Diferentes, Mas Iguais escrita por WinnieCooper, Anny Andrade


Capítulo 3
Aprendendo a andar juntos




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Aprendendo a andar juntos

- Isso é ridículo é tão difícil você saber o que é esquerda e direita?! – perguntou Rose nervosa dez minutos depois que os primos deixaram a biblioteca com eles amarrados.

Ambos já haviam tentado todos os feitiços possíveis para desamarrar os cadarços de seus tênis, já tinham tentado tira-los dos pés em vão. Tudo que faziam parecia inútil. A única solução que pensaram era tentar andar até a sala da diretora e ver se história dela saber da armação, era real. E se fosse mesmo real, implorarem para desfazerem, que já haviam aprendido a lição.

O mais difícil porém era aprender a andar com os pés amarrados.

- Acontece que sua direita seria a minha esquerda! – respondeu no mesmo tom que ela, tentando dar outro passo em vão.

- Oh merda! – Rose exclamou sem pudor – Não acredito que vou dizer isso, mas... – respirando fundo ela prosseguiu – Acho que se nos abraçássemos andaríamos melhor, quer dizer, começaríamos a andar finalmente.

Muito relutantes, cada um abraçou o outro. Rose a cintura do loiro e Scorpius os ombros dela.

- Se passarmos na frente do traíra do seu primo e da sua melhor amiga tagarela, talvez o convencemos que já nos damos bem e eles revertem o feitiço – comentou Scorpius quando finalmente conseguiram andar alguns centímetros.

E quando a ruiva e o moreno visualizaram os dois amigos carrancudos tentando andar juntos, abraçados, caíram na gargalhada, fazendo as esperanças de Scorpius irem embora como água escorrendo em um ralo.

- Acho que eles vão querer curtir com a nossa cara durante as 24 horas... – foi tudo o que Rose conseguiu dizer.

Decidiram ir para o grande salão, era hora do jantar, provavelmente todos os professores, inclusive a diretora estariam presentes.

O que não esperavam eram todos os risos e apostas que ouviram durante o percurso de alunos, apostas como:

- Aposto que eles se matam antes do dia terminar.

- Aposto que eles se matam nesse instante tentando descer as escadas.

Por sorte, ambos não caíram das escadas e decidiram ficar calados o percurso inteiro, para evitar discussões.

- Lá está ela – Scorpius apontou a diretora que saboreava um banquete sentada na principal cadeira do grande salão.

Com certa dificuldade e atraindo a atenção de todo restante dos alunos de Hogwarts, conseguiram quebrar a distancia e se aproximaram dela.

- Diretora McGonagall – chamou Rose delicadamente, com um sorriso amarelo nos lábios.

- Senhorita Weasley, Senhor Malfoy, o que querem desta vez? – perguntou apenas olhando ambos. Não havia reparado em seus pés. Já que a mesa que os separaram evitava essa visão.

- Queremos que inverta o feitiço que ambos Potter’s fizeram em nós – continuou Scorpius.

- Qual feitiço? – perguntou confusa.

- Este! – Rose exclamou, erguendo seus pés sem avisar Scorpius o fazendo cair no chão – Oh, desculpe doninha oxigenada.

- O pés de vocês estão...

- Nossos tênis diretora... – Rose apressou-se a explicar – amarraram os cadarços deles juntos.

- Forçando-nos a ficarmos 24 horas grudados um no outro – completou Scorpius, levantando do chão.

- Interessante – foi o que ela exclamou colocando o dedo no queixo.

- Então a senhora não sabia? – a garota perguntou retoricamente.

- Isso pode funcionar, estamos adotando uma nova forma de educar nossas crianças, o jeito construtivista. Ou seja, se não pode ensina-los da forma tradicional, porque não na pratica? Bom, e como estou cansada da constantes reclamações de ambos, acho que se passarem um tempo juntos, as coisas podem começar a funcionar.

- O que? – Scorpius exclamou alarmado – Não pode estar concordando com isso diretora!

- É insanidade!

- É uma loucura completa...

- É pedir para explodirmos o castelo andando forçadamente juntos...

- É pedir para uma terceira guerra dos Bruxos se iniciar.

- Vejam! Já estão até concordando... – terminou a senhora com um sorriso de triunfo nos lábios – São só 24 horas, aposto que sobrevivem. Agora me deixem jantar em paz?

- Mas precisamos dormir...

- Precisamos tomar banho...

- Cursamos aulas diferentes...

- Ele é um garoto e eu uma garota... PRECISO DA MINHA PRIVACIDADE! – Rose gritou tentando fazer seu argumento ser valido.

- Aposto que se alongarmos um pouco o fio do cadarço... – a diretora levantou da onde estava sentada e apontou a varinha para o tênis de ambos fazendo o fio se alongar alguns centímetros – Acho que é o suficiente para usarem o banheiro com privacidade e dormirem em camas separadas. É por um dia somente...

- Eu sou da Grifinória e ela da Sonserina – Scorpius cruzou o braço já derrotado, sabendo que precisaria ficar amarrado a Rose durante as 24 horas.

- Podem usar as instalações dos monitores e dormir lá por essa noite... e... bom as aulas de vocês, até onde sei, são as mesmas... Problema resolvido.

Então ela voltou a se sentar em sua cadeira e saborear seu banquete contente.

- Aposto que ela esta se divertindo com isso – sussurrou Rose conseguindo andar tranquilamente ao lado de Scorpius agora que os fios estavam mais alongados.

- Aposto que todos estão se divertindo com isso...

- Sorria irmãzinha – Hugo apareceu na frente de ambos e tirou uma foto com uma antiga maquina fotográfica bruxa.

- O que pensa que está fazendo? – perguntou nervosa.

- Oh, só juntando provas contra você para entregar futuramente ao papai. Isso vai ser divertido – sorrindo ele saiu de perto dos dois indo se sentar na mesa da Lufa-lufa ao lado da prima.

- Hugo Weasley isso não vai ficar assim! – Rose gritou.

- Não acha que não está em condições de ameaçar ninguém? – Scorpius disse com uma expressão cansada.

- Não é porque estamos amarrados que precisa conversar comigo. Estamos entendidos? – Rose disse se virando para ir para a mesa da Lufa-Lufa tirar satisfações com Lily e ameaçar Hugo mais um pouco, mas um impulso a puxou para o outro lado. – O que acha que está fazendo?

- Estou indo me sentar para jantar. – Scorpius respondeu tentando andar, mas sendo obrigado a voltar para junto de Rose. – Qual o seu problema?

- Sentamos na mesa da Lufa-Lufa quero gritar com Lily.

- Sentamos na mesa da Grifinória porque eu vou convencer seu primo a desfazer essa idiotice. – Scorpius respondeu.

- Não entendeu que agora que a diretora concordou com isso eles não vão mudar de ideia? – Rose bufou. – Seu lento.

- Não respondo quem é lento porque obviamente sou mais educado que você. – Scorpius disse entre dentes.

- Vamos para Lufa-Lufa.

- Vamos para Grifinória.

Ambos deram as costas e sairiam andando, mas depois de uns cinco passos foram puxados um contra o outro fazendo com que Scorpius acabasse caindo sobre rose em pleno salão principal. Por um momento seus olhos se encontraram e as palavras voaram para longe dali. Eram olhos tão diferentes, mas que por aquele instante se completaram. O gelo contido nas roupas certinhas, no cabelo com gel, e no vocabulário aguçado e o calor voando através dos cabelos bagunçados, da camiseta preta e larga e da irritabilidade a flor da pele. Por um instante. Apenas um instante.

- Scorpius saí! – Rose disse empurrando o loiro para o lado. – Vive caindo, parece uma fruta podre.

- Você que vive me derrubando. – Scorpius disse se arrumando. – Não vou sentar na mesa da Lufa-Lufa só porque a senhorita fingida quer.

- Fingida é a sua...

- Se não podemos entrar em um acordo, não deveríamos jantar. – Scorpius disse pronto para arrastá-la para fora do salão. Já estava se irritando com os olhares e as gracinhas. – Do que estão rindo? – Perguntou ao grupo de alunos do primeiro ano aos gritos, fazendo as crianças saírem correndo.

- Olha... Ele também sabe gritar... – Rose sorriu debochada. – E estou com fome, estresses me deixam morta de fome.

- Deve existir uma solução. – Scorpius disse sério.

- E tem. – Rose respondeu. – Me acompanhe.

- Como se eu tivesse escolha- Scorpius disse irritado.

Ambos saíram . Juntos. Como aconteceria pelas próximas 24h.

- Deixe-me ver como essa foto ficou – disse divertida Lily pegando a foto instantânea da mão do primo.

- Um em cima do outro, eu não perderia esse momento por nada – Hugo riu vendo o sorriso divertido nos lábios da prima – Foi sua ideia amarra-los não é?

- Minha e do Alvo... – Lily parou um momento de rir e encarou os olhos claros do primo – Você não desaprova não é? Não é como meus irmãos ciumentos em relação a Rose.

- Rose e Scorpius? – ele riu pelo nariz – Eu com ciúmes da Rose com o Scorpius. Oh não seja ridícula Lily, eles jamais ficariam juntos, não tenho ciúmes da Rose por um único motivo...

- E qual seria?

- Nenhum garoto olharia ela com aquelas roupas e seu temperamento explosivo.

- Ah, não teria tanta certeza disso – disse com sabedoria voltando a encarar seu prato de comida.

- Ela não é como você...

- Como assim? – perguntou desesperada voltando a encara-lo.

- Bem, eu vejo razão para o Alvo e o James terem ciúmes de irmão com você.

- Por quê?

- É óbvio Lily... – ele mordeu os lábios relutante em continuar seu discurso, mas mesmo assim o fez – Você é linda, não é burra como as outras garotas, não se arruma para se exibir, mas para se sentir bem, tem a constante mania de conversar consigo mesma que é engraçado. Sabe? Homens gostam de mulheres, bonitas, engradas e inteligentes. Você é tudo isso...

- Eu sou...? – sua pergunta saiu numa voz extremamente fina e perplexa.

- Mais que isso... é tão fácil se apaixonar por você...

Então ela ficou sem fala e a única coisa que conseguia fazer era respirar irregularmente e não desgrudar os olhos dele.

- Não acha isso engraçado? – ele perguntou rindo desviando o olhar do dela.

- Rose e Scorpius tentando comer? Totalmente – Lily se martirizava por recuar do assunto que estavam conversando nas entrelinhas.

- Não, isso de ser tão fácil de se apaixonarem pela gente, mas saber que quem queremos é...

- É impossível de ficar junto?

- Não sei, é? – devolveu a pergunta para ela.

Lily ficou repentinamente vermelha.

- Depende por quem se apaixonou...

- Ah sou apaixonado pela musica – ele riu voltando a comer – E pela comida...

Lily revirou os olhos, não sabia se se sentia aliviada ou triste.

- E você, por quem é apaixonada? – perguntou displicentemente.

- EU?! – ela se martirizava com sua estupida mania de dizer as coisas tão alto – Nicholas White – disse sua mentira do momento.

- AH ENTENDI! – Hugo exclamou de repente batendo o garfo na mesa – Por isso ia ajudar a Sophia a sair comigo... troca de favores entre amigas.

- Ah não é isso não Hugo, ela que me implorou demais, eu não pude fazer nada... – começou a se desculpar, não sabia ao certo o porquê – Mas você já me disse que a detesta, então eu irei conversar com ela hoje mesmo cancelando nosso trato...não vou te meter  nisso, não se preocupe.

- Mas se você quer tanto sair com o Nicholas, sinto-me culpado em não te ajudar.

- Não se sinta, serio, nem vale muito a pena, não disse que é fácil se apaixonarem por mim? Irei usar minhas artimanhas para conquista-lo eu mesma – ela deu um sorriso amarelo.

- Agora quer conquista-lo? –perguntou nervoso.

- Você mesmo queria me ajudar oras...

- Nicholas não faz seu tipo Lily.

- Como assim? – perguntou irritada pela maneira que ele conversava com ela.

- Ele não gosta de coisas dos Trouxas e acha que musica é perda de tempo.

- Então concluísse que ele não faz seu tipo, você que gosta dessas coisas.

- Você também, quer dizer, pelo menos achei que gostasse... – Hugo tentava entender quando haviam começado a discutir.

- Não se preocupe, acho que temos ideias bem distintas quanto aos gostos de cada um – ela colocou um pedaço enorme de galinha na boca, tentando fazer-se não falar besteiras.

- Acho que devia aceitar o convite da Sophia – Hugo comentou amargurado.

- Como assim! – exclamou engolido com enorme dificuldade o que antes mastigava.

- Oras se vai sair com o Nicholas que é tão diferente de você, posso dar uma chance a Sophia.

- Isso tem haver comigo agora?

- Porque insiste nesse negocio de você ser o centro de tudo o que eu faço Lily?

- Está se contradizendo!

- Sabe o que seria muito melhor? – ele riu sarcástico para ela – Se nós quatro saíssemos num encontro duplo.

- Seria incrivelmente maravilhoso – ela exclamou alarmada não escondendo sua frustação.

- Ótimo, vou avisar o Nicholas...

- Vou avisar a Sophia.

Então ela resolveu sair de perto do primo e ir para um lugar afastado, antes de fazer algo estupido como dizer seus dilemas em voz alta.

xx

- Pelo visto não somos os únicos que brigam. – Scorpius disse enquanto tentava ignorar os olhares da Corvinal inteira. – Por que mesmo estamos sentados aqui?

- Zona neutra. Não é a minha casa, não é a sua casa e não é onde eu queria sentar. – Rose disse com a boca cheia. – Cala a boca e come.

- Tenho certeza que sua mãe deve ter te dado educação. Ela é uma das mais brilhantes bruxas que existem. Engole antes de falar. – Scorpius disse colocando uma colher na boca.

- Você é muito florzinha Scorpius. – Rose rebateu.

- Retire o que disse.

- Ou o que? – Rose riu voltando a comer. – Não bate em garotas, você mesmo disse isso.

- Não preciso bater. – Scorpius sorriu. – Então retire o que disse. Ser educado e responsável não me faz ser “florzinha” me faz ser um ser humano e não um tipo bizarro de ser como você é.

- Bizarro é você, e não retiro o que eu disse. – Rose resmungou.

- Usando suas palavras: Não diga que eu não avisei. – Scorpius pegou seu copo de suco de abobora e o virou lentamente sobre a cabeça da garota. Vendo o liquido se espalhar pelos cabelos mal cuidados com duas cores, e caindo sobre os olhos pintados de preto formando borrões enormes. – Deveria usar menos maquiagem, pela primeira vez estou vendo seu rosto de verdade. – Scorpius sorriu.

- Malfoy eu vou te matar! Ou não me chamo Rose Weasley! – Rose disparou sobre o loiro tentando acertá-lo com todos os socos possíveis.

- Para! Você é uma doida! Eu disse para retirar o que disse, e você bate como uma garota. – Scorpius riu dela.

- Eu sou uma garota seu idiota! – Rose disse se afastando, todos os olhares eram na direção deles. – O que foi? Estava salvando a vida dele de um ataque de marimbondos invisíveis.

- Não parece uma garota. – Scorpius disse.

- É entre nós dois você parece mesmo mais com uma do que eu. – Rose retrucou.

- Eu te odeio sabia?

- Estamos quites, porque eu também preferia ser atirada da torre de astronomia a ter que ficar perto de você. – Rose respondeu.

- Eu preferiria me jogar no lago em pleno inverno.

- Se quiser quando as 24h terminarem eu te jogo lá com todo o prazer do mundo. – Rose sorriu. – E só para não ficar com inveja. – Rose pegou o copo e virou em cima da cabeça do garoto enquanto sorria satisfeita.

- Sua... – Scorpius disse quase se esquecendo que Rose era uma garota.

- Já chega! Os dois vão se limpar, e não pensem que essa gracinha vai fazer com que se livrem da detenção. – McGonagall disse sem emoção, mas suas narinas se mexendo mostrava que uma palavra e eles estariam realmente encrencados. – Ou param com isso ou posso fazer às 24h se transformarem em 48h, em 72h, depende dos senhores. Podem ir se limpar.

- Sim Senhora. – Os dois murmuraram se levantando e finalmente saindo do salão principal.

Rose pensou ter escutado palmas ao fundo.

- Viu eles te odeiam. – Ela resmungou.

- Não é bem de mim que as garotas ficam falando no meio do corredor, e nem do meu jeito patético de se vestir. – Scorpius disse.

- Quem liga para o que essas fúteis falam? – Rose deu de ombros. Mas no fundo se sentiu magoada, e naquele momento não queria ficar discutindo com o loiro. Na verdade se pudesse iria para seu quarto e ficaria deitada no escuro ignorando todo o resto do mundo.

Por incrível que pareça Scorpius reparou que algo estava estranho e permaneceu de boca fechada, algumas vezes ele conseguia ser cruel. E naquele momento a sensação não era nenhum pouco boa.

Andaram em silencio pelos corredores de Hogwarts, até chegarem ao local que iriam dividir.

- Eu preciso de um banho – Scorpius olhou para si mesmo com nojo.

- Depois que eu digo que é mais mulherzinha que eu fica nervoso... – Rose comentou displicentemente em voz alta.

- Aposto que vai querer usar o banheiro primeiro.

- Você não é um Lord? Então sabe que as damas são primeiro – Rose caminhou até a porta que sabia que era do banheiro e a abriu, indicando com a mão para Scorpius passar – As damas primeiro.

- Hahahahaha – riu sarcástico – Muito engraçada Weasley!

Rose segurava sua barriga e ria descontroladamente.

- Veja, já estamos dando risadas juntos, o plano deles está funcionando.

E sem dizer mais nada, ela entrou no banheiro, fechando a porta, fazendo Scorpius sentar-se do outro lado da porta e apenas esperar.

Ele sabia que provavelmente, esse era o único momento que teria de paz e tranquilidade sem ela falando em sua orelha, ou lhe provocando, então fechou os olhos e só esperou a dor de cabeça passar.

- LÁ LÁ LÁ WELCOME TO THE JUNGLE, WE GOT FUN AND GAMES WE GOT EVERYTHING YOU WANT HONEY, WE KNOW THE NAMES…

- Ah cale essa boca! – gritou Scorpius tampando os ouvidos quando viu que ela só amentou o tom de voz.

E depois de mais de meia hora sentado no chão, aturando o cantar de Rose desafinado, nas mais diversas musicas antigas de roqueiros Trouxas, ela finalmente saiu do banheiro. E o loiro não estava preparado para a visão que apareceu em sua frente.

Rose estava linda, mais que linda na percepção dele. Ela usava um pijama de cor rosa listrado com branco, seus cabelos molhados estavam penteados e mais que isso, naturalmente presos num rabo de cavalo no alto de sua cabeça, deixando seu rosto a mostra e sem aquela maquiagem ele pode ver o quanto era linda. E como seus olhos azuis se destacavam mais que nunca.

- Limpa a baba Malfoy, estava dormindo é? – ela perguntou dando risada.

- Pijama rosa – ele começou a rir dela tentando disfarçar seu constrangimento.

- Presente do meu pai – ela revirou os olhos, tinha que fingir que detestava a roupa, mesmo que gostasse bastante dela – Você não faz ideia o quanto é difícil tomar banho com os tênis – Rose apontou seus tênis encharcados.

Com um floreio de varinha, fez a agua se evaporar.

- Aposto que os molho bem menos que você...

Então ele entrou no banheiro e foi a vez de Rose esperar, usando um feitiço de Accio, ela resolveu se atualizar em sua leitura enquanto esperava ele sair do banho.

E quando sua leitura estava na melhor parte e ela foi obrigada a se levantar do chão porque Scorpius queria abrir a porta, ao erguer os olhos, não esperava ter a visão que teve.

- Droga esqueci minha camiseta – deixando metade do corpo para fora, Rose viu ele sem camisa por um flash, ele era extremamente branco, mas ela gostava da cor, se pegou ruborizando quando Scorpius disse:

- Limpa a baba Weasley, dormiu lendo seu livro? – ele riu pelo nariz saindo do banheiro, com um pijama azul royal.

- Você não penteando cabelo – ela apontou para os cabelos desarrumados dele – Isso é novidade.

Na verdade ela havia amado o estilo desarrumado e despreocupado dele, mas jamais admitiria isso a si mesma, jamais.

- Eu gosto de ser um pouco...

- Você mesmo?

- É, quando eu me escondo do mundo – terminou Scorpius.

- Veja, tivemos nosso primeiro dialogo sem discussões e sarcasmos. Estamos crescendo – Rose lhe entregou um sorriso amarelo.

- E você estragou tudo – Scorpius suspirou e resolveu caminhar até sua cama, estava cansado demais para discutir, o dia havia sido longo demais.

Mas se eles pensaram que seria fácil dormir estavam errados. Era desconfortável ficar com o tênis ali, e mais desconfortável ainda ver que os minutos do relógio pareciam parados. Por um momento Rose se perguntou se não tinham enfeitiçado o tempo para que passasse mais lentamente, a obrigando a ficar ali pela eternidade.

O perfume de Scorpius não era forte, mas estava a incomodando. Não era um incomodo comum, era uma sensação estranha no estomago que percorria para o resto do corpo. Uma coisa que ela desconhecia e que preferia viver sem ela. Mas era tarde a sensação toda estava nela, por toda parte dela.

- Está dormindo? – Ela falou com a voz fraca torcendo por uma resposta.

- Não consigo. – Ele disse. Sem sarcasmo e sem piadas. – Não está conseguindo também né?

- É estranho dormir de tênis, e ainda por cima com uma pessoa que me odeia. – Rose disse.

- Não vou te matar, pode ficar tranquila. – Scorpius brincou.

- Sei que não vai, eu te mataria antes...

- A poderosa Rose Weasley. – Scorpius disse ironicamente.

- Me acha poderosa? – Rose perguntou se levantando e abraçando os joelhos.

- Te acho estranha. – Scorpius disse também se levantando e ficando ao lado dela. – E isso não é uma ofensa.

- Tudo bem... Quase todo mundo aqui me acha estranha. – Rose sorriu.

- São as roupas... E o cabelo... – Scorpius disse sinceramente. – Mas também me acham estranho.

- É o padrão. – Rose suspirou.

- Eu chamaria de ideologia. – Scorpius disse sério.

- Por que me odeia? – Rose diz de repente.

- Não sei ao certo. – Scorpius dá de ombros. – Você me odeia mais, e nunca nem conversamos.

- Odeio o seu papel em tudo isso. – Rose disse.

- Meu papel?

- Filho perfeito, aluno exemplo, sua vida está completamente traçada e ninguém espera demais de você. – Rose disse.

- Esperam coisas de mim. – Scorpius disse. – Esperam que eu seja como você.

- Eis o problema. Esperam que eu seja como você também. – Rose deu de ombros.

- Nos odiamos porque odiamos o que o outro representa. – Scorpius sorriu. – Isso daria ótimas teorias.

- Daria uma excelente história, com uma trilha sonora das antigas. – Rose riu.

- Que tipo de história gosta? – Scorpius perguntou.  

- De todo tipo, pessoas rebeldes também leem. – Rose disse séria.

- Jura? Nem desconfiei quando sai do banheiro e encontrei você com o livro, ou o tanto de vezes que fui obrigado a te ver na biblioteca. – Scorpius disse.

- Sarcasmo não combina com você, na verdade pessoas precisam ter estilo para isso. E sabemos que aqui só têm uma pessoa com estilo: Eu. – Rose sorriu.

- Se é para brigar vou dormir, ou fingir que durmo. – Scorpius disse voltando a se deitar.

- Romance Policiais. – Rose falou. - Agatha Cristhie. Não acho que conheça.

- É uma autora trouxa que seria considera como clássica por muitas escolas espalhadas pelo mundo. Existem pessoas que estudam o jeito dela escrever além de inúmeros fãs clubes ligados a literaturas do estilo dela. – Scorpius falou virando para cima e olhando para o teto.

- Como?

- Gosto de ler, acha que estou sempre na biblioteca para manter o papel? – Scorpius disse sério.

- Na verdade eu achava sim. – Rose disse com a voz fraca.

- Surpresa! – Scorpius falou visivelmente magoado.

- E qual o seu tipo de história preferida?

- Ficção. – Ele suspirou. – Trouxas não acreditam em muitas coisas, mas inventam histórias ótimas de futuros e planetas desconhecidos.

- Estamos tendo uma conversa, nenhum trouxa poderia inventar algo assim. – Rose riu. – mais ficção que isso não sei se existe.

- Então está faltando uma trilha sonora para se tornar uma ficção real. – Scorpius disse e sorria. Tinha um sorriso bonito quando não era forçado. Rose se pegou decorando o que aquele gesto simples fazia com a expressão do loiro. O sorriso o deixava imensamente bonito. – Qual banda sugeria?

- Com toda certeza Guns and Roses. – Rose disse completamente diferente. Falar de música sempre a deixava feliz, era a única coisa que a libertava.

- Esse é o nome do grupo que grita aquelas coisas no corredor? – Scorpius disse. – Deveria aprender usar fones de ouvidos Rose, eles já são permitidos em Hogwarts. 

- Funciona melhor quando é no ultimo. – Rose disse séria. – Deveria tentar qualquer dia desses. Hei você sabe o que é música?

- Engraçadinha.

- Sua banda preferida deve ser de velhos. – Rose disse rindo.

- É de velhos sim. – Scorpius disse. – Velhos Gênios.

- Quem seriam esses?

- The Beatles, e a sabedoria deles. – Scorpius disse sério. – Hora de dormir Rose, estamos quase voltando ao inicio de tudo isso. Brigas e mais brigas. Estou realmente cansado.

Scorpius virou de lado deixando Rose perplexa. Não deveria ser possível eles terem tanta coisa em comum. Algo estava errado e o pior é que ainda teriam muitas horas juntos. Isso iria enlouquecê-la. 


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Notas finais do capítulo

Winnie aqui: Eu e Anny super feliz pela receptividade de vocês. Sabe o quanto isso é raro depois que digamos, Harry Potter acabou?
Então super agradecemos vocês...
Ei espero que tenham gostado das iniciais 24 horas de Rose e Scorpius...
No mais, acho que é só...
beijosss



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