Shindu Sindorei - as Crianças do Sangue escrita por BRMorgan


Capítulo 42
Capítulo 42




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 - Quando é que você vai casar? - perguntou o avô com uma cara de desconfiança.

 - Ahn, nunca...?

 - Nunca diga nunca. - opinou Kalindorane bebericando o seu copo.

 - Toda a regra tem uma exceção.

 - Até as exceções tem regras.

 - Água mole em pedra dura tanto bate até que rola morro abaixo, provoca uma avalanche e cai bem em cima da sua cabeça.

 - Isso foi profundo.

 - Você que começou a falar frases de efeito... Coisa boba isso.

 - É lindo ver o quanto a noiva está feliz. - comentou Magistrado Aminel

 - Espere só até a cerimônia terminar.

 - Sorena... - Kali a cutucou para que ficasse quieta.

 - Ah vai ficar nessa também? A Immie está no modo "estou negando a realidade" ligado.

 - É o dia mais feliz da vida dela, não estrague com seu humor azedo.

 - O seu casamento foi o dia mais feliz de sua vida? - Kali demorou a responder

 - N-não...

 - Pronto, questão encerrada

 - Mas ela é sua melhor amiga! Fique feliz por ela.

 - E estou e é meu irmão ali também, mas eu estaria bem mais feliz se você não estivesse por perto. - e saiu de fininho para inspecionar o que seu imp fazia. Kali ficou confusa e a seguiu.

 - Por mil trovões! Faça direito seu imprestável!

 - Vovô não grite com o Zéfinho

 - Não me chame de Zéfinho!!

 - Zéfinho, fique calminho sim? Não coma todo o bolo, além de ter outros convidados na festa, pode dar dor de barriguinha...

 - Mas essa gororoba é mil vezes melhor que aquela porcaria de lavagem que serviam naquela cidade colorida e cheia de elfos afeminados!

 - Você também acha que lá é luminoso demais? E que tem elfos afeminados? Nossa, Zé, nunca pensei que iria concordar em algo contigo...

 - Não me chame de Zé!!

 - Como ousas ofender a gloriosa Silvermoon! - reclamou Kali topando com as costas de Sorena para que percebesse que ela ainda estava ali.

 - Lá só tem elfo afeminado!! E estátuas de um doido varrido! - Sorena colocou os dois polegares para cima pelo comentário.

 - É fato. Mas eu gosto muito das vassouras auto-limpantes. Bem prático... Já sei! Vou dar uma dessas para a Immie!!

 - Eu não vou ficar arrumando casa, tá pensando o que de mim?

 - Eu concordo! – disse Oxkhar chegando distraído.

 - Então vai ser o Ox que vai fazer a faxina? – Sorena caiu na risada pela cara que o irmão fez.

 - O quê?! Eu vou ter que fazer a faxina?! – com cara de coitado para Immie.

 - Pago pra ver essa! Você vai ficar lindo de avental e espanador, maninho!

 - Uma embaixadora da Horda não pode fazer faxina...

 - Quebra a unha, amarrota o manto, mancha as luvas de clericato...

 - Ah, Immie! Não quero fazer a faxinaaa... – disse Oxkhar agarrando a esposa e a espremendo bem em um abraço.

 - Por isso eu vou montar uma vassourinha auto-limpante... Facilita... – e pigarreando ao pegar o copo de ponche da mão do irmão. – E poupa tempo para que vocês possam... ahn... terem tempo para vocês mesmos...

 - Começou... Casamento não é só isso não, cabecinha pervertida... – disse Ox com confiança. E se virando para Immie. – Não é meu amor? – dando um beijinho no rosto da elfa encolhida e ruborizada.

 - Lalalala... E a noiva se silencia... Mas então... Essa teoria valeu com você Kali? – perguntou Sorena pegando mais ponche e bebendo num gole só. A elfa interrogada a olhou surpresa.

 - Ahn... bem... ficamos nervosos quando... bem... – gesticulando inutilmente.

 - Já sei! Você me dá seu imp e tudo resolvido! – exclamou Imladris com animação. – Ele limpa a casa... – coçando o queixo de Oxkhar em um carinho novo que o ex-paladino gostou.

 - Vocês acham que eu sou o quê?! Uma bolinha de pingue-pongue?! Eu não vou ***** nenhuma!!

 - Aaaaaah Zéfinho, você é uma graça... – o imp aceitou o carinho no cocuruto feito pela clériga e até bateu o pezinho em agradecimento.

 - Seu vendido! Me larga por uma clériga? Nem Shadow ela é! Como é que...?

 - Heeey seu safado!! – Ox exclamou quase acertando o chute no imp, ele estava se aprontando para entrar debaixo da barra do vestido da noiva. – Volte aqui, seu sacripanca!! Quando eu te alcançar, vou te cozinhar dentro do caldo quente!!

 - Maninho, carne de imp é ruim pacas, acredite... – todos olharam para a feiticeira. – O quê...? Eu li em um livro lá em Dalaran...

 - Argh, não me fala desse lugar...

 - Aliás isso me lembra de... Ooooox!!

 - O quê?! – do outro lado do lugar onde as meninas estavam e pegando o imp pelas orelhas e ameaçando jogá-lo no fogo, Imladris foi correndo para ele.

 - Conta aqueeela história! – os convidados viraram suas atenções para o Noivo.

 - Ah não, por favor não... – resmungou Imladris tirando Zéfinho das mãos de Ox.

 - Qual história?

 - Nenhuma história! – exclamou Immie depressa.

 - Aquela quando você pediu a Immie em casamento... O duelo e tudo mais...?

 - Aaah essa!! – e pegando uma caneca de metal que estava ali, Oxkhar bateu um talher na borda. – Pessoal... Gostaria da atenção de vocês todos...

 - Sorena você me paga...! – sibilou Imladris lá na frente. A mais nova só mandou uma lingüinha para ela e fez uma dancinha de vitória com as mãos.

 - Essa é uma história beeem interessante... Tudo começou no caminho para Stratholme... – Imladris enfiava a cara nas mãos morrendo de vergonha. – E a primeira vez que a vi, ela estava linda... Coberta pela luz do Sol...

 - Você nem a viu chegando!! – disse Sorena protestando.

 - Vi sim!

 - Na verdade, você apontou uma espada pra mim, querido... – disse Imladris baixinho. Oxkhar concordou e pegou o embalo da história.

 - Realmente eu apontei uma espada para ela quando nos vimos pela primeira vez... – os convidados se divertiam com a narração. – Mas foi com boas intenções!

 - Ox, por favor... – Immie pediu o puxando de lado.

 - Ah querida... Deixa eu contar, foi tão lindo...


 - Ela me odeia ou impressão minha...? – perguntou Kalindorane para Artemísia sentada ao canto em uma mureta perto das janelas da sala de estar.

 - Claro. – respondeu a clériga calmamente.

 - O quê...?!

 - Ela funciona que nem o pai. Ama tanto que acaba odiando a situação...

 - O quê?!

 - Crianças... – dando um tapinha de leve no rosto da Farstrider.


 - Zéfinho...

 - O que é?! Mas que ***** que só fica me chamando!!

 - Você aceitou ser chamado de Zéfinho, que fofo!!

 - Ora bolas! – cruzando os bracinhos nodosos e se sentando no chão.

 - O que está fazendo?

 - Desenhando um circulo de conjuração.

 - Com salgadinhos e glacê de bolo... Está pensando chamar quem aqui?

 - Uma horda de soldados reanimados...

 - Tudo isso porque a Immie te dispensou? Ainda não sacou que ela está casada?

 - Isso não deveria ser assim, não é justo! O que o enlatado tem que eu não tenho?! – pegando mais glacê de bolo e desenhando outro símbolo.

 - Quer que eu enumere ou faça um gráfico explicativo com setinhas e desenhos?

 - Vocês irão sentir a minha fúria... Ninguém me usa assim e sai impune... – Imladris chegou de lado e percebeu nos símbolos feitos com pedaços de salgadinhos meio comidos, alguns com palitos de dente e outros cobertos com glacê lilás do bolo de casamento.

 - Zéfinho, não fique assim...

 - Meros mortais, brincando com os sentimentos nobres de um lorde imp...? Vocês verão meu apocalipse vindo...

 - E-eu não posso... – Imladris se abaixou no chão ao lado dele e limpou um pouco de glacê que estava pendurado na orelha dele. – Eu me casei...

 - É porque eu sou baixinho não é?

 - Não, não é isso! Você é uma gracinha e gentil! Mas agora eu sou casada... E-e-eu gosto muito do meu marido...

 - Gostar é um verbo tão relativo... – assoviou Sorena chutando disfarçadamente um símbolo feito com respingos de ponche. Aquele ali possuía um significado bizarro e mortífero, tinha medo do círculo funcionar mesmo sendo tão caótico.

 - Não me venha com o papo de “apenas amigos”! Você quebrou o meu coração em milhões de pedacinhos!

 - Zéfinho, pára de ser drama-lhama... – resmungou Sorena comendo um salgadinho que ainda estava intacto em um cestinho improvisado que o Imp fez. – Nham... Cara mais sem-noção...

 - Ele não é tão assim drama-lhama... Olha Zéfinho, eu adoraria ir com você, mas teria que levar meu esposo junto... – as orelhas do Imp abaixaram, seus olhinhus negros e sem íris brilharam.

 - Mas você é a única para mim... De todas as mulheres que tive, você foi a única a me escutar... Essas feiticeiras traidoras preferem voidwalkers...

 - Whooooooooa, não tive NADA por você, criatura vinda do Twisting Nether! E se fosse uma súcubus até seria melhor...

 - Era pegador lá na tua terra hein, Zé? – disse Ox tentando manter Imladris longe dos dedos fininhos do demônio. Enlaçou a cintura da sua noiva e a beijou ainda de olho no carinha baixinho.

 - Maldito paladino enlatado... – resmungou o imp, Sorena o pegou pelo rabo e o afastou dali. – Heeey, cuidado onde coloca essas mãos imundas! Sou sensível aí na parte detrás!

 - Vai xingar o meu irmão na casa da mãe Joannes, sim?

 - Tô nem aí! Ela é a mulher da minha vida... Oh infortúnio!

 - Cara que drama-lhama! Ela é clériga, sabe? Não pode ter imps e variações! Acostuma aí que o coração da Immie foi conquistado pelo Ox. E foi difícil pacas. – o imp fungou sonoramente. – Problema não... Você encontrará outras imps por aí. Você é jovem e...

 - Hmmm... Se a clériga não me querer... Eu tenho uma quedinha por arqueiras, acho que... – Sorena chutou o imp para desestabilizá-lo e sacou sua Soulshard do bolso do manto que usava.

 - Você NÃO VAI mascar a Kali!! – gritou ela com os olhos alaranjados imbuindo o imp na pedra rosada.


 - Cadê seu imp fofo? Fiquei com pena de ter feito ele ficar daquele jeito...

 - Chutei ele pra outra dimensão...

 - O que foi? Por que fez isso?! – Sorena deu de ombros, os olhos alaranjados ainda visíveis.

 - Por nada não... Ele era muito folgado!

 - Você está... Os seus olhos, Sor... – Imladris apontava para o rosto da elfa menor.

 - Ciúmes é uma prática bem acentuada em sua convivência social não criaturinha...? – disse uma voz poderosa vindo com uma comitiva exótica. Era Mistress Carrie com alguns Abandonados que a auxiliavam no continente do Norte. Todos trajados impecavelmente de roupas vitorianas em tons escuros e cheio de renda nas mangas e lapelas. Imladris a reverenciou como pode, o vestido estava ainda apertando em seu busto.

 - Tão delicada... – devolveu Sorena cutucando uma das pálpebras.

 - Não se importe com as palavras rudes de minha amiga, Vossa Senhoria...

 - Já estou acostumada com a criaturinha implicante... – Mistress Carrie usava uma máscara de meio rosto e bem presa aos seus cabelos negros e abundantes. Se abanava com um leque de tecido igual e o vestido tão justo em seu corpo era adornado de detalhes em vermelho carmim e muita renda. Eu soube que aqui era o antigo lar de nossa Majestade...

 - Oh sim! – exclamou Imladris com euforia. – Ela viveu aqui desde seu nascimento! – e apontando para uma das torres. – Ali era o aposento em que ela dormia e como nosso anfitrião Sr. Theridion disse, ela nasceu bem ali abaixo das escadas para o segundo pavimento.

 - É uma casa cheia de sentimentos... – comentou a nerubiana suspirando para o alto. – Pessoas sensíveis a emanações desse tipo podem ter ataques súbitos de irritação, sabia? – batendo o leque em uma das orelhas de Sorena, a elfa abanou as mãos para afastar outra pancada de leque.

 - Não começa... – disse ela investigando a nerubiana. – E se trouxe esse maldito chicote, eu juro que o quebro ao meio... – se controlando com um tom de voz calmo. Mistress bagunçou os cabelos avermelhados da mais baixinha com um carinho rude.

 - Você é tão insolente que dá graça de mexer com você... – e virando para Imladris. – Adorei o vestido! Magnífico!

 - O-obrigada, vossa senhoria... – Immie reverenciou a nerubiana com respeito.

 - Eu soube que você mesma que costurou... E a fábrica é de excelente fio!

 - Tentei fazer algo que eu gostasse e guardasse...

 - É realmente lindo... – alisando a ponta da longa saia com uma das patas traseiras.

 - Sorena ajudou com a barra... Ela conseguiu a renda em Silvermoon...

 - Ah a insolente também tem o dom da costura? Bom trabalho...

 - E-eu não! Só ajudei em pregar isso aí...!! – a elfa mais nova estava em alerta máximo. Imladris estranhou e riu da situação.

 - Por que tanto desespero?

 - Ela só pra ela! É uma nerubiana! Os tecelões nerubianos são os melhores de Azeroth!! Ela não tá me elogiando, ela tá é me chamando de vermezinho por tabela! E eu perto deles sou realmente um vermezinho! – Sorena estava tão exaltada que Imladris tocou a fronte da menina para ver se ela não sofria um dos famosos ataques.

 - Oh modéstia fingida... Dama Sombria me alertou sobre isso...

 - E como ela está? Dama Sombria chegou bem em Howling Fjord? Ela precisará de meus serviços em breve? Eu espero ajudá-la no que posso com as recomendações! – Imladris quase pulava no lugar ao falar. Ouviu Sorena soltar um bufo impaciente e fazer careta mandando língua para o chão. - Não repita isso! – a elfa menor fez outra careta, mas de dor ao receber um tapa na nuca vindo da clériga. – Nem ouse reclamar disso! Nós já conversamos sobre...

 - Mas que droga... – resmungou Sorena massageando a nuca, cutucou a orelha com ferocidade e procurou algo dentro dos bolsos.

 - Algo me diz que ela adora falar mal de nossa Majestade... – opinou Mistress, Sorena foi no impulso.

 - Sim! – recebeu outro tapa no mesmo lugar. – Ai! Qual é o prob...? – a cara de Imladris estava vermelha e com um olhar severo.

 - Ou a criaturinha tem certo prazer em ser estapeada ou sente algo profundo pela Dama Sombria... Ciúmes possessivo talvez...?

 - Por que eu teria ciúmes de uma morta-viva?! – disse Sorena escandalizada, o terceiro tapa foi mais forte que os outros dois. O queixo de Imladris estava tremendo ligeiramente e seus olhos cheios d’água. – Ela aqui que está provocando! Bate nela oras! – outro tapa de leve, mas um pouco acima na cabeça. – Aaaai!! Chega! Quer descolar o meu cérebro do lugar?! - se afastando alguns passos e verificando a dor na nuca. Carrie caminhou despretensiosamente até Sorena e estalou o chicote na ponta da orelha esquerda.

 - Não seria uma má idéia! – disse Imladris com seriedade. – Assim você perderia a capacidade de se comunicar coerentemente e eu não precisaria ouvir suas besteiras! – a clériga saiu em passos largos, segurando a barra do vestido e indo para os convidados.

 - Tsc tsc... Fez a noiva se irritar no dia do casamento...? Como você é má, criaturinha... – e se aproximando do rosto da elfa mais nova. – Merece uma punição severa pelo seu comportamento questionável...

 - Sai de perto de mim...!! – Sorena murmurou se afastando protegendo a cabeça com as mãos. – Está me deixando nervosa!

 - E seu nervosismo não tem nada a ver com esses olhos alaranjados...?

 - N-não sei do que você está...! – a nerubiana roçou a ponta do chicote de haste flexível no rosto de Sorena.

 - Parece que há uma multidão aqui... Todos querendo que você os ouça ao mesmo tempo... Não é?

 - Não sei mesmo que raios você tá falando!! – estapeando o chicote para longe e dando as costas para a casa. Algo pregou em suas costas com força, já que foi obrigada a dar alguns passos para trás sem a sua vontade. Mistress Carrie fizera uma teia sedosa agarrar o manto da menina. Sorena se desvencilhou tirando o velho manto do pai depressa.

 - Estou de olho nesse seu traseiro élfico... – a elfa mandou língua para a nerubiana.

 - Eu quero o meu casaco!

 - Vem aqui pegar...? – balançando a peça grossa de roupa escura e surrada. – Estarei aqui te esperando...

 - Oras, vai...! – Kali chegou a tempo de tapar a boca da elfa menor, e pedindo desculpas em Thalassiano a afastou da comitiva que viera para prestigiar o casamento da Embaixadora de Undercity.

 - Será que pode ficar em paz por um minuto?

 - Como vou? Esse povo vive em cima de mim! E ela tá me sufocando desde que saí daquele lugar medonho! – soltando a mão de Kali de seu rosto em um gesto brusco.

 - Sorena, os seus olhos...

 - Eu sei bem como eles estão!! Me deixa em paz, tá? Preciso de ar...! – dando a volta para alcançar as escadas para o portão da frente.


 - A festa está maravilhosa... – balbuciou Imladris para Oxkhar. Os dois estavam dançando pela primeira vez e para a surpresa dos dois, cada um sabia valsar sem problemas.

 - Bastante gente, comida e risos. Eu gosto disso. – disse Ox a puxando mais para si para não trombar com o Clérigo Lazarus que dançava livremente sozinho na varanda. O quarteto de Abandonados vindos com a comitiva de Mistress Carrie fazia o som ambiente com violinos e instrumentos de sopro. – Deveríamos ter mais festas assim... Podemos?

 - Ahn... Não...? – Imladris girou nos calcanhares graciosamente e tomou cuidado com a barra do vestido. Oxkhar entendeu o movimento. – Tivemos sorte pelo Sr. Theridion ter nos emprestado o Windrunner Spire para fazermos as comemorações.

 - Espero que não passemos nossa lua-de-mel aqui...

 - Ahn?! – a clériga arregalou os olhos.

 - Não, não isso... É que aqui parece... ahn... medonho...

 - Você também...? – Immie devolveu com frieza.

 - Posso não ser mais paladino e tudo mais, mas sei quando um lugar está carregado de tristezas... Aqui não é um bom lugar para... Opa! Olha o passo aí, Sr. Lazarus! – o Abandonado levantou seu copo de ponche.

 - Felicidade aos noivos! – ele disse com a língua enrolada. Imladris virou-se para Aelthalyste translúcida apoiada na janela de cima. A mestre apenas girou os olhos e negou com a cabeça. – E que venham muitas aventuras e tesouros escondidos e chocolates em formato de coração... E aquele doce sabor da vida quando se está deitado em um quarto escuro ao lado de seu verdadeiro amor...

 - Okay, Lazarus. Já chega... – disse clérigo Lancaster o puxando para sair da roda de dança.

 - Por que...? Por que...? Oh juventude tão abençoada pelo amor... – Oxkhar olhou para Immie e ela de volta, os dois deram de ombros ao mesmo tempo. Voltaram a dançar.

 - Como sabe bailar tão bem? – perguntou Oxkhar com curiosidade.

 - Sorena me ensinou alguma coisa...

 - A minha estimada implicante irmã sabe valsar? Incrível... – ele ajeitou a tiara prateada no topo da cabeça da noiva e colocou uma mecha que escapulia atrás da orelha pontuda.

 - E você nobre ex-paladino? Ensinavam valsar na Ordem da Luz? – Oxkhar riu e a beijou um pouco.

 - Ensinar valsar não... Mas luta corpo-a-corpo sim... – Immie o olhou intrigada. – É quase a mesma coisa... Você presta bem a atenção nos pés do inimigo, vai seguindo as pisadas sempre adiantando o próximo movimento... E quando um pé vai pra esquerda, o meu tem que ir um pouquinho antes ou depois... No seu caso depois, senão posso fazer você tropeçar e... – ele sorriu quando viu a cara sonhadora da noiva. – O que foi? Péssima explicação?

 - Sabia que você é o paladino mais lindo de Azeroth...?

 - Ah isso eu já sabia... – disse ele fingindo falsa modéstia. – Deve ser algo com meu incrível porte de campeão das Arenas de Durotar... Ou minha fama de “Piedoso”... – e sorrindo de orelha a orelha. – Você sabe que clérigas gostam disso...

 - É o seu sorriso...

 - Ahn?

 - Eu gosto quando você sorri... Parece que alguma coisa aqui dentro de mim tem vontade de te agarrar quando você sorri pra mim desse jeito...

 - Isso é uma boa coisa... Irei sorrir mais...

 - Só pra me deixar feliz? – o noivo a abraçou para dançarem, Ox sussurrou no ouvido dela.

 - É pra te deixar feliz e também pra você ficar com vontade de me agarrar o tempo todo...

 - Não precisa fazer muita coisa...

 - Eba, isso foi uma provocação...? – fazendo cócegas na noiva.

 - Oh pela Luz não me cutuque, esse vestido está me apertando aqui em cima! – ela respondeu em meio de risadas.

 - Tudo bem... A gente dá um jeito depois... – beijando o pescoço de Immie e depois o ombro. A clériga deu um sorrisinho bobo para si e encostou o rosto no ombro esquerdo do noivo, acompanhando os passos da dança.


                Sorena tentava tapar os ouvidos com as mãos. Andava em círculos em um ponto afastado da estradinha para o portão principal. A festa estava lá atrás, barulhenta e cheia de gargalhadas, vozes animadas e música. Ela parou por um momento e colocou as mãos em cima dos olhos. Respirou profundamente por um tempo e voltou a cobrir as orelhas com as mãos. Alguém a tocou no ombro.

 - Myrtae, você está bem? – era Andrus, seu tio, em uma voz baixa e rouca como ficara após perder a capacidade de falar por muito tempo. – Ela balançou a cabeça vigorosamente. – Seus olhos...

 - Eu sei... – ela devolveu com um suspiro cansado. – Acontece quando fico nervosa demais... Ou quando uso mágica quando estou nervosa... Um ajuda o outro... – ela gesticulou a esmo.

 - Quer que eu chame o vovô?

 - N-não! E-ele não vai gostar nada de me ver desse jeito... Ele também é adepto das medidas drásticas. Deixe-o... Estava conversando bem quando eu saí, ele quer trazer a população de volta para cá sabe? Magistrado Aminel já está cuidando disso. Os Farstriders quiseram a base na Vila, vão colocar um posto de Vigia ali...

 - Ouvi dizer...

 - Seria uma coisa boa a fazer... E os nerubianos vão... Vão ficar perto da praia... Eu gosto de praia... E o som do Mar e... – e piscando várias vezes, ela voltou a colocar as mãos nas orelhas, em passos apressados e curtos ela foi até ao portão e voltou para onde o tio estava. – Eu preciso ir...

 - Quê?

 - Ir... E-eu não posso ficar aqui, eu preciso ir embora daqui... O mais rápido possível... – falando para si mesma, o ladino dos Farstriders a pegou pela mão e caminharam para fora da propriedade. A menina elfa suspirou de alívio quando passaram por um ponto na estrada. Ainda dava para se ver o Windrunner Spire, uma construção imponente e mais alta que qualquer outra se elevando no céu escuro de Ghostlands.

 - Melhor? – perguntou o tio.

 - Arram... – ela se apoiou em uma cerca de madeira velha.

 - Ela ainda passeia por aí? – indicando a testa da sobrinha. Sorena negou.

 - Não tanto... Medidas drásticas, sabe? – ele concordou. – Parei de fazer qualquer coisa que... que levasse a...

 - Precisa avisar vovô...

 - Eu sei, eu sei, mas estou sem jeito... Ele vai achar que eu sou maluca ou algo assim... – a cara do tio a fez engolir as palavras. – O que eu posso fazer? Se dou 3 passos pra frente parece que tou tendo um flashback vívido de coisas que eu realmente NÃO preciso ver... Não hoje... Hoje é um dia especial para Immie e o Ox, eu não posso... Nunca vi Immie tão feliz! E meu irmãozão? Ele parece que ganhou presente de aniversário adiantado!

 - Te levo para Tranquillien... Deixo o recado para Lethvalin...

 - Oh ótimo! Lethvalin está aqui?! – o tio concordou. – Oh que maravilha... – ela voltou a andar em círculos, tapando os ouvidos instintivamente.

 - Posso deixar o recado com sua mãe... Ela que nos enviou os convites... Pessoa muito prestativa.

 - Oh sim, ela é sim... Oh espere! Que mãe?! Artemísia já voltou para Silvermoon!

 - Mary Edras.

 - Mas QUEM?!



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