Shindu Sindorei - as Crianças do Sangue escrita por BRMorgan


Capítulo 30
Capítulo 30




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Dalaran, atualmente, Memorial da Cidade à tarde.


Oxkhar estava encolhido entre os líderes, indo de um para outro, tentando entender toda a discussão. Tudo porque alguém do outro lado da mesa resolveu tocar no nome de Sylvanas Windrunner. A agressividade de alguns o impressionava, não via tanta devoção a um líder assim lá em Stormwind. Até os anões orgulhosos de Ironforge não demonstravam tanto apego a idéia e a imagem da Rainha dos Abandonados. Imladris era uma. A elfa debateu intensamente sobre os principais motivos de se restaurar as conversações entre os líderes, principalmente agora que o tão notório Kael’Thas Sunstrider voltara para a Ilha de Quel’Danas exigindo o trono de Silvermoon. O paladino estava confuso. Não poderia opinar nada agora, ele era só o “rapaz de Goldshire”, o ex-Aliança, o Campeão das Arenas de Orgrimmar, mas não o cara que tinha o jeito para negociações. Suspirou longamente e coçou a sobrancelha falha onde uma cicatriz de infância estava ainda impressa. Aquela ali fora a primeira briga com Sorena na beirada do Lago. E foi o primeiro dia em que ela demonstrou poder mágico. O cabelo de Ox se chamuscara e uma fagulha explodira perigosamente acima de seu olho.

 - O que acha disso, paladino Oxkhar? – perguntou um dos emissários de Warsong, um orc conhecido seu. Ele entortou os lábios e tentou qualquer coisa que viesse de sua experiência como paladino na Ordem Sagrada da Mão Prata.

 - Ahn... O mais importante em tempos de guerra e incertezas é manter o contato com nossos aliados. Acho importante a conversação entre os líderes, mas acho vital que tenhamos outras alternativas de guerrear quando... – todos o olhavam com surpresa. – Quando o pior vier. Não podemos cobrar de Silvermoon o que eles não podem dar. As fronteiras deles estão fragilizadas por todos os flancos...

 - Nós sabemos muito bem disso... – reforçou um Farstrider. - Zul’Aman e Ghostlands estão no extremo. Perdemos muitos combatentes nesses pontos... – apontando no mapa de Quel’Thalas. – E se um ataque vier do Norte, não saberemos como reagir a tempo.

 - Por isso uma aliança entre a Shattered Hand e os Farstriders seria o melhor para a defesa de Silvermoon! – disse um humanóide de pele azulada e que carregava um símbolo da Luz em seu peito. – um dos orcs interrompeu.

 - Orgrimmar está fora de alcance para qualquer ajuda, meus amigos. Warchief Thrall concordaria com essa aliança.

 - Será que podemos mudar a palavra aliança para sociedade? – opinou Imladris lendo os últimos relatos vindos dos refugiados de Undercity. – Ou talvez irmandade? Ou qualquer outra coisa MENOS aliança? – todos a olharam surpresos, a voz daclériga se elevara acima do normal. Oxkhar sorriu amarelo.

 - Que tal voltarmos para Undercity e o embargo?

 - Sim, sim, claro... – e voltaram a discutir.


 - Achei que iria te encontrar aqui mesmo... – Kalí chegou e sentou ao lado de Sorena na Fonte de Dalaran. – Você gostava de ficar perto das fontes lá em Silvermoon...

 - Como é que está lá embaixo?

 - Confuso. Estou tendo mais trabalho que o normal. – Kalí percebeu que a mais nova tentava distrair uma lágrima.

 - Papai dizia que eu poderia acabar com isso tudo... Que eu tinha o dom... E eu não pude fazer nada...

 - Isso acontece nas melhores famílias... – pegando uma moedinha do bolso e preparando.

 - O que você vai fazer?

 - Fazer um pedido?

 - Ahn?

 - Aqui é uma fonte...?

 - Eu sei...?

 - E em fontes você pode jogar moedinhas e fazer pedidos...

 - Não sabia disso. – fungou Sorena para os sapatos gastos.

 - Vai ver que é esse o seu problema... – fechando os olhos e jogando a moedinha. O baque do objeto na água fez a água límpida da fonte ondular. – Você nunca quer saber mais sobre as coisas.

 - Você vai começar é?

 - Vou sim... – sentando ao lado dela e se espreguiçando. – Você só aprende aquilo que não presta. – Sorena a olhou desconfiada. – Mas é verdade! Qual foi a última vez que você sentou e ouviu alguém mais velho te dar conselhos? Ou quando apenas ficou caladinha no seu lugar e prestou atenção no mundo ao seu redor? – o silêncio de Sorena respondeu as perguntas. – Viu? Você pode ter crescido, mas essa sua cabecinha continua a mesma...

 - Eu não cresci para cima... Ainda tenho a mesma altura que saí de Goldshire... Queria ser do seu tamanho...

 - Ah, não... Você não iria querer ser a primeira a avistar os inimigos nas clareiras... Ou ter que encolher as pernas para não ser vista... – as duas riram baixinho.

 - Cadê o seu marido?

 - Ficou lá embaixo. – indicando o chão. – Muita demanda no front em Tranquilien. E ele não precisa vir atrás de mim toda vez que viajo.

 - Eu iria...

 - Ahn?

 - Se eu fosse casada... com... alguém eu iria... – e ficando em silêncio, ela pensou em algo para desconversar. – Meu irmão vai se casar...

 - Oh, mas isso é ótimo! Quando será? – Sorena deu de ombros.

 - Espero que logo. A noiva não está se sentindo bem aqui, sabe?

 - Bem, isso é muito bom mesmo... Só falta você pra tomar juízo não? – Sorena deu um sorriso amarelo e desviou o olhar para a fonte.

 - Eu pensei que nunca mais iria te ver...

 - Eu também pensei... Mas o Eriol me disse uma coisa muito boa antes de ir para Quel’Danas: A vida é uma série de desencontros.

 - Espirituoso isso... – pescando algo dentro de seu bolso do manto e fazendo Kalí tirar a braçadeira. – Isso tá me irritando desde cedo.

 - O quê? – dando a peça do vestuário para a mais nova e vendo-a selar a falha no couro com agulha linha e um frasquinho de algo viscoso. Com uma palavra de poder, Sorena fez o liquido viscoso impregnar no couro e moldá-lo assim o padrão da braçadeira. Kalí a olhou pelo canto dos olhos esverdeados. – Você sabe que eu fico com medo de suas magias... – e com um riso infantil. – Faz aquele da rosa de novo?

 - Não tem papel aqui... Não tem jeito... – a arqueira vestiu a braçadeira e fez uma cara de satisfeita.

 - Desde quando sabe cozer?

 - Dois homens em casa. Você quer o quê? Eu não cozinhava, mas arrumar roupa furada dos dois era minha tarefa diária.

 - Milady Serenath não parou de falar em você um minuto durante a viagem...

 - Ela está bem calada agora, não?

 - Ela se sente culpada.

 - Por me deixar pra trás para morrer?

 - Não, por desistir fácil de uma peça rara como você... – suspirando. – E já que você não está mesmo com a Praga...

 - Eu não estou?! – Sorena se surpreendeu.

 - Não, não é você que tinha a Praga... Era a clériga. Imladris...?

 - Que-quê?! – se levantando rapidamente e correndo em direção do Memorial.


Perto da Fonte.

 - Só mais um pouquinho...? – Oxkhar segurava a mão de Imladris com cuidado e a ajudava a se esticar até alcançar a parte mais funda da fonte de Dalaran. O leve toque entre um corpo e outro fez Oxkhar quase soltá-la, mas por pouco isso não aconteceu. Imladris sentiu a distração do ex-paladino e quando voltou à posição original o olhou com estranheza. – Você está bem?

 - Ahn, eu? Ah sim, estou bem hehehehe! – ele respondeu rapidamente para conter o calor que subia para seu rosto. – C-conseguiu?

 - Ahn, não... Está lá no fundo...

 - Acho que vou ter que pescar isso pra você...

 - O quê?! – a clériga riu pela situação e observou Oxkhar tirando algo do bolso. Duas moedas de cobre, um pedaço de cristal esverdeado e um anel quebrado com uma insígnia. – Que lindo! Onde você arranjou? – ela disse empolgada com a insígnia, era de Orgrimmar.

 - Ah, foi em uma das lutas... na arena... de... ahn... – a cara de Imladris se iluminou em um sorriso enorme.

 - Você lutou nas arenas de Orgrimmar?!

 - Ah sim... Eu sou o atual Campeão em duelo escudo e martelo. – a clériga deu um pulinho empolgada.

 - Apenas Warchief Thrall era o Campeão invicto dessa modalidade!! – e depois ficando séria. – V-você lutou contra ele?!

 - N-não!! Que isso?! E-eu não venceria Warchief Thrall... Ele é bem... ahn... Ele sabe como socar a gente... – os dois riram. – Ele me deu o título honorário enquanto eu estava lá com a comitiva dos Farstriders... Mas depois da batalha em Undercity, ele me deu a medalha e apenas pediu que eu guardasse esse anel...

 - Nossa!! O anel do Campeão de Orgrimmar!! – Immie foi até a mão espalmada de Ox e verificou bem o objeto.

 - E-eu acho que não o mereço ainda... Eu tenho que derrotar o campeão não é?

 - Nada disso! Você deve ter sido um maravilhoso lutador! – exclamou ela rapidamente. – Será que Warchief Thrall usou? – perguntou sonhadora.

 - Você quer...?

 - Oh não! Isso é muito pra mim!! Fique, você merece!

 - Bem, se da próxima vez eu tiver que enfrentar Warchief Thrall, eu levo você... - Imladris ficou violentamente ruborizada e desviou o olhar para a Fonte. – Pra me ajudar? Eu vou sair muito machucado do combate, senão desmaiado. – riu Oxkhar, mas a clériga não reagiu. O rapaz ficou sem graça e lembrou-se da tarefa. – Oh sim! Espere aqui um minutinho, okay? – Ox saiu correndo pelas ruas de Dalaran e foi até final de uma esquina. Imladris ficou ali encarando a água límpida da fonte, tentando focar a visão no objeto pregado no fundo. Era parecido com um medalhão de prata, o mesmo que Sorena tentara pegar pulando distraidamente dentro da fonte. Depois nervosamente ajeitou os cabelos e viu se sua roupa não estava com alguma mancha, ou poeira ou qualquer coisa que sujasse. Ajeitou a tiara na testa e tentou arranjar um jeito melhor de pendurar seu cajado pequeno. Pendurar na cintura estava ficando feio. Segurar o tempo todo não e definitivamente colocar atrás das costas era muito deselegante. Oxkhar chegou correndo com algo na mão, a clériga sentiu um leve rubor subir só por ver o rapaz vindo em sua direção com um sorriso de levantar qualquer morto do túmulo. Realmente o sorriso de Oxkhar era a coisa mais linda que ela vira em todo mundo. Depois balançou a cabeça negando o pensamento que acabara de ter.

 - O que está escondendo aí? – ela falou na defensiva e vendo-o pedir emprestado a vara de pescar do vendedor de peixes.

 - O bom de ter uma irmã como a Sorena é que ela tem idéias piradas que realmente funcionam... – ele disse ajeitando a vara e pegando o anzol com destreza. – Papai nos ensinou a pescar desde pequenos... Coisa pra Taverna sabe? A gente pescava mais pra comer... – ele explicava amarrando um pedaço de pedra escura e chata no anzol. – Sorena era melhor que eu nessa, ela conseguia ver os peixes mais rápido que eu... Mas aprendi as supremas técnicas de senhor Hrodi...

 - E o que você vai fazer com isso?

 - “Pescar” a coisa lá dentro dágua... – ele disse atirando a linha e anzol na fonte e esperando fisgar algo.

 - Mas como?! Pelo que eu saiba, é uma coisa inanimada, não vai fisgar o anzol...

 - Teve um dia lá em casa que perdi meu medalhão da Ordem... Esses que a gente ganha por tempo de serviço? – Imladris concordou apesar de não saber como era ganhar tal prêmio por serviços prestados. – Sorena teve essa idéia... Pegar um íma de anão e pregar no anzol, depois pescar o medalhão. Eu e papai rimos muito dela no dia, mas ela ficou a tarde toda na beirada do riacho só pra recuperar... – ele içou a correntinha que usava em volta do pescoço e mostrou o medalhão da Ordem. Immie chegou bem perto dele e ficou observando os detalhes do medalhão. Era o símbolo da Ordem da Luz, o famoso Punho Cerrado prateado, com as iniciais do grupo e atrás um brasão de família.

 - É o brasão de sua família? – os dois estavam muito próximos, tanto que Oxkhar teve que disfarçar muito para não fitar demais os olhos esverdeados e tão claros de Immie. Ele tentou falar, mas a voz não saiu direito.

 - Eeeh... ahn... n-não... a minha família não tem... ahn... não... sem brasão familiar. Era do meu antecessor como Paladino de Goldshire, Sir Trevelian... – ele concluiu engolindo em seco, Immie colocava o objeto prateado dentro da camiseta dele.

 - Sente falta?

 - Um pouquinho só... – ele disfarçou a vergonha virando para a Fonte e voltando a se concentrar na pescaria. – Mas prefiro mil vezes aqui... – Immie fez uma careta e ele sorriu do jeito que a pegava desprevenida. – Não de Dalaran! Aqui assim... sabe? Ahn... Da Horda... Dos Farstriders... De estar perto de você... – essa última parte ele falou bem baixinho e fixou o olhar para o fundo da fonte. – Está difícil de pegar essa coisa hein?

 - Eu que não irei pular lá dentro...

 - Até que seria uma boa idéia... – ele murmurou com um sorriso bobo no rosto, mas a cara de Imladris o fez parar de sorrir. – Ahn, é porque, porque se a gente não conseguir aqui, teremos que fazer isso mesmo!

 - Como eu disse: Não serei eu que vai pular nessa fonte. – os dois ficaram em silêncio observando atentamente o trabalho de pescar o medalhão. – Oxkhar, posso te perguntar uma coisinha?

 - Pode sim... – ele respondeu colocando a ponta da língua no esforço de tentar manobrar a linha e o anzol dentro dágua.

 - Por que a Horda?

 - Ahn?

 - Por que escolheu vir para nosso lado?

 - Essa é fácil! – virando um pouco a linha e puxando para cima. – Droga! Escapou! – ele resmungou jogando o anzol novamente. – Bem, não é questão de lado sabe? É estrutura de idéias... Nunca concordei com certas coisas da nossa Igreja. A Hierarquia era injusta com muitos... E muitos amigos de Ordem morreram sem saber o porquê morriam, sabe? Não queria dar esse desgosto ao meu pai. Ele foi um valoroso Cavaleiro e sempre honrou cada missão... Na Aliança você era obrigado a ir pro front porque era da Aliança, a briga da Aliança, não a briga da gente... – ele manobrava a linha para chegar ao ponto onde o medalhão estava mais perto. – Na Horda a briga é da gente! – ele riu com isso, Imladris sorriu gentilmente. – Não que seja briga o tempo todo... Você está me entendendo? – a clériga concordou com a cabeça tombada, acabara de perceber que ele tinha uma marquinha no canto do lábio do lado direito. Talvez um soco o atingira ali há muito tempo. – Na Horda a coisa é mais nossa, quando tem algo para se lutar é a nossa luta, não a de outro alguém que quis que a gente lutasse para eles...

 - Isso eu concordo plenamente com você.

 - Warchief Thrall me ensinou muito em meu tempo em Orgrimmar... Uma guerra é ganha quando o número de sobreviventes é maior que a de mortos em combate... Prezamos a vida, é isso que queremos. Manter a vida e a paz e a esperança. Eu entrei para a Ordem com esse objetivo, e sempre tentei fazer o melhor de mim, mas...

 - Você já matou alguém...? – a pergunta fez o ex-paladino franzir a testa. Ele fez uma careta óbvia e sorriu.

 - Tirando aquele cara lá em Strat, nunca fiz isso. Me chamavam de Ox, “o Piedoso” por não ter coragem de tirar a vida de alguém. Não tenho esse poder e nem busco ter... – Imladris olhou envergonhada para o chão. – E vamos ser honestos... Na Horda tudo é mais divertido! Até a comida é melhor! Poxa vida, eu comia cada coisa lá em Orgrimmar! Tenho que te levar até uma taverna lá em Crossroads! Tem uma sobremesa de frutas de lá que eu nem consigo comparar a nada que já comi!

 - Eu gostaria muito de ir para lá algum dia...

 - Então está combinado! Vamos para Durotar algum dia desses! Comer sobremesa em Crossroads e visitar Booty Bay! Dizem que a pescada deles é a melhor de toda Azeroth!

 - Eu não como peixe, Ox...

 - Oh, desculpa, eu esqueci... Tudo bem... A gente arranja uma coisa gostosa pra comer lá...


Mesmo dia – onde era a Dalaran em Tirisfal Glades.


Andar por ali era como abrir uma exceção a tudo que prometera a si mesma depois de morrer. Odiava Dalaran com todas as forças, ainda mais por ser o lugar onde tiraram muitas vidas dos seus. A Rainha de Undercity não parecia demonstrar, mas zelava por cada membro de sua comunidade, cada Abandonado que renascia ou morria, ela estava atenta. Cada um deles vinha de sua própria vontade e senti-los era como uma reação involuntária que se acostumara.

                Um vulto veloz passou mais a frente e ela aprontou o arco em direção do suspeito. Com mais precisão que ninguém em Azeroth teria, ela fez o tiro de aviso quase atingir a armadura reforçada de Rhonin, seu cunhado. O mago de Kirin-Tor se assustou ao ver a flecha tão perto de seu ombro e olhou em direção do agressor. Sylvanas abaixou o arco e franziu os lábios em desdém.

 - Grato por vir, cara Dama Sombria... – disse ele polidamente, ela apenas andou até o centro de escombros da antiga Dalaran e parou em frente ao vulto veloz.

 - Sempre desconfiada. – disse Vereesa Windrunner.

 - Senti cheiro de humanos. Não simpatizo muito com eles.

 - Mas muitos dos seus são humanos. – replicou a mais nova.

 - Corrigindo: Foram humanos. Agora nós somos os Abandonados.

 - Bem, se é assim... – a mais nova deu de ombros e suspirou. Rhonin olhou para as duas irmãs e gesticulou.

 - Irei verificar o perímetro...

 - Sim, querido... – respondeu Vereesa com um toque de gentileza na resposta. Sylvanas franziu os lábios novamente.

 - Isso é tão... patético.

 - Você desejou que eu nunca casasse. Eis sua resposta. – o olhar mortífero de Sylvanas fez Vereesa rir timidamente. – Okay, okay. Não casei oficialmente. Mas sinto como se fosse.

 - Desculpe, mas perdi o nosso medalhão da promessa.

 - Eu sei. Bem desastrada você, não? – e com uma pausa, a mais nova continuou. – As amostras de Nova Agamand deram resultado positivo. A Nova Praga combate com eficácia a Praga Original. – os olhos da Rainha arderam em seu tom avermelhado. – Mas deixa seqüelas. Em corpos recém-atingidos pela Praga Original, há o risco de perda de alguma função motora em específico. Os dois pacientes reagiram com esse efeito colateral.

 - Eles estão bem?! – o tom de Sylvanas fez Vereesa a olhar com malícia.

 - A Rainha dos Condenados está preocupada com os pacientes da experiência inescrupulosa?!

 - Vee, pare de joguinhos. Não tenho tempo para isso.

 - O velho perdeu a visão de um olho. A menina clériga teve o olfato afetado. E ela desenvolveu uma certa resistência ao cansaço físico. Eu deveria verificar isso antes de...

 - Vee, fala logo... – pediu Sylvanas com relutância.

 - Ambos irão sobreviver. Os atingidos pela Praga Original há mais de um mês têm seus corpos liquefeitos em uma massa amorfa de tecidos quando expostos a Nova. Então isso quer dizer que a sua tentativa de salvar os seus deu errado. A Nova Praga não reverte o estado em decomposição dos Abandonados, mas acelera o processo. Já nos vivos há provável cura com efeitos colaterais.

 - Irei reforçar os estudos. Mantenha-me informada. – Sylvanas virou-se e se afastou.

 - Sorena mandou lembranças. Diz que sente muitas saudades de suas evasivas e prepotência absolutista. – a mais velha virou-se novamente para a irmã com uma cara zangada. – Foram as palavras dela, eu juro! Você sabe muito bem qual é minha opinião sobre vocês. – Sylvanas bufou para o lado, demonstrando um pouco de sua ansiedade disfarçada.

 - Apenas cuide dela... Das duas. A clériga Imladris é alguém muito especial para a filha de meu irmão.

 - Sorena.

 - O quê?

 - O nome dela é Sorena, você pode falar. Não vai queimar sua língua ou cair um raio em sua cabeça. – as duas irmãs se encararam ferozmente.

 - Não foi o nome que eu dei a ela... – suspirou a mais velha trocando de lado para se sustentar em pé.

 - Bem, a menina não faz a mínima idéia disso. – Vereesa sentou em um escombro das ruínas de Dalaran. – Eu gosto das duas... Lembram-me eu e Serenath... Com a grande diferença de que eu nunca seria uma feiticeira, é claro... Odeio feiticeiros e qualquer tipo de profanador de... – o olhar de Sylvanas era de puro desprezo. – Eu posso fazer o quê se você decidiu deixar as obrigações de Vigia de lado e virar um deles? Agora o problema é seu. Não suporto sua laia, logo não sou obrigada a fingir amores por você. – todas as palavras de Vereesa eram marcadas com um sorrisinho provocador. Sylvanas sabia que ela estava querendo uma briga.

 - Você continua a mesma, Vee... – disse Sylvanas dando-lhe as costas e saindo dali.

 - Você mudou muito...

 - Eu estou morta, distraída irmã.

 - Não, isso não... O seu cabelo... – gesticulando para Sylvanas. – Você cortou? – a mais velha Windrunner olhou para a mais nova em completa confusão. Fazia tempo que não faziam ficar sem graça com uma situação. – O que foi maninha? O gato comeu sua língua? – a mais nova disse com um leve ar de zombaria.

 - Adeus, Vee... – murmurou a mais velha se afastando das ruínas.

 - Sua tola inútil!! – gritou Vereesa ao longe. Rhonin se apressou e alcançou Sylvanas antes que ela montasse em seu esquelético cavalo animado por magia necromântica. Ele apenas estendeu a mão com um embrulho simples de couro leve. Ela pegou da mão dele e o encarou longamente, o Mago de Kirin-Tor sorria gentilmente.

 - A menina clériga não pára de falar sobre você em Dalaran. – Sylvanas abriu o embrulho. – Ela pediu para entregar isso à milady. Disse que gostaria muito de voltar para casa se assim milady desejar. Ela sente muita falta de sua Mestra Aelthalyste...

 - Diga que é ela é bem-vinda de volta a nossa Casa. Só não venha com a “outra” na bagagem. – o mago sorriu novamente e foi em direção a companheira. A Rainha de Undercity cavalgou em sua montaria e saiu sem mais o que pensar. Dentro de seu bolso no cinturão que usava estava o medalhão perdido que Vereesa mencionara minutos antes, com os mesmos dizeres: “Espero que minhas irmãs e eu cresçamos e casemos juntas algum dia.”.

 - Bem impaciente ela, não? – perguntou Rhonin pegando a mão de Vereesa, a elfa encarava o chão com firmeza.

 - Eu não sei o que é pior: Uma irmã banshee ou um sobrinho vingativo.

 - A menina de Sylvos?

 - Não... O rapaz de Alleria. Recebi notícias de Arator... É um menino muito obstinado e com idéias fracas na cabeça. Bem típico dos Windrunner... – confessou fungando um pouco em sua manga larga da camisa lilás.

 - E Alleria? – o franzido do cenho de Rhonin fez Vereesa rir claramente, ele foi obrigado a sorrir. – O que foi?

 - Você é o homem mais atencioso de Azeroth. – ficando na ponta dos pés para dar um beijo no consorte. – Quanto Alleria, nada ainda. Não me atrevo a descobrir. Vamos fazer o mais correto a fazer...

 - Que seria...?

 - Deixar os primos se conhecerem e evitar que o nome de minha cara irmã-morta-viva apareça na conversa.

 - Bem, eu acho que Arator pode se dar muito bem com Sorena... Parecem ter o mesmo gênio difícil...

 - Teimosia é de família, querido... Aquela tola inútil... – ela resmungou apertando a mão de Rhonin e rumando para o portal que haviam conjurado para descerem até Tirisfal Glades.




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