“E bem, eu mereço sofrer desse veneno, esse é o gosto do ciúme...”

Kiba Inuzuka:
Já estava tarde, escuro e frio, mas apesar de todas essas referencias sedutoras para estar na minha casa quentinha e acolhedora, eu estava ali, parado na frente da escola que no meio da noite, ganhava um aspecto quase mal-assombrado, mas eu não tinha medo daquilo, jamais teria medo de coisas ridículas assim. Tentei aquecer as minhas mãos esfregando uma nas outras, sem muito sucesso. Impaciente, eu olhei a tela do meu celular e notei que ele estava dez minutos atrasado de acordo com o combinado. Me sinto um idiota e encostei a minha cabeça no volante, frustrado, tentando decidir se eu ia embora ou se eu ficava mais um pouco. Devem ter se passado cerca de dez minutos e quando eu levantei a cabeça, convicto de ir embora e nunca mais dar atenção á sms idiotas e anônimos, me surpreendi ao ver alguém batendo no vidro do carro de modo tão cortes que eu parecia estar dentro de casa.
Abaixei o vidro, vendo o garoto que usava uma jaqueta com capuz que cobria boa parte de seu rosto.
—Fico feliz que você tenha aceitado o meu convite, Sr. Inuzuka.—Disse o garoto, sorrindo como se tivesse o melhor bom humor do mundo, desses que dá vontade de socar.
—Está atrasado.—Resmunguei, irritado e em resposta o desconhecido riu de modo causal, como se fossemos amigos a longa data.
—Me desculpe por minha falta de pontualidade, eu apenas queria saber se você realmente está interessado na proposta.—Disse passando a língua pelos lábios.
—Que proposta?—Perguntei e ele sorriu ainda mais antes de se encolher em seus ombros, como se estivesse com frio, antes de dizer quase teatralmente:
—Sabe, é um pouco rude de sua parte me deixar aqui morrendo de frio, sabia? Fica difícil pensar desse jeito...
Revirei os olhos, já perdendo a paciência com aquele cara folgado, mas mesmo assim, abri a porta do carro para que ele pudesse entrar.
—Vai desembucha.—Disparei quando ele sentou e fechou a porta do carro.
—Primeiro, vamos nos apresentar.—Disse tirando as luvas como um verdadeiro lord inglês.—É realmente odioso tratar de negócios tão importantes de maneira tão impessoal, sem nem ao menos saber com quem se conversa...
—Você já me conhece pelo visto...—Murmurei e ele pareceu não ouvir, ou pelo menos foi o que pensei, já que ele retrucou:
—E você também me conhece...—Logo, o garoto tirou o capuz, revelando a sua identidade. Fiquei perplexo ao saber que Kabuto, o garoto mais nerd e introspectivo da escola era o mesmo cara folgado e cheio de lábia.
—Isso só pode ser uma pegadinha!—Rosnei e o garoto se virou para mim, confuso enquanto arrumava os seus óculos.
—Como assim, Sr...
—Saia do meu carro, nerdizinho idiota!—Gritei, interrompendo o albino.
—E os nossos negócios?—Perguntou ele, parecendo uma criança ingênua, tentando me fazer cair em sua lábia novamente.
—Foda-se!—Berrei o segurando pelo colarinho da jaqueta e ele retrucou calmamente:
—Assim nunca conseguirá a Hinata de volta.
O soltei lentamente, o silêncio reinou e entendendo que eu queria ouvir o que ele tinha a dizer, Kabuto começou a falar:
—Eu não mandei aquela mensagem para você á toa, tenho mais o que fazer do que brincar com sentimentos alheios e corações quebrados.—Disse o albino em um tom de quem estava ofendido com as minhas palavras.—Mandei aquilo com sinceridade, posso trazê-la de volta para você.
—Como?—Indaguei, já mais calmo e interessado nas palavras daquele sério rapaz.
—Sou daqueles que compartilham da ideia de que os fins justificam os meios.—Respondeu dando de ombros.—Acho que o que importa são os resultados, mas eu também precisarei da sua ajuda.
—Estava bom demais para ser verdade...—Resmunguei revirando os olhos, mas o outro não pareceu se importar.
—Preciso que você me obedeça, por um tempo só...
—Escute aqui, se você acha que eu irei obedecer a um ner...
—Achei que queria resultados.—Decretou Kabuto, sua voz era cortante como uma navalha, o que me deixou sem argumentos para retrucar.—Quem bom que nós estamos nos dando super bem...—Gracejou dando o mesmo sorriso de antes, e tive que me segurar para não socá-lo.
—Ok...—Rosnei enquanto massageava as minhas têmporas, tentando me manter calmo.—O que você quer que eu faça? Que eu faça seu dever de casa? Te arranje uma namorada?...—Zombei e sorriso do garoto sumiu e antes que eu percebesse, a sua mão já estava em minha garganta, as unhas arranhando a minha pele.
A sua face estava bem próxima da minha, tão próxima que eu conseguia ver a mudança nele. A pele de seu rosto ganhara escamas, seus olhos se tornaram dourados e vi sua língua bifurcada quando ele riu de meu espanto, e juro que era como se eu tivesse encarando uma cobra.
—Mas como?—Balbuciei quando busquei ar o suficiente para fazê-lo.
—Eu sou uma cobra, consigo ser bem discreto com a minha energia macabra, assim como você...—Sussurrou Kabuto fazendo um gracejo com a letra “s” das palavras.
—O que você quer?—Perguntei depois que ele me soltou.
—Um pacto com um demônio.—Respondeu o albino.—Você me seria bem útil, demônio...
—Não me chame assim!—Exclamei, irritado e ele me olhou com desdém, como se eu estivesse tentando argumentar que o Papai Noel existe de verdade.
—Não negue a sua natureza!—Retrucou enquanto perfurava a palma da mão com as suas longas unhas, fazendo logo brotar sangue da ferida.
Não me agradava a ideia de fazer um pacto com um lunático, mas como um descendente de demônio que sou, preciso constantemente de mestres para me fazerem forte e saudável, mas hesitei e ele percebeu.
—Para que você precisa de um demônio?—Perguntei.
—Preciso de você para encontra uma pessoa...
—Não sei se serei útil.—Decretei de má vontade e Kabuto respondeu:
—Sim, você será... Mas veja pelo lado bom, eu sei como fazer Hinata nunca mais sair do seus braços...—Disse me estendendo o braço como quem oferece uma taça de vinho e pensando apenas em Hinata, eu aceitei o pacto e bebi do sangue de Kabuto, em saber que o verdadeiro demônio era ele.