“A ira era crescente dentro de mim, pulsando em minhas veias, e o meu ódio era centralizado em apenas duas criaturas que me davam nojo só de pensar neles dois.”

Hinata Hyuuga:

Eu olhava a paisagem através da janela e percebi que as arvores, as casas e o céu se misturavam em um borrão monocromático devido a alta velocidade em que estávamos.

Me ajeitei no banco e olhei para o velocímetro. O número era alto e me assustei um pouco, conferindo a firmeza do meu cinto de segurança.

Não é que eu não confie em Naruto no volante, mas não estou acostumada a “voar” no asfalto.

Ao meu lado, Neji estava em silencio, mas parecia ter os pensamentos de acordo com o meu por que a cada curva ou semáforo, o moreno afundava os pés, numa tentativa inútil de frear o carro, como se estivesse no volante.

O silencio estava me incomodando, ainda mais por que eu estava com a ligeira impressão de que a qualquer momento, o Hyuuga iria matar o loiro, ou pelo menos tentar...

—Eu não sabia que você tinha um carro.—Comentei, tentando puxar assunto e quebrar esse silencio pesado e irritante.

Felizmente o Uzumaki também estava querendo conversar e obviamente não perdeu a oportunidade de fazê-lo.

O youkai sorriu e me olhou pelo retrovisor enquanto respondia, divertido:

—Eu não tenho carro. Peguei esse emprestado.

Eu arregalei meus olhos em surpresa, o que fez com que ele risse como se tivesse contado uma piada, mas todos nós sabemos que não é mentira.

Meu primo pareceu tão surpreso do que eu, mas depois a sua surpresa foi substituída pela irritação.

Ele revirou os olhos, como se fosse um velho, reprovando a atitude do outro.

—Naruto, isso é errado!—Disse e ele fez uma careta manhosa e respondeu:

—Bah, eu vou devolver, não se preocupe.

Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, o carro parou e por alguns instantes eu pensei que o mesmo tivesse dado algum problema, mas a fala do motorista me poupou de soltar alguma gafe.

—Chegamos!—Exclamou Naruto, abrindo a porta do carro, saindo logo em seguida.

Eu e Neji nos entreolhamos e depois saímos do carro. O vento gélido me deu boas vindas antes que eu pudesse ao menos olhar aonde eu estava.

Era um galpão abandonado, uma estrutura de ferro gigantesca que um dia fora uma empresa de maquinas de escrever.

—Vamos?— Chamou o loiro, sorrindo como uma criança, animado para algo.

Eu o segui, andando contra o vento gélido, tendo os meus olhos fixos nas costas largas do Uzumaki, sentindo a desaprovação latente do meu primo sob minha nuca.

Incrivelmente, o youkai não teve dificuldade em abrir as grossas portas de ferro. Lá dentro estava tudo como imaginei, frio e abandonado e eu me perguntava o que estávamos fazendo ali afinal.

—Er... Naruto, o que estamos fazendo aqui?—Perguntei e Naruto não respondeu, me ignorando enquanto enfiava a mão no bolso da jaqueta de couro, vendo o celular por alguns segundos.

—Bem, a Sakura não vai poder vir para cá...—Disse o loiro guardando o celular novamente.—Vocês devem estar se perguntando no por que eu trouxe vocês dois aqui... Digamos que Konoha está ficando mais agitada...

—Achei que fosse impressão minha...—Murmurei, vendo que a fala do Uzumaki correspondia com a minha síndrome de perseguição que surgiu nesses dias.

—Como assim?—Indagou Neji, cruzando os braços, impaciente.

—Konoha está cheia de monstros. Esse lugar tem uma barreira, vocês estão seguros. Mas não trouxe vocês aqui só por isso, estou curioso sobre as capacidades de você... Vamos treinar.

Naruto Uzumaki:

Neji sorriu enquanto eu tirava a minha jaqueta, estralando os dedos. Hinata parecia assustada, seu olhar se intercalando entre mim e o moreno, até um pouco confusa ouso dizer.

—Não acho que isso seja uma boa ideia.—Murmurou a morena, se colocando na frente no primo.

O Hyuuga riu balançou a cabeça, como se a fala da Hyuuga fosse extremamente engraçada e infantil.

—Vai ficar tudo bem, pelo menos comigo.—Respondeu o garoto, entregando seu casaco para a garota e dando um passo a frente, com arrogância e prepotência.—Finalmente eu vou poder te dar uns socos...

—Pode pegar pesado se quiser, mas eu vou ser bonzinho, não quero te matar.—Retruquei, sorrindo de lado, só para irritar o humano e deu certo, já que ele estreitou seu olhar sobre mim.

Sem nenhum aviso prévio, Neji avançou contra mim, com o punho furioso na minha direção.

Desviei facilmente, e o soco do moreno se enterrou na pilastra atrás de mim. Eu sorri e disse:

—Cuidado aí, garotão, ou vai acabar se machucando...

O homem estreitou seu olhar sobre mim e retrucou enquanto sacudia a punho, se livrando da poeira e dos fragmentos da pilastra em que batera:

—O único que vai sair ferido daqui é você