Shindu Sindorei - as Crianças do Sangue escrita por BRMorgan


Capítulo 49
Capítulo 49


Notas iniciais do capítulo

PRIMEIRA REGRA DO CLUBE DA LUTA???NÃO EXISTE CLUBE DA LUTA!!



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Dalaran dias depois.


                Uma ovelha assustada corria em direção oposta de Sorena Atwood. Ela carregava um pacotão vindo da Quadra dos Vendedores.

 - Me chama de manajunkie de novo, maricona! – ela exclamou com um sorrisinho no rosto. A antiga freguesa de seu pai, a comilona de manto cinza fez um breve: “Beeeh!” para a ovelha assustada. Desceu a rua e encontrou a Barbearia da cidade, entrou, coloco o pacotão no chão e sentou na cadeirinha.

 - No que posso servir, menina Windrunner?

 - Repicado aqui na frente. Sei que quando voltar pra Lordaeron, vai estar muuuuito calor por lá... – a goblin Kizzi Copperclip pegou a tesoura exageradamente maior que a mão nodosa e esverdeada dela e começou a picotar as mechas avermelhadas da elfa.

 - Não quer que eu corte mais acima?

 - Oh não, não! Eu gosto dele assim... acho... – e suspirando. – Opinião de mãe vale?

 - É suspeita, mas fica bem em seu rosto... – a goblin fazia o serviço tão rápido que pedaços de cabelo voavam por toda parte. - Conseguiu a ignição que queria?

 - Oh sim! Demorou, mas foi!

 - Não te disse que na Área 52 você encontrava de tudo?

 - De tudo mesmo...! – ela riu um pouco se lembrando de sua aventura nos confins do final das Terras Além de Outland.


                Um amontoado de pêlos se movia depressa entre uma mesa e outra. Um rabinho minúsculo se agitava toda vez que um cliente da Estalagem Crisálida lhe oferecia um pouquinho de pão. Não se via olhos ou focinho, apenas pêlos brancos, espessos e em todos os lugares. Imladris quase tropeçou na coisinha agitada e a içou do chão com carinho.

 - Da onde você veio coisinha miúda? – sentindo a pulsação acelerada da coisinha branca. – Da onde veio? – ela perguntou para o goblin ajudante de seu sogro, Rin Duoctane.

 - Ooooh milady, cuidado eu teria! Essa coisa aí faz portais dimensionais como pássaros fazem ninhos... – a clériga olhou bem para a coisinha peluda e afastou os pêlos que supostamente deveriam revelar um focinho.

 - Oh, lado errado... – ela disse girando a coisinha devagar e afastou os pêlos novamente. – Oh você existe! – a coisa tinha focinho gelado, olhos muito escuros e um bafo terrível. – Eeeew... Você precisa melhorar sua dieta mocinha...

 - Como sabe que é fêmea? – perguntou Hrodi chegando com caixas de mantimentos. Oxkhar puxava um carrinho igualmente cheio de coisas, mas bem mais pesado.

 - Segredos de mulher, sogrinho...

 - Pô pai! Deixou o pior pra mim! Dá uma mão aqui!

 - Sou um pobre velho caduco, filho meu... – Hrodi disfarçou fingindo ter uma dorzinha nas costas. – A espinha não agüenta mais tanto peso... – Imladris colocou o animal desconhecido no chão e fez um gesto mínimo para a caixa maior que estava no carrinho.

 - Onde coloco sogrinho? – ela perguntou calmamente. Oxkhar ficou boquiaberto, pois a caixa estava levitando levemente a sua frente.

 - Isso vai pra cima. São as coisas da Sorena.

 - Ela é bem mais vaidosa que eu nisso... – Imladris verificou o conteúdo e eram roupas e mais roupas. Um par de galochas ameaçou escapar da caixa, Hrodi as recolheu. – Olha só! Sorena usa galochas! – Oxkhar se recuperou da surpresa e foi desembarcando as caixas com mantimentos e barris de cerveja quente.

 - C-como que consegue fazer isso?! – o esposo perguntou animado.

 - Levitação telecinética. Muito difícil de fazer. Tem que ser elite para conseguir mover objetos pesados.

 - Mamãe Artemísia me ensinou isso lá em Silvermoon... Até um coelho caolho de barba azul consegue fazer isso... – disse Sorena entrando pelos fundos, com seu pacotão embrulhado. Imladris mandou língua para ela. – Tá, retiro o que digo: Oxkhar você NUNCA conseguiria fazer isso sozinho, porque a Immie é poderosa demais e não vai te ensinar...

 - Eu sempre fico pra trás... – e depois percebendo no corte de cabelo novo da irmã, ele riu. – Alguém resolveu virar menininha agora! Mas galochas e macacões não são nada femininos, maninha...

 - Sem preconceito! Sou uma engenheira qualificada agora. Tenho que ter certos cuidados... – prendendo os cabelos bem presos atrás da nuca.

 - Eu apóio totalmente... – Imladris sorriu cúmplice para a amiga e levitou a caixa maior para o quarto onde elas ocupavam.

 - Hey, esquece isso! Meu quarto é lá no final do corredor... – avisou Sorena subindo as escadas depressa.

 - Mas e o nosso quarto?

 - Arram... – pigarreou Hrodi.

 - Arram também... – pigarreou Oxkhar. – Tá pensando o quê? Vai me deixar dormir no sofá, é?

 - Quarto que era de vocês, agora é do casal casado.

 - Sinceramente eu deixaria o Ox no sofá. Não gostaria de ouvir vocês dois... ahn... dormindo ao lado do meu quarto.

 - Por isso o quarto no final do corredor, mocinha. Era o único que restava, estamos lotados para essa semana.

 - Que bom, sogrinho! – o velho Hrodi ruborizou as orelhas e sorriu tímido para a nora.

 - Vou mudar de roupa. Não façam nada ilegal enquanto não estou participando! – indo correndo para o quarto afastado.

 - Até parece. – Oxkhar carregava um barril cheio de vinho, Imladris fez menção de levitá-lo, mas ele a olhou. – Pode deixar meu bem... Esse seu paladino falido ainda tem histamina pra levar coisas pesadas pro porão.

 - Cuidado as escadas, meu filho!

 - Entendi! – exclamou Ox já descendo pelas escadinhas no fundo do balcão.

 - Os negócios de vento em popa, não? – Immie olhou ao redor depois de erguer a coisinha peluda para fazer carinho no recém-descoberto cocoruto.

 - Isso é muito bom... Estou aqui há um ano e já fiz muita coisa que jamais pensei que iria fazer... – sorriu o sogro com otimismo. – Vinte e cinco anos estagnado naquele lugar atrasado e finalmente descobri a minha verdadeira vocação...

 - Limpar copos e levar bêbados pra fora? – disse Sorena descendo com um macacão usado e alaranjado, um pouco largo nas pernas, uma blusa de algodão surrada e furada em partes das mangas, usando óculos com lentes ajustáveis e cheias de faróis em volta segurando um par de luvas de borracha bem justas e as galochas pretas.

 - Sorena, você está usando galochas!! – exclamou o pai rindo. Ela fez uma cara de desentendida e desceu o resto dos degraus esfregando as mãos.

 - Hora do teste número um... – rindo de jeito macabro. Imladris a observou bem e fez um aceno com a cabeça.

 - Está virando gente... Parabéns... Precisa de mim para te ressuscitar quando você cair daquela coisa voadora? – a elfa menor pensou um pouco.

 - Ahn... Eu diria um “não” automático, mas já que você pensou na possibilidade de uma queda... – saindo em passos pesados por culpa das galochas. – Arator não sabe ressuscitar pessoas ainda...

 - Aaaah o famoso Arator está aqui? – disse a clériga levantando as sobrancelhas sugestionando algo mais. – Paladino ele não?

 - O Mané nem sabe metade do que eu sei! – resmungou Oxkhar voltando e batendo as mãos nas calças de tecido azulado e surrado. – A Ordem anda perdendo credibilidade por treinar perdedores como ele. – Sorena o socou bem no braço.

 - Fale isso novamente de meu primo e eu te castro! – Hrodi riu e apontou para o filho.

 - Cuidado aí, filhão... Quero netos para poder contar histórias quando eu ficar gagá... – Imladris se encolheu lentamente atrás do balcão e fingiu não ter escutado o comentário acariciando a coisinha peluda em seu colo.

 - Qual é pai... Já tá pensando em ser avô tão cedo...? – e chegando perto da sua esposa. – Deixa eu curtir um pouquinho aqui com minha mulher... Passear por esse mundão afora... Pilhar alguns tesouros, bater em caras maus e todas essas coisas que aventureiros fazem para sobreviver.

 - Você não queria um casamento, mas uma curandeira em tempo integral não é? – provocou Sorena ajeitando as galochas nos pés.

 - Nem foi isso... – Oxkhar se agarrou todo atrás de Imladris e a beijou no rosto. – A Immie conquistou meu coração com unhas e dentes... – a esposa mostrou os dentes e as unhas fazendo pose de ataque.

 - Eu sou uma vampira! – mordendo o rosto de Ox e o cutucando com o quadril para se afastar dela.

 - Bem, fiquem aí com suas trocas de afeto e carinho. Eu tenho uma missão muito importante... – fazendo uma pausa dramática, colocando os óculos no rosto e olhando para as nuvens brancas e fofas de Dalaran. – Inovar a ciência da aerodinâmica goblin...! - Seus olhos esverdeados perderam o brilho e refletiram nas lentes exatamente a cor que eram de verdade: Um leve castanho claro cor de mel. – Whoooa, eu consigo ver tudo daqui, hahaha! – ela riu alto saindo pela porta da frente. Uma ovelha passou por ela, mas berrou desesperada e voltou pelo mesmo caminho.

 - SORENA!! – Hrodi gritou para a filha já lá fora. – Você não fez de novo, fez?!

 - Eu? Imagina!!

 - O que ela fez...? – Imladris e Ox correram para a porta da Estalagem e viram o desespero da ovelha fofinha que corria em círculos e berrava para qualquer um que aparecesse. Hrodi arregaçou as mangas de sua camiseta preta e foi até a rua catar o animal perturbado.

 - É a segunda vez que ela transforma alguém em ovelha! – correndo atrás da quadrúpede e sendo mal-sucedido. Imladris gargalhou e prendeu os longos cabelos loiros em forma de coque atrás da nuca. Beijou Oxkhar nos lábios e tentou alcançar Sorena lá no final da viela. A coisinha peluda corria atrás dela, desviando de todos. – Volta aqui! – Oxkhar suspirou alto com a cara de apaixonado e só acordou quando seu pai gritou: - Ajuda aqui garoto! Essa aqui é pior que as galinhas fujonas lá da Taverna!

 - Tou indo! – arregaçando as suas mangas também e se abaixando para alcançar a ovelha na corrida.


Krassus Landing minutos depois.


                Arator se engalfinhava com dois garotos exatamente iguais pendurados em seus dois braços. Os três riam muito, tanto que chamou atenção de um pequeno grupo de orcs da Fronte Warsong que haviam chegado naquele instante por montarias voadoras. O Capitão de Vôo Skywing cochichava com a Mestre em Vôo nas Planícies geladas de Northrend sobre a Geringonça Voadora Turbo estacionada bem ali no ponto de aterrissagem.

 - Primo Arator, como é que funciona? – perguntava Giramar.

 - E se eu apertar esse botão, o que acontece? – foi Galdarin já apertando o botão.

 - Não, não!! A Sorena vai me matar se vocês mexerem nisso! – e tentando tirar um dos gêmeos do cockpit, ele se atrapalhou todo e segurou o menino pelas pernas de ponta-cabeça. – Larga isso aí! Não mexe que... – era difícil controlá-los e distingui-los já que usavam as mesmas roupas, sem nenhum detalhe especial para diferenciá-los.

 - Eu deixo você por 10 minutos e olha a bagunça? – disse Sorena estapeando o primo mais velho na cabeça.

 - Aieeee!! Não é minha culpa! Esses pestinhas...!! – um dos gêmeos apertava as bochechas de Arator com força para ele sorrir.

 - Não é uma graça nosso priminho mal-humorado? Ele quer sorrir, Sorena! – sacaneou o que parecia com Giramar.

 - Giramar, solta o seu primo, Galdarin faz o favor de tirar o seu traseirinho meio-élfico do meu lugar? – os dois obedeceram e ficaram ao lado de Arator.

 - Meio-elfinhos!! – Imladris exclamou empolgada. Os meninos sorriram como anjinhos para ela.

 - Boa tarde Embaixadora Imladris... – os dois falaram ao mesmo tempo em um tom inocente. A clériga ficou corada e fez um biquinho de apreciação. Deu beijinhos nos dois.

 - Não são umas gracinhas...? - e cumprimentou Arator com um aperto de mão. O paladino ficara violentamente ruborizado pelo beijinho recebido.

 - Esses aí “gracinhas”? E eu sou um murloc! – resmungou Sorena ajeitando seus óculos.

 - Mamãe disse que você tem cabeça de murloc. – comentou Galdarin.

 - E sua mãe usa tamanco de salto alto pra ameaçar vocês... Aquela baixinha... – os gêmeos riram baixinho. Imladris agora percebia no amontoado de peças pregadas juntas para formar a Geringonça Voadora Turbo.

 - Mas que pedaço de lixo!! – ela exclamou com as mãos para cima, Sorena já tomava o manche nas mãos enluvadas e regulando os óculos que piscaram os faróis em volta da armação. – Isso não vai voar nunca! – Giramar fez um barulho com a boca.

 - Aiaiaiai, uma clériga prediz futuros prima! Não voa não!

 - Vai cair!! – Galdarin corria em círculos, segurando as orelhas pontudas não tão compridas quanto as de Imladris e Sorena. – Estamos danados!!

 - Vira essa boquinha pra lá, guri! – Arator o segurou pelo braço. – Claro que vai voar... – Giramar tinha um manual nas mãos agora e lia com certa dificuldade.

 - “Antes... de... de... deco-colar...”... – o irmão pegou o manual da mão dele, os dois se engalfinharam em uma briga que foi logo apartada por Arator.

 - Você é muito lento! – ralhou Galdarin indo ler. – “Antes de decolar, a Geringonça Voadora Turbo deve ser acionada com uma magia menor de proteção e...” – Galdarin tomou o livro dele e terminou a leitura.

 - “E o pi-pi-piloto seeer... – forçando as vistas para poder ler - ...abençoado por um glérico...”

 - Clérigo. – corrigiu Immie admirada com a força de vontade do gêmeo e um pouco saudosa de suas aulas de leitura com a banshee Aelthalyste quando era mais novinha.

 - É, esse trem aí... “... clérigo ou paladinino.” – os meninos olharam de Arator para Imladris.

 - Prefiro clériga. – disse um.

 - Mais eficaz. – disse o outro. Arator se encolheu no lugar com cara de triste. Imladris percebeu nisso e cutucou o primo de Sorena.

 - Hey, vamos fazer juntos? Você faz a aura de proteção e eu “abençôo” a louca aqui... – ele concordou com um sorrisão bobo. Arator recitou uma prece de proteção, uma aura dourada logo circulou toda extensão do veículo voador. Imladris não precisava disso, então tentou parecer informal para não envergonhar o rapaz novato.

 - Eu abençôo essa... elfa... em nome da Luz. Boa viagem e... ahn... que bons ventos a levem para... Você não vai tão longe vai?

 - Não! Só uma voltinha por aqui e voltar.

 - Que os bons ventos a levem de volta para casa... – uma outra aura ficou em volta de Sorena que sentiu cócegas e coçou as costelas.

 - Volte a salvo prima Myrtae! – disse Galdarin com o manual na mão. Ela acenou um “okay” com o polegar erguido e ligou a máquina voadora. As hélices giraram rapidamente fazendo um barulho ensurdecedor, todos se afastaram. Canos de escape, parafusos tilintando, peças se arrastando umas nas outras e o motor ruidoso demais completavam a barulheira infernal.

 - Volte sem fraturas expostas, pedaços faltando ou com os intestinos para fora, prima! – disse Galdarin.

 - Nós acreditamos em você! – e os dois fazendo um aceno diferente, separando em pares os quatro dedos e o polegar dobrado para a palma, eles assistiram a Geringonça Voadora Turbo decolar de forma desengonçada e soltando fumaça mágica e espessa de um escape. Imladris tossiu muito pela fumaça e Arator a puxou para trás para não ficar exposta. Os gêmeos corriam em volta de onde a máquina saíra e faziam uma dancinha de vitória ridícula.

 - Não é que voa mesmo? – Imladris comentou surpresa por ver que a estabilidade do vôo estava perfeita até aquele momento. – Realmente o título de “Insana” é merecido para ela! – a clériga gritou para ser ouvida por culpa da barulheira. Arator concordou e falou em seu ouvido.

 - Ela me falou muito sobre você!

 - É mesmo?!

 - Vocês estão sempre juntas e fizeram coisas bem legais! – Imladris concordou sempre atenta, mesmo perdendo de vista de onde a máquina estava. – Ela disse que você é a clériga mais poderosa de Azeroth!

 - Que isso...? – Imladris sorriu gentilmente. – A Sorena exagera muito...

 - Eu gostaria de saber muito sobre onde você mora... Parece ser um lugar interessante...

 - Oh Undercity é a cidade mais linda de todo mundo, acredite! – disse a clériga empolgada por introduzirem um de seus assuntos favoritos.

 - Sorena falou bastante da Rainha Banshee... Até bem demais... – o paladino ficou tímido e desviou o olhar para os pés. – Sempre pensei que banshees eram maléficas, mas o jeito que a Sorena falou me convenceu que a Rainha de Undercity é bem... ahn...

 - A Dama Sombria é gentil, benevolente e receptiva com seus súditos e amigos da Horda... – o sorriso de Imladris fez as bochechas de Arator corarem. Os gêmeos gritavam e dançavam agora, pois a prima passara para o outro lado da cidade, dando uma volta de 180° graus no ar.

 - Isso aí!!

 - Eu quero um no Banquete do Inverno!!

 - Só engenheiros podem fazer Geringonças Voadoras Turbo, seu panaca!

 - Mas Vovô Invernado tem Engenharia na segunda profissão dele! Como é que ele carrega tantos presentes naquele trenó bonitão?

 - Renas, seu palerma!

 - Ahn... Clériga Imladris...

 - Sim...? – a elfa estava tão impressionada com a briga verbal dos meio-elfos de Veeresa Windrunner que esquecera que Arator estava ali ao seu lado, extremamente tímido e tentando falar algo.

 - Você gostaria de... ahn... – pigarreando para tomar coragem. – De beber um suco comigo ali na Estalagem...? – Imladris o olhou com estranheza e percebeu na hora o que se passava. – Assim, pra gente conversar sobre a minha outra tia, a Dama Sombria, não é como vocês a chamam?

 - Eu sou casada. – ela respondeu rápida, mostrando a aliança no dedo anular e fazendo uma cara de entediada.

 - Oh, ah! Sim! Bem, então ahn... desculpe se...

 - Vamos jantar todos juntos mais tarde lá na Estalagem. Você está convidado. Sempre tem histórias sobre Undercity. – ela disse para deixar o rapaz menos desconfortável. E acompanhando o rasante que a máquina fez, ela deu tchauzinho para os meninos. – Esperamos você lá.

 - Sim, sim! – respondeu Arator tentando parecer animado. A clériga saiu da pista de aterrissagem e sumiu dentro da construção para voltar para a cidade. Os gêmeos apontaram ao mesmo tempo para o primo mais velho.

 - Se ferroooou!!

 - Ora, calados!! – ele berrou de volta, se sentando em um banquinho para desfrutar de sua primeira cantada mal-sucedida.


De noite, jantar na Estalagem Crisálida.


                Muita conversa e risadas. Apesar de a Estalagem estar cheia de missionários e arqueiros-vigias do Silver Covenant, a família Atwood comia o banquete servido pelo dono. Imladris conversava animadamente com o goblin Rin Duoctane sobre os encantos de Booty Bay no final do ano, Oxkhar já ficara amigo de Arator e estava curioso com o planeta misterioso onde ele morava, Sorena estava quietinha em seu canto cutucando um brócolis e fazendo cara de perdida para o prato. Hrodi voltou para a mesa com outro jarro de vinho e colocou meio copo para a filha depois misturou com água e bastante açúcar.

 - Sua cara transparece a animação da viagem...

 - Ela está triste... – disse a filha jogando a brócolis de lado no prato e bebendo tudo em um gole só. Imladris parou de conversar e a encarou preocupada quando ela pousou o copo na mesa. – Ela está muito triste...

 - Quem? – perguntou Hrodi. Sorena fez uma careta triste e se levantou.

 - Foi mal aê pai, mas eu tenho que dar um passeio... – todos na mesa olharam para ela sem entender. Imladris levantou na hora, seguida pelos dois rapazes, Hrodi continuou a comer tranquilamente, Oxkhar o cutucou.

 - Vou atrás dela... – disse Immie.

 - Tudo bem, menina, fique aí... – disse Hrodi com calma e enchendo a boca de toucinho.

 - Ela pode fazer uma besteira! Quando ela fica assim é porque... porque...

 - Ela foi chorar perto de alguma fonte.

 - Quê?! – Oxkhar estapeou a própria testa.

 - Sorena chateada é Sorena perto de água... – ele murmurou, Imladris não entendeu o marido.

 - O que vocês estão falando?! – Arator disse confuso. – Ela está em perigo? Quem vai machucá-la? Como assim?!

 - Sossega rapaz... – Hrodi chutou a perna dele por debaixo da mesa. – Sente-se que isso é coisa de mulher...

 - É a minha irmã, pai! – indignou-se Ox.

 - Você se lembra o que ela fazia quando vocês brigavam?

 - Nem me lembre... – Imladris cutucou o marido para uma explicação. – Ela ficava perto de algum lugar com água pra poder disfarçar que estava chorando. Eu sei lá porque ela fazia isso! Mulheres choram o tempo todo, é clássico!

 - Heeeey! – a clériga estapeou o esposo no braço.

 - Ai, Mi sua mão é pesada oras...

 - Perto de água não é? Vou atrás dela e vocês fiquem aí! – Hrodi deu de ombros, Arator mencionou em ir para a porta, mas viu Oxkhar se sentar novamente e voltar a comer.

 - Sossega rapaz... Coisa de mulher...

 - S-sim senhor...



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