Secret Lovers escrita por Nancy Boy


Capítulo 1
Talk Dirty To Me


Notas iniciais do capítulo

Se passa no começo do quinto livro, Ordem da Fênix, depois que o Harry tem aquela conversa com o Sirius sobre o Voldemort e blablabla...
:)



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Fred e George conversavam animadamente sobre tudo o que ouviram no jantar daquela noite. Falavam aos sussurros e não tinham o menor vestígio de sono.

— Eu só não consigo imaginar que tipo de arma Você-Sabe-Quem quer... — dizia Fred. — O que pode interessá-lo tanto?

Ficaram sob um momentâneo silêncio pensativo. George estava um pouco mais afastado das camas, um fio junto ao ouvido que descia até passar por sob a porta, para que ele ouvisse caso Molly aparecesse para checá-los de novo.

Quando Fred abriu a boca para continuar a conversa, George fez uma careta de susto e levou o dedo a boca. Fred se precipitou para voltar para sua cama.

— Não — George disse. — Não é a mamãe. Ouvi uma voz meio alta por um segundo... Tem alguém falando lá embaixo.

Os gêmeos se entreolharam e sorriram. Fred logo arrumou mais uma Orelha Extensível para si mesmo e, silenciosamente, eles saíram para o corredor, apoiaram-se no corrimão da escada e desceram os fios, guiando-os conforme descobriam de onde vinha o som.

— É o Sirius! — sussurrou George.

Os dois desceram um pouco as escadas, cuidadosos, e não perceberam que foram se aproximando até estarem no corredor onde o quarto de Sirius ficava. As pontas dos fios que seguravam correram e deslizaram por baixo da porta do bruxo.

— O Sirius e mais alguém... — Fred sussurrou de volta, enquanto as palavras que ouviam iam se tornando mais claras a voz de Sirius os atingia.

— ... está sendo patético. Eu não consigo imaginar um único bom motivo para você agir assim, e não me venha com essa de “maiores responsabilidades”.

— É, responsabilidade nunca foi o seu forte.

— Lupin! — exclamaram juntos Fred e George, ao reconhecerem a segunda voz.

— E você nunca se importou — falou Sirius em um tom debochado. — Bem, exceto nos primeiros tempos de monitor, talvez, mas eu te coloquei no seu lugar.

— Convencido — respondeu Lupin em uma voz ligeiramente divertida. — Você não me pôs no meu lugar, eu só desisti de tentar enfiar algum bom-senso nessa sua cabeça oca.

Sirius fez um “tsc” e Fred e George ouviram um leve arrastar de pés.

— Você adorava a minha cabeça do jeitinho que era. E do resto de mim também, aliás.

Os gêmeos trocaram olhares curiosos nos dois segundos de silêncio que se passaram.

— Tá vendo? — Sirius falou mais alto. — Corar é concordar, e se você parasse com essa besteira...

— Fale baixo, você vai acordar alguém! E eu não estou corando, eu... eu só...

Ouviram uma risadinha.

— Você sempre foi o mais tímido, Remus, e eu gosto disso. Mas essa vergonha estúpida agora está atrapalhando...

— Não, você que está, trazendo de volta essas coisas. Temos assuntos mais urgentes para pensar nesse momento, Sirius, do que...

— O que temos de melhor para pensar às duas da manhã, ou seja lá que horas forem, com todos dormindo e nós dois sem sono?

Você sem sono, você quer dizer, não é? Eu vou dormir.

Os gêmeos ouviram passos e, antes de conseguirem fazer qualquer coisa, passos mais pesados se seguiram e ouviu-se um barulho na porta, como de algo — ou alguém — que tenha sido jogado contra ela. Foi tão alto para os garotos que eles quase gritaram, afastando rapidamente os fios dos ouvidos. Eles se olharam assustados, e decidiram que era hora de recuar. Mas quando tentaram puxar os fios, perceberam que eles se encontravam presos por algo.

— Um deles deve estar pisando em cima — Fred sussurrou. Ele e George deram de ombros e recomeçaram a escutar a conversa. O som agora estava mais abafado.

— ... pensa que está fazendo? — perguntava Lupin.

— Como se você não soubesse.

Segui-se um quase silêncio constrangedor e ao mesmo tempo divertido em que os gêmeos se entreolharam, só ouvindo um ruído distante de um farfalhar de roupas.

— Você acha que eles estão... — George começou, mas foi interrompido quando a voz de Lupin apareceu novamente.

— Sirius! Quer parar? Eu já disse que esse..

— ... não é o momento apropriado, sim, Moony, eu ouvi. Mas desde quando eu preciso de momento certo para te beijar?

Lupin não respondeu e, pela risada de Sirius, os gêmeos imaginaram que ele corara de novo.

— Quando você vai admitir que estava com saudade disso? — Sirius perguntou.

— Faz... faz muito tempo — Lupin respondeu, baixinho.

— E daí? Eu vi assim que nos encontramos, depois que eu fugi de Azkaban, que você pensou nisso. Que você quis isso. A droga é que eu tive que ficar fugindo sem parar depois, mas quando a Ordem recomeçou, eu percebi que nós teríamos como...

— E você realmente acha que deveríamos? As coisas são diferentes agora, Padfoot. Quer dizer, e Harry, e se ele descobrir? Ele é muito jovem, talvez não entenda.

Mais uma risada rouca de Sirius.

— James tinha a mesma idade quando descobriu sobre nós e não se incomodou.

— Harry não é James, e isso é algo que eu venho querendo falar com você...

— Não mude de assunto. Aliás, não fale. Eu estou tentando ficar sozinho com você há mais de um mês e não vou desperdiçar a oportunidade. Você acha que eu passei doze anos em uma prisão imaginando você me falando do Harry?

O silêncio então foi tão intenso que Lupin parecia ter prendido a respiração, e Sirius continuou bem baixo:

— Eu imaginava poder te beijar de novo, Moony. No meio da desolação que é aquele lugar, a sua lembrança que me ajudava a resistir. Então quer fechar a boca e...

Fred e George sorriram. Não precisavam ver para saber que Lupin acabara de calar Sirius com um beijo.

Logo, eles começaram a ouvir suspiros pesados e um farfalhar de roupas mais forte. Olharam-se nervosos, mas as Orelhas Extensíveis ainda estavam presas, e eles não queriam perder mais um par...

— Espera — Sirius murmurou, parecendo muito mais próximo agora.

— Ah, você não vai mudar de ideia agora! — Lupin reclamou.

— Não, é só que... tem uma coisa no seu pé...

Fred e George petrificaram por um momento. Viraram-se, e estavam decididamente a ponto de abandonar tudo e correr o mais rápido possível quando a porta se abriu com violência e eles ouviram uma voz irritada sibilar:

— Aqui. Agora.

Nenhum deles arrumou coragem para contestar a ordem. Viraram-se novamente e caminharam de cabeça baixa para onde Sirius estava, parado na porta em frente a um Lupin meio atordoado.

— Quem... Ah — exclamou Remus quando os gêmeos se aproximaram. — Vocês... ah...

— Há quanto tempo estão ouvindo? — Sirius perguntou, parecendo ao mesmo tempo bravo e curioso.

— Não muito — começou Fred.

— Nós achamos que fosse algo sobre a Ordem — continuou George.

— E aí o fio ficou preso...

— E não conseguimos sair...

— Mas a gente ia!

— Desculpe.

Lupin estava, previsivelmente, ficando vermelho e alisando as roupas de um jeito frenético, mas Sirius, inesperadamente, sorriu.

— Tudo bem. Mas se vocês abrirem a boca, eu falo para sua mãe que vocês ainda tem dessas Orelhas não-sei-o-quê.

Os gêmeos o encararam tão perplexos quanto Lupin.

— Quê? — disse Sirius, divertindo-se. — Eles não ouviram nada de tão terrível.

— Mas... eles nos ouviram... — falou Remus, mais vermelho ainda. — Ah, é isso que dá ser impulsivo...

— Eles não vão contar para ninguém. Vão?

Os gêmeos sorriram e balançaram as cabeças negativamente.

— Não se preocupem — falaram juntos e, com uma piscadela, Fred completou: — Também temos nossos segredos.

Todos trocaram olhares e sorrisos enigmáticos, exceto Lupin, que parecia procurar um buraco onde se enfiar.

Os gêmeos recolheram as Orelhas Extensíveis e se encaminharam devagar para a escada, virando-se rapidamente a tempo de ver Sirius empurrando Lupin de volta para o quarto, com um sorriso malicioso no rosto. Fred e George continuaram quietos até estarem seguros dentro de seu próprio quarto. Deitaram-se em suas camas e encaram o teto por um tempo.

— Hmm, Fred... — George falou, depois de um minuto. — O que é que você acha que o Sirius estava fazendo para ter visto o fio no chão?

E o quarto ressoou de risadas contidas.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? *puppy eyes*
;D