Diferentes, Mas Iguais escrita por WinnieCooper, Anny Andrade


Capítulo 9
Chovendo, por dentro




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/208050/chapter/9

Chovendo, por dentro

Scorpius estava roendo suas unhas, e por mais que tentasse prestar atenção nas palavras do professor não conseguia, seus olhos estavam pregados nas costas de Rose, que se sentava em sua frente. Ela estava se comportando como sempre, levantava a mão no ar, a cada dez minutos e fazia alguma observação que deixava o professor encabulado e sem palavras.

- ...Eu ainda acho que os estudos dos Trouxas são bem superiores aos nossos professor – ela dizia seriamente, provocando suspiros do resto da turma que sabia que esse discurso levaria a aula inteira.

- Em que aspectos senhorita Weasley? – o professor de História da Magia cruzou os braços nervoso. Ele normalmente nem olhava para o rosto dos alunos e nem decorava seus nomes, mas Rose era completamente impossível de ignorar.

- Oras, isso é meio óbvio – disse Rose convicta – Eles acabam os estudos fundamentais aos dezessete anos, enquanto nós nos especializamos na carreira que queremos seguir a partir dos dezesseis, não me sinto preparada quando sair daqui.

Então o professor começou a falar sobre a história da educação Bruxa, onde antes eles não podiam nem sair de casa, pois os Trouxas se suspeitassem de algo, os queimavam vivos numa fogueira, começou a criticar os Trouxas, o que deixou Rose vermelha de raiva. Ela ia explodir em palavras a qualquer momento, Scorpius sabia disso, por isso levantou sua mão e disse:

- Acredito que Rose esteja certa, a educação dos Trouxas é muito superior a nossa. Eles se preparam muito mais para a profissão que vão seguir...

- Quem deixou você se pronunciar? Você nem conhece os Trouxas, não convive com eles! – Rose descontou sua revolta nele.

- Quem disse que não conheço?

Rose riu sarcástica. A sala toda prestava atenção nos dois, inclusive o professor que estava aliviado que Rose havia desviado sua atenção dele:

- Simplesmente não pode, sua família é de sangue puros, lembra? – ela sorriu maldosamente – Lado mal na grande guerra, o que os Malfoys são? Traidores!

- Não diga isso – ele pediu balançando a cabeça.

- T.R.A.I.D.O.R.E.S – repetiu ainda feliz com o efeito que havia causado nele.

Scorpius balançava a cabeça, ele sabia que não era ela falando ali, a verdadeira Rose, não era aquilo, a verdadeira Rose não machucava as pessoas quando queria, a verdadeira Rose estava escondida em algum lugar dentro daquela máscara que ela usava o dia inteiro, a verdadeira Rose era aquela menina que o fez prometer uma coisa no dia que deram um abraço.

- Quebrou sua promessa – ele sussurrou o que fez a sala toda cochichar perguntando o que ele havia dito.

- O que? – perguntou Rose ainda com seu sorriso torto no rosto pela reação dele.

- Quebrou sua promessa – ele repetiu no tom normal de sua voz.

Então ele pegou suas coisas, e saiu da sala, sem se despedir de ninguém. Todos olhavam para Rose que tinha os olhos vidrados na onde Scorpius antes estava parado.

xx

- Eu sinto que todas as pessoas dessa escola me odeiam – disse Rose na hora do jantar, para a prima sentada ao seu lado.

- A maioria sim – respondeu Lily sem perceber sua sinceridade – Quer dizer... hum... O que aconteceu?

- Nada demais, eu só sou como sou e o que sou, faz as pessoas me odiarem – ela empurrou seu prato de comida para longe de si, sabia que não comeria nada daquilo.

- Quem é você? – perguntou Lily seriamente encarando-a – O que fez com a minha prima que não se importava com a opinião dos outros?

- Não me importo – disse olhando Scorpius sentado na mesa da Grifinória jantando normalmente como se nada tivesse acontecido – Não me importo – voltou a repetir tentando se fazer acreditar nisso.

- Na verdade você se importa, só com uma pessoa – disse Lily caridosa olhando a prima de perto – O que aconteceu entre vocês dois? Ele te fez mudar Rose, não usa mais maquiagem forte, não pinta mais seu cabelo...

- Não aconteceu nada – ela desviou o olhar do dele e olhou para baixo – Eu só... a gente só... – ela parou de falar porque Lily a cutucava ferozmente – O que foi?

Assim que Rose ergueu a cabeça viu ele parado bem a sua frente, trazia um papel na mão, entregou a Rose e saiu de perto das duas.

- O que diz? – implorou lily com a voz esganiçada.

- Eu vou pra lá... – disse Rose saindo de perto da prima.

- Vai me deixar curiosa o resto da vida? Não faça isso! – gritou Lily sabendo que a prima jamais pararia e mostraria o bilhete a ela.

Rose estava com o coração aos pulos, não sabia bem ao certo porque tremia de expectativa para abrir aquele bilhete de Scorpius. Ele devia estar chateado com ela. Precisava estar chateado com ela. Porque ele não voltava a odiá-la? Seria mais fácil.

Abrindo devagar o papelzinho num corredor qualquer do castelo, e sentando-se no chão ela leu uma frase que fez seu coração se apertar mais do que antes.

Do que adianta retirar a máscara pelo lado de fora, se a verdadeira Rose está escondida dentro de você?”

xx

No fim daquele dia Lily já tinha questionado metade do sexo masculino presente em Hogwarts e tudo que conseguira foram olhares questionadores. Jenny estava ao lado dela e só depois da trigésima pessoa perdeu o ar corado que parecia fazer parte de seu rosto. A pergunta era simples, porém sem sentido para as outras pessoas: Qual sua bala preferida?

            - Isso não está ajudando em nada. – Disse Jenny aborrecida sentando-se para jantar ao lado da ruiva que anotava freneticamente palavras em uma folha de pergaminho na cor violeta.

            - Ajudou sim. Descobri que metade dos garotos daqui gostam de bala de caramelo e a outra metade me acha maluca. – Lily sorriu.

            - Perguntou para todos já? — Jenny se servia de uma enorme porção de batatas coradas.

            - Vai comer tudo isso?

            - Ficar andando atrás de garotos cansa e da fome.

            - Certo, quase achei que era da família porque o Hugo sempre come porções parecidas com a sua.

            - Você fala muito sobre o Hugo. Por que não perguntamos a bala preferida dele?

            - Jenny eu sei que não é o Hugo! – Lily disse visivelmente decepcionada. – E eu sei a bala preferida dele.

            - Sabe?

            - Claro! É uma bala que os trouxas vendem. Em forma de dado e na realidade é totalmente feita de doce de leite.

            - Doce de leite?

            - Coisas de trouxas, eu também não entendo muito bem.

             - Qual o doce preferido dele?

            - Pudim de caramelo – Lily sorriu. – Desse eu também gosto, tia Hermione passou nossa vida inteira fazendo para que comêssemos vendo filmes.

            - Filmes?

            - Jenny... São lindos os filmes trouxas...  Cheios de histórias de amor, de superação, com músicas e princesas sendo resgatadas e acordadas com beijos.

            - Qual filme preferido dele?

            - É estranho, mas é um infantil que se chama “A Bela e a Fera”.

            - Nunca ouvi falar.

            - Ele sempre canta as músicas desse filme. E é o filme preferido da tia Hermione, ela obrigou a todos que assistissem, mas Rose fingiu odiar, James e Alvo simplesmente dormiram, então Hugo e eu fomos os únicos que gostamos de verdade.

            - Qual a comida preferida dele?

            - Pizza!

            - Para mim você está falando outra língua.

             - As vezes acho que a Rose está certa... Bruxos deveriam entender mais sobre os trouxas.

            - Lily você sabe sobre o que eu entendo? – Jenny perguntou encarando a amiga.

            - Sobre o que? – Lily sorriu pegando uma das sobremesas que já estavam disponíveis.

            - Sobre você ser completamente apaixonada por seu primo. – Jenny falou sorridente.

            - Corta essa.

            - Sabe tudo sobre ele, gosta das mesmas coisas que ele e sempre que ele te toca você fica vermelha. E sempre que um garoto chega perto você o compara com ele. Por que não se declara?

            - Ele nunca entenderia, somos apenas primos! Talvez grandes amigos, nada além disso.

            - Como sabe?

            - Eu sinto. – Lily suspirou. E nós nos  vemos depois Jenny.

 Lily não gostava de saber que era tão nítido seus sentimentos por Hugo, e precisava descobrir como esconder melhor aquilo que é apenas invenção de sua cabeça. Além disso, precisava descobrir quem tinha sido o dono do seu primeiro beijo e que resolvera brincar com ela por bilhetinhos anônimos. Estava prestes a conversar sozinha e em voz alta quando adentrou o seu lugar preferido e mais seguro do castelo.

            - Murta... Minha vida é uma tragédia! Uma tragédia! – Ela disse sentando-se no chão e começando a chorar.

            - Minha morte também é uma tragédia, amiga. – Murta se colocou ao lado da ruiva e as duas ficaram ali chorando suas vidas e mortes trágicas.

            xx

            Já era bem tarde da noite, Rose estava deitada no meio do campo de quadribol da escola, não se importava se não era permitido, nem se estava quebrando as regras, nem se só havia relâmpagos no céu anunciando que uma tempestade estava pra vir. Queria ficar sozinha. Queria ser invisível.

            Pelo menos por algumas horas.

            Ela havia mandado uma resposta a Scorpius há umas horas atrás:

            “Talvez eu seja assim, desse jeito que você vê, gostando ou não”

            Era rude e grosso, sabia disso, mesmo ele tendo ajudado ela antes, Scorpius tinha que entender, mesmo que isso o ferisse, eles não podiam ser amigos.

            Uma coruja, daquelas que tinham no corujal, posou ao seu lado na grama do campo, e deixou um bilhete a ela:

            “Dez pontos a menos para a Sonserina por estar fora do castelo”

            Ela sorriu reconhecendo a letra dele e virou seu rosto para trás o visualizando, ele estava com um sorriso torto nos lábios, não sabia ao certo se podia se aproximar dela. Mas esperaria ela se pronunciar. E foi o que ela fez:

            - Dez pontos a menos para a Grifinória por você estar fora do castelo.

            Ele riu pelo nariz e resolveu sentar ao lado dela. Não recebeu represália, ela havia aceitado isso de bom grado. Rose olhava para o chão, aparentemente envergonhada e começou a puxar a grama, tentando arranjar uma distração.

            - O que acontece com você Rose Weasley?

            - Se descobrir me conte – ela pediu ainda não encarando ele – Olhe, me desculpe ok? Por hoje de manhã.

            - O negócio do traidor? – ele deu de ombros – Não era você falando ali, eu sei.

            - Como pode afirmar com tanta certeza isso? – ainda não encarava, sentia suas orelhas queimando de vergonha.

            - Eu sei quem você realmente é – ele sorriu, deitando no chão, com os braços debaixo de sua cabeça.

            - Você é um chato – ela disse deitando-se ao seu lado, queria encostar sua cabeça nos braços dele, mas não permitiria isso a si, resistiu.

            - Eu? – ele riu sinceramente – Você me chama de traidor, me humilha na frente de todos nossos colegas de sala, eu vou atrás de você, venho até aqui, e eu sou chato?

            - É sim – ela confirmou com a cabeça, permitindo a si mesmo, encostar sua cabeça no braço dele – Era para ter desistido de mim, naquela hora, não devia – suspirou sentindo os braços dele a envolver, descobriu que gostava daquilo – Devia me odiar agora.

            - Só porque você se odeia, é? – Scorpius notou que ela havia se encolhido toda em seus braços, tinha virado sua cabeça e a repousado em seu peito, fechava os olhos, parecia uma criança, que havia ganhado o colo de alguém depois de ter se machucado com algo que doía muito.

            - Não me odeio, só sou assim, e isso afasta as pessoas – ela parecia embriagada, não sabia se era sono, Scorpius queria que não fosse sono.

            - Não me afasta – ele beijou gentilmente o topo de sua cabeça, fazendo Rose arregalar seus olhos pelo toque novo dele em sua pele.

            - Já disse, não preciso que você seja minha cura.

            Desta vez, ela havia esticado seu rosto e o encarava seriamente, ele só sorria, e seus olhos estavam mais brilhantes de um jeito que Rose jamais tinha visto.

            - Já pensou na possibilidade de você, estar sendo a minha cura?

            - Precisa de uma? – Rose perguntou preocupada – Nunca me disse nada, sinto que me conhece bem mais do que eu te conheço. Por quê?

            Ele esticou a sua mão que não estava debaixo da cabeça dela e acariciou seus cabelos, passou seu dedo polegar em seus lábios, ela fechou seus olhos com o toque, esperando algo que poderia vir a seguir. Ele, querendo aproveitar todas as possibilidades que esse momento poderia lhe proporcionar, esticou seu pescoço e beijou, a ponta de seu nariz.

            - Menina mal criada, posso te confessar que sonhei com isso ontem?

            - Sonhou? – ela perguntou numa voz fraca, abrindo os olhos, meio decepcionada pelo não beijo.

            - Sim, sonhei com isso – ele deitou no chão completamente e encostou sua testa com a dela, Rose ainda o encarava esperando o desfecho – O momento grandioso, antes dos lábios finalmente se tocarem, sabe? Todas as pessoas só dão importância para os beijos de fato, muitos casais desfilam por ai, se beijando, falando “eu te amo” a torto e a direito, mas para mim, um verdadeiro relacionamento não é assim, eu chego na verdade a duvidar, parecem que querem reafirmar isso sempre, porque no fundo, não gostam um do outro, para mim, há coisas mais importantes que beijos, como abraços, que curam, como os nossos, beijos na testa, o grande momento antes dos lábios se juntarem, como agora. Para mim Rose – os lábios dele praticamente estava encostado nos dela, fazia cócegas, era uma sensação tão boa, que ela não sabia como reagir a aquilo – Para mim, os melhores casais são aqueles que não se expõe de forma alguma, os verdadeiros, como nós, nem relacionamento serio tem...

            E era isso, os lábios prestes a se juntar. O veneno se transformando em cura.

            xx

Hugo ainda estava sentado no suposto escritório de Lysander buscando traçar novos planos para os próximos dias, e para evitar qualquer problema no meio do caminho até o grande final. Tinha uma necessidade que todas as coisas acontecessem exatamente do jeito que ele queria, ou seja, da maneira perfeita digna de um filme com trilha sonora. Ele não se importaria em tocar.

            - Não entendo porque não conta logo.

            - Contar o que Lysander? – Hugo questionou enquanto escrevia alguma coisa em um cartão.

            - Certo! Já entendi. – O loiro revirou os olhos. – Sabia que vocês são estranhos?

            - Nós?

            - Vocês Weasley e Potter’s, são uma família muito estranha.

            - Isso vindo de você é algo realmente preocupante. – Hugo disse encarando o garoto.

            - Sei que sou a pessoa mais normal que conhece. Por isso mantenho nossa amizade, não quero que você acabe se envolvendo com pessoas ainda mais perturbadas que você. – Lysander disse seriamente.

            - Está falando sério? – Hugo questionou visivelmente assustado.

            - Hugo, não precisa agradecer. Amigos são para essas coisas, mas espero que nosso convívio o ajude. – O loiro sorriu animado. – Sabe que convivendo comigo as pessoas vão te respeitar muito mais...

O discurso do filho de Luna Lovegood continuou, mas Hugo estava completamente atônico para conseguir dizer algo ou simplesmente colocar um ponto final naquele discurso sem sentido algum. Mas não precisou de forças para fazer o que pretendia porque a porta do “escritório” foi subitamente aberta.

- Quero falar com vocês!

- O que está fazendo aqui? – Lysander questionou aterrorizado. – Não tem horário, não tem permissão, isso é área livre de garotas visivelmente apaixonadas.

- O que tem contra garotas?

- Não vê? São uma raça perigosa, elas nos mudam... Elas nos fazem sofrer transformações e nos tornarmos seres alucinados, cheios de problemas. É sempre uma confusão. Um pesadelo.

- Você já recebeu muitos foras né? – Ela sorriu animada.

 - O que faz aqui? – Lysander perguntou visivelmente corado.

- Quero conversar e é sobre algo importante. E não saio daqui! – Ela cruzou os braços e se sentou no lugar que normalmente pertence ao loiro excêntrico.

- PROBLEMAS! Está vendo? – Lysander sentou-se ao lado de Hugo que por alguma razão teve que concordar com o amigo. Garotas eram problemas.

- O que quer com a gente? – Hugo perguntou, disposto a uma aliança.

xx

            Uma gota de chuva, foi uma gota que despertou Rose se seu topor, uma gota de chuva caindo em sua pele, fez ela “acordar” antes dos lábios dele selarem nos seus, antes de todo seu plano se acabar por completo. Foi por causa de uma gota de chuva que ela se levantou do chão, deixando Scorpius confuso.

            Ela andava de um lado a outro na grama, e puxava seus próprios cabelos, a chuva estava caindo aos poucos, causando arrepios na pele dela. Aquilo não era certo, não devia ser certo.

            - O que... – ele havia levantado do chão também e a observava confuso – Eu achei que, eu achei que você...

            - Abusar de mim! – ela gritou com lágrimas nos olhos – Era só isso que queria.

            - Não, não, não, Rose não, o que pensa que eu sou? – ele se aproximou dela e tentou faze-la parar de andar de um lado a outro – Jamais faria algo que te ferisse ainda mais.

            - Vê se coloca uma coisa na sua cabeça Scorpius – ela havia parado de andar e o encarava seriamente – Não podemos ser amigos, muito menos, muito menos... – ela não conseguia terminar a frase.

            - Namorados?

            - Isso – confirmou rapidamente – devemos ser, o que as outras pessoas sempre viram que somos: Inimigos.

            - Não somos isso, sabe que não, talvez nunca tenhamos sido – ele tentava segurar as mãos dela, tentando acalma-la

            - Como assim nunca fomos? Somos inimigos antes mesmo de nascermos. Não enxerga? Malfoy e Weasley, não devem se dar bem, Malfoy e Weasley, devem se odiar.

            Repetia seus sobrenomes todo o tempo, enquanto voltava a andar. A chuva já havia os encharcado inteiros. Não pareciam se importar com isso. Scorpius estava é preocupado com a tempestade que acontecia dentro dele.

            - Sabe qual é o seu problema? O seu maior problema? – ele perguntou desafiadoramente, esperando que ela o encarasse para continuar.

            - Eu sei, é você! – gritou para faze-lo escutar, em meio a chuva que engrossava.

            - O seu problema é se importar com a opinião dos outros. Vive dizendo aos quatro cantos do castelo “Não me importo com a opinião de ninguém” “eles são seres cuja mentalidade é tão medíocre que jamais irão me entender”. Sabe o que é pior? Nenhum deles te conhece. Essa é sua maior máscara.

            - Não é não!

            - Na verdade se importa com eles, se importa tanto Weasley – ele fez questão de frisar o sobrenome dela – Que precisa fingir ser algo que não é, para ninguém lhe taxar, mais do que já fazem, para ninguém lhe dizer “ei, parece tanto com sua mãe na sua idade”.

            - Não é não! – ela chorava enquanto gritava – É mentira isso!

            - Você não me engana, e posso te afirmar uma coisa. Odeio o que você é...

            E isso era a pior parte de todas para Rose. Ele ali parado em sua frente, furioso com ela, o único ser humano que sabia até então seu maior segredo, (o medo de a taxarem como igual a sua mãe). Ela havia sido covarde há muito tempo atrás. Não daria tempo de consertar seus erros. Não devia ter tempo de concertar seus erros.

            - Porque insiste em nós? – perguntou mais calma.

            - Não insisto mais, nunca mais. Já disse que odeio o que você é? – a voz dele rachava seu coração, e o machucava mais do que antes.

            - A verdadeira Rose? – perguntou engolindo em seco, sentindo as lágrimas riscarem mais seu rosto, do que a chuva que insistia em cair.

            - Qual? É tão falsa, que nem sei, quem é você...

            - Eu? Quer saber quem eu sou? Sou aquela que aceitou seu abraço enquanto chorava por causa de meu pai, aquela que parou de pintar seus olhos com maquiagem forte, porque você preferia assim, aquela que é tão orgulhosa que não se permitiu enxergar que sim, nós somos tão iguais, que todos esses anos nossas brigas teriam sido em vão. Aquela que chora atrás de um livro para ninguém ver. Não sou explosiva, não machuco as pessoas por prazer, eu gosto de rosa, gosto da cor, porque me lembra meu pai, gosto de estar com meus primos quando são férias de páscoa. Adoro falar sobre autores e suas histórias com minha mãe, mas já faz tanto tempo que não faço isso que nem lembro qual é a sensação. Sou aquela que odeia o que me tornei. Sou aquela que odeia ainda mais, você ser o único que me conhece de verdade.

           - Você tem certeza que é essa? – a voz dele era fria - Porque a Rose que eu conheço não é assim. A Rose que eu conheço parece com todos os outros alunos dessa escola. Ela se importa mais com o sobrenome que carrega e com o meu sobrenome do que com o que possamos ter de parecidos. Não somos iguais. Eu não importo com o fato de você ser uma Weasley. Mas você se importa com o fato de eu ser um Malfoy. Não vê que as coisas mudaram? Que não sou meu pai? Você vive dizendo que não quer ser iguais a eles, mas no fundo você é igualzinha. Se importa com aquilo que não é importante. Um nome é apenas um nome. Se a rosa não se chamasse assim, continuaria com o mesmo aroma, com os mesmos espinhos. Se eu não fosse um Malfoy seria igual. Mas você não entende isso.

            - Eu entendo sim... – apressou a confirmar com a cabeça tentando se aproximar dele – Não te julgo pelo sobrenome, não mais, quer dizer, nunca julguei, era minha máscara, lembra? Lembra da minha promessa?

            - Qual? – ele perguntou maldoso – A que quebrou hoje de manhã?

            - Foi sem querer – ela chorava livremente e relou a mão nos braços dele – Já te pedi desculpas.

            - Falsas, como o que você é... Sabe Weasley, acho que devíamos ser como antes. Inimigos de sobrenome.

            - Talvez seja melhor assim – ela falava concordando, mas sua voz não era verdadeira.

            - Adeus.

            Enquanto via ele se distanciar dela e sentia a chuva a molhando percebeu que algumas vezes as máscaras tendem a cair, só não sabia quando a sua passaria pelo mesmo processo. Não queria que aquilo que tinham começado por uma brincadeira dos primos terminasse daquele jeito. No meio de uma chuva fria, entre palavras duras e sentimentos machucados, mas as palavras eram repetidas em sua mente “Não seja amiguinha dele...”. Pelo visto ela não seria. 

            - Foi legal saber que alguém um dia realmente chegou a me conhecer. – Rose suspirou olhando para o céu, e sentindo a chuva levar embora as lágrimas.

            E lá estava ela de volta ao mundo de mentiras. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Aeeeeeeeeeee gente, meu note ressuscitou
Por favor não nos mate pelo final deste capítulo, devo dizer que eu e Anny terminaremos de escrever essa fic hoje anoite então...
Por favor comentem e espero que não tenham nos abandonado
beijos Winnie