Shindu Sindorei - as Crianças do Sangue escrita por BRMorgan


Capítulo 44
Capítulo 44




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Darkshire anos atrás.


                O grupinho entrou na casa abandonada perto do Lago nos arredores do cemitério dos Jardins Tranqüilos. Passinhos no assoalho empoeirado. Duas cabeças apareceram na fresta da porta fechada por causa de uma coisa atrás.

 - Saiam da frente, bando de medrosos. – disse alguém mais destemido. O chute que deu na porta a fez ceder, segurando um canivete novo e um pedaço de espelho quebrado. Outro que vinha atrás trouxe a lamparina, todos tremiam, menos o do canivete.

 - O que procuramos...?

 - Você sabe quem... – disse o suposto líder armado. – A Blind Mary...

 - M-mas e se as lendas forem só besteira...?

 - Então por que você está tremendo?

 - Tem certeza que vai deixar sua irmã lá fora? E se ela for atacada?

 - Sorena sabe se defender bem sozinha... – disse o do canivete entrando na sala em escombros da casa abandonada, conhecida pelas suas lamúrias quando a noite chegava e pelos gritos horríveis durante a madrugada.

 - Ainda acho que é uma péssima idéia... – já lá fora da casa, sentadinha na varanda pobre, cutucando a lama com um pedaço de graveto, Sorena Atwood brincava com o dente mole dentro da boca. Era o da frente no maxilar de cima e ficar empurrando-o com a língua era parte de um ritual demorado para fazê-lo cair. Sabia que a lenda boba da Blind Mary era invenção dos humanos de Darkshire para manterem as crianças grudadas nos pais, como assim uma mulher arranca os próprios olhos com as unhas? Bando de bobões mijões, ela pensou. Bastava um barulhinho só e aquele bando de menininhos medrosos sairia da casa correndo. Cutucou a lama e fez um risco circular sem pretensão alguma. A lama rala borbulhou por um instante e ela ousou olhar para a entrada da casa. Um corpo decrépito e em trapos vinha em sua direção. Ela ficou vidrada no lugar, sem ter coragem de gritar, o poder emanado pelo corpo decrépito a manteve presa ao chão, o graveto tremelicando em sua mãozinha pequena. Iria morrer? Era assim que os mortos ficavam depois que morriam?

 - O que faz aqui, criança? – perguntou o decrépito. Sorena não soube o que responder, urinou no vestidinho lilás que ganhara da filha do dono da cidade. Gritos apavorados chamaram atenção do decrépito. – Oh pelas minhas vísceras...

 - Corram!! Corram!! – gritou o líder de canivete. A cabeça loira de Oxkhar apareceu na porta, quase trombando com o morto-vivo. As crianças se espalharam pulando pela amurada da varanda, tropeçando nas próprias pernas, caindo em poças de lama formadas pela forte chuva da manhã. Sorena não saíra do lugar, o graveto bem preso a sua mão.

 - Okay, pirralho. Já incomodou demais! Dá o fora!! – gritou o decrépito bafejando odor pútrido de sua boca metálica. Um outro grito dentro da casa o interrompeu, era a voz de uma mulher.

 - Toma isso seu fedorento!! – Oxkhar, com seus 11 anos empunhou o canivete, acertando o joelho do morto-vivo, pegando a irmã no meio tempo em que o inimigo urrava de dor e blasfemava contra eles. – Sorena, vamos!! – a menina foi literalmente arrastada por Oxkhar, ele foi obrigado a parar no meio do caminho e pegá-la no colo.

 - Malditos humanos!! – urrou a coisa lá atrás deles. Um guarda estava de prontidão ali na beirada da estrada.

 - Vocês arranjaram um problemão, filhos de Atwood!

 - M-mas, mas! Tem um morto-vivo lá atrás!! Nós juramos!! Sorena não é que tem um morto-vivo atrás da gente? – a menininha tremia da cabeça aos pés, suja e com a roupa encharcada. – Droga, o meu canivete novo! – Hrodi chegava com um dos amigos de missão, pai de um dos meninos que ousara entrar na casa abandonada.

 - Irei verificar, malandrinho. Mas se não houver nada por lá, o seu castigo vai ser dobrado! – disse o pai puxando a orelha do garoto e chegando perto de Sorena. – Sor, minha querida...? – fazendo carinho na bochecha dela.

 - Frio... – ela balbuciou com o queixo tremendo. Lágrimas formavam nos olhos. – Muito frio...

 - Karin vai cuidar de você... – a líder das arqueiras pegou a menina do chão e a cobriu com o próprio manto. Ninando-a com cuidado, ela se afastou.

 - Schiu, schiu querida... Vai ficar tudo bem...

 - E o meu canivete? – perguntou Oxkhar ainda afoito e com o coração palpitando rapidamente no peito.

 - Você vai é ter uma porção de palmadas nesse seu traseiro pra deixar de ser burro!! – gritou o pai indo com o guarda e o amigo. – Trate de voltar pra casa de Ell, tomar um banho e ficar quieto me esperando!

 - Mas que droga! Eu poderia ter matado aquele cara! – Karin deu uma palmada bem dada no bumbum do garotinho de 11 anos.

 - Vamos, ande logo! Sua irmã está tremendo de frio aqui. Pode pegar uma gripe com isso...


 - Papai por que temos que ficar aqui...? – perguntou Oxkhar segurando bem a irmã ainda em choque. Já havia feito de tudo para que Sorena voltasse ao normal, mas ela insistia em chupar o polegar e apertar os olhos de vez em quando como se não quisesse ver algo.

 - Porque esse é o meu dever, menino... Desde que Prefeito Ebonlocke enviou a carta pedindo por ajuda, ninguém respondeu suas súplicas. Tomei a liberdade de ver a situação por mim mesmo e resolver.

 - Mas a Ordem disse para o senhor não vir...

 - Acontece que a Ordem não manda no meu bom senso. E desde que aquelas coisas estranhas aconteceram no orfanato, protegerei meus amigos com tudo que eu puder. – Karin pegou Sorena do colo de Oxkhar e indicou a casinha de banho debaixo das escadas da humilde casa do ferreiro Ell, primo distante de Hrodi.

 - Já tou indo... – resmungou o menino pegando uma toalha seca perto da lareira.

 - Sorena não pode ficar sozinha, Hrodi... – sussurrou Karin para o paladino. – Eu sinto uma energia terrível vindo dela... – o pai acariciou os cabelos avermelhados da menininha calada.

 - Minha garotinha... Vai ficar tudo bem... Papai vai cuidar de tudo... – indo para seu baú de missão e tirando sua armadura cuidadosamente.

 - Hrodi, ir atrás de algo que talvez não exista não vai fazer nada ficar bem! – reclamou Karin ninando Sorena. – Você tem que ficar com seus filhos e cuidar para que eles não...

 - Tinha alguma coisa lá! Maléfica e estrondosa!

 - Sorena está em estado de choque! – a menininha começou a se mexer nervosamente no colo da arqueira. Soltava choramingos incoerentes e urinou novamente sem perceber.

 - Fogo!! Fogo!!

 - Sorena, Sorena! – Hrodi foi a elas e tocou a testa da filha. Os olhos em um tom esverdeado brilharam estranhamente. – Minha filha, papai está aqui! Me escute, papai está aqui!

 - Fogo, está ardendo! Muito! Está queimando! – a menininha se debatia, enquanto Karin apaziguava com um abraço seguro e coçando suas costas. – Não deixa ele chegar perto! Não deixa!

 - Quem chegar perto, minha filha...? – perguntou Hrodi forçando a menininha de 4 anos a olhar diretamente nos olhos. – Alguém está querendo te pegar, é isso? Você não quer que ele chegue perto de você? – a menininha escondeu o rosto no ombro de Karin. – Sorena...?

 - Sonho ruim... Sonho ruim... – ela balbuciou chupando o polegar novamente. Hrodi voltou a pegar sua armadura e colocá-la apressadamente, Karin tentou mantê-lo em casa, mas recebeu um beijo nos lábios do paladino. A arqueira ficou surpresa.

 - Se eu não voltar dessa, tudo que é meu é seu. Meus filhos, minha Taverna, meu corpo pra enterrar.

 - Não fale isso! – a arqueira o chutou na canela com força, ele saiu tropeçando pela porta afora empunhando sua espada dourada. – Homens teimosos!

 - O que aconteceu?! – disse Oxkhar chegando a sala todo molhado e a toalha em volta do corpo miúdo. – Papai foi caçar o maldito morto-vivo?

 - Sim... – Karin arrumava uma cama improvisada no chão perto da lareira e trocava as roupas molhadas de Sorena.

 - E eu perdi ele colocando a armadura?! Mas que drooooga!!

 - Não diga palavrões! – admoestou a arqueira - Trata de colocar uma roupa menino! E vira esses olhos pra lá!

 - Por quê?!

 - Estou trocando a roupa de sua irmã! – o olhar mortífero da arqueira fez o menino recuar para as escadas e ir se vestir. – E você menininha vindo das águas... Eu juro que te protegerei com a minha vida, escutou? Ninguém vai te tirar da gente...

 - Frio... – resmungou Sorena com os olhos pestanejando. – Muito frio...

 - Eu sei... Já vou te cobrir... – sorriu a arqueira gentilmente.


 - Calada! Ele está aqui!

 - Não... não... – Hrodi ouvia a conversa debaixo das escadas, empunhando sua espada dourada conquistada na Batalha do Monte Hyjal quando era ainda novo. Atrás dele havia mais um soldado da Torre de Vigia da cidade. Dois guardas estavam do lado de fora e a líder do grupo da Comandante Althea Ebonlocke fazia sinais para avançarem pelas escadas da casa abandonada.

 - Você precisa entender... Ele não vai a reconhecer... Ele vai...

 - Não... não... – resmungava a segunda voz, parecida com uma mulher velha e rouca. – Não ele... Não quero que me veja assim...

 - Vamos atacar... – sussurrou Ebonlocke dando os primeiros passos. Os guardas subiram rapidamente e entraram no quarto de modo brusco. Hrodi foi o último.

 - Humanos malditos!! Deixe-nos em paz!! – uma explosão foi ouvida antes que o paladino pudesse alcançar o último degrau. Dois dos guardas voaram pelo ar, furando a parede oposta e caindo no outro lado da casa. Ebonlocke empunhava sua espada com dificuldade, fora atingida por escombros, um deles alojado na perna. Hrodi deu um pulo fenomenal do degrau que estava para a soleira do segundo pavimento e avançou veloz com seu escudo em riste. Atingiu o inimigo em cheio e um baque surdo foi ouvido.

 - Que a Luz me dê forças!! Malditos do Flagelo, tremei sobre a Justiça Divina da Mão de Prata!! – ele bradou descendo a mão com a espada, decepando a cabeça do morto-vivo que se colocara na frente.

 - Oh maldição... – o morto disse tediosamente. A mulher igualmente revivida se encolheu em um canto, trapos de um vestido rosado, capuz improvisado cobrindo o rosto e os ossos das pernas a mostra.

 - Não, não!! – ela guinchou se espremendo entre uma cômoda comida por cupins e o canto do quarto.

 - E que a Justiça Divina da Mão de Prata seja feita... – Hrodi levantou a espada e já ia baixá-la. Uma sensação pegajosa invadiu sua nuca.

 - Odeio quando me decepam... – disse a cabeça decepada do outro lado do quarto, sendo que o corpo estava atrás do paladino. Ebonlocke chamava os guardas lá debaixo. – Okay, enlatado. Jogo bem rápido: Não fomos nós que queimamos aquelas crianças. Aquilo foi obra dos servos do Flagelo infiltrados em SUA linda cidadezinha-capital. Não tenho certeza do quê, mas há algo perigoso rondando o Palácio de seu “valoroso” Rei-mirim. E esse perigo irá mostrar as asas em breve...

 - Tire as mãos de mim, seu cadáver pestilento... – grunhiu Hrodi ainda dominado pelo poder contido na mão do corpo do morto-vivo.

 - Não, não, não...! – a mulher choramingou outra vez. Os guardas tentavam alcançar as escadas, mas os escombros não deixavam. Ebonlocke tentava bravamente levantar e ajudar o amigo de Missão.

 - Comandante Althea fique aí. Sua perna pode piorar com o esforço.

 - E eu não me daria ao luxo de perder muito sangue, milady... – avisou o morto-vivo. – Há coisas piores vagando por essa noite...

 - Pela Luz... O que aconteceu comigo...? O que? O que sou...? – resmungava a mulher morta-viva. – Onde estou? – a voz fez a garganta de Hrodi dar um nó. O paladino abriu a boca, mas só uma exclamação engasgada saiu. O braço que protegia a luz irradiada pela espada de Hrodi era descarnado e cheio de fissuras. Em um dos dedos finos estava o motivo que aterrorizara o paladino. O anel de noivado que dera a sua esposa anos atrás.

 - Maeline...?! – ele murmurou, o mundo girava em seus olhos e ele teve que deixar o escudo cair para se apoiar nas juntas das pernas.

 - E alguém ganhou o troféu do concurso de adivinhação... Droga. – resmungou a cabeça do morto-vivo. – Hey corpo burro, aqui atrás da cama! Aqui seu palerma! – a cabeça dava instruções, mas o corpo se movia lentamente batendo nas paredes, tropeçando em móveis quebrados. Hrodi se ajoelhou ao chão e botou os punhos em cima dos olhos.

 - Não pode ser!! Não pode ser!!

 - O que sou...? Mestre Derris, o que sou?

 - Uma Abandonada, milady... Infelizmente...

 - Estou tendo um pesadelo!! Pela Luz que nos Ilumina!! NÃO PODE SER!! – o paladino gritou esmurrando o chão com fúria. Lágrimas caíam ruidosas pela barba rala já grisalha em alguns pontos. – MALDITO REI LICH!! MALDITO DIA EM QUE TU, ARTHAS MENETHIL, NASCESTE!! – ele urrou para o teto. A espada em sua mão apontava para a figura cadavérica acuada.

 - Por favor, pare de gritar... – pediu a mulher recolhendo as pernas e ficando tão encolhida que parecia um amontoado de ossos. – Meus ouvidos doem... Por que não sinto meu coração...? Por que não respiro...? Quem eu sou? – Hrodi se levantou bruscamente e cravou a espada bem perto da mulher morta-viva. Ela gritou com horror e se espremeu na parede por sentir a emanação vinda da espada. - Queima!! Queima!! Está queimando!! – o paladino foi até ela e com as mãos trêmulas puxou seu braço esquerdo com violência. Da mão esquelética, ele arrancou o anel de noivado e interceptou a fuga da mulher. – Por favor, não me machuque... Não me queime... Oh pela Luz, estou com tanto medo... – ela chorou sem lágrimas. O paladino se aproximou do rosto dela e reconheceu um dos olhos que restara na caveira da mulher.

 - Maeline morreu... Suma daqui e não volte jamais... Está me ouvindo? – ela balançou a cabeça concordando timidamente. – Você morreu... Eu te enterrei... Não volte mais aqui, pelo amor que tem ao seu filho... – ele tentava conter as lágrimas ao dizer cada palavra. – Vá para bem longe onde eu não possa te encontrar novamente, porque... porque... – perdendo a voz e tocando o tecido do vestido rosa dela. – Você morreu... E eu não pude... eu não pude...

 - Escuta grandão... Ela não ia ficar mesmo... – o morto-vivo atingiu a cabeça do paladino com um pedaço de mobília quebrada, Hrodi cuspiu um dente e sangue e foi lançado ao chão tonteando. – Mas já que você a reconheceu, tenho que apelar para as medidas drásticas... – o corpo segurava a cabeça e fez um gesto complicado no ar. Um círculo esverdeado rodeou o corpo de Hrodi e em instantes todo o quarto foi envolto em uma penumbra que ofuscava o brilho da espada dourada. O paladino caiu ao chão inconsciente, assim como todos os presentes ali na casa abandonada. A morta-viva levantou devagar de seu lugar e tocou a face do homem no chão. – Milady, por precaução a sua sanidade já fragilizada pelas circunstâncias... – o morto pigarreou. – Eu recomendo que tente se esquecer desse episódio... – indicando o paladino desacordado.

 - Ele fez tudo que poderia... Não o culpo...

 - Por isso eu sugestiono que devemos partir o mais breve possível para Tirisfal Glades... Lá a senhora terá mais segurança...

 - E-eu peço apenas um último desejo... – o Abandonado recolheu seu manto escuro e tentou grudar a cabeça no lugar com alguns alfinetes de ferro.

 - Já sei o que é...


 - Papai tá demorando... – comentou Oxkhar comendo uma maçã e raspando uma para Sorena, a menina comia vorazmente e estava grudada ao irmão perto da lareira. No chão perto deles havia peças de madeira que imitavam casinhas e blocos de construção.

 - Ele logo voltará... – Karin estava na porta da casa do ferreiro amigo e vigiava a estradinha. Um dos guardas de Ebonlocke passou apressado, murmurou algo para ela, a arqueira olhou para trás e mordeu o lábio inferior em aflição. As crianças brincavam de montar casinhas e fortificações.

 - Por que você fica com o grandão e eu não?

 - Porque eu sou o cavaleiro da Mão de Prata oras!

 - Eu quero ser Cavaleiro também!

 - Você não pode, bobona. Apenas homens podem ser Cavaleiros! Seja uma arqueira.

 - Eu não quero ser arqueira! Elas são chatas! – Sorena cruzou os braços. O irmão fez uma careta aborrecida e deu o bonequinho de madeira de um cavaleiro para ela.

 - Tá, pidona... Você pode ser uma Cavaleira hoje...

 - Eba!! – a menininha levantou os braços e roubou a maçã da mão do irmão dando uma dentada forte. Ela espremeu uma exclamação de dor e Ox tirou a maçã dela, Karin virou-se imediatamente para eles indo ao auxilio da menina.

 - O que foi meu bem? – Sorena mostrou o sangue na maçã e o dente recém-caído. Com um sorrisão satisfeito ela provocou o irmão.

 - Tenho uma janelinha, você não!

 - Cruz-credo! Eu não quero ficar feioso que nem você com esse dente furado! – ele respondeu limpando a parte da maçã que tinha um pouco de sangue na bacia de água perto da lareira e voltou a comer.

 - Parabéns Soreninha...! Um dente a menos, mais um ano de felicidade!

 - E logo vai crescer um bem lindão e fortão... – a menininha comentou segurando o dente caído na mão.

 - Vamos jogá-lo no telhado?

 - Pra quê? – perguntou os dois irmãos ao mesmo tempo.

 - Assim Aviana, a mensageira dos Deuses, irá realizar o desejo que a Sorena fizer quando jogar o dente no telhado...

 - Eu quero muito! – exclamou a menininha se levantando e indo para a porta. Karin foi com ela, Oxkhar correu para alcançá-las.

 - Vamos lá... – um grupo de guardas voltava na estradinha, uma carroça vinha devagar. Karin se alertou e foi para Ox. – Hey Ox, ajude sua irmã a jogar o dente no telhado?

 - Isso vai ser moleza, hehehe! – o menino se vangloriou indo com a irmã em uma parte baixa da casa. Karin correu até a carroça e viu que Hrodi estava ali em silêncio, curando a perna de Ebonlocke.

 - Peraê! Eu preciso fazer meu desejo! – exclamou a menina parando o irmão com o dente na mão, pronto para atacá-lo.

 - Tá, pede logo pra casar com um cavaleiro lindão e boboca e ter filhos bobões... – ele disse debochando.

 - Eu não vou pedir isso! – e com os olhos bem fechados, ela cruzou as mãos em cima do peito e pediu baixinho. – Eu desejo... desejo muito que eu ache a arqueira que eu vi nos meus sonhos!

 - Que maluquice é essa? Haha!

 - Não é maluquice, eu vi uma arqueira muito bonita nos meus sonhos! E algum dia eu vou encontrá-la e serei amiga dela! – protestou a menina.

 - Desejo bobo... – o irmão jogou o dente bem longe para o alto. – Eu pediria comida gostosa ou sei lá... Roupa nova... Eu preciso de calças novas! Essas estão largas demais em mim!

 - O desejo era meu, bobão! – a menina estapeou o irmão no ombro e saiu correndo para fugir do revide dele, foi interceptada por Hrodi a içando para seu colo. Os olhos de Sorena captavam qualquer luz e refletia fantasmagoricamente na noite escura. Os guardas perceberam nisso e cochicharam entre si. Oxkhar ficou impaciente por ouvir um dos comentários ruins. – Papai!

 - E como você está mocinha? – o paladino perguntou verificando o sorrisão que a menina dava. – Olha só!

 - Caiu agorinha mesmo!

 - E você fez o seu desejo? – a menininha confirmou com a cabeça e abraçou bem o pai.

 - Amo muito você papai! – ela exclamou no abraço. Hrodi sentiu seus pulmões denunciarem um possível choro, mas quando Oxkhar apareceu e o socou na altura do estômago, o homem riu alto.

 - Hey mocinho! Tou com a guarda baixa!

 - O senhor prometeu que iria mostrar como se coloca armadura! Eu tenho que aprender logo, poxa!

 - Senhor Hrodi, agradecemos sua assistência... – disse Comandante Althea Ebonlocke. Ela vinha mancando e um sorriso cansado. – Seus filhos são abençoados por terem um pai tão nobre e valoroso como o senhor...

 - Eu sei, eu sei! – exclamou Sorena o abraçando mais. Ela apertou mais o pai quando viu de longe uma sombra se mover atrás da casa, perto do telhado onde Oxkhar jogara o dente.



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