Interligados escrita por Luangel


Capítulo 38
Ritual de sangue puro


Notas iniciais do capítulo

Oiê! ^^ está tudo bem com vocês meus bebês? ^-^ A titia aqui passou essa tarde infernal escrevendo p vcs, espero q gostem! o/



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“—Sim, você será... Mas veja pelo lado bom, eu sei como fazer Hinata nunca mais sair do seus braços...—Disse me estendendo o braço como quem oferece uma taça de vinho e pensando apenas em Hinata, eu aceitei o pacto e bebi do sangue de Kabuto, em saber que o verdadeiro demônio era ele.”

Hinata Hyuuga:
Confesso com certa vergonha, que me senti horrível com aquelas palavras de Naruto. Confesso que agora eu estou no meu quarto, jogada na minha cama, de bruços, escutando Lana Del Rey para acabar de vez com o meu estado emocional e querendo me matar me jogando da janela do meu quarto. Eu sei, isso soa vergonhoso para mim, parece que eu tenho treze anos! Mas enquanto uma parte de mim fica cantando junto a musica com tanta emoção que quase sinto vontade de chorar junto, outra parte de mim calcula a distancia da janela até o chão lá embaixo, e então, uma parte pequenina, quase sufocada pelas outras barulhentas partes de mim, sussurrava baixinho, se perguntando o por que das palavras do Uzumaki acabaram mexendo comigo daquele jeito.
Escutando aquela voizinha baixinha dentro de minha cabeça, tirei os fones de ouvido e parei de olhar para a janela, dando voz aquela parte de mim, tentando responder suas perguntas difíceis, sem entender o que falar. Irritada comigo mesma, me levantei de súbito, andando de um lado para o outro pelo quarto, querendo socar alguma coisa se possível fosse. Fechei os olhos, pensando no que estava de errado comigo... por que eu estava me importando tanto com o que ele disse? Não era como se eu quisesse que ele sentisse ciúme de mim ou algo assim... ou será que eu queria?... Quando eu me dei por mim, eu já estava sentada no chão do meu quarto, corando ao imaginar o que eu realmente queria...
Balancei a cabeça e sai do meu quarto rumo a cozinha, onde encontraria meu fiel e ouvinte amigo, dentro do refrigerador é claro... é o sorvete! Me deliciei com o meu sorvete de limão, meu favorito, azedo o suficiente para me arrancar caretas e me fazer questionar meus gostos estranhos, em todos os assuntos se é que me entende. De súbito o meu telefone tocou, vibrando e dançando na mesa da cozinha como se dentro de si eu tivesse baixado algum aplicativo como “escola de samba”, o que me assustou de um jeito vergonhosamente cômico. Eu me aproximei do dispositivo como se ele fosse uma bomba, tendo no estomago, casulos de esperança que se romperam e borboleteavam freneticamente dentro de mim.
Mas quando li no visor quem me ligava, eu engoli a seco de frustração, e isso foi como um veneno para as borboletas que morreram imediata e cruelmente de excesso de expectativas. Ainda hesitei em atender, mas como não devia nada para ninguém, resolvi atender o numero que até pouco tempo atrás, correspondia ao nome de “Amor” nos meus contatos.
—Alô?—Respondi friamente, o que realmente não foi muito difícil devido ao meu humor atual.
—Hinata?—Indagou Kiba do outro lado da linha, a sua voz soava confusa, talvez não reconhecendo o meu tom de voz tão distante.
—Sim, sou eu, Kiba.—Respondi antes de comer outra colherada de sorvete e ele, mesmo ao telefone, parecia estar desconfortável ao me ouvir falar o nome dele com tanta casualidade, quase beirando a indiferença.
Em outros dias, eu até poderia me sentir culpada de estar sendo tão rígida, mas eu estava irritada e com um coração quebrado por causa de um garoto e falar com o meu ex que me traiu bonito não vai me deixar melhor, afinal de contas, eu não tenho a obrigação de ser sempre a Hinata gentil que canta com passarinhos todas as manhas, na verdade, Kiba devia dar graças a Deus por eu ter atendido o telefone, a minha gentileza acabava ai. Eu quase perguntaria um mal educado “O que você quer?”, mas o garoto suspirou, parecendo agoniado e disse com uma você dolorida:
—Hinata, eu preciso falar com você...
Agora foi a minha vez de suspirar alto, imaginando ter de agüentar mais desculpas suplicantes e pedidos para voltarmos a namorar e antes que ele começasse essa ladainha toda novamente, eu falei:
—Kiba, por favor, não quero falar sobre...
—Também não quero falar sobre isso.—Interrompeu com um ar triste em sua voz e uma pontada de culpa invadiu o meu ser e parei de comer meu sorvete para ouvi-lo falar.—Na verdade, eu preciso da sua ajuda, Hina...
—Pode me falar, o que aconteceu?—Indaguei já abandonando toda a minha pose de menina malvada, esquecendo Naruto, traições e bebes, só pensando no que Kiba poderia estar sofrendo tanto para me ligar.
—Não dá para falar no telefone...—Respondeu quase me matando de preocupação.— Amanha poderíamos nos falar na escola, na hora da entrada, sei la...
—Sim, sim, podemos. Eu te ajudarei.—Falei com firmeza e ele visivelmente ficou aliviado do outro lado da linha.
—Hina, você realmente é um anjo...—Confessou ele carregando o meu nome de graça como se ele invocasse um santo quando falava.—Eu... eu realmente não esperava que você iria me ajudar, eu fiquei com tanto medo e vergonha de te ligar, mas... antes de ser a minha namorada, você era minha melhor amiga... E eu preciso de sua amizade Hina, você é a única com a qual eu posso contar.
Eu fiquei sem fala e ainda mais preocupada com o garoto e acabei respondendo, lutando para não gaguejar:
—Você continua exagerado...
—E você continua modesta...—Respondeu num tom amável demais para um “amigo”, usando um tom quase nostálgico. Notando o clima no mínimo, constrangedor em que ficamos, ele sentiu que já era de se despedir.— Er... então é isso Hina, obrigado. Nos vemos amanha?
—Sim.—O respondi e o ouvi mais animado do outro lado da linha, nós nos despedimos e eu fiquei ali, me perguntando o que diabos aconteceu nesses últimos dias e depois, antes que eu acabasse por me martirizar por coisas que nem aconteceram ainda, voltei a dar a devida atenção ao meu sorvete.

Naruto Uzumaki:
Era incrível como poucos minutos com aquela pirralha humana, estragaram todo o meu humor. Eu andava irritadiço, zanzando de um lado pelo outro como um idiota, explodia por qualquer coisa besta que acontecia, desde chutar um móvel ou responder com grosseria perguntas comuns de gente que nada tinha a ver com os meus problemas. Até Sakura acabou por me evitar depois que lhe dei uma bela patada por nada e desde então ela me deixa em paz, sem piadinhas ou algo do gênero. Ás vezes sinto vontade de ligar para ela, confesso já peguei o celular e até disquei seu numero, mas na hora de apertar o bendito botãozinho verde na tela para iniciar a ligação, parecia que o meu dedão estava paralisado, não obedecendo aos meus comandos e então percebi que seu ligasse para Hinata de cabeça quente, acabaria por brigarmos novamente, o que realmente não era a minha intenção.
Então, meus pensamentos, como numa espécie de suicídio, adorou fazer com que eu não parasse de pensar nela. Se eu mesmo não pensava, eu acabava por me lembrar em tudo o que eu fazia... Seja com os livros que Sakura adorava deixar espalhados pela casa, ou quando eu ligava o rádio e todas as musicas pareciam combinar com a garota... Aquilo era realmente ruim, parecia que o universo conspirava na direção da Hinata. Logo chegou a hora de irmos para escola e fomos em silencio, e até a porcaria do silencio me lembrava dela, me lembrava de como ela também o apreciava como uma prece e isso já me irritou, céus, como eu gostaria de poder falar com ela, sei lá!
Estacionei o carro e foi então que vi a andando ao lado de Neji, e fiquei ali, como um idiota, a admirando dali, vendo como a morena ficava perfeita usando aquele jeans surrado, o cachecol vermelho e aquela jaqueta larga. Só desci do carro quando Sakura me deu um tapa no ombro, notando a minha distração, me fazendo quebrar o feitiço que a humana colocara em mim, mesmo que inconscientemente. Nós cumprimentamos os primos exterminadores, Neji me cumprimentou com um aceno casual, como sempre, mas quando olhei para a Hyuuga, ela nem me encarou, estava desconfortável, e eu que orava para que ela estivesse brava, tive a dolorosa certeza de que ela estava triste, o que me atingiu como um tiro.

Neji Hyuuga:
Era notável o desconforto entre Hinata e Naruto, já que era como se uma nuvem negra andasse sobre a cabeça dos dois. Confesso que não me agradava a ideia de ver a minha prima daquele jeito, mas também não pude tirar satisfação com o Uzumaki por que ele parecia estar igualmente chateado com o que quer que tenha acontecido entre os dois, então decidi que a Hyuuga deveria ficar sozinha, para resolver seus próprios dilemas. A mesma se afastou de mim, falando que iria atrás da professora de matemática para solucionar suas duvidas do dever de casa, dever em questão que nem existia, mas eu não me importei, sabia que ela precisava de espaço e eu o dei.

Kiba Inuzuka:
Eu me sentia péssimo por estar mentindo para Hinata, eu jamais a merecera e acredito que jamais a merecerei, mas o desespero de viver sem ela era demais, eu me sentia definhar, me sentia como um anjo caído, arrancado de seu paraíso, com as asas em sangue... e me responda qual anjo não venderia a própria alma para voltar aos Céus? Quase ri dessa minha filosofia, afinal de contas, eu sou um demônio falando de anjos, que irônico. Foi então que a vi, a morena caminhava casual e elegantemente em minha direção e naquele momento, foi como se nada mais importasse, foda-se questões de anjos e demônios, tudo o que eu desejava era o paraíso, a paz que eu sentia ao lado dela, era pedir demais querer paz?
—Oi, está tudo bem?—Perguntou a garota e meu coração palpitou ao ver aquele sorriso delicado destinado a mim.
—Oi.—Respondi bobo em tê-la falando comigo novamente, depois de tanta indiferença e desdém que no final, eu realmente merecia.
—Então, sobre o que você queria conversar?—Perguntou a garota, solicita e uma pontada de culpa atingiu o meu coração e usei como minha morfina o que Kabuto havia dito, ela voltaria para mim, isso fazia qualquer coisa valer a pena...
Com a minha lábia de sempre, não foi difícil arrastá-la para onde eu deveria levá-la, mesmo que a desconfiança ainda brilhasse em seus olhos, Hinata era uma dessas pessoas puras demais para ficar julgando as pessoas, mesmo que essa pessoa seja eu, alguém merecedor de tal fardo, e sua ingenuidade me fazia ficar pior. Do lado de fora da escola, Kabuto nos aguardava e ela pareceu ficar mais aliviada ao vê-lo, indo cumprimentá-lo, e o mesmo sorriu para a mesma de uma forma que deixou quase enciumado.
—Obrigada por trazê-la, Inuzuka-kun.

Sakura Haruno:
Eu me sentia estranha, sentia como se eu estivesse sendo observada, mas tudo parecia estar na mais perfeita e irritante ordem cotidiana, como seu eu fosse paranóica. Mas foi então que eu senti energia macabra atingir minhas narinas. Olhei para Naruto ao meu lado e felizmente o loiro entendera o recado, tendo em sua face, um cenho franzido. O sinal tocou, num tom agudo e irritante, ordenando aos alunos, entrarem para as suas aulas. Enquanto nós andávamos pelos corredores, acabamos por trombar por Neji e Sasuke, ambos sentiam a energia macabra também, mas o Hyuuga parecia desesperado, olhando para os lados, procurando Hinata. Ao meu lado, Naruto ficou rígido ao ouvir do moreno, que não sabia onde a garota estava.
—Independente de onde Hinata esteja, é impossível ela não ter sentido essa energia macabra.—Disse por fim, quebrando o silencio, tentando acalmar tanto ao loiro quanto o humano.—Ela deve estar seguindo essa energia macabra, acabaremos por encontrá-la no meio do caminho...
Naruto assentiu, mas ainda permaneceu com uma expressão preocupada na face, enquanto Neji nem se deu ao trabalho de esboçar alguma reação pelo o que eu havia lhe dito, o moreno continuava olhando para os lados, nervoso para continuar a procurar a prima. Seguimos a energia macabra que parecia intoxicar todo o ar, como uma cobra traiçoeira que armava o seu bote. Foi fácil seguir aquela energia macabra e logo, nos vimos do lado de fora da escola, mais exatamente no estacionamento dos professores, um local vazio que ganhava um ar macabro naquela situação. Todos olhavam ao seu redor, atentos a qualquer coisa que pudesse ser ameaçador.
—Ela não está aqui...—Disse o Hyuuga já beirando ao desespero por não encontrar a garota.
E então, quase que delicadamente, flocos singelos de neve começaram a cair, e um grito masculino se fez presente.
—Solta ela!
Ao ouvir aquela voz irada, Neji saiu em correndo na direção de onde viera e nós, sem alternativa, o seguimos e a ideia de bolar algum plano calculista foi por água abaixo. Vimos um Kiba em cólera, que estava quase atacando Kabuto, que por sua vez, segurava o braço de uma Hinata assustada com força, a mantendo perto de si.
—Acalme-se senhor Inuzuka.—Respondeu o albino com um tom de voz quase irônico, o que não combinava com o seu jeito introvertido e tímido de que sempre se mostrava, mas como falei antes, eu nunca confiei nesse garoto.—Tudo faz parte do que te prometi.
—Solte-a, seu bastardo filho da puta!—Urrou o garoto, diferente de antes... O ódio o transformara, agora, sua pele ganhara escamas dignas de um dragão, desenhos vermelhos como sangue se desenharam em suas bochechas, seus caninos se tornaram presas, suas unhas prometiam dilacerar peles, tecidos e órgãos e os chifres em sua cabeça acabara de confirmar o que eu jamais pensei que ele seria.
—O que ele é?—Sussurrou Sasuke, tão surpreso como todos nós.
—Um demônio...—Respondi, sem nem piscar ao ver quando o mesmo avançou contra o garoto, que soltou uma gargalhada e estendeu o braço teatralmente na direção do irado demônio e então fechou a mão em um punho rígido, e nesse exato momento, Kiba tombou para o lado bruscamente, como se tivesse sido atingido por um tiro de espingarda, gemendo no chão como um cachorro ferido.

Sasuke Uchiha:
Kabuto gargalhou diante o sofrimento do Inuzuka e a Hyuuga gritou, desesperada com o ex-namorado, voltando seus punhos pequenos contra o albino, que a sacudiu com força, como se a garota fosse apenas uma criança malcriada e irritante.
—Você não pode atacar seu próprio mestre, demônio...—Disse o albino, sua voz pingava de veneno.
Ao meu lado, Naruto já perdia o controle de suas ações, seus olhos estavam já vermelhos e de si pulsava a energia macabra alaranjada. Só então, devido a um rosnado que escapou do loiro, Kabuto nos viu. A garota, chorosa, nos mandou se afastar, mas aquilo apenas fez com que a nossa vontade de destruir a raça daquele garoto, aumentasse.
—Ele suga chackra, cuidado!—Berrou ela, e isso explicava muito bem o por que dela não ter dado um jeito de escapar dele, mas a sua fala dela foi interrompida pelo garoto, que segurou seu rosto dizendo quase que delicadamente: —Você está falando demais, minha querida, assim acaba com a graça toda...
Nesse momento, o albino lambeu a bochecha da humana, com uma língua bifurcada e um tanto nojenta para falar a verdade. Ele fechou os olhos, como se o gosto de Hinata o desse um prazer inexplicável, aumentando a ira do Uzumaki. Quando ele abriu os olhos, eles estavam dourados como os de uma cobra.
—Você é mesmo especial...—Sussurrou o garoto ao pé do ouvido da morena.— É muito complicado acharmos uma alma pura hoje em dia...
Com um urro colérico e animalesco, o loiro avançou contra o albino, mas antes que ele pudesse se aproximar, a neve que antes caia suavemente, sem se dar conta da tensão ao seu redor, tornaram-se adagas longas e fatais de gelo. Estávamos em uma espécie de campo minado, os flocos apontavam suas extremidades afiadas para nós, nos avisando que qualquer movimento brusco custaria caro.
—Finalmente.—Reclamou Kabuto, olhando para a figura que se aproximava lenta e majestosamente.—Achei que teria de fazer tudo sozinho!
Tenten pouco se importou com os comentários do albino, parecia estar em outra dimensão. A reação de Neji ao vê-la foi quase imediata, ele tornou-se rígido e não parava de olhá-la, como se não acreditasse que ela estivesse ali, fazendo aquilo. A garota usava o mesmo kimono de neve, que parecia mistura-se com o tapete branco aos seus pés, e seu rosto inexpressivo, olhando apenas para o chão a dava um ar quase santificado, como se fosse uma santa triste representada por um pintor renascentista. Kiba estava sentado no chão, ainda se recuperando da estranha dor que o acometera, o garoto olhava perdido para os lados, sem saber ao certo o que fazer. Nessa hora então, Hinata esperneou novamente, chegando a acertar um potente soco na face de Kabuto, que a olhou com notável ódio quando falou entre dentes:
—Sabe o que as cobras fazem, Hinata? Elas quebram os ossos de suas presas...
Dizendo isso, o albino aplicou uma força sobre-humana no pulso feminino da Hyuuga, e antes do choro, ouviu-se um barulho oco e assustador de um pulso quebrado. A nossa frustração era grande, mas não havia muito o que podíamos fazer além de fuzilar o albino com o olhar e assistir aquela cena. Afundando a mão livre em um dos bolsos de sua jaqueta, a garoto tirou uma adaga brilhante, sedenta por sangue.
—Apenas sangue de um coração puro pode trazê-lo de volta.—Disse o albino, afundando a lâmina na mão garota, a fazendo dolorosamente atravessar a mão dela.

Hinata Hyuuga:
Eu não contive um gemido de dor quando a lâmina me feriu, sabia que o meu sofrimento fazia com que meus amigos se sentissem pior, eu conseguia enxergar isso em seus olhos, nos olhos de Naruto... E ao mesmo tempo, minha demonstração de dor deixava Kabuto cada vez mais á vontade, o incentivando a continuar e foi isso que ele fez. Com a lâmina dentro de minha mão, o albino a moveu, a rasgando quase até o meu pulso, fazendo com que o meu sangue profanasse a neve no chão, mais vermelho do que nunca.
—Já já acabaremos com isso, Hinata... Só precisarei com todo sangue de seu corpo...—Murmurou maldosamente o garoto, olhando para Kiba, que estava desolado.
—Não era isso o que eu queria!—Gritou o atleta, sua voz era de cortar o coração.
Em resposta, o youkai o olhou com desprezo e disse se divertindo como se fosse contar uma piada:
—A farei voltar para você, quando terminar aqui, te darei o coração dela.
Kabuto fechou os seus olhos e se concentrou enquanto afundava a lâmina em minha outra mão, seus lábios se moviam em uma velocidade impressionante, jogando palavras ao vento gélido, sem se importar com os meus gemidos dolorosos. Por estar tão perto dele, sentia o poder daquelas palavras e me surpreendi ao ver que aquelas palavras, só de serem pronunciadas, carregavam energia macabra em si. De súbito, minhas feridas começaram a arder como se alguém tacasse fogo em mim, cada gota que pingava era mais dor que eu sentia. As poças de sangue que se formaram na neve começaram inexplicavelmente a borbulhar, a derreter a neve como se fosse lava.
Logo já havia uma mediana cratera que dava de encontro a um bloco de gelo, semelhante a um caixão, já que havia alguém dentro, mesmo que eu não identificasse quem era. Kabuto afundou o seu polegar em uma das minhas feridas e uma lágrima rolou dolorosamente por meu rosto, sendo seguida por outras e então desenhou um símbolo desconhecido na superfície estranhamente lisa do bloco de gelo e então, como meu sangue fizera na neve, o caixão de gelo começou a derreter, revelando quem estava ali adormecido.
Era um homem por volta de seus trinta-quarenta anos, de longos cabelos negros e que mesmo adormecido, emanava uma aura obscura que me fez sentir vontade de vomitar.
—Esse é Orochimaru, o lorde das trevas!— Apresentou o albino, como quem apresentava um talk show, com um sorriso sádico que ia de orelha a orelha.
Ouvir aquele nome maldito chocou a todos...
—Não pode ser...—Murmurei, aterrorizada, e o youkai agarrou-me pelos cabelos, me arrastando até a beirada da cratera, onde tive de me segurar para não vomitar por causa da energia macabra emanada.
—Agora o grand-finale...—Sussurrou ele colocando a lâmina em meu pescoço, e então, fechei os meus olhos, me entregando sem lutar, sem resistência, afinal de contas não havia nada a ser feito... ou pelo menos era isso o que eu pensava.
Eu senti a lâmina deslizar em meu pescoço, o rasgando superficialmente, mas fazendo que o sangue germinasse. Eu já estava conformada com o meu fim, quase conseguia ouvir a voz de minha falecida mãe cantar para me guiar até ela, mas foi então que eu ouvi um grito e surpresa, senti a mão que segurava a lâmina contra mim, sumir.
Eu me sentia zonza, me sentia dentro de um sonho sem sentido e então, tudo o que aconteceu ao meu redor foi difícil de entender.

Naruto Uzumaki:
Vimos, perplexos e impotentes, um Kiba irado avançando sobre o youkai, usando suas garras mortais para dilacerar o abdômen do garoto com uma violência e brutalidade dignas de filmes de Quentin Tarantino.
—Subordinado ingrato!— Urrou Kabuto, usando do poder do contrato para torturar o demônio que apesar da dor, continuou a atacar o albino.
De súbito, todas as lâminas de gelo caíram ao chão, Tenten ajudava Orochimaru a se levantar de sua cova. Ele parecia velho, frágil e debilitado, sem prestar atenção ao seu redor, na verdade nem parecia o youkai proibido, aquele que povoava as lendas e o medo de todos o youkais através das eras e eras.
Corri para alcançar Hinata, que sangrava e estava tão pálida quanto a neve, a pegando em meu colo. Orochimaru levantou a cabeça lentamente, se dando conta do inferno ao seu redor pela primeira vez.
—Kabuto.—Disse o homem, a sua voz ecoando por todo aquele caos, silenciando tudo e todos, como se até o vento soubesse o legado demoníaco daquele ser.
O albino levantou-se e como uma verdadeira cobra, mordeu a jugular de Kiba, o fazendo parar de lutar na hora por conta do veneno e na rapidez de um piscar de olhos, eles desapareceram sem deixar nenhum rastro para trás alem de dor, sangue e morte. Ouvi Sakura gritar o meu nome e eu corri até a rosada, que estava sentada o lado do moribundo Kiba. Em suas mãos, uma luz esverdeada se fazia presente e começara a curar o Inuzuka, mas o mesmo logo começou a protestar, logo quando viu Hinata em meus braços.
—Cure-a.— Sussurrou estendendo o braço para tocar a face da morena adormecida.
—A sua morte será certa assim!—Retrucou a Haruno, hesitante e o rapaz sorriu quase que de um jeito zombeteiro, mostrando os dentes sujos de seus próprio sangue, como se a ideia da morte não o assustasse.
—A morte é o destino de quem cava a própria cova.—Respondeu e afastou as mãos curadoras da vampira de si.—Ela precisa mais do que eu, ela merece viver mais do que eu.
Mesmo hesitante e desconfortável por deixar uma vida se esvair bem na sua frente, Sakura voltou o seu dom de cura para a Hyuuga. O demônio ficou ali, observando sua amada como quem via anjo, de um modo terno e carinhoso, se sentindo em êxtase em vê-la se salvando. Sentindo a sua vida se esvair de seu corpo, ele acariciou todos os traços da garota, como se ela fosse sua obra de arte favorita, talvez em uma esperança de se lembrar de cada de talhe dela aonde quer que ele fosse depois da morte. Depois desse ritual apaixonado, o garoto me olhou com gravidade, depositando para mim o seu ultimo desejo.
—Eu percebi como você a olha...—Sussurrou, fazendo um grande esforço para fazê-lo.— É do mesmo jeito que eu a olho... Cuide dela para mim, prometa.
—Prometo.—Disse assentindo e naquele momento, qualquer rivalidade e ressentimento entre nós dois desaparecera, ali, nós éramos dois homens, dois homens que se respeitavam.
—Eu, que a queria tanto, quase a matei...—Comentou, fechando os olhos em profundo arrependimento.—Ele me prometeu que a faria se apaixonar novamente por mim, como antes, mas nunca imaginaria nisso... Ela... trás uma paz né?—Murmurou sorrindo e eu sorri para ele também,entendo como ele se sentia, e um suspiro depois Kiba já havia morrido, descansando na paz eterna, que ouso dizer, ainda não é melhor do que a campainha ao lado dessa humana desastrada.
A neve pareceu mais gelada naquele momento, todos nós ficamos olhando em luto, o corpo do demônio que se desfazia em cinzas como acontece com todos os youkais. Olhei para os meus braços e lá estava o legado de Kiba, o seu ultimo desejo que fora entregue cuidadosamente para mim, não como um fardo e sim como presente frágil. Eu sentia vontade de desabar, de chorar como uma criança assustada, por que eu estava assustado, assustado por que imaginei que iria perdê-la para sempre e agora senti-la quente novamente em meus braços, eu sentia paz... A mesma paz que o Inuzuka tanto falava, tanto almejava. Esqueci qualquer ciúme, esqueci as pessoas ao meu redor e a abracei com força, me embriagando em seu cheiro doce, tentando esquecer o cheiro do seu sangue metálico que irritava o meu nariz, e me deixei ali, viciado naquela paz...

Neji Hyuuga:
Era doloroso vê-la ali, era difícil ver Hinata deitada em sua cama ainda usando bandagem em suas feridas. Sakura havia dito que a morena ficaria boa em algumas horas, logo acordaria, mas eu ainda estava com o coração apertado, todos nós na verdade. O susto foi grande, ver minha prima á mercê da morte num ritual louco daquele... passei a mão no rosto, tentando dissipar aquelas imagens horríveis de minha cabeça. A casa estava silenciosa, num silencio quase espectral e então, numa tentativa de amenizar aquele sentimento, me levantei da beirada da cama em que eu estava sentado e liguei o radio mediano dela e deixei tocar as musicas que ela gostava... Percebi que a musica era clássica ou bem semelhante, vinda de seu filme favorito “O Fantasma da Ópera”, um filme que ela já vira tanto e que eu já até pegara ódio, mas agora a voz suave da Emmy Rossum era um agrado aos meus ouvidos com comparação ao silencio de antes.
Voltei a me sentar na beirada da cama, com o mesmo cuidado de antes, temendo que qualquer deslize meu a fizesse piorar, mesmo confiando na magia da rosada. Me inclinei e toquei sua testa,ajeitando sua franja, acariciando a sua bochecha logo depois. Lembrei de quando Tenten apareceu, lembrei de como ela nos atacara, como ela parecia indiferente diante da dor de Hinata, diante de mim... Passei a mão pelo meu rosto novamente, confuso, magoado e preocupado, estava tentando entender o por que eu acabei me apaixonando por uma mulher tão complicada, diferente e perigosa como aquela. Olhei para a janela, observando o tapete branco da neve se estender até o horizonte, lembrando-me de quando ela sorria para mim, quando conversava comigo, quando usava aquelas roupas estranhas e curtas... agora, usando aquele quimono casto, ela parecia mais distante e desconhecida do que nunca...
Desci para a cozinha, a procura de algo para combater a dor de cabeça que começara a me dar de tanto pensar naquela youkai e na minha prima. Abri inúmeras gavetas no cômodo, mas não conseguia decifrar aqueles nomes compridos e complicados de inúmeros frascos e comprimidos e então, resolvi abrir minha geladeira e pegar meu uísque favorito, esse sim me fazia sentir melhor, era o que eu tinha pra hoje... Enquanto eu bebia, estava distraído, e nem notei que eu não estava sozinho quando uma voz feminina falou:
—Não exagere na bebida, primo.
Na hora eu me engasguei quase que comicamente e a garota riu da minha situação.
—Vai dizer que não me notou chegar?—Gracejou e eu respondi, já recuperado do susto.
—O seu chackra ainda está muito fraco para ser sentido. Você não deveria nem estar de pé.—Respondi sério, a repreendendo.
Ela sorriu para mim como se fizesse piada de minha fala, como se aquilo não tivesse sido perigoso como fora. A olhei cuidadosamente, examinando-a, mas Hinata estava firme, não estava oscilando para um lado ou para o outro, continuava pálida pela perda de sangue, mas seus olhos brilhavam mais vividos do que nunca, como se aquela experiência de quase morte lhe desse mais animo, mais força para viver e batalhar para isso. Como uma fênix, eu sentia orgulho de perceber que a cada adversidade, a cada pequena morte interna, a morena renascia cada vez mais forte.

Sakura Haruno:
Me joguei na cama, agradecendo mentalmente pelos pijamas desse século serem tão confortáveis. Eu estava exausta, jamais usara a minha magia durante tanto tempo e em um humano tão comprometido, sob tamanha pressão, mas agora Hinata estava fora de perigo e eu podia suspirar tranqüila, ou quase, ainda me lembrava de Kiba, de como ele morrera, em como eu não pude fazer nada por ele. Eu sabia que eu não pude fazer nada, que aquilo independia de mim, e soube com um certo alivio, que ele escolheu a morte, escolheu morrer para doar a vida à outra pessoa, uma decisão nobre, muito nobre para um demônio, seres desprezíveis alias. Lembrei com ódio de quem causara tudo aquilo... Kabuto, e prometi a mim mesma que o caçaria e o mataria cruelmente em nome de todos que sofrera em suas garras. Massageei minhas têmporas, me lembrando de outro problema, um problema que comparado ao albino, o tornava tão insignificante quanto um grão de areia na praia.
Orochimaru... Uma lenda, uma lenda cruel e avassaladora... um deus de tão poderoso e um demônio pela maldade. E agora, estava de volta a vida e isso ainda nos causará muitos problemas


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Notas finais do capítulo

E aí? ;-) mereço reviews ;-D? Recomendações :3? Ou Tomates T.T? Quero saber o que vcs acharam...
:*