Diferentes, Mas Iguais escrita por WinnieCooper, Anny Andrade


Capítulo 10
Estágio seis




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Estágio seis


O dia seguinte é sempre mais difícil.


O dia seguinte ao primeiro beijo, o dia seguinte ao casamento, o dia seguinte a prova mais difícil da sua vida, o dia seguinte a uma festa aguardada, o dia seguinte da ultima briga.


Rose entendia como o dia seguinte pode ser dilacerante. Como parece que todos estão olhando para você menos a pessoa desejada. E o mais difícil é admitir que desejava que ele a olhasse, desejava que aquelas palavras não tivessem saído nem de sua boca e nem da boca dele, mas elas haviam saído e agora ela não sabia o que esperar. E pensou que talvez fosse mais fácil esperar pelo nada.


Sentou-se ao lado da prima que falava freneticamente com uma amiga sobre a necessidade de descobrir algo sobre balas. Rose apenas assentia quando a ruiva falava com ela e algumas vezes negava perguntas que não tinha escutado. Estava ocupada olhando para todas as mesas em busca de alguém que ainda não havia chegado. Perguntas mais importantes do que as da prima rondavam sua cabeça.


“Será que dessa vez ele desistiu?”

“Por que é assim Rose Weasley?”

“Quem te obrigou a ser essa pessoa insuportável?”

“Quem te obrigou a ser detestável?”

“Por que abrir mão dele mesmo?”

“Por que desistir da verdadeira Rose?”


As perguntas não iriam ter um fim, e ela sabia disso. Mas se esforçava a manter o foco no que precisava saber, olhava em volta esperando ver o loiro entrando de cabeça baixa, com a roupa engomada, esperando ver o começo de tudo isso. Talvez voltar ao começo fosse melhor, senão seria ao menos mais fácil.


– Eu não acredito nisso. – Lily exclamou abismada. E pela primeira vez Rose olhou para prima para ver o que estava acontecendo.


– Que foi dessa vez? Quem é a nova paixão de Lily Potter? – Rose perguntou sabendo da maioria das expressões da prima.


– Não é uma paixão de Lily Potter. - A ruiva fez biquinho ofendida. – Talvez uma paixão de Rose Weasley. – Ela piscou para prima.


– Como se eu me apaixonasse por qualquer ser daqui. – Rose disse e virou-se para seu prato voltando a brincar com a comida.


– Você só tem uma paixão priminha, e eu achando que não poderia se tirar nada do Scorpius, mas definitivamente estava enganada.


– Do que está falando Lily? – Rose ergueu a cabeça a tempo de ver a prima apontando para a mesa na extremidade. E ela entendeu perfeitamente do que Lily estava falando.


Não era o que esperava. Não era o que queria. Mas seus olhos não inventariam a imagem. E todos de Hogwarts pareciam está vendo a mesma cena que ela, porque os murmurinhos chegaram até como pólvora. Das garotas comentários parecidos com os que Lily havia feito, dos meninos nitidamente confusão. Mas ela sabia o que aquilo significada.


Seus cabelos sem gel, a camisa para fora da calça, a gravata um pouco afrouxada, e o all star gritavam para Rose: Cansei de viver uma mentira. E o olhar longe do dela, o sorriso ao falar com Alvo, e um livro se destacando entre o material que carregava gritavam: Quando você vai se cansar?


Scorpius Malfoy simplesmente fingiu que ela não existia, fingiu que nada havia acontecido. Passou o café da manhã conversando com Alvo e ignorando todas as brincadeiras, todos os comentários, ignorando o que pensavam ou diziam sobre ele. Ignorando ela. E pela milionésima vez em sua vida Rose precisou se esconder para ser ela mesma. Se esconder para poder chorar sua perda.


Ela não perdeu a si mesmo apenas. Perdeu sua cura, seu antidoto, e sua fuga.


xxx


Lily tinha um ótimo plano, bom, pelo menos era um ótimo plano na teoria. Ela esperaria pacientemente (o que era meio impossível para alguém como ela) um novo bilhete de seu “admirador do beijo misterioso”, seguraria a coruja como se disso dependesse sua vida, e responderia o bilhete, pegaria sua vassoura, colocaria o bilhete na coruja, e seguiria ela, até encontrar seu destinatário. Era simples, sem erro.


Nada poderia dar errado.


– Ei corujinha, venha está na hora do correio... – ela olhava para cima na mesa que tomava café da manhã esperando seu bilhete.


Tinha esquecido por um momento a prima, que havia saído misteriosamente do salão depois de ver o novo Scorpius.


– Acha que a Rose está com ciúmes? – perguntou Lily a Jenny ainda olhando para cima esperando a coruja.


– Por que razão?


– Scorpius atraindo todos os olhares, antes ninguém reparava nele. Sabe eu sofro isso que a Rose acabou de levar na cara. Todas as garotas querendo...


– O cara por quem está apaixonada? – completou Jenny sorrindo.


– É... – confirmou meio relutante – Para de dizer essas coisas em voz alta, eu queria ir atrás da minha prima sabe? Mas, tenho que esperar o bilhete.


– Bilhete?


– É do ser que me beijou, que mundo você vive Jenny? – ela perguntou indignada.


– Ah, é porque uma hora o assunto é bala, na outra é bilhete. O que vai fazer?


– É simples – e Lily começou a dizer a amiga todo seu plano perfeito.


Jenny queria gritar, queria sair correndo dali e contar a Hugo e Lysander a ideia que provavelmente daria certo da jovem ruiva, mas não podia, iria levantar suspeitas.


– Eu só te peço uma ajuda – continuo Lily depois de lhe dizer seus planos – Me ajude a segurar a coruja.


– Ok – ela riu nervosa lembrando-se que uma hora dessas os dois já haviam mandado a coruja entregar o bilhete a Lily.


– Ah chegou! – a ruiva exclamou sorridente, tirando o pequeno pedaço de papel da pata da coruja e dando um pouco de seu biscoito para o animal comer – Não a deixe sair voando antes da hora.


Jenny concordou com a cabeça. Pensando em alguma coisa que poderia fazer.


Lily abriu o bilhete que tinha a cor verde, como da primeira vez e leu:

“Eu sou apenas alguém. Ou até mesmo ninguém. Talvez alguém invisível. Que a admira a distância. Sem a menor esperança. De um dia tornar-me visível”

Ah – Lily suspirou – Ele tinha que ser fofo assim? – ela perguntou a amiga entregando o bilhete para a outra, afim de o responder pela primeira vez.

“Talvez, esse amor platônico seja recíproco. Porque não tentamos torna-lo visível?”


– Tudo vai dar certo, é agora – ela cantarolava alegre enquanto amarrava o bilhete na coruja.


– Ei Lily, não acha que vai chamar a atenção de todos saindo do meio do salão voando com uma vassoura atrás de uma coruja por Hogwarts inteira?


– Eu estou ligando para o que os outros vão pensar? – perguntou olhando seriamente a amiga – Estou preocupada com minha sanidade, minha sanidade! Estou ficando louca Jenny, louca!


– Ok, relaxa – disse Jenny assustada dando tapinhas nas costas da amiga.


– Vai ser assim, eu irei soltar a coruja, e na mesma hora, você joga a vassoura para mim, ok? Simples e indolor. Combinado? –seus olhos estavam esbugalhados esperando a confirmação dela.


As duas se levantaram, e se postaram entre um corredor ao lado de duas grandes mesas. Lily segurava a coruja e Jenny, uns poucos metros atrás, a vassoura.


– No três – pediu Lily – um, dois... TRÊS.


E ela soltou ave, que começou a voar pelo teto do grande salão.


Jenny desesperada, sabia que simplesmente não podia entregar a vassoura a ela, por essa razão, fingiu que acidentalmente jogava o objeto para o lado oposto ao dela.


– O que pensa que fez?! – gritou Lily desesperada olhando furiosa para a amiga.


– Oh desculpe, esportes nunca foram o meu forte – olhava caridosa para ela.


– Tudo bem – Lily disse mais calma tirando a varinha de sua capa – Accio...


Mas seu feitiço não se completou. Jenny no desespero saltou por cima da amiga, derrubando-a no chão.


– Sai de cima de mim! – Lily gritava espantando-a com as mãos – O que deu em você?!


– Tropecei – respondeu ainda tentando deixa-la deitada no chão.


– Tropeçou saltando? Jenny! Ahhhhhhhhhhhhhhhhh! – ela saltou por cima da amiga por pouco controlando sua raiva de puxar seus cabelos – Você acabou com a minha vida! – ela gritou olhando para o teto, notando que não havia mais a possibilidade de “seguir” a coruja.


Jenny se sentiu horrível, mas ela tinha prometido. Na verdade ela tinha assinado um contrato do qual não pode fugir, ainda mais vindo de quem vinha. Ela olhou para a ruiva ao seu lado desolada e frustrada e imediatamente se lembrou da conversa na noite anterior. Na idéia brilhante, e em como quando tudo terminasse a garota ficaria imensamente feliz.


FlashBack

– O plano é o seguinte... – Hugo explicou detalhadamente enquanto Lysander fazia caretas nitidamente reprovando o ruivo.

– Isso é a coisa mais... – Jenny suspirou pronta para dizer a palavra “romântica”, mas Lysander foi mais rápido definindo o plano de Hugo de uma maneira bem peculiar.

– Idiota que eu já ouvi. – O garoto suspirou. – De onde tira idéias tão nojentas?

– Lysander não pedi sua opinião, só sua ajuda. E nosso pagamento garante que suas opiniões fiquem guardadas com você. – Hugo disse sério.

– Estou apenas tentando ajudar. – O loiro deu de ombros. – E por falar em ajuda, senhorita Collins aqui está o nosso contrato onde você se compromete em manter Lily longe do “admirador secreto” dela.

– Como assim contrato? – Jenny olhou assustada para Hugo que deu de ombros.

– É algo simples. – Lysander sorriu maleficamente. – Se você deixar Lily se aproximar da verdade antes da hora certa seu rosto será coberto não por espinhas, nem por fungos, mas por pelos terrivelmente espessos e impossíveis de se retirar.

– O que? Mas...

– Ainda não acabei, também ganhará um lindo rabo e orelhas pontiagudas. – Lysander riu alto e ameaçadoramente.

– Vai me transformar em um gato? – Jenny pareceu aterrorizada.

– São criaturas fascinantes os gatos com suas 14 vidas, e seus olhos que brilham no escuro, e suas garras afiadas.

– Eu detesto gatos, sou alérgica aos pelos deles. Não vou assinar contrato nenhum. – Jenny olhou para Hugo. – Juro te ajudar com Lily, mas me transformar em gato? Nunca.

– Garotas são tão dramáticas, por isso meu escritório é área livre delas. – Lysander fez um floreio com a varinha e o contrato desapareceu.

– Você é assustadoramente bom com feitiços. – Jenny disse observando o loiro.

– As pessoas sempre subestimam o poder dos gêmeos Scamander. – Ele deu de ombros.

– Você é tão... – Jenny olhava para ele com os olhos brilhantes e um sorriso radiante nos lábios e estava a poucos passos do loiro. Seria o momento certo de colar seus lábios.

– Por que está se aproximando? – Lysander se afastou. – Não invada meu espaço vital, não sei o tipo de germes que pode possuir.

– Não tenho germes, e não estava me aproximando. – Jenny disse se recompondo.

– Hei, podemos decidir os meus próximos passos? – Hugo disse sorrindo. – Para o grande final.

– Estou dentro, e prometo que Lily não vai conseguir descobrir nada até o momento certo. Palavra de Jenny Collins.

– Tem certeza que não prefere um contrato? Não confio em garotas. – Lysander perguntou a Hugo.

– Não! – O ruivo e Jenny responderam juntos.

E era o começo de um plano quase perfeito.

Fim do Flashback


– Talvez seja melhor assim. – Jenny tentou sorrir.


– Melhor? Eu vou precisar ser internada com problemas nervosos por culpa desses bilhetes, do beijo, desse mistério que me deixa alucinada.


– Quem sabe ele se mostre no momento certo.


– Jenny o momento certo é o agora! – Lily disse completamente frustrada. – Ninguém me entende. Vou morrer.


– Tudo vai dar certo. – Jenny colocou a mão sobre o cabelo da amiga que tinha sentado novamente na mesa onde comiam, e estava chorando sobre a sobremesa.


A vontade de rir era grande, mas Jenny se controlou. Promessas são promessas.


xx


Ela precisava manter o foco. Não podia ser vista chorando por ai. O que estava acontecendo com ela afinal de contas? De repente havia se tornado uma fraca sentimentalista.


– Vista sua máscara Rose, tudo ficará bem. Só lembre-se de vestir a sua máscara – repetia baixinho enquanto andava por um corredor qualquer com seu livro colado em seu rosto, afim de que ninguém notasse seus olhos.


Sem se dar conta, esbarrou num garoto.


– Ei sua louca. Porque não olha por onde anda?! – ele berrava nervoso demais para um menino do primeiro ano.


Rose ergueu as sobrancelhas surpresa pela atitude dele. Mas não disse nada. Lhe faltava energia até para isso. Ralhar com garotos do primeiro ano, mostrando quem mandava ali. Mesmo que ela fosse monitora e tivesse que cumprir seu papel.


– Ei, está gritando com uma monitora é? Num corredor, onde alunos estão tendo aula aqui perto? – a voz dele, atrás de si fez seus olhos se arregalarem e os pelos de sua nuca se eriçarem.


– Quem você pensa que é?! – gritou o garotinho estufando o peito. Não se intimidando por ele ter uma insígnia de monitor nas veste.


– Dez pontos a menos para a Grifinória por gritar com ela, mais dez pontos a menos para a Grifinória por desrespeitar um monitor.


– Como se você fosse tirar pontos de sua própria casa – o garotinho continuava estufar o peito.


– Menos dez pontos por gritar nos corredores e desconcentrar o pessoal. É melhor sair daqui, antes que eu fique de mau humor e te de uma detenção – Scorpius falou convicto, fazendo o garotinho temer pela primeira vez a ameaça e sair correndo de lá.


– Estou impressionada Malfoy, pensei que ia deixar aquele...


Mas Rose parou de falar assim que viu que ele não havia lhe dado a mínima atenção, como se ela nem existisse ali. Ele começou a andar calmamente pelos corredores, como se ela fosse ninguém.


xx


Rose e Lily por uma coincidência tinham uma aula vaga logo depois do almoço e as duas estavam sentadas na grama uma do lado da outra em completo e absoluto silencio, algo incomum se tratando delas, principalmente de Lily. O sol batia em suas peles e o vento bagunçava os cabelos da ruiva que na maioria das vezes os mantinham soltos, diferente de Rose que quase nunca desfazia o rabo de cavalo.


Foi Lily quem começou a falar, não conseguia entender como sua vida tinha tomado aquele rumo. Apaixonada pelo primo que parecia um bruxostar de Hogwarts, e que há algum tempo passava muito mais tempo com as outras pessoas do que com ela. Naquele momento mesmo ele estava sentado encostado na arvore perto do lago. Rabiscava algo em um pergaminho enquanto algumas garotas visivelmente tentavam chamar sua atenção passando repetitiva vezes em frente ao garoto, e rindo absurdamente alto.


– Minha vida está uma de cabeça para baixo.


– Nem me fale. – Rose respondeu sem perceber. Ela tinha um livro aberto na mesma página há vários minutos e já tinha lido a mesma linha umas vinte vezes.


– O que disse?


– Que minha vida está de cabeça para baixo assim como a sua.


– O que aconteceu com a gente? – Lily riu. – Somos duas garotas lindas e inteligentes que parecem está vivendo um momento muito ruim.


– Eu na verdade realmente estou em um momento ruim. – Rose deu de ombros. – Acho que seria mais justo dizer que em uma vida ruim.


– Não conversamos há tanto tempo. – Lily suspirou. – E estão acontecendo tantas coisas.


– Como meu irmão está sem o violão em uma tarde em que conseguiria uma linda plateia. Ou o fato de você não dizer que está apaixonada há muitos dias.


– E o fato de você está sem maquiagem, sem cabelos pintados, e não conseguir ler.


– O que está acontecendo com a gente? – Rose disse séria.


– Eu chamaria de crise. – A ruiva começou a rir alto. – É tudo culpa dos garotos.


– Lily, quando eu fiquei assim por um garoto? Naturalmente nenhuma mulher deveria...


– Rose não se engane, você nunca ficou assim porque nunca tinha conhecido um garoto que fizesse você querer ser o centro das atenções, pelo menos das atenções dele. – Lily riu. – Eu disse que estava apaixonada.


– Não estou apaixonada. Eu não me apaixono. – Rose disse tentando convencer a si mesma.


– O Malfoy está diferente e isso está matando você. Ele está simplesmente te ignorando e isso te deixa confusa, com raiva, com muita raiva. – Lily riu. – Esse eu chamaria de estágio cinco. E aviso que está muito próximo de passar para o estágio seis.


– Estágio seis?


– De correr atrás do que perdeu.


– Eu jamais correria atrás de uma pessoa seja ela quem for. – Rose disse, mas não parecia muito segura.


– Negação faz parte do estágio um, não regrida cara priminha. – Lily riu.


– Lily você não tem jeito. Malfoy está agindo finalmente como deveria agir.


– Se mantendo longe de você?


Rose não respondeu, mas aquela pergunta fez com que o coração dela se quebrasse um pouquinho. Era exatamente isso que ele estava fazendo. Estava se mantendo longe dela, justo depois de ter feito aquilo que ela pediu para não fazer. Justo quando ela tinha se acostumado em vê-lo se mantendo perto dela. Talvez estivesse na hora de passar para o estágio seis.


– Preciso ir... Mas eu vou te dizer uma coisa antes – Rose se levantou e apontou para o irmão ao longe. – Deveria prestar mais atenção ao seu redor que talvez percebesse algo que ainda não percebeu.


– Odeio suas charadas Rose! – Lily gritou para prima que já se afastava.


– E eu odeio o fato de que algumas vezes você é mil vezes mais inteligente que eu. – Rose gritou de volta.


Lily sorriu sabendo que a morena falava sobre os sentimentos dela pelo Malfoy, mas queria muito decifrar o que ela quis dizer com o “prestar atenção ao seu redor”. O que poderia está fugindo de Lily Potter? O que?


xx


Ok, Lily provavelmente era a pessoa mais louca do mundo, tinha crises, falava sozinha, era apaixonada pelo primo, parecia enxergar tudo ao seu redor, e Rose sabia bem o motivo dela ter ido pra Corvinal. Ela entendia das coisas, bem demais. Entendia sobretudo Rose, a única coisa que parecia não enxergar era quando o assunto pertencia a ela mesma.


Por essa razão Rose repetia uma frase.


– Não estou fazendo isso para ganhar alguma atenção dele.


Mesmo que o aparelho pequeno e Trouxa tivesse em sua mão, pronto para ser acionado e usado para chamar a atenção especificamente dele.


– Não estou fazendo isso para ganhar alguma atenção dele.


Negação, não volte para o primeiro estagio Rose. Lily gritava em seus pensamentos.


– Não estou fazendo isso para ganhar alguma atenção dele.


Vá para o sexto estágio.


– ODEIO VOCÊ LILY LUNA POTTER! – gritou antes de girar um botão e uma música muito instrumental, começar a soar no corredor.


Ela estava de frente à sala de poções. De frente a sala que ela supostamente teria aula naquele momento. De frente a sala que ele estava tendo aula.


E o som do solo de guitarra que gritava em seu aparelho eletrônico Trouxa, fez todos os alunos virarem seu rosto para ela. Como uma perfeita atriz que aprendeu a ser, começou a fazer barulhos com a boca imitando a guitarra.


– Senhorita Weasley, o que pensa que está fazendo? – uma voz masculina perguntou isso. Mas não foi a voz que ela esperava. Saiu da boca de seu professor.


– Estou só curtindo professor... – respondeu inocente voltando a fechar os olhos e balançando a cabeça no ritmo da musica.


– Faça alguma coisa senhor Malfoy, é monitor! – gritou o professor entregando a responsabilidade ao jovem.


Rose sorriu largamente, nem se deu ao trabalho de disfarçar. Era o que ela queria. Ele gritando com ela, lhe mandando abaixar aquela musica que chamaria, como era mesmo o nome eu havia dado a isso uma vez? “Parecem Ogros cantando”.


– Sua palavra é superior a minha professor – foi o que ele apenas respondeu, fazendo o sorriso de Rose sumir e seus olhos e abrirem.


Rose o encarou pela primeira vez, e notou que ele desviava seu olhar claramente do dela. Fingia olhar para todos os lugares, achava até mesmo os cadarços de seu tênis mais interessantes que o rosto dela.


– Isso é serio? – ela perguntou claramente para ele.


Scorpius suspirou e não respondeu. Virando-se para o professor disse:


– Olhe professor, claramente ela não fez isso porque quis atrapalhar sua aula. Talvez, nem tivesse notado que estava atrasada e veio para a aula como faz todos os dias. Escutando uma musica Trouxa que diz muito a respeito dos ideais que busca. Ela não fez por mal. E sinceramente, o senhor prefere que ela entre na aula, ou comece um de seus discursos do “porque musicas Trouxas são infinitamente melhor que as Bruxas”?


– É vendo por esse lado – disse o professor convencido – Entre senhorita Weasley, está apenas uns minutos atrasada mesmo.


Então todos os alunos voltaram a seus assentos, junto com o professor. Scorpius fazia o mesmo, mas a mão dela o impediu de continuar a andar. Mesmo com o dialogo que se seguiria. Scorpius não levantou seu rosto para encara-la.


– Me de uma detenção – pediu Rose – Eu quero uma detenção.


– Com licença Weasley, estou perdendo a aula – então ele tirou a mão dela gentilmente de cima de seus braços e entrou na sala fechada. Deixando pra trás uma Rose completamente abalada.


xxx


Lily olhava seu relógio de pulso.


“Dez minutos para acabar a aula torturante de Runas Antigas”


Seus pensamentos gritavam.


Ela na verdade só frequentava essa aula por um motivo. Seu primo, ele cursava também e sempre reclamava sobre isso a todo instante. Dizia que se não aprendesse isso sua mãe jamais o perdoaria. E como Lily tinha certa facilidade com a matéria, resolvia ajuda-lo.


Era tudo culpa dele.


Encarava as costas do primo sentado um pouco a sua frente, que dormia literalmente em cima de sua carteira, sem ao menos disfarçar.


Sem perceber, um bilhete foi soprado através de magia e pousou em sua carteira. Ele tinha a cor laranja e Lily sorriu sabendo do que se tratava. Olhou ao redor tentando achar índices de ser alguém da sala. Mas todos pareciam entediados demais com a aula.


Nunca pensei nisso antes, mas será que vamos ser assim? Correspondentes por cartas? Pensando por esse lado, se quiser ser isso mesmo. Conhecer melhor a pessoa que beijou, entregue sempre o bilhete com sua resposta a Lysander, é dele a letra nesses recadinhos, ele é o único que sabe quem sou.

Sim, você conhece minha letra, por isso não posso me identificar.

Respondendo seu ultimo recado, quero lhe fazer uma pergunta:

Acha que é possível se apaixonar por alguém que nem sabe quem é?”


Ela sorriu no seu intimo e pegou uma pena e tinta e pôs-se a responder.


“Essa pergunta seria para mim? Afinal, você me conhece não é?

Sou da teoria de que só amamos de verdade depois de conhecer bem a pessoa, e por enquanto nem sei quem você é.”


Não podia dar esperanças a ele certo? Afinal, ela amava o Hugo, era isso. E só pode se amar uma pessoa por vez.


Virando-se para o fundo, soprou o bilhete respondido até Lysander, que reconheceu para quem devia mandar e ergueu o dedo polegar a Lily, confirmando que enviaria a resposta em breve.


xxx


Eles estavam em mais uma reunião clandestina durante o único momento em que Lily estava muito ocupada tanto para seguir Jenny como para investigar os bilhetes que Lysander escrevia para outras pessoas. Hugo lia algumas coisas entre elas alguns bilhetes que o loiro havia escrito há poucos segundos. Nenhum deles parecia agradar o ruivo que no momento rabiscava freneticamente em um de seus pergaminhos.


– Hum, eu amo esse doce trouxa que Lily me deu. - Jenny dizia. - Qual o nome dele mesmo?


– Pirulito. - Hugo respondeu automaticamente.


– É feito de que? - Lysander perguntou curioso e visivelmente interessado. Quem sabe com algumas modificações ele pudesse recriar o doce para vender no castelo.


– Quer experimentar? - Jenny disse sorridente retirando o pirulito da boca e o oferecendo para o garoto.


– Não! - Ele disse completamente assustado.


– Por que? É uma delicia, não precisa ter vergonha. - Jenny andou em direção ao loiro com o pirulito esticado no sentido da boca dele.


– Mantenha isso longe de mim. - Lysander disse correndo para se afastar o máximo possível da garota. - Sabe quanto germes existem em uma boca? E você querendo trocar saliva comigo? Onde está com a cabeça?


– Não tenho germes! - Jenny disse visivelmente magoada.


– O problema não é você. - Lysander disse percebendo a tristeza da garota.



– Não? - Ela sorriu animada.


– Não, o problema é que todos possuímos germes e eu sou totalmente feliz com os meus para querer adquirir novos. - Lysander respirou profundo. - Trocar saliva através de um, como é mesmo o nome?


– Pirulito. - Hugo voltou a dizer distraído.


– Isso, trocar saliva através de um pirulito é praticamente uma prévia de um beijo. O que mais falta para isso? As salivas já estão misturadas mesmo. Ou seja germes se misturando e se tornando coisas novas. – Lysander parecia aterrorizado.


– Qual o problema com beijos? - Jenny perguntou.


– Nenhum. A não ser que sou totalmente anti-beijos. - Lysander sorriu.


– O QUE?


– Anti-Beijo... É simples cara senhorita Collins, eu simplesmente sou contra a troca de saliva voluntaria. Nada de repartir salgados, bolos, balas ou no caso pirulitos. Nada de beijos na bochecha, ou na boca. Nada de troca de saliva. Eu aprecio as pessoas suficientemente doidas que gostam de adquirir germes novos, mas eu estou contente com meus germes. - Ele sorriu satisfeito. - Nada de beijos. São nojentos e altamente perigosos.


– Está falando sério?


– Obviamente que sim. Por isso mantenha seu pirulito longe de mim, e aproveite seus germes sozinha.


– Você é tão... - Jenny disse com os olhinhos brilhando em direção ao loiro.


– Esquisito. - Hugo terminou a fala por ela. Mas a garota não ia dizer esquisito, ela ia dizer encantado. - Agora podem me ajudar aqui?


Dizem que o amor é cego, e em algumas situações eles estão certos. E Hugo sabia disso porque naquele momento estava respondendo um bilhete que possivelmente faria com que seu plano fosse por água abaixo.


xxx


Ela caminhava a passos largos, nervosa, ansiosa, e todos os outros sinônimos, não sabia ao certo como se comportar, mas tinha certeza de algo. Precisava de respostas.


– O que foi aquilo? – perguntou olhando diretamente pros olhos cinzas dele.


Scorpius estava na biblioteca e tentava terminar suas lições do dia. Tentava ignorar a garota parada em sua frente. Mesmo que ela estivesse respirando forte muito mais por conta do nervosismo do que da corrida que a trouxe até ali.


– Não me ignore – implorou ela – Você não pode simplesmente fingir que eu não estou na sua frente.


– Talvez eu consiga – ele respondeu ainda lendo suas anotações e tentando terminar a redação de “Feitiços”.


– Por quê?- perguntou temendo a resposta.


– Era isso o que você queria não era?


– Não, não era.


– Lógico que era Rose – ele disse calmamente enfatizando o primeiro nome dela – “Não podemos ser amigos, muito menos namorados” – Ela negava com a cabeça enquanto ouvia a forma que ele a imitava – “Sou um veneno, você não precisa ser minha cura, entenda isso”.


– Eu te feri não é? – ela perguntou sentando-se de frente a ele, sem se importar com todos os olhares que os observava.


– Me feriria se eu me importasse com você... – ele respondeu simplesmente ainda não conseguindo a encarar – Mas como diz no pequeno príncipe “Eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim”. Logo concluísse, que quem não tem necessidade um do outro não pode se ferir.


– Tinha que ter me dado a detenção – ela tentou focar a conversa em outro ponto.


– Pra que? – perguntou a encarando pela primeira vez.


– Para voltarmos a ser o que éramos antes.


– Inimigos?


– É... – respondeu simplesmente encarando o tampão da mesa.


– Quando vai perceber uma coisa Rose. Nunca fomos inimigos. Sempre fomos os estereótipos que essa escola colocou em nós, o que nossos sobrenomes são. Precisa retirar sua máscara.


– Mas os erros do meu passado não me deixam fazer isso.


– Porque você tem medo. Se eu consegui você também consegue. É só querer.


– Eu se eu não quiser? – Rose disse fracamente.


– Eu não posso te ajudar.


– Me respondeu uma ultima coisa? E nunca mais precisamos nos falar.


– O que quer saber Weasley? – Scorpius não gostava de ser tão arrogante e frio, mas como poderia mostrar a ela o quanto estava errada se não agisse dessa maneira?


– Como conhece tantas coisas trouxas? Como conhece tão bem “O pequeno príncipe”?


– Talvez isso seja culpa sua. – Scorpius pegou a mochila e a revirou em busca de algo. – Aqui está.


Ele entregou a Rose um livro gastado, com a capa um pouco solta e as páginas amareladas. Ela leu o titulo, mesmo que já soubesse do que se tratava, sua surpresa foi ler as palavras dentro da capa.


– Este livro pertence a Rose Weasley. – Ela leu em voz alta. – Como?


– Você o perdeu no primeiro ano, e eu o encontrei, ia devolvê-lo, mas achei interessante e resolvi ler antes. Coincidência ele ser justamente seu, e ser o meu livro preferido. – Scorpius disse dando de ombros. – Mas nas ultimas férias eu consegui escapar e ir a uma livraria trouxa, e comprei o meu exemplar.


– O que quer dizer? – Rose questionou visivelmente perturbada.


– Que agora não temos mais nada que nos ligue um ao outro. – Scorpius fechou os livros que lia e juntou todas as tarefas. Pegou sua mochila e saiu da biblioteca deixando Rose pela primeira vez calada.


xxx


Lily, pulava o tempo todo em frente a janela da sala comunal da Corvinal, sabendo que sua resposta ao bilhete poderia chegar a qualquer momento.


– Ansiedade, porque não consigo lidar com você? – perguntou a si mesmo, quando finalmente o vislumbre de uma coruja passou de frente a janela.


Ela pegou a sua resposta sorridente, o papel era verde. Tudo estava de acordo com seu plano.


Até que leu aquela simples frase que a deixou mais confusa se possível:


“E se eu te confessar que me conhece mais do que ninguém do mundo, me diria que estaria apaixonada?”


xxx


Ele tinha uma carta amaçada nas mãos, e parecia muito ansioso para conseguir entrar na escola. Sorriu quando finalmente abriram o portão principal onde começava a proteção de Hogwarts não permitindo que ninguém aparatasse lá dentro. Ele nem pensou em usar a lareira que dava na sala da diretora, no momento estava preocupado para conseguir pensar.


Sua esposa tentou fazê-lo esperar pelo dia seguinte. Tentou fazê-lo colocar as idéias no lugar, mas uma coisa ela tinha aprendido desde o começo Rony Weasley era tão teimoso quanto ela, e a filha deles tinha puxado esse lado dos dois em uma proporção elevada. E talvez fosse bom eles conversarem de uma vez, talvez fosse bom eles apenas conversarem.


Rose estava quase entrando no salão principal para jantar mesmo não tendo vontade nenhuma de comer, mas uma voz que ela não esperava ouvir fez com que fosse interrompida.


– Rose...


– Papai? O que faz aqui?


Era apenas o começo do que ela esperava. Era apenas o fim do que ela temia. Alguns medos devem ser quebrados, e algumas pessoas precisam quebra-los para torna-las elas mesma. Talvez Rose descobrisse esses detalhes da vida.




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Notas finais do capítulo

Pois é gente ta no final já, finalmente vão ver o Rony na escola...
Ei, só pra agradecer vocês, eu e anny já terminamos de escrever isso aqui, mas sabem como é final de semestre na faculdade né? UMA LOUCURA... Se não sabem um dia vão ficar loucas e se lembrarão desse dia... Enfim, prometemos responder vocês em breve, suas reviews são verdadeiros estimulantes para nós...
ahhhhhhhhhhhhhhhhh o bilhete do amor platônico é de uma música do Renato Russo, segunda vez que uso isso em Fic e coincidência ou não é pro shipper Hugo e Lily
No mais acho que é só, beijos