Interligados escrita por Luangel


Capítulo 27
Atrás das esferas do dragão


Notas iniciais do capítulo

Oiê!^^ Tudo bem com vocês meu amados leitores? ^-^ Bem, eu consegui vir a tempo e c um cap grande! o/



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“Eu olhei para a morena ali deitada e senti o alivio invadir o meu corpo enquanto vi o rosto angelical da Hyuuga voltar a ter cor. Acariciei a mão ainda gelada da menina enquanto Sakura “seduzia” a doce enfermeira Shizune para que ela não falasse nada para ninguém sobre uma garota que havia ido a enfermaria da escola hoje antes da aula. Não havia sido nada de muito grave, a queda só abriu um ferimento na cabeça da garota que após sete pontos juntamente com os poderes de cura da Haruno, já estava bem melhor. Lentamente, as pálpebras dela tremeram com graça e feminilidade e eu não contive o meu sorriso ao ver aquelas orbes claras como a água se focando em mim.”

Hinata Hyuuga:

            A luminosidade súbita machucou meus olhos, e por puro reflexo, fechei os meus olhos novamente. Na segunda vez que os abri, me deparei com um par de orbes azuis, tão claras e puras quanto o céu azul. Seus carnudos lábios se repuxaram em um belo e largo sorriso que pareceu me cegar com tanta luz. Eu corei e desviei o olhar, mesmo que com um sorriso bobo nos lábios.

            —Está tudo bem?— Indagou Naruto, acariciando a minha mão com seu polegar.

Por alguns segundos, eu o olhei, confusa, não entendendo o porque daquela pergunta, e foi então que eu me lembrei.

            As imagens apareceram em minha mente com uma velocidade espantosa, desde a expressão furiosa de Neji até a sensação do ar rarefeito em meus pulmões. Já agitada, olhei para a sala onde me encontrava. As paredes eram opacamente brancas, com alguns cartazes ridículos e infantis como “Lave sua mão com água e sabão, para você não ficar gripadão!”. Reconheci que estava na enfermaria da escola, me sentei rapidamente, fazendo com que o loiro me olhasse com receio, mas sem dizer nada. No canto oposto da sala estava Sakura e Sasuke, que conversavam baixinho.

A rosada estava apoiada numa maca, enquanto o moreno acendia e apagava um isqueiro casualmente, com os pensamentos longe dali. Felizmente ou infelizmente, não vi Neji ali e agitada, eu arranquei a agulha de soro em minha veia, assustando Naruto, mas eu saí da maca, tentando me manter de pé, meu corpo tremendo com o frio que percorreu o meu corpo por causa do contato dos meus pés quentes contra o chão frio. Mas antes que eu pudesse sar algum passo, ou pelo menos tentar me sustentar de pé, o Uzumaki segurou o meu braço, me impedindo de prosseguir.

            —Neji... Eu tenho que achar o meu primo.— Sussurrei e Sakura e Sasuke me olharam, notando a minha presença.

            —Sinto muito, mas ele não está aqui.—Disse Sakura, seus olhos mostravam algo similar a cumplicidade e compaixão.

            —Eu vou atrás dele, não tem problema.—Disse me soltando do youkai que me olhava com repreensão.

            —Hinata...—Disse Sasuke guardando o isqueiro no bolso da jaqueta de couro.

            Eu balancei a cabeça, já chegando a ficar impaciente e irritada com eles.

            —Vocês não entendem...—Falei passando a mãos por meus cabelos visivelmente desalinhados.—Neji é a única família que eu tenho, eu simplesmente não posso deixar que tudo termine assim, tudo tão caótico. Eu só quero conversar com ele, ele me deve explicações também sobre aquela menina estranha.

A rosada levantou uma das sobrancelhas e apoiou a uma das mãos debaixo do queixo, como se considerasse a idéia e por fim soltou um sorrisinho leve e até um pouco sapeca.

            —Sakura, nem pense nisso!—Rugiu Naruto e a Haruno respondeu, olhando diretamente para mim.

            —Acho melhor Hinata ir ver o primo dela, afinal de contas, Neji estava com a youki-onna, informações são necessárias.Essa conversa será boa para nós também.

Naruto Uzumaki:

            Ao meu lado, a pequena Hinata sorriu abertamente para Sakura, como se estivesse agradecida e em resposta, a rosada piscou para a morena, como se fossem melhores amigas desde a infância. Olhei para Sasuke, suplicando por alguma ajuda, mas o moreno deu de ombros, como se dissesse que discutir com as duas era inútil. Revirei os olhos e por alguns instantes, eu desejei que as duas mulheres voltassem a serem inimigas, só por agora.

            —Não se preocupe, eu vou esperá-lo em casa, uma hora ele vai estar lá, é o único lugar que tem para ir.—Disse a morena, com um sorriso um pouco melancólico nos lábios.

            —Eu vou com você então.—Falei entre dentes, mas foi então que Hinata olhou para mim e disse:

            —De jeito nenhum! Meu primo já deve ter implantado armadilhas a quilômetros de nossa casa, eu vou sozinha!—Insistiu a morena e eu abri a boca para rebater, mas nenhuma palavra saiu por entre os meus lábios, eu simplesmente não encontrava argumentos para rebater ou para obrigá-la a ficar.

            —E se a yuki-onna voltar e te atacar?—Murmurei, usando isso como uma ultima carta na manga.

            A Hyuuga colocou o cabelo por trás do ombro com uma suave, porém decidida jogada de cabeça. A garota arqueou uma das sobrancelhas e disse num tom orgulhoso e cheio de pompa. 

            —Não se preocupe Naruto, eu sei me cuidar.

Não pude deixar de bufar e cruzar meus braços na frente do peito, irritado com a vaidade da garota a minha frente. E foi então que, movido a preocupação com uma dose de arrogância eu soltei a ácida frase:

            —Ah certo, assim como você se cuidou agora a pouco?

As pequeninas mãos dela se fecharam em inofensivos, porém raivosos punhos e eu engoli a seco enquanto ela me fuzilava com o olhar, para logo depois sair a passos pesados e apressados da enfermaria do hospital. Um leve silencio se estendeu no ar e só foi quebrado por Sakura que estalou a língua repetidas vezes, em sinal de negação para mim.

            —Naruto, idiota...—Murmurou a rosada, me encarando com desaprovação.

Neji Hyuuga:

            Sai da loja de conveniência com um engradado de cerveja, e sentado ali mesmo na calçada, tomei tudo, sem me importar com o vento gélido que soprava ou com a neve úmida em que estava sentado. O álcool ali contido me manteve aquecido, fez minha raiva passar, assim como o peso que eu parecia carregar sobre meus ombros. Meu corpo estava mole e talvez eu nem conseguisse mais distinguir as coisas que eu via depois da quinta latinha de cerveja, mas eu não importei, que mau iria fazer ser irresponsável uma vez na vida? Depois de terminar o engradado, eu já gargalhava com tudo o que via, e conversava com o nada, além de rolar na neve e tentar fazer bonecos de neve.

Aquela alegria era viciante e eu não via outra alternativa a não ser abraçá-la. Eu me sentia como uma criança e não queria abandonar aquela sensação boa de que não precisa ter preocupações ou lamentações, nem Hinata, nem TenTen. Mas eu não era uma criança, e sim um bêbado, um bêbado muito, mas muito chapado e essa dura realidade me veio a mente quando estava “dirigindo perfeitamente” pelas ruas de Konoha, sem ter um destino certo, cantando “afinadamente” uma das aberturas mais conhecidas de DragonBall tão alto que até quem estivesse do outro lado da cidade poderia contemplar meu belo e sonoro canto.

            Minha alegria foi logo terminada quando escutei o som irritante de uma sirene policial, que obviamente me mandou encostar o carro e mesmo que a contragosto, foi o que eu fiz. O policial desceu do carro e veio até mim, eu até poderia descrever como ele se parecia, o olhar de mau e tal, mas eu estava vendo tudo dobrado e embaçado, então acredito que minha descrição sairá tão perfeita quando uma descrição de um quadro de um artista cubista. Ele me perguntou alguma coisa, e acho que deveria ter sido algo em relação onde eu ia ou porque a pressa, ou algo do gênero, mas eu mesmo assim respondi:

            —Eu... Eu... Estou atrás das esferas do dragão.—A minha frase saiu toda embolada, então era capaz de que o oficial não tenha nem entendido o que eu havia dito, mas fez uma careta ao sentir o cheiro nada agradável do meu hálito alcoólico.

            —Pelo visto o senhor está bêbado.—Disse o homem da lei, sua voz soando rígida e inflexível.

            Eu balancei minha cabeça freneticamente de um lado para o outro, ficando tonto o soltando uma sonora gargalhada, irritando ainda mais o policial.

            —O que te faz pensar que eu estou bêbado?—Perguntei, apontando para o rosto do oficial.—Eu só estou feliz!—Gritei abrindo os meus braços.—O senhor não é feliz, Sr. Guarda?Mulheres só servem para confundir a nossa cabeça, eu não preciso de “muié” nenhuma, por isso eu estou feliz!

O oficial me olhou como se eu fosse um idiota e apontou para o chão da caminhonete, onde havia várias latinhas de cerveja amassadas e espalhadas pelo chão, como provas da minha bebedeira desenfreada.  

            Meu sorriso murchou, e eu sussurrei um palavrão quando o homem da lei pigarreou, chamando a minha atenção para si, como se quisesse ouvir o que eu iria dizer agora em minha defesa. Eu fiquei sério e disse lentamente, tentando fazer com que minha língua soltasse algumas palavras com algum sentido:

            —Eu jurava que era água.

O policial arqueou uma das sobrancelhas e disse, visivelmente descrente:

            —Isso é sério?

            Eu assenti com a cabeça, me mantendo sério, fazendo com que meu curso de teatro que fazia quando era criança, valesse a pena.

            —Pelo visto, o senhor anda com muita sede, venha comigo, na delegacia tem muita água para você tomar. A noite toda, se preciso for.

Sakura Haruno:

            A noite estava agradável, uma leve chuva caía levemente, gotas sutis que beijavam o solo, ainda coberto por uma camada mediana de neve. Eu saboreava uma deliciosa taça de rubro sangue ao som das harmoniosas e sonoras composições de Tchaikovsky, aquele era praticamente, o meu paraíso. Mas a minha paz se contrastava com a áurea negra que parecia pulsar ao redor do Naruto, que estava sentado de modo desleixado no lado oposto ao meu, como se quisesse manter distancia de mim. O loiro brincava com a comida, e sua carranca mostrava que seus pensamentos estavam longe dali.

           —Pelo amor de Deus, Naruto, desfaça essa carranca, essa sua cara está quase azedando o meu sangue!—Exclamei, provocando o Uzumaki, esperando que o youkai mostrasse a língua ou que bolasse algum apelido ridículo para me irritar, mas não, o garoto não estava com paciência para brincadeira.

            Ele levantou a cabeça, me fuzilando com o olhar, seu maxilar ficou rígido, ele estava irritado, muito irritado, mas mesmo assim, eu resolvi ir um pouco mais além, sem esperar a explosão que viria a seguir:

            —Duvido que a tia Kushina te deu essa educação, Naruto.

Eu vi os olhos do loiro se tingir de escarlate e com um ódio quase palpável, o Uzumaki entortou o talher que segurava, produzindo um barulho agudo e metálico.

            —Mas que droga, Sakura!—Gritou o garoto, se levantando bruscamente, até derrubando a cadeira de que estava sentado, chegando a me assustar um pouco.—Dá para você calar essa maldita boca!

            O garoto bufou e pegando o prato de comida, saiu com passos fundos e sonoros para fora da sala de jantar. Por alguns instantes, eu fiquei atônita, sem entender como eu acionei aquela granada psicológica dele. Depois de alguns segundos, eu me levantei, e segui os passos do meu melhor amigo, o encontrando sentado no sofá da sala, devorando de um modo que eu classificaria “selvagem”, o jantar que antes desprezava.

            —Ei, ei, o que foi raposa?—Perguntei e ele mastigou e engoliu antes de falar.

            —O que você quer com ela?—Indagou Naruto, sua voz saindo baixa e controlada, mostrando que o loiro ainda estava muito irritado.

            —Com quem?—Perguntei, sem entender o que o Uzumaki queria dizer com aquilo.

            —Com a Hinata, óbvio!—Exclamou o youkai, revirando os olhos, impaciente.—Porque você subitamente, virou amiga dela?

            Durante alguns segundos, eu me mantive em silencio, encarando o rosto daquele garoto, não acreditando no que ele havia acabado de falar. Fechei meus olhos, tentando conter a vontade que crescia dentro de mim, e não agüentando mais, eu gargalhei alto, quebrando todos os tabus da educação recatada que me deram, rolando chão, rindo até que a minha barriga ficasse dormente, sob o olhar repreensivo de meu melhor amigo. Subitamente, eu senti algo se chocando contra a minha cabeça, uma almofada que fora lançada por Naruto.

            Eu peguei a dita almofada e a pressionando contra o meu rosto, e gradativamente fui contendo o meu ataque de riso. Quando olhei para o loiro, ele já subia as escadas, indo em direção do quarto.

            —Não fique assim, Naruto.—Falei antes que eu terminasse de subir a escada.— Eu não irei roubar a humana de você, seu ciumento.

—Você é muito idiota, Sakura.—Murmurou o Uzumaki, manejando a cabeça em sinal de desaprovação.—Pelamor de Deus, vá cuidar do seu império!

Sasuke Uchiha:

            Eu estava numa parte de suspense do filme “Anjos e Demônios” e como qualquer um, eu afundei a minha mão dentro do meu balde de pipoca que eu devorava sozinho, mas ao sentir que ao havia mais nenhuma pipoca, eu suspirei de desgosto e a contragosto, eu pausei o filme, para a frustração das almas que viam o filme comigo. Arrastei-me até a cozinha e depois de pegar o típico saquinho da pipoca, eu liguei o microondas, esperando pacientemente, me torturando com aquele som de estouro e o cheiro maravilhoso de bacon. De súbito, o telefone tocou alto e eu corri para que pudesse atendê-lo.

            —Alô?—Falei já correndo de volta para a cozinha, onde o microondas apitara de modo estridente, mostrando que minha “janta” já estava pronta.

A voz do outro lado demorou para responder e eu sinceramente pensei em desligar na cara do idiota que planeja fazer um trote as três da madrugada. Mas antes que eu desligasse, uma voz se vez presente:

            —Sasuke, eu preciso de você. Agora.

Eu me mantive em silencio, sem saber quem era o ser humano de voz arrastada e rígida que praticamente exigia a minha presença de madrugada, afinal de contas, eu não tenho um grupo de amigos tão amplo assim, então respondi a única coisa inteligente e plausível que me veio em mente.

            —Ahn?

Do outro lado da linha, ou a pessoa rosnou alto, ou a ligação chiou, mas eu fiquei com a duvida, já que o homem falou:

            —Sasuke, sou eu Neji Hyuuga, se você desligar na minha cara eu vou atrás de você e esfregarei sua cara no asfalto está ouvindo?!—Ameaçou o Hyuuga, em um tom não muito amigável, de quem não estava brincando.

            —O que você quer?—Perguntei enchendo a minha mão de pipoca e as colocando todas na boca, sem me importar com a ameaça, afinal, eu já havia recebido várias outras.—Eu não sabia que você tinha o número aqui de casa...

            —Foda-se como eu consegui o número da sua casa!—Grasnou, irado.—O que importa é que eu preciso que você venha até a delegacia a Oeste, porque que eu estou preso e com uma enxaqueca terrível! Ah, e traga dinheiro, muito dinheiro.

            E então, antes que eu pudesse retrucar algo ou pelo menos perguntar sobre como ele estava preso, a ligação caiu e eu me vi em um dilema... Tentado a ignorar aquele “pedido de socorro” para voltar a ver meu filme, afinal de contas, Neji estava agindo como um idiota ultimamente. Mas se eu fosse até lá e o tirasse da cadeia, certamente o Hyuuga teria que me dar respostas, muitas respostas, e não digo somente sobre como ele foi preso. Peguei minha jaqueta que estava colocada na maçaneta da porta e a vesti com rapidez.

            —Para onde você vai, Sasuke?— Indagou Itachi, se levantando do sofá.

            —Não precisa se preocupar comigo, Itachi, eu vou ajudar um colega e volto logo... —Disse saindo pela porta, sendo abraçado pelo vento gélido que me fez estremecer.—Eu acho.

            Meus pés afundavam na nele, o que fazia com que minha caminhada demorasse ainda mais, mas felizmente a delegacia (a única por sinal em Konoha) não ficava muito longe de casa, e mesmo com meu atraso, cheguei até lá em mais ou menos dez minutos. Como uma típica delegacia de uma cidade de interior, de madrugada, a delegacia estava vazia e silenciosa. Quando entrei havia alguns policiais tomando canecas fumegantes de café e outros jogando baralhos, só para passarem o monótono tempo. Mas sentado numa cadeira, havia alguém algemado e que estava com a cabeça abaixada, aparentemente dormindo, mas que me olhou quando eu cheguei perto, e eu reconheci aquelas orbes alvas como a lua.

          

Hinata Hyuuga:

            Eu estava sentada numa poltrona, esperando impacientemente a volta de Neji. Já eram quase sete da manhã e nenhum sinal do moreno eu havia recebido, aquilo era torturante, e a preocupação já havia envenenado minha sanidade com possibilidades absurdamente possíveis em minha mente. Eu já havia tomado o meu banho, e vesti me pijama, colocando por cima um roupão felpudo e macio, meu cabelo ainda estava úmido e chegava a molhar a poltrona, mas eu pouco me importava. Eu estava inquieta demais. Eu já havia tomado várias xícaras de café para me manter acordada, e roí todas as minhas unhas até que não desse mais.

            Com o passar do tempo, eu pensei em sair a procura do Hyuuga, afinal de contas, Konoha nunca foi uma cidade muito grande, e logo o encontraria, mas... E se meu primo chegasse em casa justamente enquanto eu estava a sua procura? A hesitação me fez ficar em casa, mas não diminuiu minha preocupação. Para tentar me acalmar, eu estava costurando, uma prática que eu várias vezes vira a minha mãe fazer quando estava nervosa e que agora realmente esperava que tivesse o mesmo efeito. De súbito, a campainha soou, e eu me assustei, acabando por me furar com a agulha, mas eu ignorei a minha leve dor e corri até a porta e quando eu a abri, quem eu esperava estava ali.

            Meu primo estava horrível, seu cabelo estava desgrenhado, parecendo a juba de um leão, seus olhos estavam fundos, rodeados por escuras olheiras. Sua pele estava pálida, como se a qualquer momento ele fosse vomitar descontroladamente. Sua roupa estava amarrotada, e quando o abracei, o cheiro asqueroso de vomito e álcool encheu minhas narinas, mas eu não me importei e continuei ali, agarrada a ele, chorando como uma criança que se perdera dos pais em um supermercado. Lentamente, o garoto retribuiu o abraço de modo mais singelo e contido, mas com o mesmo sentimento.

            Em meio aquele reencontro, eu ouvi alguém pigarrear e ao olhar para a porta, vi Sasuke encostado no batente, com um leve sorriso nos lábios, como se estivesse se sentido feliz por “me devolver” Neji.

            —Sasuke, muito obrigada.—Falei passando a mão por meus olhos, tentando secar as lágrimas que embaçavam minha visão.

O moreno assentiu e sem dizer nada, saiu andando de volta para casa. Agora eu estava sozinha com o Hyuuga, e eu respirei fundo, tentando falar as frases que eu havia passado a noite ensaiando, quando de repente, meu primo saiu correndo em direção ao banheiro, para vomitar ruidosamente na privada.

            Ao chegar lá, e vê-lo debruçado no chão, gemendo baixo, tão vulnerável, eu esqueci de todas aquelas frases estúpidas e decidi cuidar dele, depois que ele estivesse sóbrio o bastante, poderíamos brigar a noite toda se quisesse. Eu me ajoelhei ao lado dele e segurei seus cabelos enquanto ele vomitava novamente.

            —Venha Neji, eu vou te ajudar.—Falei quando ele se sentou no chão.—Vou te dar um banho.                                                                                                                                                        

            Ele arregalou os olhos, como se eu estivesse louca, mas eu não recuei.

            —Você está fedendo que nem um gambá, e nem se agüenta em pé!—Reclamei e ele fechou os olhos.—E no fim das contas, você precisa tomar um banho gelado para melhorar. E eu já vi tudo que você tem aí, ou será que você se esqueceu que quando éramos criança, eu, você e Hanabi tomávamos banho juntos?

Poucos segundos de silencio se mantiveram no ar, até que de repente o garoto se deu por vencido e começou a tirar a blusa, e por fim, ficando só de peça intima.

Aquilo era uma situação, no mínimo constrangedora, mas eu não me sentia atraída por ele, era algo unicamente fraternal. Eu me sentia mais como a mãe dele, o que chegava a ser até engraçado, ter um filho mais velho do que eu.

     

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                     


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