Diferentes, Mas Iguais escrita por WinnieCooper, Anny Andrade


Capítulo 5
Nunca quebre uma promessa




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Nunca quebre uma promessa

Se ficar amarrado com Rose era para ser um castigo e para que eles finalmente deixassem de brigar o plano estava dando certo. O único problema era que naquele momento nem mesmo conversavam. Rose parecia inquieta consigo mesma, balançando a cabeça negativamente muitas vezes, mas não dizia nenhuma palavra. E Scorpius percebeu que preferia muito mais as brigas do que aquele silencio perturbado.

- Finalmente vão nos livrar né?

- O que?

- Vamos nos livrar desse feitiço sem sentindo. – Scorpius disse sério, tinha realmente algo muito errado acontecendo com a garota. – Você está bem?

- Eu... – Rose suspirou. – É estou.

- Não parece.

- Scorpius não estou a fim de ficar me justificando para você, posso ficar quieta?

- Esse é o problema. – Scorpius coçou a cabeça confusamente.

- Ficar quieta é um problema?

- Você nunca fica quieta, nem quando o professor manda.

- Só me deixa Malfoy.

Rose não conseguia observar o loiro sem se lembrar de tudo que aconteceu quando eram crianças e tinham acabado de entrar em Hogwarts. Parecia que ela era a culpada pelo jeito dele, do mesmo jeito que ele era culpado pelo jeito dela e isso nunca poderia ser o certo. Ela se sentia mal, com raiva, e pior, com nojo. E não era dele, ela tinha raiva e nojo dela e do comportamento que tinha adquirido nos últimos anos.

As horas do dia se alastraram até o momento que feitiço foi desfeito, um diretora sorridente dava parabéns a ambos e parecia muito feliz com o fato de não terem causado nenhum problema nas ultimas 24h, e normalmente os problemas que ela enfrentava sempre tinha haver com os sobrenomes Weasley, Malfoy e Potter. Ela tinha rejuvenescido uns dois séculos só pela tranquilidade do ultimo dia.

Era hora de se despedir e esquecer aquelas ultimas horas.

- Bom... A gente se vê. – Scorpius disse encolhendo os ombros pronto para se distanciar.

- Scorpius. – Rose disse olhando para baixo e torcendo as mãos constrangida.

- O que?

- Me desculpa... – Ela disse erguendo os olhos e o encarando por um milésimo de segundo antes de se virar e sair pelo corredor sem olhar para trás.

Mas algumas vezes dizer adeus é difícil demais.

xx

Lily nunca foi boa em quebrar promessas, e mesmo naquele momento aterrorizante ela estava ai firme e forte tentando sorrir ao invés de sair correndo desesperada e gritando nunca mais voltar ali. Mas tinha prometido para Jenny que levaria o Lysander aquela festa idiota e então realmente o levaria nem que isso custasse sua alma, e naquele momento ela tinha certeza que esse seria o preço.

Todos acham que Hogwarts foge do estereótipo que os trouxas dão aos bruxos e feiticeiras, mas naquele momento era nítido que nem todos de lá achavam que mostrar que ter poderes mágicos não é nada demais fosse necessário. Lysander tinha transformado uma das salas esquecidas do castelo no pior e mais estranho ambiente em que Lily já entrou na vida. Bater na porta já tinha sido aterrorizador ainda mais que ela não precisou bater. Uma voz horrivelmente distorcida a mandou entrar e sofrer as terríveis consequências.

- Lysander. – Lily sussurrou com as mãos junto ao coração e as pernas tremendo. – Lysander.

- Lily! – O garoto saiu de trás de uma cortina preta com desenhos brancos de aranhas e o grito dele fez com que a ruiva corresse para junto da parede e agachasse no chão balançando pra frente e pra trás.

- Não me mate, eu sou muito jovem nem casei ainda. E quero ter lindos filhos todos ruivinhos e de olhos azuis como os do...

- Lily porque te mataria? – Lysander questionou olhando para a garota como se ela fosse uma alucinada.

- Lysander... Quer me matar? – Lily disse se levantando tremula. – Que voz era aquela? E essa cortina? Espera que roupa é essa?

- Estou só desenvolvendo minhas habilidades bruxas. – Lysander deu de ombros. – O que quer comigo?

- Um favor... – Lily suspirou.

- Você sabe que favores possuem consequências né? O que tem a me oferecer?

- Não leve minha alma. – Lily disse implorando. – Eu gosto muito dela.

- O que eu iria fazer com sua alma? – Lysander perguntou. – O que andou tomando Lily? Não tome aqueles comprimidos trouxas, aqueles com as caixas com faixas pretas, eles te fazem mal.

- Eu não tomo nada. – Lily disse indignada, ela achava que o garoto tinha muito mais indícios de tomar aquilo do que ela. – O que quer então?

- Depende do favor... Meus poderes são muito valiosos.

- Você tem que ir na festa que meu primo esta realizando “sete minutos no céu”. – Lily disse aborrecida, Jenny deveria ser doida para se interessar por Lysander.

- Hahahahahaha... Muito boa Lily, mas agora pode falar sério. Quer alguma planta importada de maneira discreta? Quer alguma poção para enfraquecer os narguilés? – Lysander disse. – Essas coisas eu forneço, mas festa desse tipo? Nem pensar.

- Te dou vale de “compre o quanto quiser” para a loja dos meus tios. – Lily disse.

- Gemialidades Weasley? – Lysander sorriu.

- Isso... Só os sobrinhos possuem esses vales. – Lily disse sorridente.

- Certo. Sou o juiz. – Lysander disse.

- Mas...

- Ou sou o juiz ou não vou. – Lysander disse sério se sentando em uma cadeira decorada com teias de aranhas. – E claro o vale.

- Tudo bem. – Lily disse, ela prometeu que convencia ele ir a festa. Ainda bem que não prometeu que ele beijaria Jenny porque para isso possivelmente teria que vender a alma e conseguir cem vales. – Hoje, na sala precisa. E fale com o Hugo ele que está armando essa festa idiota.

- Se é idiota porque me convenceu a ir?

- Eu nunca quebro uma promessa. – Lily disse sorrindo. – Não vá com essa roupa.

- Um prazer fazer negocio com você.

- Que seja. – Lily deu de ombros. – Manda beijos para tia Luna tá?

- Pode deixar ela sempre me manda cartas com instruções para me livrar dos zonzóbulos.

- O que?

- Nada, até na festa Lily.

Quando finalmente saiu da sala Lily percebeu que o ar estava fresco e prometeu a si mesma nunca mais voltar a entrar ali. E ela nunca quebrava uma promessa.

xx

O jantar chegou e parecia que alguém tinha jogado um feitiço sobre o castelo. Nada estava realmente normal. Primeiro Rose estava sentada sozinha na mesa de Sonserina e a garota não tinha os olhos marcados de preto e aparentemente tinha esquecido de passar a poção que deixava seus cabelos castanho com tonalidades verde e roxo. Lily não conversava com ninguém e estava comendo desesperadamente como nunca fazia. Lysander tinha aparecido para comer pela primeira vez ao ano e por incrível que parecesse usava o uniforme corretamente. Hugo não tinha aparecido, o que fez falta, pois todos já tinham se acostumado com sua cantoria antes dos elfos servirem a todos, e Scorpius tinha os cabelos desalinhados de tanto que coçava a cabeça tentando entender as desculpas de Rose.

Alvo olhava toda aquela cena sem entender absolutamente nada.

- O que aconteceu aqui hoje? – Alvo questionou olhando em volta. – Nem me lembrava mais que Lysander era tão igual ao Lorcan, nem sabia que Lily comia tanto, e nunca viu o Hugo perder a oportunidade de cantar e comer.

- Pois é. – Scorpius disse olhando para Rose que brincava com a comida, mas não levava nada a boca.

E ele reparou em como a boca dela era delicada, como tinha um brilho leve e um rosado desejável. Como a boca combinava com o resto do rosto, principalmente com os olhos azuis intensos. Ela tinha um rosto delicado e pela primeira vez ele pensou em como o nome combinava com ela.

- Tá me ouvindo?

- Aham. – Scorpius não ouvia nada.

- Nem me contou como foi com Rose, nada de gritos e nem xingamentos. – Alvo pensou. – Por falar nisso você não disse o quanto ela é insuportável hoje ainda.

- Aham. – Scorpius concordou sem saber o que Alvo estava dizendo.

Rose não sentia fome, na verdade ela tinha passado as ultimas horas chorando e se sentindo péssima, parecia que todos estavam olhando para ela e mesmo assim não tinha forças para berrar e mandar que cuidassem de suas próprias vidas. Ela observou que Lily estava estranha, mas naquele momento não conseguiria animar a prima, ela mesma estava um caco moído. Queria só ficar sozinha, longe dos olhares, e mais do que isso, longe daquelas lembranças que não paravam de rondar sua mente e que faziam ela se sentir cada vez pior.

Por fim resolveu esquecer o jantar e se levantou sabendo exatamente o lugar que precisava ir. Quem sabe lá onde tinham começado a conversar normalmente fosse o único lugar onde as lembranças não a incomodasse, onde ser ela não fosse tão ruim. Afinal foi o único lugar onde ela foi ela mesma e onde tem certeza que ele foi o mesmo também. Nada de mascaras.

- Scorpius? – Alvo chamou o amigo que estava mais estranho do que o normal.

- Aham. – Scorpius concordou, mas se levantou em seguida. – Preciso fazer uma coisa, até mais Alvo.

Ele saiu atrás de Rose precisava saber por que a garota tinha se desculpado. Ela não era disso, e ele não sabia o que fazer.

- As coisas estão mudando. – Alvo suspirou filosoficamente e voltou a comer seu jantar.

xx

Lily engolia em seco, no meio da sala precisa magicamente modificada estavam dois círculos de almofadas. Um nas cores azul e outro na cor rosa, indicando que um era de menina e outro de menino. No centro, uma garrafa. Todos sabiam o que aquilo significava.

- Sentem-se adolescentes desesperados para terem seu primeiro beijo, outros apenas aqui por diversão, mesmo que eu não entenda esse tipo de diversão de vocês – disse Lysander Scamander dramaticamente, no ambiente escuro de velas, e sua varinha apontada em seu rosto de forma macabra.

- Ele é o juiz? – Jenny perguntou decepcionada para Lily aos sussurros.

- Desculpa, mas foi a única maneira que encontrei de arrasta-lo até aqui – respondeu caridosa.

- Ei Lily, vamos sentar? – perguntou Nicholas ao lado dela com os olhos brilhando de expectativa.

Lily riu nervosa e o sussurrou perto do ouvido dele.

- Sabe, ainda da tempo da gente sumir daqui, quer me agarrar? Eu deixo, a gente pode ir pra um canto escuro qualquer do castelo, heim, que tal?

- Mas isso parece ser legal... e a gente pode se agarrar de qualquer forma depois – ele respondeu ainda admirando a sala a luz de velas.

- Eu até deixo você colocar a mão na minha bunda durante o beijo – pediu desesperada olhando de solaio pro seu primo Hugo que sorria para todos ao redor.

Nicholas virou seu rosto para ela interessado e começou a considerar a ideia quando Hugo se manifestou:

- Ei pessoal como eu dei a ideia, eu não irei participar, podem se sentar que irei ajudar o Lysander.

- Não vai participar? – Lily sussurrou para si mesma perplexa.

- COMO ASSIM NÃO VAI PARTICIPAR? – soaram quase todas as garotas da sala.

- Ei Lily, quero topar isso do se agarrar no escuro com você – respondeu Nicholas segurando delicadamente a mão da garota.

- Esquece, agora que quero participar disso – respondeu tirando a mão dele de cima da sua.

Então todos começaram a se sentar em almofadas especificas, enquanto Lily se encaminhava até a sua, Hugo a parou e perguntou baixinho.

- Provei para você que esse jogo não era para eu beijar todas?

- Provou para mim que é um covarde dos grandes, por isso não foi para a Grifinória – respondeu brava sentando-se numa almofada rosa.

- As regras são simples – continuou Lysander dramaticamente andando pela sala ainda com a varinha apontada para seu rosto – A primeira garrafa a ser girada é a rosa, uma das garotas é escolhida para entrar naquele closet com os olhos vendados, depois, a garrafa azul é girada, um dos garotos é escolhido e entra junto do closet e fazer o que quiser com ela.

- Mas o que quiser o que quiser? Tipo tudo o que quiser? Tudo? – perguntou Lily receosa.

- Até relar a mão na sua bunda Lily – disse Nicholas zombeteiro rindo da cara dela.

- Ok – ela concordou suspirando amedrontada, não ia ser covarde agora. Não ia dar esse gostinho a Hugo.

- Qual é a graça desse jogo se seu primo não irá participar? – perguntou Sophia tristemente aos sussurros para Lily enquanto via a garrafa girar escolhendo uma garota da Lufa-Lufa para iniciar o jogo indo ao Closet de olhos fechados.

Lily aliviada por não ser a primeira a ser escolhida, olhava seu primo tristemente, ele tocava o violão dando musicalidade ao ambiente. Estava estupidamente lindo e isso a matava.

- Ele é um exibido e idiota e... – suspirando tentando organizar seus pensamentos admitiu a si mesma – Perfeito.

Não que ela não esperasse aquilo, é lógico que sabia que seria escolhida, afinal mais da metade das garotas já tinham ido pro closet, mais da metade... O que ela não esperava que logo depois de a garrafa apontar para ela seu primo levantar do banco que tocava violão e se pronunciar.

- Acho que vou querer participar.

- Você não pode! – ela o acusou apontando o dedo nervosa para ele.

- É lógico que ele pode! – exclamaram todas as garotas que não haviam ido para o closet ainda.

- Isso não é justo Lysander! – Lily pediu desesperada ao amigo.

- As garotas que já foram escolhidas podem ir novamente? – perguntou Sophia tristemente já que já havia participado do jogo.

- Bom estamos em um número impar com os garotos, precisaríamos mesmo de mais um para ficarmos no numero par. Concordo que o Hugo deva entrar. E Sophia, sinto muito, mas não pode mais participar do jogo.

Lily suspirou mais chateada ainda, afinal ela ia ser torturada agora, não queria mais tortura depois quando Hugo fosse escolhido e ela soubesse que estava agarrando alguém no escuro.

- Como ainda não notou meu proposito nesse jogo? – o primo disse a ela sussurrando quando passou ao lado de Lily a deixando completamente paranoica.

- Lily a faixa... – Lysander a entregou e a garota tampou seus olhos antes de entrar no closet com ajuda do loiro.

O que ele quis dizer com isso? A cabeça dela martelava, será que ele queria participar por um único propósito? Ela se lembrava das palavras dele naquele mesmo dia: “Na verdade eu sugeri esse jogo porque queria beijar somente...”, mas Lily era tão estupida que não deixou ele terminar a frase. Seria beijar somente uma garota, disso ela sabia, a garota seria quem?

Ela?

Por isso ele teria entrado na brincadeira somente quando ela foi escolhida?

Por isso eles haviam brigado quando ela tinha afirmado que queria beijar todos sim nessa estupida brincadeira. Teriam brigado por ciúmes.

- Isso é sua cabeça Lily pare de ser estupida! – ela gritou consigo mesma batendo em sua própria testa, ouvindo a porta se abrir e seu suposto pretendente entrar.

Ela queria que fosse Hugo, com todas forças de seu ser queria que fosse Hugo. Ia tirar a faixa e acalmar seu coração ou piorar tudo quando sentiu uma mão a impedir.

- Vamos conversar? – ela pediu desesperadamente – Eu não sei quem é você, e supostamente esse “Sete minutos no céu” era para nós nos beijarmos, mas sabe o que é? Eu simplesmente não posso beijar você e vou te explicar porque, não me chame de doida e nem diga que eu falo demais, eu sei que eu falo demais normalmente, eu já falo demais em dias normais, eu já disse isso não é? Mas é que eu estou totalmente nervosa e quando fico nervosa eu falo mais que o habitual e isso mais do que o habitual é falar muito, muito mesmo.

Ela ouviu um riso rouco, tentou identificar a quem pertenceria, mas era quase impossível.

- Agora está me achando maluca, mas posso te confessar sendo você quem for... que por favor eu não posso te beijar, pra mim beijos são sagrados, eu nunca disse isso a ninguém, mas eu nunca beijei e como me apaixono por qualquer um que me mostra o sorriso nessa escola, e vivo dizendo isso a minha prima Rose, todos pensam que eu sou super experiente nesse lance de beijar todos sem sentimento. Mas eu não sou e nem conseguiria ser assim. Por favor, sendo você quem for, não me beije forçadamente, isso só irá me causar um trauma enorme e sairei daqui transtornada – ela resolveu respirar, antes de voltar a falar – Na verdade, já que está aqui me escutando tão atencioso, posso dizer que amo uma pessoa apenas e queria que meu primeiro beijo fosse com ela e isso é tão idiota porque, na verdade... na verdade... ele é meu primo...

Ela queria que o ser parado a sua frente que não sabia quem era se pronunciasse, como queria que ele dissesse agora “Sou eu Lily, o Hugo, entrei nessa brincadeira estupida só pra te beijar, sugeri essa brincadeira estupida só pra te beijar, como não notou isso?”

- Não acha que está na hora de dizer alguma coisa? – ela perguntou rindo nervosamente e sentiu as mãos dele segurando as dela fortemente – O bom é que se você for um estranho jamais vai saber qual primo meu é, afinal tenho muitos primos não é... mas se você for... bom, você sabe, vai saber que é você quando eu disser uma coisa que só nós sabemos.

Suspirando nervosamente ela disse:

- “Minha estrela que ri tem seu nome”

Ela fechou os olhos, nem precisaria, já que estava com a venda, mas quando sentiu uma mão afagar seus cabelos, ela se permitiu sonhar um minuto, afinal podia sim ser Hugo ali e ela sabia que depois que dissesse essa frase ele a beijaria se sentisse o mesmo por ela. Sim ela se permitiu sonhar quando viu que ele havia entrado no jogo quando ela havia sido sorteada.

Só estava esperando os lábios... os lábios que vieram.

Toda revista adolescente seja ela trouxa ou bruxa descrevem o jeito certo de se dar o primeiro beijo. Olhos fechados. Boca entreaberta. E o momento certo. Lily não sabia se aquele momento seria o certo, não sabia nem quem era o dono das mãos que a tinha mexido em seus cabelos, mas ela sabia de uma coisa. O perfume.

Com toda certeza ela nunca se enganaria com aquele perfume. Uma mistura de alcaçuz e madeira de violão. Só uma pessoa na terra poderia ter aquele perfume, aquela mistura tão distinta e que juntas ficavam tão gostosa. O perfume de Hugo inundou ela inteira fazendo com que as penas tremessem e com que ela ficasse com medo de realmente estar sonhando.

Ela sentiu os lábios tocarem nos seus tão delicadamente que parecia ter medo de machuca-la, mas no fundo ela sabia que seria impossível que ele a machucasse. Ele a protegia, desde sempre e para sempre.

Foi um impulso. Foi um momento. Os lábios se afastaram antes de se aprofundarem.

Ele estava quase se afastando quando ela o segurou pelas mãos. E ambos estavam ofegantes.

Ela suspirou fundo tentando saber o que fazer. Levou as mãos até a faixa que cobria seus olhos, mas foi impedida.  Mas nenhuma voz chegou a ela, enquanto suas mãos se entrelaçavam lentamente ela tentou uma ultima vez e com a voz fraca repetiu a frase.

- “Minha estrela que ri tem seu nome”

Nenhum som invadiu o lugar e ela já tinha desistido e começava a perder as esperanças quando sentiu a respiração novamente contra seus lábios.

- “Minha estrela que ri tem seu nome”

O beijo dessa vez foi intenso. Como se o mundo fosse acabar ali, e talvez acabasse. Porque só mesmo o fim poderia realizar algo parecido com aquilo. O felizes para sempre estava chegando antes da hora. Lily conhecia essas regras, o beijo só acontece no fim. Mas ela estava ali sentindo seu coração como bomba pronto para explodir para fora do peito, suas mãos tinham levantando e seguravam os ombros dele, e sua mente pela primeira vez não pensava em nada. O beijo não foi como ela sonhará, porque na realidade Hugo tinha gosto de bala de hortelã e ela amava.

Quando o ar faltou ambos escutaram a voz de Lysander dizendo que o tempo tinha se esgotado. Lily tentou tirar a venda e se afogar nos olhos de Hugo, mas quando tirou a faixa dos olhos estava sozinha, ainda conseguia sentir o perfume e as palavras no ar.

E quando ela saiu do armário fechado e todos a encaravam com os olhos arregalados ela só conseguia sorrir, e para confirmar a si mesma que sim, havia sido Hugo que a tinha beijado, estava o procurando em algum canto, com os lábios vermelhos ainda pelo beijo recente, talvez lhe mandasse um sorriso cumplice. O segredo deles, o segredo mais perfeito deles.

- Cadê o Hugo? – perguntou desesperada para Lysander quando não o encontrou em canto algum da sala.

- Ele foi ao banheiro, estava lá esse tempo todo no jogo – o amigo apontou para uma porta num canto onde Hugo saiu tranquilamente com as mãos no bolso, assobiando uma canção de olhos fechados.

A boca dele não estava vermelha.

- Oh meu Merlin! – ela gritou saindo correndo da sala precisa antes que alguém fosse atrás dela.

- Não era o Hugo sua idiota – dizia a si mesma enquanto andava no corredor atordoada – Idiota e idiota, isso foi ilusão da sua mente...

Chegou ao banheiro da Murta-que-geme, lá ela sabia que podia conversar consigo mesma sem que ninguém a perturbasse.

- Uma ilusão da minha mente. Eu imaginei que o perfume era aquele porque eu queria que fosse aquele. Eu ouvi aquela frase saindo daquela voz, porque eu JÁ HAVIA ENTREGADO A FRASE, SUA IDIOTA. Se ao menos eu tivesse pedido para ele dizer a frase... ESTUPIDA!

- Ei me acordou, sabia que fantasmas também dormem? – Murta saiu de um box nervosa com a ruiva.

- Ah Murta, me de um abraço? – e ela se aproximou da fantasma relando seus braços nela, mesmo que sentisse um chuveiro a molhando. Ela queria ter um conforto de alguém que não a julgaria por nada. Mesmo que encontrasse isso numa fantasma

E a fantasma ficou tão encantada com alguém lhe pedindo um abraço que disse:

- Podemos ser amigas, o que o ruivo te fez?

- A culpa é minha... – e Lily se pôs a chorar contando todos seus dilemas a Murta.

xx

Não que ela não o esperasse aparecer ali, na sua frente, na verdade até queria que aparecesse na sua frente. O que não esperava era ele sentar no corredor com ela, de frente a porta do quarto dos monitores que tinham divido noite passada.

- Lembra de ontem? – ela perguntou, achava que se mantivesse uma conversa com ele, pelo menos assim não choraria mais.

- Estávamos uma hora dessas nos matando lá dentro.

- O ontem era tão melhor, o mundo estava em sua orbita. O ontem parece que foi há um milhão de anos.

- Seu mundo não está em sua órbita agora? – Scorpius perguntou receoso.

 Nunca a havia visto desse jeito, ela estava mesmo se abrindo para ele? Sabia que a brincadeira sem graça dos primos de Rose teria resultado, mas não esperava que surgisse uma amizade estranha entre os dois.

- Minha consciência esta me matando – ela confessou colocando a cabeça entre suas pernas e tentando não chorar.

- Se quiser se sentir melhor eu brigo com você Rose, mas precisa gritar comigo também, um sozinho não briga.

Ela levantou sua cabeça e lágrimas cortavam suas bochechas, sorrindo ela disse:

- Tão bonitinho... sempre foi... eu nunca enxerguei. Na verdade, enxerguei um dia, me permiti ser cega o resto dos outros dias...

- Cega?

- É... a vida assim não é?

- Depende... o que está acontecendo com você? Sei que não somos amigos, não somos nem colegas, não sei se é permitido que inimigos conversem amigavelmente. Mas... – ele coçou seus cabelos deixando-os mais desarrumados ainda – A gente passou o dia inteiro juntos Rose, e eu não vi nada de estranho acontecer para você ficar assim. Foi eu que te deixei assim?

- De certa forma foi você, seu “eu” de antes, o meu “eu” de antes... A culpa é totalmente minha – ela fungou limpando seu nariz com a manga de sua blusa – A culpa é dos meus pais na verdade – e ela se pôs a chorar mais forte.

- Seus pais? – ele queria relar em sua mão a confortando, mas não sabia se era permitido.

- Me educaram tão corretamente, que quando minha consciência dói, eu não consigo nem respirar direito.

- Sei que não posso te ajudar, mas...

- Eu posso te prometer uma coisa, que para mim vai me deixar aliviada? Só não me pergunte, porque eu vou te prometer isso, só não me pergunte, se estou fazendo isso por causa dos meus primos, e a ideia de nos amarrar.

- Ok... – ele concordou ansioso.

- Eu nunca mais vou implicar com você – ele automaticamente negou com a cabeça – Nunca mais vou te chamar por todos aqueles nomes pejorativos que sempre te chamei, nunca mais vou usar seu sobrenome como forma negativa.

- Por quê?

Ele precisava dessa resposta, desesperadamente.

- Porque cansei de ser moldada pela cabeça dos outros... agora eu te conheço certo? Pelo menos, conheço um pouco do que você é...

- Me conhece muito mais, do que muita gente... Mas tem uma coisa ainda ai, que não entendo Rose...

- E nunca vai poder entender... – ela não o deixou terminar a frase e se levantou do chão – promete uma coisa para mim...

- Oh... – ele levantou-se do chão receoso – Esse negócio de promessa está me deixando assustado no dia de hoje.

- A gente não vai ser amigos nem nada, colegas no máximo, mas se me ver um dia, voltando a gritar com você, voltando a te dizer aqueles nomes por qual já te chamei... me jogue na cara esse dia? Vai ser como um choque que vai me fazer voltar para a realidade.

- Como nos amarrar teve mais “resultados” em você do que em mim?

- Prometa Scorpius... – pediu desesperadamente.

- Ok eu prometo.

- Promete de verdade?

- Prometo, mesmo que isso te fira depois e acabe doendo em mim...

- Assim é melhor – ela fungou e esticou sua mão para ele a apertar – Adeus Scorpius.

Ele não segurou a mão dela e respondeu:

- Isso não é um adeus Rose... É um começo...

- Se é um começo bizarro – ela riu – Podemos começar bizarramente?

- Como?

- Me de um abraço?

E então ele quebrou a distância entre eles e a envolveu em seus braços. Como era um pouco maior que ela, logo os pés de Rose não estavam mais no chão, estavam voando no ar, como se estivessem livres, com os problemas se dissipando rapidamente. Seu coração já se acalmava, as lágrimas haviam parado de cair. Talvez aquilo seria um recomeço.

- Eu gosto do seu cabelo assim – ela confessou ainda sentindo os braços fortes dele em volta de si.

Scorpius riu consigo mesmo e respondeu:

- Prefiro seu rosto assim, sem maquiagem.

- Também prefiro eu sem máscaras.

           E as mascaras caíram. Um não é completamente certinho, uma não é completamente revoltada. Ambos são muitas coisas, mas todas elas podem caber dentro de um abraço, dentro de algumas promessas, as vezes dentro de um beijo em uma brincadeira idiota. Sentimentos são assim, eles simplesmente acontecem e mudam tudo em volta.

Nunca quebre uma promessa.


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Notas finais do capítulo

Eu gosto bastante desse capítulo, nem é por causa de Hugo e Lily ^^
Esperamos que tenham gostado da conversa final...
Parece que a ideia da fic se acabaria agora né?
Mas tomaremos novos rumos
Comentem o que acharam da nova Rose...
beijoss Winnie



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