Shindu Sindorei - as Crianças do Sangue escrita por BRMorgan


Capítulo 50
Capítulo 50


Notas iniciais do capítulo

Chegamos ao capitulo 50!!
*fogos de artificio*
Frase de efeito especialmente introduzida na fic para homenagear a Diva mais Diva de Ji-Paraná.Sim, vocês sabem que é a Vanessão!!Maricooooooona!Se a Sorena tivesse uma moto, a Vereesa atacava o tamanco dela na moto!



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Silvermoon dias depois final da tarde.


                Um grupo de clérigos estava ao redor de uma pira incandescente, incenso e orações se espalhavam por todo lado. Um em especial entoava um canto diferente e baixinho, carregando um vasilhame de barro com boca larga e jogando o conteúdo na pira maior aos poucos. Pareciam ser objetos comuns, tesoura, luvas surradas e de cor escura, algumas peças de roupa. Alguém mais ao fundo balançava a perna insistentemente sentadinha em uma banqueta especial. Ela esperava a chegada de mais uma pessoa para o final do ritual de banimento.

                Uma barulheira foi ouvida por todos dentro do templo dos Clérigos da Ordem de Silvermoon e os guardas já aprontavam seus escudos, enquanto os Vigias em treinamento já apontavam suas flechas para o alto. Alguém de macacão pulou do cockpit de uma Geringonça Voadora Turbo e desligou a máquina rapidamente, passando pelos guardas com pressa e tentando se livrar do macacão no caminho para o Templo.

 - Não chegava nunca! – reclamou a pessoa sentada na baqueta, tirando um manto da Ordem do cabide ali na porta da frente e ajudando a elfa mais nova se arrumar direito. - Você está usando galochas...?

 - Se cada pessoa que me perguntasse isso me desse 1 moeda de ouro, eu estava rica desde ontem pra hoje. – pelo corredor do Templo dos Clérigos, Sorena percebeu nas placas em memória aos clérigos antepassados ou mortos no Massacre a Quel’Thalas anos atrás.

 - Vamos mal-humorada. Já começou.

 - Mas já? – a placa com o nome de uma senhora elfa, legítima Bem-nascida e com o brasão de nome “Aelthalyste” passou despercebida pela elfa menor.

 - Trouxe o que pedi?

 - Sim, sim. Tudo que eu tinha dele. – e olhando em volta. – Ela não está aqui, está?

 - Não, ela está fazendo a outra parte lá em Undercity.

 - Tem outra parte?! Quanto tempo demora pra...?

 - Depende do alvo. Como é o seu pai, é claro que ele vai querer conversar horas e horas com a irmã antes de ir.

 - Cara fresco! Vai logo com isso e pronto!

 - Você quer se livrar dele rápido assim? – perguntou a mãe para a filha.

 - Ele já me disse “adeus”. Era o máximo que eu esperava dele. – ela disse séria tirando as galochas e ficando descalça no tapete avermelhado e dourado da grande sala ritualística. Artemísia pediu para ela se ajoelhar perto da pira, assim como fez o mesmo ao seu lado. O sumo-sacerdote Aldrae recolheu o restante dos pertences do outrora Abandonado Derris de Undercity, e colocava dentro da pira sagrada para se desfazer em cinzas. Sorena achou tudo aquilo muito diferente do que pensava. Os clérigos tinham um modo bem estranho de consagrarem os mortos. Os feiticeiros sequer se importavam com rituais demorados, apenas em casos de servidores eternos como o dreadsteed era preciso tanta preparação. O canto encheu a sala e a fez pestanejar um pouco, suspirou baixinho e esperou que tudo desse certo. Pensou um pouco em como estaria lá em Undercity. Todos falavam que os dois eram tão ligados um ao outro! Sua tia deveria estar sofrendo. Ou talvez não. Pensando melhor, deveria sim. Sorena não conseguia imaginar sua vida sem a companhia de Oxkhar, mesmo que ele fosse um chato na maior parte do tempo. Quando eram crianças, ele cuidava dela de todas as maneiras possíveis, e sabia direitinho o que ela precisava quando o choro de manha vinha. Era algo bizarro como a ligação entre irmãos se construía ao longo da vida. Agora Ox casara e ela se sentia feliz, em paz com certos assuntos pela primeira vez, mas não satisfeita com a vida. Havia mais. Sempre haveria. O último objeto dentro do vasilhame foi jogado ao fogo da pira. O velho diário incompleto. Por precaução de clériga Artemísia, Sorena não copiara nada do diário, muito menos pegara nenhuma parte, e ela o fez sem pestanejar. Obedecer à mãe estava parecendo ser uma boa alternativa para quem vivera tantos anos ouvindo conselhos errados.

 - Deve estar sendo difícil para sua tia...

 - É, algo do tipo... – disse com a voz arrastada. A jovem bocejou abertamente, mas tapando bem a boca, e o sono não a abandonou. O calorzinho da sala de rituais a deixou letárgica por um instante e logo ela já caía levemente ao chão de tapete aveludado para um cochilo induzido pelo cântico.

 - Podemos começar, Serenath...? – disse um dos clérigos indicando a menina no chão. A clériga concordou e jogou um manto roxo turquesa em cima da filha.


Vilarejo Windrunner.

                Eriol coçava a barba rala e mal feita, depois a testa e depois o ombro esquerdo. Estava intimidado com a quantidade de coisas novas ouvidas nos últimos 2 minutos. Não estava bisbilhotando a briga do casal, nem queria ouvir o que eles tanto discutiam, mas aprecia que o vilarejo todo escutava o quanto o casal Lethvalin e Kalindorane se desprezavam. O irmão mais novo queria que parasse, não gostava de brigas, seja lá quais fossem e seus motivos, Kali era impulsiva e briguenta na maioria das vezes, mas aquilo já passara dos limites.

 - Então viva com aqueles mortos-vivos!!

 - Está me expulsando de casa?!

 - Estou sim!! Você se tornou uma cabeça-oca desde que se convenceu dessa besteira de “Honrar os antigos líderes”!! Silvermoon desaprova sua atitude e nosso General...

 - Não fale pelo Halduron, Lethvalin! Você não tem esse direito...

 - Vai nos trair!! Trocar suas tarefas nos Farstriders por “eles”? Justamente por eles?!

 - Você não entenderia nem em um milhão de anos...

 - Eles estão mortos, nós estamos vivos e mantemos essa Floresta viva!

 - Olha ao seu redor, seu imbecil!! Eles salvaram Ghostlands! Eles, não nós! Estávamos ocupados demais atacando Zul’Aman ou Zeb’Wola com essa rixa medíocre que temos!

 - Eles destroem nossa Floresta, canibalizam nossos amigos, conspiram com aqueles malditos elfos da noite! Você deveria saber mais do que os outros o quanto os trolls prejudicaram...

 - Ahn... gente...? – Eriol interrompeu colocando a cabeça para dentro do quarto. – Sem querer ser chato, mas... – olhando ao redor e encarando o chão para não sentir o olhar mortífero da irmã em si. – O vilarejo todo tá sabendo da discussão de vocês... E não é por fofoca, é pelo volume dos argumentos...

 - Que se danem todos... – ela bufou dando voltas no quarto.

 - Claro, porque ninguém aqui realmente importa pra você... – provocou Lethvalin mencionando sair do quarto, Kali o segurou pelo punho direito.

 - Essa é a minha casa, e eu a amo até o fim de meus dias...! – ela sibilou entredentes. – A minha casa violada que os Abandonados me devolveram e não os Farstriders! – Lethvalin se livrou do aperto e abanou as mãos para o alto.

 - Faça como quiser mulher. Faça o que quiser. Não és mais bem-vinda pra mim... Pode ir e não voltar nunca mais que não me importarei...

 - Calma gente, não é assim que...

 - Ela me faz sentir mais coisas do que você jamais tentou fazer... – a confissão fez Eriol piscar estranhamente. A irmã nunca falava de sua intimidade perto de ninguém. Lethvalin parou na porta, maxilar levemente tenso e virou-se lentamente a olhando. – É por isso que estou partindo. Não por não querer mais participar de meus deveres nos Farstriders ou minhas obrigações com Silvermoon... Eu quero sentir alguma coisa, qualquer coisa! – apertando seus punhos contra o peito. – Você não me faz sentir absolutamente nada desde que casamos... – Eriol deu meia-volta e já saía, mas Lethvalin o pegou pela camiseta.

 - Fique e escute o que ela tem a dizer, Eriol. Algum dia ela vai perceber que fazer o certo para o bem de todos é diferente do fazer errado para se satisfazer... – e olhando para ela, ele concluiu. – E você nunca vai poder sentir qualquer coisa boa enquanto estiver com essa idéia insana na cabeça. Apenas dor e mágoa e sofrimento...

 - É isso que desejas pra mim?

 - Desejo o dobro daquilo que você me faz sentir nesse exato instante, Kalindorane. – saindo do prédio e indo para a Torre de Vigia. Kali quis ir atrás dele e esganá-lo, mas se conteve já que a cara de seu irmão era preocupante.

 - Do que vocês estão falando?! Você vai embora? Vai me deixar? Eu vou ficar sozinho? Você não vai voltar mais? Você vai pra Undercity e morrer e voltar como Abandonada? Eu vou ter que... que... – a irmã o abraçou fortemente e beijou seus cabelos espetados. Eriol grudou nela como uma criança perdida.

 - Eu preciso ir Eriol... – ela sussurrou para ele, o rapaz segurava o choro com bravura, o rosto afogueado e mantendo a mandíbula bem presa para não tremer. – Eu preciso... – e suspirando alto para poder ter coragem de dizer. – Eu preciso ficar com a Sorena, é isso... Está se tornando insuportável não estar com ela... Consegui agüentar por um tempinho, mas agora...

 - P-por que com ela? Vocês não juraram pactos de sangue, é isso? – a cara do rapaz fora de estranheza. Kali sorriu tristemente e o encarou.

 - Não vou te deixar sozinho... Nunca, ouviu? Você é o meu irmão, meu rapazinho que devo cuidar até ficarmos velhinhos e caquéticos? – os dois riram um pouco. – Foi isso que prometi ao papai antes de... – os dois pararam na hora, encarando o chão em que pisavam. – Pela minha vida toda eu jurei servir ao nosso povo, Eriol... Mas chega uma hora que a gente precisa servir a algo mais para poder se encontrar... – o irmão não entendeu. – Eu preciso tanto dela que nem você vai acreditar... Nem eu estou certa da maluquice que estou fazendo em deixar tudo pra trás assim que consegui tudo que queria...

 - Pra mim você queria ficar aqui e cuidar do vilarejo e ter uma família... Você sempre falou que queria uma família! – Kali concordou vigorosamente.

 - E eu quero! Pela Luz que nos ilumina, como eu quero...! Mas eu preciso...

 - Capitã Willfire, General Brightwing ordena sua presença na reunião de agora.

 - Não havia planos para reuniões esse mês... – ela respondeu inocentemente.

 - Reunião extraordinária. – explicou o Farstrider mensageiro.


 - Soninho bom? – perguntou Artemísia para a filha quando esta acordou. Sorena olhou ao seu redor e sentiu as costelas reclamarem um pouco.

 - Quando tempo dormi? – percebendo que estava no alojamento da clériga no Passo dos Elderes.

 - Menos de 20 minutos...

 - Tive um sonho estranho.

 - Fale-me... – a clériga colocou o livro de lado e prestou atenção de sua escrivaninha. Sorena só se virou um pouco na cama e abraçou o seu travesseiro laranja e verde.

 - Papai disse tchau pra tia Syl...

 - Tia Syl...? – a clériga fez uma cara cômica para a filha.

 - É como eu a chamo...

 - Deixa ela saber disso...

 - Não é pra falar!! É uma coisa só minha, sim? – e ficando em silêncio, ela continuou. – Não é pra falar...

 - Não vou...

 - Jura?

 - Arram... Palavra de clériga... – levantando uma das mãos e colocando em cima do peito - E o sonho?

 - Ele dando tchau pra ela.

 - Só isso?

 - Deveria ser algo mais? Tenho sonhos medonhos e assustadoramente detalhados...

 - Você pode falar o que quiser...

 - Vamos falar de motores de Mechano-Motoca?! – perguntou a garota empolgada, Artemísia bateu o seu livro no topo da cabeça da filha. – Aieee!!

 - Sonho, me diz logo tudo que você viu... – Sorena suspirou alto para o travesseiro e sentou-se ao lado da mãe. Era a primeira vez que tinha coragem de dizer mesmo o que via quando sonhava.



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