– Olha só! Dizem que é o castelo mais mal-assombrado do mundo! – comentou James. Um sorriso estampava seu rosto jovem e aventureiro, seus olhos brilhavam como fogo e estava apontando para fora da janela, onde se encontravam um grande castelo no pico de um grande morro.

– Como se nós devêssemos ter medo de fantasmas! Mamãe e Papai dizem que Hogwarts tem alguns. – comentou Rose virando os olhos enquanto metia seu rosto atrás do livro “Hogwarts, uma história renovada”.

– É, é verdade – comentou o garoto que estava em seu primeiro ano em Hogwarts, mas passando suas férias de natal na Romênia com o resto da família – Só que esse castelo não é famoso por ser mal-assombrado somente por fantasmas, minha querida e pequena prima.

– Ah, não? – perguntou agora Lily se sentindo de repente interessada na conversa de seus irmãos e primos, onde por algum motivo, os menores dos Weasley e Potter não haviam se manifestado.

Hugo tirou um momento sua atenção de seu carrinho de controle remoto que acendia luzes nas rodas toda vez que batia em algum lugar. Roxanne parou de pentear sua bela boneca que mudava as cores do grampo de cabelo toda vez que passava a escova. James olhou para a cara de todos os primos e irmãos. Por algum motivo se sentia ainda melhor agora que os três menores da família finalmente estavam interessados naquela conversa.

– Ah, sim! – continuou, seus olhos brilhando como o fogo – O castelo é conhecido por haver vampiros... – ele fez questão de fazer uma longa pausa, enquanto todos esperavam pelo final da frase – Que comem gente!

Victoire deu uma risada.

– Isso é a coisa mais ridícula que eu já ouvi! – disse com ar de quem sabe melhor – Os vampiros estão proibidos de comer carne humana desde que a Confederação dos Bruxos decidiu que estavam se descontrolando demais e ameaçando a vida dos trouxas.

– Bem, é por isso que estão no castelo, não? – falou Lucy – Assim eles esperam que alguém entre para finalmente atacar. Seria difícil uma pessoa encontrar os cadáveres das vítimas em um castelo abandonado e perigoso!

– A toca não tem um vampiro? – perguntou Hugo distraidamente, enquanto voltava a brincar com seu carrinho de controle remoto – E ele é completamente inofensivo.

– Ele também é doméstico – disse Albus, que parecia de certo modo um pouco mais apavorado do que a maioria com a história do irmão.

– Eu adoraria ver um vampiro carnívoro! – falou Fred, seus olhos brilhando como os de James – Imagina só! Quem sabe ele comeria a chata da Molly!

– Ei! – gritou a garota ruiva de dez anos.

– E nos deixasse finalmente em paz! Vocês sabem como ela é irritante! Sempre se convencendo de que um dia será monitora e...

– Ei! Eu ainda estou aqui! – comentou a menina irritada com os braços cruzados.

– Ei! Quem disse que me importo? – retrucou Fred.

– Duvido alguém por aqui ter coragem suficiente para entrar no castelo de Sir Kurst!

– O que você disse? – perguntou Rose levantando da poltrona muito ereta e deixando seu livro cair no chão.

– Ahm... Duvido alguém ter coragem... – repetiu James incerto.

– Não, depois disso!

– Castelo de Sir Kurst?

– Isso! – respondeu agora tão entusiasmada quanto James e Fred – Por que não disse antes que era esse castelo! Seria maravilhoso entrar lá! É o castelo mais assombrado do mundo!

– Foi o que eu disse! – falou James zangado.

– É, mas vindo de vocês poderia ser mais uma de suas idiotices, apesar de que adoraria entrar lá...

– Então combinado! Nós vamos lá à meia-noite!

Houve um momento estranho, onde primeiro ficou tudo silencioso e de repente, todos começaram a falar ao mesmo tempo.

– Papai e mamãe nunca nos deixariam ir – comentou Lily calmamente no meio de todo aquele barulho.

– Ele está brincando, certo? Não tem um vampiro, certo? – perguntou Albus atormentado para Rose, que por sua vez somente assentiu querendo dizer que o irmão mais velho do garoto estava certo, isso se seus livros sobre Romênia estivessem corretos.

– E ele irá te agarrar! Sugar seu sangue até que não sobre mais nada! – disse Fred maliciosamente para Molly que tampou seus ouvidos violentamente.

Hugo virou os olhos e continuava a brincar com seu carrinho, até que bateu na mesa e derrubou alguns jornais. Ele sorriu quando isso aconteceu, pois o barulho fez todos se calarem imediatamente.

– Obrigado, Hugo – agradeceu o primo que esperava todos ficarem quietos.

O ruivo não respondeu, somente voltou a sua brincadeira de mexer com aquele objeto trouxa que ganhara de seu avô.

– Certo, como eu ia dizendo... Iremos à meia-noite!

– Nem pensar! – interrompeu Lucy – Papai ficaria doido se soubesse que fomos a um castelo considerado perigoso no meio da noite!

– Como se tio Percy fosse ficar bravo com vocês! – disse Louise – Você e Molly são as queridinhas do papai!

– Não somos nada! – discordou Molly com as bochechas tão vermelhas como seus cabelos.

– São sim! – concordou Fred com o primo.

– Não somos! – disse Lucy com o rosto tão vermelho quanto à da irmã menor.

– Então prove! – desafiou James com aquele sorriso de desdém.

Molly olhou assustada para a irmã. Elas nunca faziam nada de errado e por esse motivo eram tão zoadas principalmente pelos familiares mais ousados. Talvez estivesse na hora de mostrar que estavam errados. Lucy assentiu com a cabeça.

– Ótimo!

– Isso é idiotice! – voltou a falar Victoire – Se Teddy estivesse aqui ele concordaria comigo! Vampiros deixaram de ser carnívoros há anos!

– Claro, Teddy sempre concorda com tudo que você diz! Parece até seu namoradinho!

– Bobagem, Dominique! – mas suas bochechas coraram imediatamente – Teddy somente tem mais juízo que vocês...

– Teddy provavelmente concordaria em ir a uma aventura! Uma pena Andrômeda não o deixar vir somente porque se deu mal nos exames.

- Não diga bobagens, James! - discordou a loira - Teddy nunca concordaria nessa idiotice!

– Sabe, Vic... Acho que você está com, talvez, medo? – perguntou o garoto olhando atenciosamente para a mais velha daquele grupo.

Aquilo foi demais. Os olhos de Victoire fuzilaram o primo. Parecia perigosa.

– Não se atreva a me chamar de medrosa! Sou a mais velha aqui e somente porque o senhor finalmente entrou para Hogwarts, não lhe dá motivo para acreditar que é melhor que os outros, James! Você somente está no primeiro ano, nem sabe das criaturas que enfrentam os alunos do quarto! Aposto que nunca lutou contra um bicho-papão!

– Por esse motivo seria melhor se você viesse... – explicou James – Assim temos alguém que nos proteja caso algo aconteça.

– Hunf! Não seja idiota! Primeiro provavelmente nem há mesmo um vampiro! É somente um mito para assustar moradores e fazer que fiquem longe do castelo e em segundo, mesmo que tenha um vampiro, é provável que nem seja carnívoro.

– Então não terá perigo se você for conosco, certo?

– Ou talvez eu devesse contar para os pais de todos vocês essa ideia ridícula!

– E virar uma dedo-duro? – perguntou Fred sorrindo maliciosamente – Como a Molly e Lucy?

Victoire abriu a boca para responder, mas voltou a fechá-la. Aquele era um argumento que não conseguia retrucar...Ser uma dedo-duro naquela família havia suas consequências e isso inclui muitos produtos das Gemialidades jogados em escondido na comida do almoço.

– Muito bem. – concordou Victoire com má vontade.

– Certo, meia noite então!

– Porque meia-noite? – perguntou Albus com a voz trêmula para o irmão.

– Qual é a graça de ir ao dia?

– Vai ser divertido! – comentou Roxanne penteando a boneca nas suas mãos.

– Quem disse que você vai? – perguntou Fred sério.

– Por que não deveria ir? – perguntou deixando o brinquedo de lado para encarar o irmão mais velho.

– Porque você é pequena demais para ir até lá!

– Todos nós somos! – comentou Lily contrariada.

– Não, não – discordou o primo – Victoire tem 14 anos, é a mais perto de ser adulta!

– Mas jovem demais para ir à noite para um castelo mal assombrado. – defendeu Hugo a prima.

– Ninguém com menos de 10 anos pode ir! – disse Fred decidido.

– Por que não? – perguntou James.

– Eles vão se assustar muito fácil! Além do mais, o caminho até o castelo é longo demais, vão nos atrasar reclamando sobre a dor nos pés!

James por fim concordou. Além do mais, ele também não achava uma boa ideia levar sua irmã menor.

– Certo, concordo com Fred! Ninguém menor de 10 anos irá!

Rose limpou a garganta.

– Certo – disse o garoto – Ninguém menor de 9 anos.

Albus que estava mais relaxado com a regra de ninguém menor de 10 anos voltara a ficar pálido.

– Ah, vai, Al! – disse a prima ao ver seu primo perder a cor – Quantas chances teremos de visitar um castelo daqueles? Vai ser mais divertido que ver um monte de dragões com tio Carlinhos!

– Isso não é justo! – reclamou Lily.

– É para o bem de vocês... – disse Victoire também decidida.

Hugo guardou o carrinho de controle remoto na mochila e pegou uma espécie de um videogame portátil da mochila. Não se sentia muito incomodado por não poder ir, mas achava injusto o fato de somente Roxanne, Lily e ele não terem o direito de se aventurar. Apenas porque ele e Lily tinham sete anos e Roxanne oito. O ruivo ligou o videogame, a luz do jogo iluminando seu rosto enquanto seus olhos profundamente azuis estavam vidrados na pequena telinha do brinquedo.

– Iremos dedurar vocês se não deixar nós irmos. – comentou calmamente.

Todos olharam para ele.

– Vocês não faria isso! – desafiou Fred – Iríamos te torturar.

Hugo deu de ombros.

– Podem me torturar, mas isso não tira o castigo que você receberia da tia Angelina caso fosse ao castelo.

– Pra que você quer ir? – perguntou Rose interessada – Você nunca se interessa em nada que não seja tecnológico!

– Não quero ir, mas elas querem. – acenou com a cabeça as duas primas. – E não gosto de ficar de fora.

Fred e James se entreolharam e no fim concordaram.

– Mas não nos deem problemas!

– Aí estão vocês! – comentou uma voz.

Uma mulher usando os cabelos presos em um rabo de cavalo entrou no quarto.

– Já está tarde, crianças – disse sorrindo. – Já para cama todos vocês! Teremos um dia cheio amanhã! O tio de vocês quer mostrar todos os tipos de dragões que capturaram ao longo dos anos, será fascinante!

– Certo, tia Mione. – disse Lucy sorrindo, mas para o medo dos outros, se notava em seu rosto um sentimento de culpa – Nós já vamos ir dormir.

– Muito bem, mas não fiquem acordados por muito mais tempo – disse Hermione sem notar a expressão da sobrinha.

Todos acenaram a cabeça e Hermione se foi.

– Muito bem, iremos para cima fingir que estamos dormindo e quando for as 23:10, nos encontramos aqui. – decidiu James.

Todos concordaram. Hugo salvou o jogo do game e o guardou na mochila. Olhou para janela e deu uma observada ao estranho castelo. O que tinha demais naquilo? Era somente um castelo como muitos outros... James provavelmente estava somente tentando assustar os outros como sempre faz.

Era somente um castelo.

Como esteve enganado.