Shindu Sindorei - as Crianças do Sangue escrita por BRMorgan


Capítulo 69
Capítulo 69




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/20900/chapter/69

– Como dá partida nisso?

– Ox, larga daí por favor? Se quebrar alguma coisa, eu quebro as suas pernas! – os dois irmãos discutiam altamente na madrugada, os Abandonados atingidos pela sonolência sobrenatural estavam confusos e alvoroçados. Kali se levantou da carroça com dificuldade em compreender o que acontecia.

– O que vocês estão brigando...?

– Kali, volta pra carroça, agora! – Sorena disse em um tom jamais visto por ninguém ali. Era autoritário e cheio de super-proteção.

– Você não manda em mim, bobona. Ox o que você está fazendo?

– A Immie, a Immie, ela... ela... A Immie...

– A Immie foi dar um passeio e ele tá todo paranóico...

– ELA NÃO FOI DAR PASSEIO!! – gritou o irmão chutando o cockpit da Geringonça Voadora, um chiado saiu da caldeira, Sorena pegou uma chave de fenda que estava ali perto e ameaçou atacar no irmão.

– FAÇA ISSO NOVAMENTE E EU DEIXO A IMMIE VIÚVA!! – antes que a briga se intensificasse, Kali correu para o meio dos dois e os apartou.

– Calminha, calminha! Briga de irmãos não devem chegar ao nível de espancamento, sim? Vamos nos acalmar e fazer isso certo. Ox, quando foi a última vez que você viu a Imladris?

– D-duas horas atrás... E-ela estava na tenda comigo e... e... eu peguei no sono antes, você sabe. Ela tem aquela coisa de ficar lendo antes de dormir e... – e subindo no cockpit. – Eu preciso achá-la agora!! – Sorena colocou a chave de fenda no bolso detrás de sua calça por baixo dos casacos de frio e deu meia-volta. – Aonde você vai?? Sorena como é que se liga isso??

– Se vira, paspalho!! – indo em direção a tenda dos Argent Crusaders. Kali ficou ali parada olhando de um irmão para o outro. Sentiu-se levemente enjoada e foi obrigada a correr para os fundos das carroças e se jogar rapidamente dentro da carroça que dividia com a elfa menor. Sua cabeça zuniu tão alto que sentiu quando sua pressão sanguínea baixou momentaneamente a obrigando perder os sentidos por uns instantes.


Imladris estranhou o silêncio de Lady Annie e o mau humor. A menina nunca ficara calada um minuto sequer e muito menos mau humorada. Até em momentos de perigo extremo, Annie se portava como a mais tranqüila de todo universo. Com os braços em volta da menina, a apartando do frio que era subir a trilha para o Torneio, as duas vinham ruminando pensamentos.

– Que a Dama Sombria vele por ti, clériga Imladris... – disse Vodrel antes que a deixasse no meio do caminho para o Torneio e descendo novamente.

– Que assim seja... – murmurou Imladris seguindo em frente. Antes que pudesse chegar no começo da trilha lá em cima do penhasco, Annie caiu em um choro convulso e sôfrego. – Annie...? Anniezinha...?

– Não é ela... – cobrindo a cabeça com ambos os braços. – Papai me disse que não seria assim!! Por que foi assim?!

– Annie, eu sei que você está chocada com os acontecimentos, mas... – procurando palavras para confortar a menina meio-elfa – Ela é sua mãe e agora está conosco, como uma Abandonada. Sabe o quanto isso é maravilhoso?

– Eu quase fiz picadinho dela... – resmungou a menina fungando. – Eu queria fazer picadinho dela! Eu sou má! Má! Eu não presto! Ela deve me odiar! Eu sou uma péssima filha! – Imladris se ajoelhou para ficar frente a frente com a garota.

– Hey, olhe para mim, sim? – a menina não obedeceu. – Você é a menina mais inteligente e esperta que já conheci em toda minha vida... E sei que você é muito perseverante com as coisas que quer, então vai deixar mesmo essa dificuldade te vencer? Vencer esse teu espírito de ferro? – Annie foi amolecendo e fungando para limpar as lágrimas.

– Ela acha que eu ainda sou um bebê... Eu não sou um bebê e ela quer um bebê... Não tenho poder pra virar bebê de novo! – a clériga sentiu compaixão pela demonstração de fidelidade tão pura de filha para a mãe.

– Você não precisa virar um bebê de novo... – fazendo carinho nos cabelos acobreados que caíam desalinhados no rosto da garota. – Você só precisa ficar com ela e ela vai saber que você é sim a filha dela...

– Fácil dizer...

– Iiih sem humor de Sorena aqui, viu? De reclamona, já basta ela... – rindo um pouco e levantando Annie do chão. – Vamos, porque temos que arranjar uma boa desculpa para esse nosso sumiço...

– Você diz que foi atrás de mim porque ouviu rumores de um elfo da noite que estava atrás de mim porque roubei o dinheiro dele.

– Nossa! Essa resposta foi rápida e pronta!

– Eu já estava planejando essa desde semana passada... – Imladris sorriu para a garota e limpou o sangue que estava em seu queixo. – E acho que o Ox vai engolir essa bem melhor do que a sua...

– É, devo admitir que a minha desculpa estava longe de ser a perfeita... – ao entrarem no terreno atrás da Tenda da Horda, as duas se depararam com uma cena incomum. Abandonados participantes andavam pelo acampamento se questionando o que ocorrera nas última duas horas. Ali perto da carroça de Sorena e Kali, Oxkhar esmurrava o manche da Geringonça Voadora Turbo de Sorena e xingava muitos palavrões que a esposa nunca o ouvira proferir. Lady Annie foi para a fogueira do acampamento pegar a panela aquecida de toucinho e pão torrado, Imladris se aproximou do esposo pelo lado esquerdo e ficou observando as reações que Oxkhar produzia quando a máquina não funcionava. Alguns palavrões mais feios fizeram a clériga prender o riso, Oxkhar se virou com o rosto alterado, veias pulsando em seu pescoço e olhos inchados por chorar tanto pela perda de sua esposa. Imladris fez um aceno breve com a mão esquerda, Oxkhar arregalou os olhos e saltou rapidamente do cockpit, se desequilibrou ao colocar os pés no chão gelado (Estava descalço) e limpou o rosto sujo de fuligem, graxa e lágrimas.

– E-eu... eu... – apontando para a máquina voadora e para atrás dela. – Eu ia...

– Tem que ter a chave da ignição pra poder levantar vôo... – disse a esposa simplesmente. – E tem que saber de Engenharia Goblin pra ter sorte de pilotar isso aí... – Oxkhar não disse nada, mas puxou a esposa fortemente e a abraçou como um garotinho perdido que acabou de encontrar a mãe.

– Não faz mais isso pelo amor a Luz!! Não faça mais isso!! Se for me largar de lado, me deixa um bilhete primeiro!! – dizia ele agarrado nela e acariciando de leve suas costas e cabelos. Ele tremia pelo frio e pela emoção.

– Tudo bem, mas quem disse que eu vou te deixar...? – beijando o rosto salgado de lágrimas do marido e o cobrindo com seu casaco. – Vamos, você está congelando aqui fora... E descalço, senhor Atwood?

– E-eu... eu.. eu...

– Você vai é pra debaixo das cobertas, isso sim... – os dois foram direto para sua tenda particular. Lady Annie devorava um pedaço de carne de tubarão que se encontrava ali perto da fogueira, esquecida por algum participante de barriga cheia.


O ruído característico de uma máquina voadora atravessou os céus de Icecrown e pousou rudemente na praia do cais para o Torneio. Dois goblins enfurnados em casacos pesados e óculos engraçados desceram do cockpit e cumprimentaram a elfa que os esperava na praia.

– Estava preocupada...

– Oh agradecemos pela atenção senhorita Windrunner... – disse um dos goblins descarregando caixas de ferramentas do bagageiro da máquina voadora.

– Tava falando da minha Geringonça Voadora... Vai que vocês a venderam no Mercado Negro de Dalaran...

– Oh não faríamos isso não!

– Por 200 mil peças de ouro, eu faria, Bozzle.. – disse o co-piloto com um olhar ganancioso.

– Qual é! 400 mil no mínimo! – retrucou o outro esfregando as mãos. Sorena tentou não entrar no assunto.

– Trouxeram o tório e os parafusos de Saronite?

– Pode apostar que sim... – disse o piloto esfregando ainda as mãos. – E então...? – Sorena tirou um grosso pergaminho do bolso interno e entregou com má vontade.

– Eles disseram que qualquer tipo de confusão...

– Já sabemos... – e estalando os dedos para o co-piloto. – Bozzle, subindo e armando. Nossa barraquinha tem que estar aberta até o começo da tarde!

– Sim, senhor! – o co-piloto alçou vôo e subiu com o restante do equipamento. A caixa de ferramentas que ficara ali estava lacrada.

– Sei que isso pode te complicar, senhorita Windrunner... Mas acordo é acordo...

– Eu sei...

– O Cartel agradece muito sua contribuição feita lá em Ratchet e ao trabalho incrível de pesquisa de seu pai, mas...

– Patentes são patentes e não quero um centavo sequer das invenções do meu pai, okay? – ela admitiu tediosamente. – Além do mais foi uma promessa que fiz... Apenas cuide do diário de bordo dele...

– Oh pode apostar nisso, senhorita! – os dois subiram a estradinha para o Torneio, Sorena suspirava tristemente.

– Hey Bezzle, não quero que ninguém saiba disso tá? – o goblin não entendeu o tom choroso da menina elfa. – Seria... a vergonha da família sacas? E eu não sou uma pessoa bem vista por lá... – o goblin pousou a caixa de ferramentas por um instante e chiou para amenizar o clima.

– Sei que goblins não costumam dar sua palavra de honra, senhorita, mas te digo bem... Isso que você está me proporcionando vai ajudar muito em nossa batalha contra o Cavaleiro Negro...

– Vocês também estão nessa? – o sorrisinho do goblin a fez ponderar mais. – Vocês...?

– Menina elfa... Acha mesmo que somos tão neutros assim como falam? – e voltando ao seu passinho curto para a subida. – Aquele maldito Menethil atrapalhou anos de avanços tecnológicos... E os malditos elfos roxos? Rogando pragas da natureza contra nossos negócios... Gnomos roubando nossas invenções, anões matando nossos melhores vendedores do Cartel... Humanos presunçosos “Oh, nós fizemos o bebedouro de passarinhos primeiro!”, bando de usurpadores... – Sorena teve que rir um pouco da revolta do goblin. – E esse maldito de Tarrem Mill fez miséria com nosso incrível Theslan. Merece uma morte lenta e bem sofrida ao meu ver...

– Coisas que eu nunca esperaria ouvir em toda minha vida... – surpreendeu-se Sorena subindo a encosta. – Goblins na Horda...



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Shindu Sindorei - as Crianças do Sangue" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.