Shindu Sindorei - as Crianças do Sangue escrita por BRMorgan


Capítulo 36
Capítulo 36




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Em Undercity - presente.

 - O que veio fazer aqui? - a figura fantasmagórica de Sylvanas Windrunner estava perto da ponte que ia para o Palácio.

 - Vim pegar umas coisas...- disse Sorena rapidamente, Imladris conseguiu seguir sem problema algum. Entrou nos corredores do Palácio abandonado, já Sorena estava entre 4 guardas reais a espremendo para não passar.

 - Você não deixou nada. - Sorena deu de ombros pro guarda que falara isso.

 - Mas a Immie sim.

 - "Immie"? - foi a vez de Sylvanas a encarar.

 - Imladris, a clériga que você expulsou daqui? O lar dela desde pequena? - a mais velha desviou os olhos avermelhados para o zepelin que saía nas torres a poucos metros dali.

 - Undercity está fechada para qualquer... - disse um outro guarda.

 - Blábláblá que eu já ouvi isso... Você tem tanto medo de ficar sozinha que mantêm todos aqui... - espirrou a sobrinha, a tia deu um passo para frente e os guardas baixaram as armas. As orelhas pontudas de Sorena pareceram murchar devido a aproximação.

 - Eu tenho o quê?

 - Medo...? - ela repetiu morrendo de vergonha. - Sem ofensas.

 - O que é isso em seu cinto? - indicando uma adaga sem fio e serrilhada.

 - A adaga de meu pai... - Sorena espiou para lá dentro. - Aliás, você o enterrou aqui? - olhando ao redor entre as lápides dos jardins da frente. - Ou jogou o corpo para os abutres?

 - Você está ficando muito parecida com meu falecido irmão... - suspirou Sylvanas indo em direção a Sorena para pegar a adaga.

 - Viver com ele 4 anos sem saber quem ele era foi proveitoso...

 - Ele morreu tentando te proteger, não és agradecida por isso?

 - Acho que ele morreu porque o seu "mordomo" ateou fogo nele... - a tensão na mandíbula de Sylvanas fez os guardas recuarem mais e deixarem o caminho livre entre as duas elfas.

 - Jamais... repita isso... - pontuando cada palavra com o dedo indicador indo no nariz da mais nova. - na minha frente...!!

 - Então se você ficar de costas pra mim, eu posso falar? - a tensão aumentou e Sylvanas já produzia faíscas entre os dedos.

 - Deva respeito a Rainha!! - exclamou um guarda exaltado, apontando a longa espada para o rosto de Sorena.

 - O que foi? Eu não quero ser rude, mas ela não é minha Rainha... Eu obedeço a apenas uma pessoa e ela não gosta de ser obedecida... E nem pense que não esqueci o que fez com a Immie! Ela pode estar se sentindo a última bolacha do pacotinho, mas nós duas sabemos o quanto de estrago pode ter causado no corpo dela... - a lâmina encostou em seu ombro e ela revidou com um golpe rápido com a mão, fazendo o guarda recuar pelo poder exalado da mão de Sorena. - Se apontar essa coisa de novo pra mim, vai perder os miolos... - Os guardas se colocaram em ataque, mas Sylvanas acalmou os ânimos na mesma hora.

 - Quer ser presa por desrespeitar uma autoridade? - ela disse apenas.

 - Você tá morta! Não existem leis para isso! - desafiou a mais nova, Sylvanas entendeu a provocação e finalmente chegou bem perto da sobrinha.

 - Te desafio em um duelo.

 - Quê?! - o rosto de Sorena ficou pálido e trêmulo.

 - Essa lei existe. Quando um feiticeiro desafia outro, o rival deve aceitar senão...

 - Senão o quê?

 - Senão deve aceitar a morte voluntária... - a voz de Sylvanas era baixa e rouca. Sorena se afastou imediatamente e a olhou irritada.

 - Não vou duelar com você!

 - Tem medo?

 - Não! Você é que tem medo! - a Rainha de Undercity tirou o seu manto que cobria a grossa armadura de couro incrustrada de caveiras de diversos tamanhos. - E-eu não vou!!

 - Oh, a pequena elfa tem tanto medo assim...?

 - Eu já disse que...!! - olhando para os lados e procurando um jeito de sair da situação.

 - Seu pai aceitava todos os duelos que o ofereciam... E ele nunca perdeu... A não ser quando era contra a minha pessoa... - tirando as luvas e amarrando bem os cabelos prateados para trás. Sorena percebeu em uma cicatriz na jugular, e depois outra que subia até sumir entre os cabelos da tia. Não gostava de pensar que a pessoa que mais amava no mundo estava morta mesmo. Estava ali na sua frente e morta. - Era bastante vergonhoso vê-lo colando as partes que sobravam inteiras... - Sorena sacou a adaga e se preparou.

 - Pode vir!! - exclamou firmemente, um olhar feroz e já manuseando a pequena bolsinha de seu cinto.

 - Acha que vai conseguir se proteger só com essa lâmina sem fio? - Sylvanas sacou sua cimitarra avermelhada com lâmina afiadíssima. Sorena perdeu um pouco a atenção porque vira outra cicatriz, desta vez no abdômen da tia. Ali deve ter sido o lugar onde a espada de Arthas entrara e tirado qualquer esperança de Silvermoon e dos Windrunner. Engoliu em seco e coçou o conteúdo de dentro da bolsinha. Como derrubaria uma feiticeira tão experiente? Estava enlouquecendo novamente? Não poderia desistir agora, pois o primeiro golpe que Sylvanas deu a obrigou se esquivar e quase trombar em uma lápide. - Prepare seu melhor feitiço, menina tola! – E ela se divertia com tudo?

 - Bem que tia Vereesa falou: Você é louca... - revidando com uma esfera de energia negra que atingiu a Rainha em cheio no rosto, Sorena suspirou em alívio pela pequena distração.

 - Apenas isto? - Sylvanas soprou a fumaça que sobrara da esfera e canalizou uma mesma esfera em seu punho esquerdo. Sorena não teve tempo de assegurar uma esquiva, foi lançada no chão com violência. Aquilo doera mais que naquela vez em que lutou sozinha com uma Abominação na entrada da cidade. Tudo bem que Oxkhar a ajudara a matar a criatura, mas lembrava bem da pancada que recebeu, deixara uma de suas costelas fraturada e menos dois dentes. E Sorena tinha essa impressão de que seu ouvido direito parava de funcionar às vezes depois dessa luta. - Vamos!! Levante-se!! Sua tia não te ensinou bem lá em Dalaran? - Sorena se colocou de pé e respirou fundo, a costela anteriormente fraturada deu sinal de vida, ou pior de dor. Isso a irritou profundamente, pois a mãe havia cuidado tão bem dela! De seu bolso tirou uma pedrinha mística que os feiticeiros usavam para conjurar seus poderes demoníacos. Com palavras de poder, Sorena expulsou um Void-walker azulado da pedra, ele avançou sem titubear e atacou Sylvanas.

 - Faz melhor!! - exclamou Sorena ainda cutucando sua bolsinha. Distração, precisava fazer isso logo. Enquanto Sylvanas desferia golpes letais no corpo gelatinoso da criatura, a mais nova conjurou uma proteção ao seu redor e fechou um olho. Mirou bem a adaga em direção a tia e atirou com toda força que tinha. A lâmina voou em segundos e atingiu o meio da testa de Sylvanas, assustando os guardas que estavam presenciando o duelo. A arma artesanal bateu bem entre os olhos da Rainha, fazendo ela parar de atacar o Void-walker e entender o que ocorria. Sorena soubera atirar a adaga para que o cabo atingisse o alvo ao invés da lâmina. A pancada na cabeça de Sylvanas a fez dar um passo para trás, soltar a sua espada e colocar as mãos na testa. Um pequeno ponto abrira na pele cadavérica e sangue negro escorria viscoso entre seus olhos. O Void-walker voltou resfolegante para sua dona, a elfa sortuda respirou fundo e preparou o próximo feitiço. - Papai me ensinou que não é sobre matar o inimigo, mas se manter vivo na batalha... - ela admitiu tremendo os joelhos de tanta emoção. A adaga estava caída no chão, aos pés da Rainha de Undercity ainda com as mãos na cabeça. - E papai me disse que você sentia muita dor de cabeça quando usava magia negra... - Sylvanas levantou a cabeça e fitou o sangue que estava em suas mãos. Tremia de ódio e revolta. Como uma pirralha conseguira descobrir seu ponto fraco?

 - Maldito Sylvos... - ela praguejou sorrindo para o chão. Abaixou-se e pegou a adaga com delicadeza, girou-a na mão esquerda e com um movimento rápido, lançou-a através do Voidwalker para cravar no poste de luz atrás de Sorena. A menina elfa prendeu a respiração e fechou os olhos nessa hora. - Ensinou bem à filha... - e com um suspiro de tédio pegou suas coisas e deu às costas a sobrinha. - Duelo terminado. Você ganhou. - andando com a mesma graciosidade que deveria ter em vida. - Você tem 10 minutos para esperar sua amiga e depois disso quero você longe de minha casa, entendido? - Sorena continuava com os olhos fechados e não deu resposta. Sylvanas virou-se para receber a resposta, mas sorriu maliciosamente por sentir tanto temor que a sobrinha tinha por ver a morte de perto. - Guardas, certifiquem-se que a menina elfa fique onde está até a clériga aparecer... - eles se curvaram em obediência, mas todos viraram quando a mais nova começou a rir histéricamente, rir tanto até perder o fôlego, e cair ao chão em um desmaio.

 - Senhora...? - um deles falou apontando para a menina. Sylvanas fez um gesto qualquer e girou os olhos contrariada.

 - Levem-na para baixo... Vamos...! - um dos guardas pegou Sorena no colo com cuidado, Sylvanas estalou os dedos e o Voidwalker se dissipou no ar.

Tirisfal Glades anos atrás.


                Uma procissão de Abandonados caminhava lentamente desde a estrada que vinha do Sepulcro para a Capital, já estavam na metade da estradinha ao lado das Ruínas de Lordaeron. Aquele ritual era feito uma vez por mês para os novos moradores de Tirisfal Glades. Os Clérigos das Sombras abençoavam os recém-acordados e os indicava as premissas para o Culto das Sombras Esquecidas. Muitos abraçavam a nova crença como se fosse a última esperança de não se aterrorizarem pelos seus destinos. Alguns ainda não acreditavam em sua condição e eram aconselhados a ficarem mais tempo no Sepulcro. Os líderes religiosos caminhavam misturados com a fila de Abandonados, quase trinta corpos ao todo, todos vendo o mundo como novo, todos entendendo o quanto sua força de vontade os fizera levantar do túmulo, de se livrarem do poder esmagador do rei Lich, de serem livres novamente.

                Uma das presentes era Imladris Rivendell, que auxiliava uma Abandonada em particular, uma Alto-Elfa que acordara praticamente em pedaços depois que teve sua vila destruída pelo Flagelo. Goldenmist era o nome do vilarejo e Luzran havia dizimado toda sua família e amigos. Imladris se sentia especialmente condoída com a história da elfa e a acalmava com os seus ensinamentos tão aprimorados no Culto das Sombras Esquecidas.

 - O importante é que você está aqui e isso sim é uma vitória... Temos que manter a perseverança para encontrarmos nossos caminhos e acredite, há muitos caminhos abaixo de nossos pés...

 - Você é bondosa, menina... – disse um outro Abandonado acompanhando a conversa. – O que será de nós após essa caminhada? Seremos presos em algum tipo de lugar?

 - Presos? Jamais! Serão libertos, como nunca foram... Nossa Majestade, a Rainha Sylvanas irá provê-los de conhecimento sobre nossa causa, irá dar-lhes uma casa e um lar. Undercity é logo no final da estrada e ela foi especialmente construída para abrigar todos os nossos irmãos... – alguns Deathstalkers circularam em volta da procissão com seus cavalos esqueléticos. Um deles estava particularmente zangado. Era o campeão da Rainha, Nathanos Brightcaller.

 - Ceaser ainda não voltou? – ele questionou um outro Deathstalker que estava à pé.

 - Não senhor...

 - Essa demora... – e pedindo a atenção de um outro soldado, ele ordenou. – Fale com o Apotecário Júnior para vir aqui com sua Abominação. Algo me diz que aqueles malditos irão descer a montanha... – Imladris mordiscou seu lábio inferior e tirou algumas coisas de sua bolsa a tira-colo tingida de vermelha. Seu livro de orações, um amuleto dado pela sua Mestra Aelthalyste e um crucifixo enegrecido pelas chamas que contava com duas correntes para prender em seu braço livre.

 - O que está acontecendo...? – perguntou a Abandonada elfa com temor.

 - Cruzada Escarlate!! – gritou um Deathstalker vindo a cavalo. A procissão se espalhou e por pouco os clérigos não conseguem restabelecer a ordem.

 - Fiquem juntos!! Fiquem juntos!! – gritou Spellbringer, um dos clérigos de Deathknell. Lazarus e Lancaster passaram por Imladris e a puxaram pelo manto. Nathanos ordenou a fila e mais Deathstalkers chegavam armados até os dentes podres protegendo os Abandonados.

 - Escutem bem. Esse maldito mundo já nos feriu demais, nos matou, levou nossos pertences e amores e família! – todos olharam para o campeão. – Se prezam por suas carcaças e sua nova chance de se vingar daqueles que nos tiraram tudo, é bom começarem a correr bem juntos as muralhas!

 - Eles não poderão nos atingir, não se formos mais fortes que eles. – tranqüilizou Lazarus preparando seus terços em suas mãos.

 - E nós somos mais fortes que qualquer um!! – gritou Brightcaller. – Nós somos os Abandonados e destruímos qualquer um que atravesse o nosso caminho!! – os Deathstalkers brandiram suas armas e urraram guturalmente. Lá na frente havia uma marcha de Escarlates descendo as colinas e preparando o ataque. Lazarus fez um sinal de benção na testa de Imladris e a cutucou para ir.

 - Faça o seu melhor, menina. Deixe-nos orgulhosa! – a elfa que vivera toda sua vida como uma Abandonada sorriu empolgada e tomou parte na batalha que viria.

 - Vitória para Sylvanas, sempre!! – gritou outro soldado. A marcha Escarlate se espalhou e logo atacou o grupo da frente. A procissão continuou rápida e se esgueirou entre os escombros do lugar com os clérigos. Imladris sabia muito bem o que NÃO deveria fazer. Magias de cura. Seria a derrota na certa se ela não se concentrasse em algo além da Luz Sagrada que a iluminava em seus poderes de clériga. Com a ajuda de seu cajado, concentrou seu espírito para descobrir quem era o líder do assalto. Um rude cavaleiro Escarlate com cicatrizes no rosto e escudo do Monastério. Paladino. Odiava a pose de paladinos, o mundo seria bem melhor sem eles, ela pensou. E com mais um pouco de concentração, ela descobriu como derrubá-lo antes que entrasse na briga. Ele emanava uma espessa aura de terror fragmentada com faíscas da Luz, alguma coisa ali iria servir para seu golpe infalível. Aproveitou a confusão do primeiro embate entre Deathstalkers e os soldados rasos do Monastério e se esgueirou entre os combatentes até chegar a uma distância segura. Um dos monges lutadores espremia a cabeça de um deathstalker e ela se irritou profundamente, logo o guerreiro profano sentiu-se tonto e enjoado. Um deathstalker ceifou-lhe a vida com um golpe de espada.

 - Grato pela ajudinha aqui, clériga Imladris! – disse o deathstalker. Ela acenou gentilmente e continuou escapando de golpes que pudessem a atingir. Um dos Abandonados da procissão disparava bolas de fogo dos dedos. Apesar do homem ser novato no mundo de Tirisfal Glades, era experiente em sua magia. Chamas subiram em labaredas em volta do grupo dos Escarlates mais adiantados.

 - Morte à todos que se opuserem a nós!! – gritou um outro deathstalker. Nathanos seguia a cavalo golpeando qualquer um que se aproximasse demais da procissão. O chão tremeu subitamente e os Escarlates de trás gritaram em horror. Uma Abominação vinha rápida com seus cinco braços munidos de foices e lanças golpeando o ar com fúria.

 - Gordo não gostar de Escarlates!! Gordo esmagar Escarlates!! – era a Abominação de Brill, o guarda Gordo. Atrás dele seu mestre o Apotecário Júnior lançando feitiços de controle mental e de coordenação nos golpes. – Gordo esmagaaaaaaaa!! – a criatura urrou. A procissão já chegava a um ponto seguro perto do portão principal de Undercity. Imladris aproveitou a oportunidade e correu em direção do líder Paladino. Respirou fundo ao concentrar toda sua magia em um golpe único que atordoaria os que estivessem perto dele. Explosão Arcana era o nome que os elfos de Silvermoon davam e era muito poderoso se usado por alguém com experiência, mas Imladris era amadora em feitiços de elfos-do-sangue e pouco se interessava por sua cultura.

 - A Luz não nos abandonará, amigos!! Morte aos cadáveres do Flagelo!! Morte à todos!! – gritou o líder, Imladris escapou de um golpe de espada, mas teve seu manto cortado bem no detalhe que ela mais gostava do caimento da saia.

 - Esse era o meu vestido favorito!! – reclamou ela socando o escarlate atrevido com seu pesado crucifixo posicionado na frente dos dedos. – Agora vai me custar dias pra arrumá-lo!!

 - Morte aos sacerdotes da Morte! Você será a primeira elfa imunda!! – gritou o líder para o seu lado, ela abaixou-se a tempo de não ser atingida pelo escudo e com um leve toque de sua mão direita, Imladris fez o que nenhum combatente ali poderia. Drenou toda a energia mágica do Paladino, o derrubando imediatamente. Gordo fazia corpos voarem (Inclusive o do Paladino Escarlate) e os deathstalkers voltavam a formação anterior de proteger os Abandonados nos Portões.

 - Gordo esmagaaaaaaa!! – urrava a criatura. – Gordo esmaga quem machuca amigos Abandonados!! – Imladris fechou os olhos ao ver a carnificina que a Abominação havia feito com os primeiros da marcha. Logo a Cruzada Escarlate recuava atordoada e seus mortos eram pisados por Gordo em sua fúria insana.

 - Gordo, Gordo! Pára! Pára seu burro imbecil idiota!! Pára!! – gritou o seu mestre. Imladris sabia no que aquilo iria dar, logo a Abominação iria surtar e sair matando qualquer coisa que se movesse. Ela se apressou e recolheu flores pequeninas de margarida que brotavam na beirada da estrada e enfeitiçou-as com um poder de tranqüilidade que só ela poderia fazer. Chegou cautelosamente perto da Abominação e ofertou as flores.

 - Gordo... Flores pra você... – disse receosa. A criatura parou de urrar e brandir suas armas letais ensangüentadas, com a bocarra costurada de diversos rostos escancarada, ele tonteou um pouco em seu andar e estendeu uma de suas mãos nodosas.

 - Flores pro Gordo? – a clériga concordou.

 - Flores bonitas para o Gordo. Flores que a Rainha Banshee gosta de colher...

 - Rainha é boazinha com Gordo... Gordo gostar muito da Rainha... – e pegando as flores com os dedos deformados, ele espremeu-as na palma da mão, o aroma das margaridas e o feitiço faziam efeito. – Gordo gostar de flores...

 - Sim, sim... Agora se move seu palerma. Temos que voltar para Brill... – disse Júnior com inveja de uma clériga viva e mulher ter acalmado a sua criação.

 - Não há de quê... – provocou Imladris dando as costas para os dois. Gordo olhava para as flores esmagadas em sua mão, parecia hipnotizado.

 - Gordo gostar de flores... Gordo ficar com as flores?

 - É, isso, pode ficar sim... Vamos sua bucha de canhão... Andando...

 - Gordo quer colher flores...

 - Vai sim, colher Ervas Tristonhas... Vamos logo, mas que droga!! – a Abominação foi se afastando em passos largos de volta para a estradinha que ia para a vila de Brill. Imladris enxugava o suor do pescoço e respirava rapidamente. A quantidade de energia drenada do Líder fora acima de suas expectativas.

 - Mestra Aelthalyste não vai gostar disso...




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