. Mesmo nós tendo um pequeno desentendimento no começo, eu apreciei sua companhia, Uzumaki Naruto.

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Mz = Marco Zero;

Linha do Tempo:

- X anos a.Mz: Ano em que todos pensam ter sido morte de Uzumaki Naruto, o lendário herói que sacrificou sua vida para acabar com o Juubi;

- 6000 anos a.Mz: Nasce Grandeeney, o Dragão do Céu;

- 5000 anos a.Mz: Os humanos que rediziam na vila da Nuvem migram para o sul, devido às mudanças climáticas intensas;

- Ano 0: Marco Zero, ano em que os humanos descobrem como formar magia;

- 782 anos d.Mz: Ano em que Naruto se encontra no futuro;


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Notas finais do capítulo

- Espero que todos tenham gostado!
- Eu tentarei manter uma atuailização semanal com essa fic, mas as vezes podem ocorrer atrasos devido eu já estar com outra historia, que é minha principal prioriodade no momento;
- Comentem o que acharam e até mais!